Matheus 04/06/2020
O livro é bom e ponto.
Alguns aspectos do livro são muito bons, mas o livro como um todo é bom e ponto. Nada muito além disso. Para aqueles que buscam por um bom panorama sociocultural da primeira metade do século XX, especialmente da Europa da Primeira Grande Guerra e do Brasil nos anos 1930 e 1940, este livro será de grande valia.
Foi muito bom poder ter dar um giro nesse trecho da história - a narrativa se passa entre 1897 e 1954 - e Jô fez isso com maestria.
No entanto, talvez seja a narrativa o aspecto mais problemático do livro. Com artifícios pouco convincentes e até simplórios para dar coerência a história e, ainda assim, repetitivos, o texto parece atropelar tudo em sua frente para que as coisas terminem como terminam. O que acaba por deixar o leitor negativamente surpreso com certos acontecimentos e até mesmo personagens saídos do nada.
Tal falta ressalta uma incoerência no personagem e na narrativa. Ao passo que Dimitri é atrapalhado e sem sorte nos assassinatos e em seus afazeres, tem sorte e boa articulação conferidos pela narrativa. Talvez eu esteja enganado e as contradições, que tanto caracterizam nossa espécie, estejam aí por esse motivo; mas o resultado enquanto história não ficou muito bom.
Por outro lado, a coerência interna do personagem principal, Dimitri, é boa, seus traços o acompanham por todo o texto, mas não consegue trazer o carisma necessário que tanto veem nele os outros personagens. É por isso que, na altura do desembarque nos EUA eu já estava um pouco cansado da leitura; talvez, o livro seria melhor se menor.
No entanto, dá sim para dar boas risadas e aprender bastante com o verdadeiro passeio pelo qual Jô Soares nos conduz pelo começo do século passado.