O Cemitério de Praga

O Cemitério de Praga Umberto Eco




Resenhas - O Cemitério de Praga


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Antonio Luiz 01/03/2012

Uma ficção mais verdadeira que verossímil
Como romance de Umberto Eco, "O Cemitério de Praga" se sai menos do que satisfatório. Em geral – e embora algumas passagens de "A Misteriosa Chama da Rainha Luana" consigam surpreender positivamente nesse aspecto – não se espera que a ficção desse excelente crítico literário e razoável romancista seja séria e profunda ao explorar os sentimentos humanos, de maneira que o livro não decepciona nesse aspecto. Pode-se, por outro lado, contar em seus romances com cenários históricos e culturais muito bem pesquisados e recriados e com reflexões brilhantes sobre o uso da linguagem e a manipulação ideológica, e esta obra não deixa de cumprir muito bem essa sua obrigação.

O que Eco às vezes consegue e outras vezes não é uma trama verossímil e envolvente. É neste aspecto que este seu mais recente trabalho de ficção – mais precisamente, semificção – ficou devendo. Por absurdos que pareçam, os acontecimentos decisivos da trama são historicamente verdadeiros ou pelo menos interpretações aceitáveis dos fatos conhecidos, mas essa não é a questão: Como escreveu Mark Twain, “A verdade é mais estranha que a ficção, porque a ficção é obrigada a se ater ao verossímil e a verdade, não.”

A história de Eco é quase real, mas não é contada de maneira convincente e por muitas vezes parece desconjuntada e forçada, mesmo quando se sabe que os fatos realmente se passaram da mesma maneira.

Em parte isso se deve a personagens mal esboçados, cujos motivos soam frequentemente arbitrários e são explicados ou sugeridos de maneira superficial e sem convicção, principalmente no que se refere ao protagonista.

Simone Simonini se move ao sabor de seus interesses egoístas pontuais, interessado apenas em embolsar seus ganhos e livrar-se de seus apuros, sem que a história mantenha um curso definido por tempo suficiente para empolgar o leitor. Apesar disso, ele nutre uma obsessão de décadas por criar uma falsificação sobre uma conspiração de rabinos que se reúnem num cemitério de Praga para planejar o domínio do mundo – eventualmente vendidos à polícia secreta do tsar como os infames "Protocolos dos Sábios de Sião" – e no final do livro se diz feliz por contribuir para o extermínio dos judeus.

Apesar de ser o motivo condutor do livro e a razão do título, a obsessão de Simonini é vista como uma espécie de hobby do personagem que em nenhum momento é bem analisada ou aprofundada. Ele é antissemita porque aprendeu a sê-lo com o avô, porque foi desprezado por uma garota judia e nada mais. Simonini parece ter sido concebido como expressão da “banalidade do mal” analisada por Hannah Arendt. Acontece que, ao que se sabe, Adolf Eichmann, em relação a quem essa expressão foi criada, não era particularmente antissemita, nem era fascinado por uma fantasia recorrente: era apenas um burocrata obediente, ansioso por subir na carreira. Não é o caso de Simonini, cuja criatividade perversa (apesar de baseada numa colagem de clichês conspirativos de diferentes autores) exigiria outro estofo para convencer.

Outra parte da sensação de inverossimilhança se deve aos excessos a que Eco recorreu para contar sua história. O protagonista é contratado ou ameaçado por representantes de diferentes serviços secretos e organizações que encomendam fraudes e falsificações para chantagear personalidades ou manipular a opinião pública. Embora isso envolva importantes acontecimentos, como a unificação da Itália, a Comuna de Paris e o Caso Dreyfus, além de personagens como Giuseppe Garibaldi, Sigmund Freud e Alexandre Dumas, para o leitor que não se interessa pelos conflitos do século XIX e pela história do antissemitismo, muito disso pode soar tão repetitivo, monótono e sem sentido quanto parece a Simonini.

Para combater esse tédio e conferir interesse a um protagonista banal, Eco criou uma trama paralela fazendo este desenvolver uma dupla personalidade – o falsificador Simonini e o abade católico Dalla Piccola – cada uma das quais ignora parte do que a outra sabe e que se comunicam por recados escritos, uma contando a outra a sua história, até Simonini conseguir superar essa situação com ajuda de algumas ideias do “Doutor Froïde”. Não que seja impossível, mas soa tão forçado que o falso mistério não consegue despertar interesse. Ao contrário do que se passa em "A Misteriosa Chama...", no qual a amnésia do protagonista, muito plausível como resultado de um AVC, é o fundamento da trama e gera um drama humano convincente.

Além disso, Eco dá rédea solta a maneirismos que acabam por se tornar irritantes – particularmente a mania das listas, à qual dedicou recentemente um livro inteiro (A Vertigem das Listas). Há parágrafos inteiros dedicados a desfiar listas de acusações aos judeus, títulos maçônicos, nomes de conspiradores e assim por diante, mas as mais insistentes são os menus e as receitas, já que o protagonista compensa sua indiferença ao amor e ao sexo (coisas de que Eco, como narrador, foge como o diabo da cruz) com a paixão pela boa comida. Alguns resenhistas expressaram preocupação com que o romance pudesse ressuscitar clichês e preconceitos a respeito de judeus, maçons e outras vítimas das falsificações de Simonini, mas é mais provável que o leitor acabe por desenvolver ódio pelos gastrônomos. Fora isso, as maiores vítimas do livro são o Papa Leão XIII e a Igreja Católica da Belle Époque, impiedosa mas merecidamente ridicularizados em sua propensão a repercutir patranhas grotescas a respeito de judeus e maçons e recompensá-las generosamente.

Vale a pena o esforço da leitura? Sim, para o leitor interessado na análise das origens históricas de preconceitos e teorias da conspiração e na importância da ficção, das falsificações e da manipulação dos meios de comunicação na história e na cultura, sem se incomodar com as manias e pedantismos do autor. Para quem busca apenas o prazer de uma boa narrativa, talvez não.
Bruno 02/03/2012minha estante
Acho que o grande mérito de Eco é justamente o seu maior defeito: a erudição exarcebada. O autor em todos os seus livros parece estar escrevendo uma tese de doutorado invés de um simples romance de ficção. Traçando uma comparação gastronômica, acho que sua erudição é um tempero exótico em sua escrita, afinal, para o bem ou para o mal isso o diferencia das centenas de thrillers de suspense/espionagem/aventura que lotam as prateleiras, o problema é que esse tempero é forte e de difícil digestão, aí nem todo mundo gosta. . .sem contar que nem sempre ele combina com o prato que está sendo degustado...


Patricia 28/04/2012minha estante
Antonio, te agradeço pelo exelente resumo do livro. Eu já havia desistido dele. Me irritou tanto ódio, de judeus, de padres, de mulheres. O maior mistério é como um livro desses se torna um best seller.


Toni 01/08/2012minha estante
fui um imenso prazer ler sua resenha, Antonio, e concordar com cada parágrafo mesmo não havendo terminado a leitura do livro.


Leo 06/08/2012minha estante
Muito boa a sua crítica, ainda estou na metade do livro e concordo em certos pontos, estou apreciando bastante a leitura por gostar muito de história e a parte histórica do livro é imensamente rica, e também por ter uma certa queda por psicologia na qual se encaixa bem os preconceitos e um pouco até a dupla personalidade de Simonini. Realmente não é um livro para qualauer um ler e sim um livro especifico para quem gosta desse campo. E um recado para Patrícia que comentou abaixo, não tenho ódio do autor ou do livro pelos preconceitos nele colocados pois são apenas fotografias da natureza humana principalmente naquela época, claro que no caso de Simonini eles são elevados a niveis extremos mas ainda assim é apenas o nosso ódio natural.


NILTON 07/11/2012minha estante
Antonio Luiz,
Sua crítica ao livro de Eco é ótima. Acabo de lê-lo e tudo o que você diz na crítica é condizente com o que achei do mesmo. Confesso que me senti frustado com o referido livro. Esperava muito mais.
Embora também não seja uma obra brilhante, que cause entusiasmo, considero "A Misteriosa Chama da Rainha Luana" melhor do que "O Cemitério de Praga".


Rubiane 17/11/2012minha estante
Concordo com tua escrita, confesso que li as primeiras páginas e quase joguei ao lixo, por eu achar uma leitura truncada, com palavras eruditas demais, algumas que nem no dicionário encontramos, além de frases e termos em francês que aparecem no decorrer do livro, mas retomei a leitura e agora estou finalizando. Esse livro não o "devorei" como outros tantos que já li. Esse estou lendo a "conta gotas", hehe. Vamos ver o que se passa no final da história.

Humberto Eco exagerou na erudição...




LinaPa 25/11/2012minha estante
Concordo plenamente com a opinião da Rubiane. Sempre gostei muito das narrativas ficcionais do umberto eco, a exemplo de Baudolino e O nome da rosa, mas este livro está "travando", creio que muito em parte pelo excesso de erudição, que torna a letura por vezes maçante. Inclusive os termos em francês sequer possuem uma nota de rodapé para esclarecimento...também estou a conta gotas, e acabei iniciando um outro livro.


Marcel 21/01/2013minha estante
Tenho uma coisa a dizer: Tá difícil pra caramba terminar esse livro!!! E não quero desistir, serei sincero, to até pulando algumas palavras para tentar ser mais rápido e ver se chega em alguma parte interessante!!!


Marcelo 03/04/2013minha estante
Otima resenha,parabéns! ,


Telma Regina 15/07/2013minha estante
Muitp obrigada, Antonio !Agradeço pela resenha.Eu precisava expressar-me em relaçao a este livro, mas não conseguia organizar os prós e contras.Parabéns!! Brilhante!!


LEANDRO 27/08/2013minha estante
Realmente Antonio, também não encontrei aquela chama que te move a devorar os capitulos. Fã das teorias da conspiração, quando vi falar em maçons e judeus etc, pensei que encontraria outro "dan brown" , mas o que vejo é que estou lendo literalmente à força. Se vc assistiu "em nome da rosa" e decidiu conhecer Umberto Eco, não comece por esta obra.


Elaine 06/01/2015minha estante
Esse é o primeiro livro que comprei do Umberto Eco e confesso que criei expectativas demais. Concordo plenamente com tudo que foi dito na sua resenha e infelizmente não consigo avançar a leitura, sempre o abandono para começar um novo livro.


Regiane 14/09/2015minha estante
Ótima resenha...
Achei que só eu não havia conseguido terminar o livro, mas vejo que o livro é realmente complexo e não atrai o leitor. Espero um dia ter paciência para retomá-lo, mas enquanto isso, ficará na minha estante.


Sabrina.Siqueira 12/12/2023minha estante
Excelente resenha! Concordo super! Se tivesse sido escrito por uma mulher, aposto que O cemitério de Praga não encontraria editora interessada. Mas um homem branco erudito europeu acadêmico pode até fazer "batatinha quando nasce" virar best-seller!




Jardim de histórias 23/08/2022

Sensacional!!!!!
Eu sou incrivelmente fã de Umberto Eco...
Eu amo essas histórias ficcionais em um contexto histórico. Aliás, essa obra está repleta de história. Esse livro é um delicioso passeio, um passeio Hilariante e inesquecível.
Muito me agrada o peso crítico de Umberto Eco, como ele circula em assuntos polêmicos, dando ao personagem principal, a falta de noção e o comportamento preconceituoso, repugnante, mas necessário. Tudo não passa de uma reflexão a alguns comportamentos tão normalizados, que de forma genial, o autor provoca de forma quase coletiva, um transbordamento de reações e sensações, horas raiva, graça, prazer, mas, no geral, tudo se encaixa perfeitamente.
Umberto Eco, você é um gênio! 
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Leila de Carvalho e Gonçalves 12/07/2018

Aceite Este Desafio
O romance de Umberto Eco, "O Cemitério de Praga", é feito sob medida para os iniciados nos seus livros e, se você faz parte desse grupo, não hesite na compra. Porém, caso queira conhecer esse universo ficcional e aprecie de uma boa história de ação e suspense, também indico a leitura mediante certos cuidados.

Eco é genial e controverso. Entre admiradores e detratores, suas qualidades apontadas por uns, são exatamente seus defeitos para outros. É um eminente erudito, seu texto é uma torrente labiríntica de conhecimento e informação, ora hermética ora pedante, entretanto ele sabe como poucos, construir uma trama irretocável, carregando o leitor para algum ponto de nossa história com uma veracidade instigante.

Como qualquer outro romance do escritor, "O Cemitério de Praga" é para ser lido sem pressa. A leitura é densa, às vezes cansativa e exige atenção. Confesso meu despreparo, em muitas passagens citadas tinha pouca familiaridade com o assunto e realizei várias pesquisas na Internet, a fim de compreender melhor a narrativa. Talvez isso também aconteça com você, não desanime e antes de mais nada, dê uma rápida recordada na história da França e da Itália no século XIX como também mantenha um dicionário por perto.

Se gostei do livro? Adorei. A partir de hoje, seu protagonista entra para o rol de meus vilões preferidos. Sua melhor descrição foi feita pelo próprio Eco em entrevista ao Estadão: "Tentei criar a personagem mais odiosa do mundo, mas Simonini é no máximo, um canalha rocambolesco e risível que se viu meio ao sabor do acaso, envolvido nos principais acontecimentos históricos de seu tempo, como um Forrest Gump do mal."

Esse hilário falsário, preconceituoso e patético é a única criatura ficcional em meio a uma multidão de outras "realmente existentes". Acompanhando suas lembranças, vamos descobrir maiores detalhes sobre o envolvimento do capitão Dreyfuss num caso de espionagem que mobilizou a França no final do século XIX e a autoria do primeiro documento que viria a ser conhecido como os "Protocolos dos Sábios de Sião", um dos suportes ideológicos do delírio antissemita de Hitler. Se não bastasse, há novidades sobre o naufrágio do "Ercole", o navio que conduzia o escritor Ippolito Nievo e seus relatórios supostamente comprometedores sobre a expedição de Garibaldi na Sicília. O autor mata "três" coelhos com uma cajada só, "resolve" três episódios controversos com muita criatividade e fina ironia.

Enfim, são pouco mais de quinhentas páginas, distribuídas em vinte e sete capítulos, repletas de "citações literárias, idas e vindas no tempo, cruzamento de vozes narrativas e personagens". Eis o desafio a ser vencido e pode ter certeza que há um pote de ouro no final do arco-íris: "O Cemitério de Praga" merece sua atenção.

Desejo-lhe boa sorte!
laleska reads 02/01/2023minha estante
uuuuaaau!!! tô com esse empacado na estante, mas já quero pegar pra ler.




Sergio21 31/10/2021

Poderia ser Melhor
Umberto Eco é um grande crítico literário e especializado em semiótica. Tem grande conhecimento em história da Europa e Idade Média. Porém isso não o qualifica como um Grande Romancista. O tema proposto no livro é excelente, a costura dos fatos inteligente, mas como a prosa do autor não é leve, o desenrolar dos acontecimentos não é fluído, é truncado, tornando o desenvolvimento dos personagens insatisfatório e o arco narrativo um pouco confuso. Isso não significa que o livro seja ruim, pelo contrário, é uma obra de fôlego e estruturada. A observação é de ordem técnica, não literária. Quando o leitor se acostuma com esse texto "caudaloso" ele não abrirá mão de completar a leitura!
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Elizabeth 12/09/2022

A história
No começo o achei cansativo, aí as histórias não se encontram. Algumas partes flui bem, outras cansam, mas o final arrebatador. Com certeza vou reler.
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Lous.Paulin 17/07/2022

O toma me atraiu e o livro é bem escrito, porém não sei o que acontece pra esse livro ser tão maçante. Terminei na força do ódio kkkk
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Fabio.Chagas 12/07/2021

Romance robusto e inteligente ??
Se os mundos ficcionais são tão confortáveis, por que não tentar ler o mundo real como ficção??; ?Ou, se os mundos ficcionais são tão pequenos e ilusoriamente confortáveis, por que não tentar criar mundos ficcionais tão complexos, contraditórios e provocantes como o mundo real?? ? se pergunta Umberto Eco, no capítulo 6, de ?Seis Passeios no Bosque da Ficção?.

?O Cemitério de Praga?, novo romance do autor publicado há um ano na Europa e na América do Sul, já é um best-seller na Itália, Espanha, Argentina e México. Numa espécie de apêndice no final do livro, chamado ?inúteis esclarecimentos eruditos?, Eco nos diz que os personagens principais dessa história são pessoas que de fato existiram, sendo apenas o protagonista uma ficção. Trata-se de uma colagem com personalidades reais como Alexandre Dumas, Victor Hugo, Garibaldi, Giuseppe Mazzini, Cavour, Sigmund Freud e muitos outros menos conhecidos.

Os principais acontecimentos históricos relatados no livro ? incluindo a unificação da Itália, os ?Protocolos dos sábios de Sião?, o caso Dreyfus e a guerra franco-prussiana ? formam o pano de fundo da carreira de um falsificador que começa a escrever um diário para reconstruir a sua memória falha. Simone Simonini é o escritor principal do diário, a primeira voz, que recebe a colaboração do Abade Dalla Piccol. Simone Simonini é uma figura que sofre de transtorno dissociativo de identidade.

A segunda é uma voz mais confiável cuja procedência não é discernível. Eco tenta criar dessa vez um personagem o mais desprezível possível. Tanto que o livro começa com um discurso retórico contra tudo e contra todos. Então, se você for judeu, alemão, francês, italiano ou gay, as páginas de abertura poderão ofendê-lo, e muito. Os estereótipos preconceituosos de Simonini ou do Abade Dalla Piccola vão sendo jogados, e o leitor começa a perceber o caráter verdadeiramente deformado do protagonista. É no antissemitismo que aparece seu veneno mais forte. E aqui o leitor se vê dentro da história, correndo o risco de se tornar cúmplice de Simonini. ?Só que o ódio aquece o meu coração", diz ele.

As inversões de papel entre o mundo real e o ficcional funcionam no livro de forma inocente e agradável, embora possam ser assustadoramente perigosas, como no caso dos Sábios de Sião?. Estes ?Protocolos? deram sustentação ?documental? para o (reforço do) antissemitismo europeu do início do século XX (era o livro de cabeceira de Hitler, sendo citado inclusive em ?Minha luta?, por exemplo).

Em seu livro ?Seis passeios pelos bosques da ficção? (1994), Umberto Eco faz uma brilhante demonstração de como os ?Protocolos dos Sábios do Sião?, que denunciavam um suposto complô judeu para dominar o mundo, são originários das várias versões deturpadas de cenas de romances rocambolescos como O Judeu Errante, de Eugene Sue, e Joseph Balsamo, de Alexandre Dumas, tendo, no entanto, se tornado ?verdadeiros? para os incautos. ?Cemitério de Praga? mostra, assim, o caráter fabricado e artificial dos fatos históricos, que chegam a despontar como mentiras muitas vezes repetidas.

Simonini, reconhecido por sua habilidade na falsificação de documentos, precisa mostrar serviço aos seus empregadores do governo. Então, chega à conclusão que, se denunciar um complô, sua reputação aumentará bastante: ?O que torna fidedigno um informante da polícia??, ele se pergunta. ?A descoberta de um complô. Portanto, ele deveria organizar um complô para poder denunciá-lo?. Apesar de ficcional, o protagonista reserva semelhanças com muitos personagens reais tanto do passado como do presente.

O livro está recheado de histórias de assassinatos e reviravoltas, temperadas com eventos históricos vistos dos bastidores, e revelações indiscretas acerca dos hábitos de famosos (Garibaldi, Napoleão, Victor Hugo). Há também conspirações sob um pano de fundo de esgotos cheios de cadáveres, abades esfaqueados, navios que explodem em regiões vulcânicas em plena erupção, missas negras, e por aí vai.

A sucessão de idas e vindas da narrativa deixa o leitor um pouco atordoado: hipnose, histeria, magnetismo, teorias da conspiração, tudo junto em uma narrativa muito acelerada, mas com acontecimentos vertiginosamente encadeados. Os maçons se misturam aos satanistas, que por sua vez são confrontados com os anarquistas, os antissemitas, os mesmeristas e os jesuítas, tudo isso costurado pela perspectiva de um diário bastante peculiar de um homem ? Simonini, por delírios esquizofrênicos, nos quais se imagina ser outro homem, o abade Dalla Piccola que, eventualmente, também registra sua visão dos fatos em outro diário.

O fato de existirem falsificadores de história é um dado preocupante. Se pensarmos que tudo isso pode estar acontecendo nesse exato momento vai fazer com que muitos leitores venham a pensar: ?eles estão entre nós...? E o pior, muitos sofrem da tendência de acreditar em tudo o que é dito. Por isso é que o autor nos conta a impressionante história baseado nas citações explícitas de fontes ficcionais que muitas pessoas assumem como verdadeiras.

A paixão de Eco por folhetins, pelo lixo cultural e, claro, pela ignorância humana capaz de acreditar em qualquer coisa, está contida no romance ?Cemitério de Praga?. Temos, então, toda a atmosfera de um folhetim: disfarces, conspirações, fomentação da opinião pública contra um determinado inimigo (jesuítas, maçons, comunistas, mas em especial os judeus, cada vez mais).

O título do livro se refere à cena primordial, envolta em romance. Um encontro de rabinos representando as doze tribos de Israel no referido cemitério onde eles conspiram a dominação do mundo pelas finanças, a ruína do cristianismo e dos valores ocidentais, e para completar, o tiro de misericórdia, a dominação global.

O poder incrível e duradouro dos ?Protocolos? nos diz Hannah Arendt, tem pouco a ver com a mente de seus falsários, mas tudo a ver com a avidez de seus consumidores. E assim a história humana se repete como disse certa vez Marx, na primeira vez, como tragédia, na segunda como farsa. Umberto Eco nos oferece um romance robusto e inteligente que vale a pena ser lido. Um romance que denuncia os falsários e provoca os consumidores. Um livraço.
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Toni 04/09/2012

Verídico, mas inverossímil
Sou grande admirador (e usuário) do Umberto Eco Teórico, que contribuiu com excelentes trabalhos sobre a presença do leitor no texto, cuja função principal seria a de sustentar e arrematar as estratégias interpretativas de qualquer obra. Para o Eco de “Lector in Fabula” e “Seis passeios pelos bosques da ficção”, o texto é “uma máquina preguiçosa pedindo ao leitor que faça uma parte de seu trabalho”. Isso significa que qualquer narrativa de ficção está formada por uma série de mecanismos que não só preveem, como procuram criar o leitor-modelo para aquela obra, alguém disposto a aceitar as regras do jogo da leitura e seguir as convenções ficcionais (trocando em miúdos, desista de ler “Chapeuzinho Vermelho” se não consegue aceitar que naquele universo os lobos falam e pronto, não lhe devem mais explicações).

Umberto Eco Romancista, todavia, me decepcionou uma vez mais. A primeira delas, com “A misteriosa chama da rainha Loana” do qual, como seu narrador, prefiro nem lembrar. A segunda foi este “O Cemitério de Praga” (ainda não tive o tempo para ler seu famoso e bem quisto “O nome da rosa” que, oxalá, será sua redenção). Por uma coincidência acadêmica, tive de reler as 6 conferências que Eco realizou em 1993 na Universidade Harvard (publicadas como “Seis passeios pelos bosques da ficção”) e qual não foi minha surpresa ao encontrar toda a “história” (aqui, em formalista oposição ao “enredo”) do novo romance ali, destrinchada e diagramatizada (uma obsessão do autor) na última das conferências. Nela, Eco procura explorar os limites entre ficção e realidade, e nos mostra como amiúde a ficção é às vezes muito mais convincente que os fatos do mundo real, levando pessoas a dar fé à fantasia, por mais “desconjuntada” que esta seja. A intrusão da ficção na vida pode ter impactos neutros, positivos ou negativos. A história real de “O cemitério de Praga” culmina na criação dos "Protocolos dos Sábios de Sião", usados por Hitler na composição de "Mein Kampf"; obviamente, um exemplo do último caso.

Ciente das teorias do Eco, armei-me (ou desarmei-me) como pude para iniciar a leitura desse romance, com a mesma disposição de um “leitor de segundo grau” (aquele preparado para identificar os mecanismos ficcionais mesmo à medida que frui o texto). O esforço, todavia, não foi bem pago. Erudito como só ele consegue ser (perdendo somente para o Sr. Google – Eric Hobsbawn), Eco descortina um caudal de informações e fatos históricos que, a não ser que o leitor seja o supracitado historiador, inevitavelmente contribui para que o grau de desorientação se avizinhe ao desinteresse. Claro que, na economia da obra, a estratégia faz todo o sentido: o turbilhão procura mimetizar o mesmo desencontro de informações que caracteriza a trama de conspirações, com seus grupos secretos, facções, espiões, traidores, vira-cassacas, suas guerras civis, espionagens, prostitutas, explosões, prisões, reuniões secretas, etc. E o pobre leitor que nem o diabo de Grande sertão: na rua, no meio do redemunho.

Para piorar a situação, Eco fez de sua narrativa o encontro de três discursos: primeiro, do Narrador, assim mesmo, em maiúscula; em seguida, sob a forma de um diário, o discurso do protagonista, o falsário Simonini – misantropo misógeno anti-semita cujo ódio particular aos judeus é justificado com motivos infantis; por fim, o de uma terceira personagem, que misteriosamente se comporta como um alter-ego de Simonini, o abade Dalla Piccola. O advérbio acima deve ser atribuído a muita bondade nossa. Por mais que tenha se esforçado por manter sob “neblina” (imagem cara ao autor) a identidade do abade que se intromete nas anotações diárias de Simonini (uma atitude, diga-se de passagem, estimulada por certo doutor Froïde), o resultado final é um mistério forçado, que só com bastante complacência do leitor interessado em jogar com o romance não será resolvido assim que surja no texto. Contribui mais uma vez à confusão referida acima, e à suspeita de que em tempos de sociedades secretas e jogos políticos, não se pode confiar em ninguém.

Por fim, como é característico de um escritor com o arcabouço crítico-teórico de Umberto Eco, “O cemitério de Praga” é também uma homenagem, neste caso aos periódicos franceses, grandes incitadores de verdades e mentiras (o texto contém gravuras à maneira dos feuilleton do século XIX; analogamente, “O nome da rosa” trabalha as convenções do romance policial, assim como “Loana” é um tributo ao romance memorialista – à la Proust, talvez?). Expediente que, além do aspecto tributário, aparece no romance gratuitamente, sem qualquer contribuição ao desenvolvimento da narrativa ou para a assimilação de seu conteúdo pelo leitor (prova-o a escolha dos trechos que servem de legenda às gravuras). De maneira geral, assim se me afigura o novo romance de Umberto Eco: um excelente material sobre conspirações que conta a história do poder da ficção, mas que, arregimentado como foi no enredo de “O cemitério de Praga”, não passa de uma disposição confusa de fatos históricos. Lastimavelmente, Eco deu a esses fatos verídicos uma forma narrativa que somente o esforço e a complacência do leitor poderão convencê-lo de sua verossimilhança.
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Franque 10/01/2012

Chato
Livro chato. Estou na página 324 a semanas e não consigo retomar a leitura. A história não de desenvolve, a coisa não anda.

O livro parece apenas um pretexto para Eco mostrar a sua erudição. Se eu quisesse ler uma tese de doutorado/mestrado teria procurado uma.

Eu gosto de Eco, gostei muito de "O Pêndulo de Focault" e de "A Ilha do Dia Anterior", as este "O Cemitério de Praga" tá ruim de engolir.

aldeense 22/04/2012minha estante
Excesso de erudição a serviço de uma estória de leitura cansativa.


Jarbas Miguel 05/09/2012minha estante
Achei que só eu que não tinha gostado, QUE LIVRO CHATO! Não só por causa da erudição, mas a confusão que o cara cria com os personagens, e o pior é que não tem graça nenhuma.


William 22/10/2012minha estante
O livro é bem cheio de informações mesmo rs


LinaPa 25/11/2012minha estante
Pois é, parei na pág. 201, e todo dia olho pra ele, arriscando retomar...mas 3 ou 4 páginas depois....que cansaço!




Marllon 18/09/2012

Um bom livro chato
Para falar a verdade, comprei esse livro com muita empolgação, e esperava muito dele. E talvez esteja aí o porquê de eu ter me decepcionado um pouco, esperei até demais desta obra.

O livro não é ruim, muito pelo contrário. É um livro muito rico no que diz respeito à elaboração do enredo e à perfeição com a qual Eco consegue pintar um quadro do século XIX europeu e todo o preconceito daquela sociedade.

Simonini é realmente uma personagem construída com maestria, e não me lembro de ter sentido tanta raiva de uma personagem desde as obras de Dumas.

Antes de ler qualquer livro, procuro pesquisar um pouco acerca dos fatos sobre os quais a obra discorre, e isso foi de extrema importância para eu não ficar totalmente perdido lendo O Cemitério de Praga.

É realmente genial o modo como Eco consegue colocar coerentemente todos os grandes casos de antissemitismo do século XIX em menos de 500 páginas. A maneira como Os Protocolos dos Sábios de Sião vão sendo construídos por Simonini ao longo do século é realmente de admirar.
Mas nem tudo são flores nesta obra, e depois dos elogios, vou explicar o porquê de eu não ter dado 5 estrelas a este romance.
Tirei 2 pontos pelo fato de a narrativa não fluir muito bem, é tudo muito monótono, com orações longas demais e descrições ainda mais longas.

É muito fácil se perder lendo e ter de ler um capítulo todo de novo para compreender em qual ponto da estória nos encontrávamos. Juntando isso, as frases em latim e em francês sem tradução no rodapé, as palavras pouco convencionais do próprio português (aí já é culpa do tradutor), as orações longuíssimas e os excessos de descrições muitas vezes desnecessárias e usadas somente para quebrar o ritmo da narrativa, podemos dizer que é um livro bastante cansativo.

A leitura vale a pena, mas tem que ter muita paciência. Acho que só fui até o final para não jogar dinheiro fora e por se tratar de uma obra do Eco.

Então deixo alguns conselhos, preparem-se bem para ler esta obra, pesquisem os assuntos citados na orelha da capa do livro e tenham muita paciência e persistência (acreditem, vão precisar).
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Daniéla 27/05/2014

Enfadonho, maçante, interminável. Essa é toda a resenha do livro mais chato que eu já li.
Peterson Boll 09/10/2014minha estante
A erudição de Umberto Eco é para poucos.


everlod 20/03/2015minha estante
Peterson, não é por falta de erudição que se deixa de gostar de um livro que se propõe a ser romance, mas acaba fracassando neste quesito. Baudolino é bem mais difícil de ler e exige muito mais erudição ainda assim é muito superior a este cemitério, que não tem meio, nem fim, nem personagens e uma trama que não necessitaria mais do que algumas páginas para desenrolar-se. Umberto Eco errou a mão feio e para os que querem saber sobre Hitler, antisemitismo, protocolos e afins, melhor ir direto à fonte. Acho que para poucos é o estoicismo necessário para acabar a leitura deste livro maçante.


Daniéla 25/05/2015minha estante
Everlod, de fato você concluiu muito bem. Umberto Eco errou a mão feio em O Cemitério de Praga. Reitero, enfadonho, maçante e interminável.




Fabiano 01/02/2013

Eia! Conspirações à vista!
Como sugere o título dessa resenha, esta traduz o livro completamente. Com enredo histórico fascinante e conspiratório, você se depara com a vida do personagem principal, Simone Simonini, e com ele acompanha sua história, agora revivida através de lembranças imortalizadas em seu diário.

Umberto Eco desenvolve uma trama complexa, impiedosa e poderosa crítica feita a tudo e a todos, nada passa despercebido aos olhos de Simone Simonini (personagem principal).

Simone Simonini relata os seus feitios durante sua vida em participações conspiratórias, sendo o foco principal à conspiração judaica, como sugere o título do livro. É uma perseguição quase insana sobre o povo judaico, que a tudo o que ocorreu em fatos históricos se deve aos judeus. Os fatos histórico, para exemplificar sem cometer um spoiler, Umberto Eco retrata a revolução francesa entre outras ocorridas na Europa.

Outro foco que o autor expõe abertamente são as religiões, críticas é que não faltaram, e sempre por assim dizer envolvendo a igreja católica, sendo vista por um olhar inescrupuloso, mas como disse anteriormente, nada é afável aos olhos do personagem principal e a crítica severa estará presente em toda a obra e a outras religiões.
O final é surpreendente pelo fato histórico, mas nada grandioso, mas é um final memorável que fará você investigar afinco nos seus livros de história sobre o que o autor retratara na obra.

O interessante no livro para falar engenhoso senão maravilhoso foi a construção de um diário, a dupla personalidade presente desde o início da obra, personagens históricos verídicos e o único personagem inventado é Simone Simonini e uma satanista.

A narrativa da obra é vagarosa e detalhista, e nisso Umberto Eco dá show, assim como a culinária descrita ao longo da história é maravilhosa. A obra exige atenção e concentração para se manter conectado historicamente. Na minha opinião achei o livro um pouco fatídico, mas nada demasiado, é um livro bom, narrativa maravilhosa, personagem cativante, enigmático, crítico... etc. Enfim, é uma obra maravilhosa e conspiratória típica de Umberto Eco desde O Nome da Rosa.
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Rubens 26/10/2023

Referências históricas
é o segundo livro que leio do Umberto Eco, e posso dizer que esse cara tinha muitas referências que eu desconheço. o livro tem acontecimentos e pessoas históricas como pano de fundo, e muitas delas eu não conhecia, então por isso foi meio difícil pegar tais referências, mas não é nada que atrapalhe a leitura. o final do livro me irritou um pouco, são daqueles finais que ficam em aberto, e te deixam pensando em milhões de possibilidades.
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Claudia Beulk - @velejandoporlivros 07/09/2020

No final, vale a pena
Publicado em 2010, O Cemitério de Praga é um romance histórico escrito pelo italiano Umberto Eco, escritor renomado, filósofo, semiólogo, linguista e bibliófilo, falecido em 2016.

Em sua polêmica obra, Eco insere seu personagem principal, Simone Simonini (um dos únicos personagens inventados da trama) em eventos históricos ocorridos na Europa no final do século XIX. Antissemita, misógino, assassino, ambicioso em demasia e glutão, o falsário Simonini encontra várias figuras conhecidas durante a narrativa que se passa na França (na maior parte do tempo) e na Itália. O próprio título do livro é uma alusão ao cemitério judeu existente em Praga, onde, as teorias conspiratórias afirmavam, ocorriam encontros de rabinos representantes das 12 tribos de Israel que tramavam dominar o mundo e subjugar outros povos. Simonini é envolvido nessa trama que originou os Protocolos dos Sábios de Sião, documentos que posteriormente embasaram a ideia de Adolf Hitler de exterminar os povos semitas. Outro caso de antissemitismo muito conhecido que também é abordado no livro, é o Caso Dreyfus, conflito ocorrido em torno da acusação do capitão do exército francês Alfred Dreyfus (judeu) acusado injustamente de vender informações secretas aos alemães.

Através dos diários de Simonini, o vemos envolvido em muitos outros acontecimentos históricos além dos já citados e conhecer pessoas como Garibaldi, Alexandre Dumas, Léo Taxil e Freud, esse último, responsável por aconselhar o personagem principal a escrever os diários a fim de recobrar sua memória que sofria lapsos ao início da narrativa. Através dos diários percebemos que Simonini sofre de dupla personalidade pois alguns trechos são escritos pelo abade Dalla Piccola, revelando fatos ocultos da mente de Simonini que acredita que o abade seja outra pessoa que invade seus diários.

Além do antissemitismo abordado, atraindo a antipatia da comunidade judaica (mesmo a intenção do autor tendo sido denunciar o preconceito deixando claro que seu personagem antissemita é detestável e ridículo), Eco mais uma vez escreveu capítulos que desagradaram o Vaticano (feito já cometido em O Nome da Rosa), narrando conspirações jesuíticas contra maçons, satanismo e missas negras, aliás, particularmente considero o capítulo que descreve em detalhes uma missa negra um dos pontos altos de O Cemitério de Praga, que apesar de denso, naturalmente faz com que o leitor de humor mais ácido emita alguns risos.

Há quem acuse Eco de nesta obra ter sido pedante devido seu demasiado eruditismo, e não discordo totalmente, pois não é um livros para todos. É necessário conhecer um pouco da história da França e Itália do final do século XIX ou ao menos, gostar do tema para ter disposição de pausar a leitura a fim de informar-se sobre os personagens e ocorrências. Também é necessária total atenção para não perder-se na trama cheia de personagens e muitas vezes, paciência nas passagens não tão necessárias, como descrições detalhadas dos pratos que Simonini degustava, colocando em evidência sua glutonaria.

Se você prefere leituras mais fáceis e fluídas, talvez O Cemitério de Praga não seja para você, mas se já é habituado a livros densos e difíceis que exigem total atenção ou quer se desafiar, indico totalmente, pois apesar dos percalços, chegar ao final dessa obra que termina abruptamente impondo reflexões, vale muito a pena.

site: https://ceusinfinitos.blogspot.com/
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Thiago 02/10/2012

Boa erudição em um péssimo romance,
Realmente é extremamente erudito e acredito que deve ter dado um trabalho infernal de pesquisa para produzir. Eco está de parabéns pela sua erudição, mas é frustrado pelo tedioso romance.
A sacada de criar uma ficção-real (por mais contraditório que isso possa soar) foi interessante, mas Eco joga no lixo várias oportunidades de sem deixar a realidade de lado abordar todo o contexto de uma forma mais atraente pro leitor.
Esse é um livro que só um verdadeiro estudioso da Europa no sec. XIX pode sentir alguma atração em devorar; ou alguém ancioso por se vangloriar (tal com o autor) de sua erudição.
Quem deseja buscar um livro para alcançar o prazer da leitura deve ter feito o que eu por teimosia não fiz: nem começar a ler.
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