Juh Lira 05/07/2012O Livro da Mitologia: IndispensávelTodo o tempo da leitura deste livro valeu a pena. É difícil arranjar uma forma de iniciar, pois há tanto o que se pode comentar a respeito de O Livro da Mitologia, que se perder em divagações é fácil. Vou dizer uma verdade: até a um ano atrás eu não me imaginaria lendo um livro de mitologia, simplesmente por eu achar o assunto chato. Imagine! Eu só fui passar a gostar do tema depois que eu li a série Percy Jackson & Os Olimpianos.
Pois é. Eu não entendo o porquê do atraso, mas talvez devesse ser um preconceito da minha parte sobre assunto. É bom nós darmos chances para leituras mais desafiadoras e sair um pouco do lugar-comum de leitura. Até agora a experiência está sendo maravilhosa e espero continuar assim.
Falando sobre o livro em si, a narração se inicia desde a criação do mundo na visão dos grecos-romanos, seguindo dos mitos sobre os heróis, criaturas e deuses, até chegar à mitologia nórdica e oriental. A linguagem empregada por muitas vezes chegava a ser até lírica, devido há muitos mitos terem sido registrador por poetas da Antiguidade.
O autor utilizou de muitos poemas – não tão antigos assim – como uma forma de registro e exemplos de utilização do mito narrado. Quase todos os capítulos se encerravam com algum trecho dos poemas de Milton e Moore – para falar os mais citados. É interessante essa aplicação, que eu vejo como uma forma de argumentação que o autor utilizou para falar da importância dos mitos.
Aliás, quando a leitura é terminada, a visão de literatura se amplia mais. O próprio autor afirma que não é possível entender literatura, sem entender mitologia. Isso fica muito claro quando se percorre as páginas do referido livro. Os mitos foram inspirações para diversos livros de sucesso, e ainda o são. É inacreditável a gama de histórias que podemos tirar da mitologia no geral para criarmos as nossas. Mesmo o livro apresentando apenas uma ou duas versões dos diversos mitos, ainda sim é uma boa forma de começar.
Especificamente sobre a mitologia greco-romana, que é a que recheia mais o livro, o autor utilizou os nomes romanos para se referir aos deuses e heróis. Por exemplo, Júpiter ao invés de Zeus – originalmente dos gregos – Diana para Ártemis, Ulisses ao invés de Odisseu – ta aí porque o nome da epopeia de Homero se chamar Odisseia – etc. Não achei ruim, mas é que como eu conhecia os personagens da mitologia greco-romana pelos seus nomes gregos, às vezes eu não conseguia identificar o mito. Mas, tudo bem.
Infelizmente, o livro não vai receber a nota máxima por alguns motivos. O primeiro que se refere à narração. Não foram poucas as vezes que o autor despejava o nome de algum personagem sem explicar exatamente quem ele é, o que confunde a cabeça do leitor pouco conhecido do assunto.
Outro motivo, que se refere mais ao autor, é o fato da crítica do mesmo, lá pelo fim do livro, sobre esses mitos que ele narrou. É uma crítica pouco implícita, que eu associei através de expressões e alguns termos, que me incomodaram bastante. Para o autor, esses mitos não passam de um conjunto de ignorância. Sinceramente, isso vindo de um historiador não é nada legal. Lembro que um professor de História havia mencionado que não se deve julgar uma cultura que é diferente da nossa. É errado, pois aquelas pessoas viviam numa realidade totalmente da diferente da que vivemos hoje. Não é pelo fato deles não terem toda a tecnologia e acesso à informação que temos no nosso século, que eles eram ignorantes - tudo bem que o Thomas Bulfinch nasceu no século XIX, mas mesmo assim.
Particularmente, eu acredito que desde o sempre o homem tem uma tendência em acreditar em coisas que estão além da lógica humana. Sem mencionar que, o que consideramos mitologia, para eles eram a sua religião e modo de vida. Era a visão de mundo que eles acreditavam.
É mencionada a questão do surgimento do Cristianismo que pôs em xeque toda essa mitologia, que o autor também se refere várias vezes durante a leitura, o que eu considero interessante, porque afinal de contas, a nossa sociedade atual em sua maioria é baseada na moral cristã, da mesma forma dos povos da Antiguidade e suas crenças.
Em se tratando dessa edição da Martin Claret, eu encontrei alguns erros de paragrafação, foram poucos, mas nada que comprometesse tanto a leitura.
São muitas as histórias marcantes, mas a mais emocionante sem dúvidas foi a narração da Guerra de Tróia, juntamente com As Aventuras de Ulisses e As Aventuras de Enéias – um grego e outro troiano – que correspondem aos livros famosos de A Ilíada, A Odisseia e Eneida, ambas de Homero e Virgilio, muito famosas e conhecidas. Eu esperava que o autor chegasse até a fundação de Roma... Bom, leia para saber, do contrário eu vou acabar contando! Ambos os livros citados eu pretendo ler em breve.
O livro possui belíssimas ilustrações – a maioria sendo pinturas e gravuras – que são de encher os olhos, mesmo sendo em preto e branco.
No final das páginas, há um anexo com Expressões Proverbiais, ou ditados populares tirados da mitologia, outro artifício para o leitor se convencer o quão é importante essas histórias imortais.
O que exatamente é a mitologia, imortalizada e conhecida mesmo depois de tantos séculos.