Poema Sujo

Poema Sujo Ferreira Gullar




Resenhas - Poema Sujo


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J. W. Murta 09/06/2021

Difícil entendimento
Leitura muito difícil. Apesar de ler e pesquisar sobre o livro, é uma poesia contemporânea muito complexa.
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Raquel.Montef 08/10/2022

Um Absurdo Lírico
*Esta resenha será totalmente baseada nas minhas experiências ao ler "Poema Sujo".

A começar pelo prefácio, podemos nos conectar com o momento histórico que está em evidência no Brasil e no mundo; regimes políticos autoritários, miséria, pobreza, falta de dignidade humana...literalmente "homem primata, capitalismo selvagem" como na música do grupo Titãs.

Como o próprio autor Ferreira Gullar descreve quando decorre sobre o processo da escrita do poema, as palavras são vomitadas.
À princípio, soam meio sem nexo ou ligamento, porém ao continuar a leitura, encontramos uma situação até engraçada: estamos Imersos em uma espiral e tanto!

A dispersão das palavras e versos, revela algo inovador para uma obra da década de 70...Com certeza Gullar com esta obra, assume uma posição de vanguarda no quesito forma e disponibilidade de poemas.

Tamanha liberdade ao despejar as "merdas" e desgraças da população nos versos, demonstra que Gullar tinha como prioridade chocar a sociedade da época, deixando todos inundados de verdades duras de engolir.
E falando em engolir, uma linguagem explícita e chula é utilizada diversas vezes para trazer mais clareza e popularidade aos cenários, o que no início assusta um pouco, mas logo traz à tona a questão da ousadia e intimidade do poeta ao escrever.

Um pouquinho dos meus versos favoritos:

"Mas vem junho e me apunhala
vem julho me dilacera
setembro expõe meus despojos
pelos postes da cidade
(me recompondo mais tarde,
costuro as partes, mas os intestinos
nunca mais funcionarão direito)"

Com certeza foi um dos livros que mais me fez pensar e querer me desafiar a largar os padrões e as coisas que impõem sobre nós.
Me relembrou também sobre a importância das histórias e processos por trás das coisas.
A sensação de terminar de ler a última palavra deste livro se tornou simplesmente inesquecível, algo que supre e extrapola expectativas, genuinamente orgástico.
^^
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Yuri.Selaro 23/06/2023

Bárbaro
Fiquei um bom tempo longe dos livros de poesia, e voltar a esse gênero com Poema Sujo, de 1975, foi a escolha perfeita. Além dessa edição da Companhia das Letras ser belíssima, também traz um prefácio escrito pelo Antonio Cícero (deus) que contextualiza toda a trajetória do Gullar até a escrita do livro.

O conteúdo do poema muito me interessa: o passar do tempo, a repetição dos dias, a reprodução dos assuntos, os vários dias dentro de um só - tudo isso visto sob a lente observadora e crítica do Gullar, cuja a escrita por si só é acessível e fonética; enquanto lia senti vontade de ler em voz alta.

Uma coisa que senti falta na minha interpretação foi perceber mais o caráter político do poema - embora sabendo do contexto em que o livro foi escrito. Impossível absorver tudo de uma vez só, e em futuras releituras tentarei olhar mais por esse lado.

Dos trechos que mais me tocaram dou uma pincelada:

1.
[?]
Como se o tempo
durante a noite
ficasse parado junto
com a escuridão e o cisco
debaixo dos móveis e
nos cantos da casa
(mesmo dentro
do guarda-roupa,
o tempo,
pendurado nos cabides)
[?]

2.

[?]
A noite nos faz crer
(dada a pouca luz)
que o tempo é um troço auditivo.
Concluímos os afazeres noturnos
(que encheram a casa de rumores,
inclusive as últimas conversas no quarto)
quando enfim a família inteira dorme -
o tempo se torna um fenômeno
meramente químico
que não perturba
(antes propicia)
o sono.
[?]


3.
[?]
o tempo
não escorre nem grita,
antes
se afunda em seu próprio abismo,
se perde
em sua própria vertigem,
mas tão sem velocidade
que em lugar de virar luz vira
escuridão;
o apodrecer de uma coisa
de fato é a fabricação
de uma noite:
seja essa coisa
uma pera num prato seja
um rio num bairro operário
[?]

Obs: proibido considerar esse relato como spoiler, pois as poucas palavras dessas 109 páginas dizem muito mais do que qualquer mera explicação.

Nota mil.
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Val Alves 28/06/2020

"A verdadeira poesia tem muitas faces. Quando deixei de fazer poesia metrificada, (...) caí no coloquial, que foi se reelaborando até virar uma linguagem complexa, abstrata, que conduziu à desintegração. Entretanto, com os poemas de cordel, voltei a linguagem banal, mas evidentemente politizada. No Poema sujo a linguagem que vai aparecer resulta de todas essas experiências. Defendo então a tese de que não existe poesia pura. A poesia verdadeira não é sectária, não é unilateral." Ferreira Gullar
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Adeola 22/06/2022

Me surpreendeu!
Tive que ler devido um trabalho da faculdade e no final acabei apaixonada pela obra e pela escrita do autor. A maneira como os poemas ou o poema, é escrito, é muito ousada, diferente e cativante.

O modo como ele aborda diversas criticas a ditadura militar e aos efeitos da segunda guerra em são luiz do maranhão é genial, o autor consegue mostrar seus posicionamentos como na frase "stalingrado resiste" sem fazê-lo de maneira panfletária e simples.

Virou um dos meus favoritos, um presente que conheci através do curso de letras.
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Marcela Bianchini 09/08/2021

incrível
ferreira gullar é um gênio e sua obra prima se encontra nas estrofes do poema sujo. leitura rápida, mas nem por isso rasa. que livro.
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lelinha 10/09/2022

!!!!
Corpo meu corpo corpo
que tem um nariz assim uma boca
dois olhos
e um certo jeito de sorrir
de falar
que minha mãe identifica como sendo de seu filho
que meu filho identifica
como sendo de seu pai
corpo que se para de funcionar provoca
um grave acontecimento na família:
sem ele não há José de Ribamar Ferreira
não há Ferreira Gullar
e muitas pequenas coisas acontecidas no planeta
estarão esquecidas para sempre
.

gostei, foi uma leitura rápida, mas complicada, não é meu estilo de livro
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Carolina Del Puppo 24/11/2021

Difícil, porém lindo
"que me ensinavam essas aulas de solidão entre coisas da natureza e do homem?"
Ler esse poema foi uma sensação diferente de tudo o que li, ainda não sei porque, mas mesmo quando eu não entendia, ainda conseguia ver a importância.
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LuluHina 19/04/2022

O que eu entendi....
Comecei o poema sem entender nada e aos poucos fui me acostumando com a escrita,o ritmo e consegui compreender certas coisas.
Entendi que se tratava da cidade de São Luís,mas precisamente das partes "menos nobres", descritas pela sua poluição,pobreza e problemas sociais.Contudo, pode-se perceber certa nostalgia e recordações de infância por parte do autor.
Esse livro abriu minha curiosidade,talvez eu passe a ler mais poemas e poesias.
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ensaiodelivros 28/01/2023

Boa escrita
É conflitante fazer uma resenha sobre esse livro porque ele possui partes difíceis de avaliar.

Particularmente eu não sou fã de poemas, não é um gênero literário que me agrada. Decidi ler somente porque o autor é brasileiro e tinha muitas indicações que esse era um grande livro e etc. A escrita é bem confusa e elitista onde em diversos momentos ela é bonita fazendo descrições sobre histórias de pessoas reais de forma breve, transcrevendo críticas sobre o contexto político da época, tudo de forma bem poética tal como o gênero, só que não me cativou muito ? e em outros pontos ela é entediante e quando eu comecei a achar que estava "apreciando" a obra, o autor escreve um trecho RACISTA, algo tão nojento, que eu não tenho como descrever aqui. A partir daí foi ladeira abaixo, é um quebra-cabeça baixo astral, quando o leitor acha que vai engatilhar, derrapa de forma dolorosa e sem controle.

Nota: 3 pela escrita e críticas ao sistema político.
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Kesio.Rodrigues 20/05/2022

O Poema Brasileiro do maior poeta Brasileiro
"(...)
Corpo meu corpo corpo
que tem um nariz assim uma boca
dois olhos
e um certo jeito de sorrir
de falar
que minha mãe identifica como sendo de seu filho
que meu filho identifica
como sendo de seu pai
corpo que se para de funcionar provoca
um grave acontecimento na família:
sem ele não há José de Ribamar Ferreira
não há Ferreira Gullar
e muitas pequenas coisas acontecidas no planeta
estarão esquecidas para sempre"
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David Ariru 08/05/2017

Ousado
Um grande poema, e não só literalmente. Um poema onde o autor se expressa com grande liberdade. A estrutura é totalmente anárquica, não levando em conta o número predeterminado de versos em uma estrofe ou o número total de estrofes do poema, além de desprezar também as rimas forçadas. Sem seguir um modo determinado e rígido de organização, a leitura se apresenta às vezes fluida e com traços de prosa, às vezes com versos dispostos a construir uma estética visual, algo bem comum no concretismo. Alguns versos têm apenas uma ou duas palavras, até mesmo um monossílabo, além disso, nem sempre estão rentes à margem esquerda da folha onde normalmente deveriam estar. Aliás, no poema, o sentido da palavra “deveria” é desconsiderado, nada ali é como deve ser, mas como Gullar quis que fosse.

Já no início da leitura se percebe a quase absoluta ausência de vírgulas — pausas indicadas —, o que nos leva a investigar por outros meios possíveis que não seja esse, onde começa uma frase, onde ela termina e qual os sentidos possíveis que essa ausência de vírgulas pode gerar em cada contexto. É um efeito similar ao que acontece nos textos de Saramago, os quais levam o leitor a parar para analisar quem está falando; qual personagem está com a palavra. Ou seja, a estrutura do texto é viva, efetiva, parte integrante e indissociável do poema e de seu conteúdo. Assim, mesmo renegando as estruturas clássicas e aclamadas da poesia, a estrutura do Poema Sujo não só não deixa de ser poética, como também se torna mais que isso; livre e inovadora.

O conteúdo carrega também a mesma liberdade da estrutura, e narra com palavras simples a simplicidade de seu passado e de sua terra natal. Fala do autor na cidade, da cidade nele e da cidade em si; dela mesma, como suas ruas, esquinas e moradores, é a cidade com seus personagens e como personagem. E ele faz isso sempre com palavras simples, sem enfeitar o poema, sem nem mesmo usar uma ênclise ou uma mesóclise durante todo o texto. É o tipo de livro que não exige um dicionário para ser lido, onde a intuição é a grande ferramenta para o leitor entender o poema; sentir o poema.

Ferreira Gullar, em exílio, em Buenos Aires, em solidão, fez o que talvez só nesse contexto poderia ter feito. Talvez só na solidão em que se encontrava, talvez só sentindo o que sentia naquele momento da vida pudesse ser tão livre para escrever o que quisesse e como o quisesse; para ousar como ousou. Por isso descrevo o Poema Suja sobretudo como um poema ousado.

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Marcos Faria 02/10/2013

Na primeira vez que tive o Poema Sujo nas mãos, eu era tão criança que nem sabia o que era cu e porque era feio ler aquilo, ainda mais em voz alta, na sala. Muito menos podia entender o resto. Depois veio a adaptação do Milton Nascimento para Bela, bela, e a informação do que tinha sido o Poema e do que ele tinha representado para a cultura brasileira, e tal. Mas só agora fui ler em voz baixa e de fato entender do que se tratava. É uma daquelas obras que trazem a marca do momento histórico muito nítida e que mesmo assim permanecem atuais. Não porque o Maranhão dos Sarney seja o mesmo da infância de Ferreira Gullar (embora certos aspectos sociais sejam ainda muito relevantes), mas porque o poeta exilado no espaço está também exilado no tempo, o que o deixa perdido diante da cidade que se move, do rio que se move, do mundo que se move. Nesse sentido, a perplexidade do Poema Sujo é permanente.
Não, não ouvi o CD que acompanha o livro (José Olympio, 2006) com o Gullar declamando o texto.

site: http://almanaque.wordpress.com/2013/10/02/meninos-eu-li-39/
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Gio 02/06/2020

Ousado
Pela época que foi escrito, o livro aborda conteúdos que certamente seriam alvos de censura. Aparentemente, traz um desabafo sobre o passado, revelando cenas bem explícitas e, sobretudo, mostrando a impureza do homem.
A escrita é sensacional, às vezes bem difícil e, em outros momentos, flui demais. Por conter poesias, é bastante rápido de finalizar. Uma ótima leitura com vários assuntos polêmicos a serem analisados e refletidos.
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