Erudito Principiante 17/02/2023
Revoluções por minuto
Apesar do título sugerir um estudo pormenorizado da revolução enquanto movimento histórico-político, a obra da filósofa política alemã Hannah Arendt faz um estudo comparativo entre duas importantíssimas revoluções ocorridas na segunda metade do século XVIII: a Revolução Francesa, iniciada em 1789, e a Revolução Americana iniciada em 1765, cujo ápice foi em 1776 com a Declaração de Independência dos Estados Unidos.
Com um farto material bibliográfico e muita erudição a autora defende a tese de que a Revolução Francesa, apesar de ter sido um fracasso na prática, ganhou uma notoriedade imensamente maior do que a Revolução Americana, que foi bem sucedida no seu propósito, mas é relegada a uma importância secundária dentro da historiografia.
Dito isto, ela irá dissertar sobre os principais aspectos dos dois movimentos apresentando em suas referências autores como Alexis de Tocqueville, John Adams, Edmund Burke, Rousseau, Montesquieu e vários outros para sustentar sua tese.
Um dos aspectos que ela apresenta é a hipótese de que as condições sociais relativamente igualitárias na América do Norte seria um dos impulsionadores das revoluções européias, inclusive a Francesa, pois a sociedade americana havia mostrado que a miséria não é natural e poderia não existir na humanidade, como se acreditava até então. E essa condição dos miseráveis franceses foi crucial para a mudança de rumo da Revolução na França.
O livro é excelente e vai acrescentar muito àqueles que querem se aprofundar no assunto da revolução, porém é necessário um conhecimento prévio sobre os dois movimentos revolucionários que ela aborda. Eu senti falta de leituras sobre o tema, o que me causou certa dificuldade de entendimento.
Uma observação negativa que tenho a fazer sobre a edição é a falta de traduções de trechos em outros idiomas como francês, alemão e até mesmo em grego. Não entendi bem porque a editora traduziu algumas citações e outras não?