Resenhas - O Homem que Corrompeu Hadleyburg

Marc Kat 07/04/2012

Quanto vale a honestidade de uma pessoa ?

Nesse livro você poderá observar que pessoas ao nosso redor aparentam ser honestas unicamente porque nunca tiveram a oportunidade de provar o que verdadeiramente são. Uma obra de arte.

Aguinaldo 24/04/2016

O homem que corrompeu Hadleyburg
Mark Twain conta nesta pequena história um rito de vingança, uma parábola sobre a queda do homem, uma descrição de como funciona uma sociedade disfuncional, povoada por pessoas inescrupulosas, uma sociedade incapaz de reconhecer seus muitos defeitos, sua vocação para o erro e a mentira. O narrador de Twain fala da sociedade norte-americana do final do século XIX, mas aos olhos de um leitor brasileiro, já acostumado com a podridão irreversível em que afundou esse desgraçado país, trata-se de uma história bastante ingênua, um conto de fadas infantil. Bueno. A trama da história é um bocado intrincada e não vale a pena eu detalhada toda aqui. Um sujeito decide expor a enorme hipocrisia e falta de caráter dos moradores de uma pequena cidade do interior dos Estados Unidos. Para acabar com a reputação da cidade e de seus moradores ele deixa aos cuidados de um casal um saco de ouro e instruções para que ele seja entregue a única pessoa dali que num passado remoto emprestou-lhe dinheiro e o fez largar o vício do jogo. Num envelope selado, que deveria ser aberto pelas autoridades da cidade, em uma cerimônia pública, o sujeito escreve uma frase que apenas ele e o bom samaritano que o acolheu deveriam saber e decifrar. O morador que assim fosse identificado, assim revelar-se, teria direito ao ouro. O caso ganha repercussão nacional e todos os probos cidadãos da cidade de alguma forma imaginam ser merecedores do prêmio. Twain mantém o suspense até os parágrafos finais, mas o leitor não tem tempo de afeiçoar-se a qualquer um dos personagens para poder torcer para que um deles seja o vencedor. O curioso da história é o procedimento do autor em ir revelando só aos poucos, em episódios algo cômicos, algo sarcásticos, as falhas de caráter dos personagens, as tentações que experimentam, os argumentos que utilizam para se auto-enganar. Esse livro faz parte de uma coleção de histórias curtas (A arte da novela, da Grua Livros, originalmente produzidas pela Melville House Publishing, da qual já li "A briga dos dois Ivans", "A lição do mestre", "O colóquio dos cachorros", "Michael Kohlhass", "O véu erguido" e "O homem que queria ser rei").
[início: 16/04/2016 - fim: 17/04/2016]
"O homem que corrompeu Hadleyburg", Mark Twain, tradução de Ronaldo Bressane, São Paulo: Grua livros, 1a. edição (2015), brochura 13x18 cm., 95 págs., ISBN: 978-85-61578-50-3 [edição original: The man that corrupted Hadleyburgh / (New York: Harper & Brothers) 1900]

site: http://guinamedici.blogspot.com.br/2016/04/o-homem-que-corrompeu-hadleyburg.html

danton k 30/10/2012

Comprei essa pequena obra-prima em um minúsculo sebo de Oxford, por algo como 60 pennies (centavos). No início, atraído mais pelo título. Apesar das poucas páginas, o livro traz uma narrativa intensa e detalhada sobre como a ganância acaba por transformar o cotidiano de uma pacata e exemplar cidade. Mark Twain constrói o enredo em torno de valores morais da época - que acabam "pisoteados" em público pelo misterioso homem que dá título ao livro.

Daniel 27/04/2016

Uma beleza
Apesar de curta, o incrível Mark Twain construiu uma narrativa complexa e cheia de reviravoltas, onde descreveu como o orgulho e auto-confiança podem levar uma cidade inteira à vaidade e à arrogância.

Um misterioso Stephenson busca vingança por uma ofensa que sofreu na cidade de Hadleyburg, que se julga honesta e incorruptível. Partindo do pressuposto bíblico de que "o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males", consegue promover uma reversão no status da cidade, com direito a viradas em sequência e final inesperado. Um livraço.