naniedias 15/06/2013Branca como o leite, vermelha como o sangue, de Alessandro D'Avenia
Bertrand - 365 páginas
A adolescência mostrada de forma esplêndida em pouco mais de trezentas páginas.
Título: Branca como o leite, vermelha como o sangue
Título Original: Bianca come il latte, rossa como il sangue
Autor: Alessandro D'Avenia
Tradutora: Joana Angélica d'Avila Melo
Editora: Bertrand
ISBN: 978-85-286-1505-0
Ano da Edição: 2011
Ano Original de Lançamento: 2010
Nº de Páginas: 365
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Sinopse:
Leo tem apenas dezesseis anos e como a maioria dos adolescentes ainda não encontrou seu lugar no mundo.
Durante o ano letivo, esse garoto irá aprender um pouco mais sobre a vida, suas escolhas, sobre consequências, amor e amizade.
Uma história sobre o que é ser adolescente e o que é crescer.
O que eu achei do livro:
Excelente!
Meu caso com esse livro começou há muito tempo, desde 2011 quando a Nanda resenhou essa história (http://www.viagemliteraria.com.br/2011/08/branca-como-o-leite-vermelha-como-o.html). Na época ela falou muito bem do livro e atiçou minha curiosidade quanto ao mesmo.
E durante quase dois anos essa vontade de ler permaneceu e a curiosidade, claro, só aumentou.
Até que enfim pude iniciar a leitura.
E me decepcionei. Mas só nas primeiras páginas.
Minhas expectativas estavam nas alturas e eu esperava aquela história arrebatadora. Então, quando comecei a ler o livro e me deparei com uma narrativa bem adolescente que contava banalidades da vida de um adolescente mimado metido a encrenqueiro e nem pensei duas vezes antes de dizer que o livro era chato.
Para a minha sorte, prossegui com a leitura e encontrei a tão desejada história arrebatadora!
O livro trata exatamente disso: um adolescente mimado metido a revoltado e encrenqueiro. E o que o livro faz com Leo é o que o torna simplesmente excepcional.
Durante o ano letivo o garoto passa por situações comuns a todos adolescentes e outras que não são tão comuns assim, fazendo com que aquele garoto que nada mais era do que uma criança metido a adulto amadureça.
De seu amor por Beatriz, sua paixão pelo futebol, sua amizade com Nico e Silvia, o livro também visita seu relacionamento com seus pais, com o professor Sonhador e seus desejos para o futuro. Uma trama que irá levar o leitor a mergulhar no universo adolescente e refletir sobre diversos assuntos inerentes não só a esse período da vida.
Leo é um personagem bastante intrigante e muito realista. Com apenas dezesseis anos ele tem muitas dúvidas, se questiona sobre muitas coisas e mal conhece a si mesmo.
Não é que pareça que Leo possa ser qualquer adolescente - sua personalidade é bem definida demais para que isso seja possível -, mas as dúvidas com as quais ele se debate são pertinentes à essa época da vida (e, por que não, a qualquer outra) e farão com que qualquer leitor se identifique.
Achei linda a maneira como Alessandro D'Avenia mostrou a vida de seu protagonista e a forma como ele lidava com tudo aquilo que o envolvia.
A narrativa conseguiu me encantar e desencantar ao mesmo tempo. Parece um paradoxo? Mas é mesmo, de uma forma que faz com seja bastante difícil explicar aqui o que quero dizer.
Sou conservadora no ponto de preferir textos bem escritos, estruturados e com uma narrativa mais encantadora, mais bela. Isso faz com que eu não aprecie muito textos que sejam coloquiais demais, adolescentes demais. E esse é o caso desse livro.
Mas ao mesmo tempo o autor usa e abusa de figuras de linguagem, de comparações, de uma filosofia tênue que faz toda a diferença na história. Todo o significado que o autor dá às cores (principalmente o branco e o vermelho que dão título ao livro) é maravilhoso! E não apenas isso - ele é capaz de brincar com as palavras de maneira deliciosa e a leitura vai se tornando fluida e encantadora. No final das contas, a narrativa é mesmo um tanto adolescente, mas riquíssima e muito bela.
Ainda me impressiona pensar o quanto foi trabalhado em um livro tão curto. Foram menos de quatrocentas páginas, mas ainda assim sinto como se tivesse lido um milhão, já que o autor aborda muitos assuntos e consegue desenvolver todos de maneira bacana.
Me encantei com a presença do professor Sonhador, que é um dos melhores personagens (na minha opinião, claro!) desse livro. Alguém que inspira, que transborda confiança e que sabe a maneira certa de ajudar alguém que só precisa de um empurrão (e não de um sermão!) para se encontrar.
Silvia também é uma personagem que conseguiu ganhar meu coração. Sua constância, a confiança que Leo tinha que ela sempre estaria ali é algo tão bonito, tão simples, tão verdadeiro que se torna desejável.
Branca como o leite, vermelha como o sangue não é um livro nos moldes de best seller. Não tem explosões, paixões arrebatadoras, acontecimentos sobrenaturais, não é recheado de clichês, embora seja um pouco previsível (assim como a vida também é!). É um livro sobre o cotidiano, a vida real, quem somos e quem nos tornamos.
É uma história que irá gerar reflexões e certamente será capaz de encantar os leitores!
Uma leitura mais do que recomendada.
P.S.: Só depois de já ter passado da metade do livro percebi que a imagem da capa é o cabelo de uma menina. Até então eu já tinha pegado o livro em mãos diversas vezes, visto a imagem da capa na internet outras tantas e pensava que era sangue o que ilustrava a capa do livro.
Nota: 10
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