Soldados de Salamina

Soldados de Salamina Javier Cercas




Resenhas - Soldados de Salamina


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Alê | @alexandrejjr 11/01/2021

A arte tornar o passado presente

Um romance político que exige um leitor atento. Assim defino "Soldados de Salamina", livro dotado de uma narrativa eloquente e ágil.

Javier Cercas parte de uma premissa instigante: o que leva alguém numa guerra a deixar de matar o inimigo? É a partir desse ponto que somos convidados a uma busca por respostas através de uma voz narrativa que conduz com competência nossos movimentos, pensamentos e elucubrações.

Cercas está interessado, assim como seu compatriota Javier Marías, em refletir sobre a difícil distinção entre realidade e imaginação. E, assim como nosso João Ubaldo, que dedicou um épico esforço para construir sua obra-prima, "Viva o povo brasileiro", Cercas questiona a importância daquilo que é reportado ou ensinado como história e o que podemos realmente chamar de verdade. E a pergunta do autor é clara nesse sentido: o que faz de alguém um herói, ainda mais numa guerra? Cercas deixa algumas pistas como respostas nas linhas de algumas personagens.

Mas o livro está muito além da política, pois o autor propõe uma meditação sobre a linguagem. Cercas testa estilisticamente o texto com o leitor. Há um livro dentro do livro. Há uma mescla, em determinados momentos, de reportagem e ficção, tornando-se uma espécie de thriller político, uma “narrativa real”. Nosso narrador, em uma das três partes, chama-se Javier Cercas e personagens reais são inseridos a favor da ficção, como o fascista espanhol Rafael Sánchez Mazas e até o escritor chileno Roberto Bolaño. São os jogos que movimentam a trama (e nossos olhos).

O terço final é uma espécie de recompensa aos leitores. Afinal, ao chegarmos na última página da narrativa semi-ficcional de Cercas, concluímos o que minha epígrafe preferida profetizou para a eternidade, que "O segredo da Verdade é o seguinte: não existem fatos, só existem histórias." E Cercas entendeu muito bem isso.
Katia Rodrigues 11/01/2021minha estante
Excelente resenha! Já adicionei o livro na minha pilha de leitura.?


Alê | @alexandrejjr 11/01/2021minha estante
Obrigado pelo elogio, Katia! Espero que goste. ?


Júlia 14/01/2021minha estante
Está na minha lista dos que preciso ler!!!!!


Alê | @alexandrejjr 15/01/2021minha estante
Júlia, vale a pena. Apesar do miolo do livro ser o mais denso por tratar de questões políticas da guerra e tal, o final é bem imersivo e fecha muito bem a história.


Júlia 16/01/2021minha estante
Obrigada vou ler simmmm




César 20/10/2020

La mala leche para los puretas
O livro vai contar a história real de Sánchez Mazas, um prisioneiro de guerra que consegue escapar de um fuzilamento e posteriormente é poupado da morte por um soldado inimigo que o encontra. O autor Javier Cercas se insere na história através da metalinguagem como personagem principal, um escritor até então sem sucesso que trabalha como jornalista e vê a história de Mazas como um possível retorno à literatura.

O livro é dividido em três partes. Na primeira delas, Javier narra como ficou sabendo da história de Mazas e inicia-se sua busca investigativa para saber mais detalhes do acontecimento através de familiares, outros escritores e materiais bibliográficos que já existiam sobre o assunto. Essa parte achei bem pouco instigante.

A segunda parte do livro é a história de Sánchez Mazas, seu caminho percorrido até chegar naquela situação de vida ou morte, e seus passos posteriores a sobrevivência. No início achei maçante tantos dados soltos sobre a guerra sem contextualizar, mas da metade pro fim me vi mais envolvido e interessado na história de Mazas.

A terceira parte do livro pra mim é a que fez toda a leitura valer a pena. Nela, Javier sente seu livro incompleto sem um esclarecimento de um motivo para que um soldado inimigo poupasse a vida de Mazas, que através de seus escritos e participações políticas teria sido um dos influenciadores da eclosão da guerra. Quem o ajuda na busca por essas respostas é o escritor chileno Roberto Bolaño, que acaba sendo indiretamente uma peça chave para concluir o livro de Javier. As conversas com Bolaño e o desfecho da história foram muito interessantes e repletas de reflexões. O final do livro é bem melancólico e ainda aqui escrevendo um dia depois de terminar, estou com ele na mente.

Soldados de Salamina é um livro que se inicia maçante e aos poucos nos envolve na trama que mistura realidade e ficção. Acho que se tivesse sido escrito de outra forma teria me conquistado bem mais, mas confesso que leria facilmente outra obra de Cercas, especialmente um romance, embora talvez ele discordasse de mim (referências).
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Rodrigo Brasil 19/04/2020

Javier e Bolaño juntos
O livro é uma aula de como usar o recurso da metaliteratura no texto.
Ele é dividido em 3 grandes partes.
Na primeira, conhecemos o personagem principal, Javier, um jornalista espanhol, e escritor fracassado. Ele resolve que irá escrever um novo livro, sobre uma situação da guerra Civil Espanhola, o fuzilamento no Collell. Nesta primeira parte, narrada em primeira pessoa, Javier introduz o tema. É interessante.
Na segunda parte do livro, a narração se torna em terceira pessoa, há uma descrição detalhada de fatos, pessoas e locais da guerra. Parece uma reportagem jornalística.
Este momento do livro, sinto que cai consideravelmente. É cansativo, monótono e com muitas informações que não agregariam no todo.
A terceira e última parte é o ápice do livro. Volta a narração em primeira pessoa com Javier como personagem principal, ele sente que o livro está pronto mas há elementos faltando. A entrada de Roberto Bolaño na história muda o foco de tudo, fica mais engraçado, traz novos personagens e filosofa sobre a literatura.
Aqui, é o ponto alto do livro, a entrevista de Cercas com Bolaño.
E a cena final, no asilo, Javier com Miralles é lindíssima, aquelas últimas 20 páginas valem o livro todo.
Javier é um mestre na escrita.
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Camila Borges 04/04/2022

Vestígios da guerra
Bom demais!! Já conhecia "A velocidade da luz" e me lembro de gostar muito da história, dos personagens e da construção da narrativa. Nesse livro em alguns momentos me perdi em descrições de locais da Espanha que não conheço, alguns nomes diferentes. Apesar disso, a leitura é muito interessante na maior parte do tempo. Fala sobre a questão da memória, sobre a relação de um escritor e sua obra, sobre os vestígios da guerra que ainda são tão vivos na mente de algumas pessoas e tão ignorados por outras.
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Marília 18/08/2022

Terminei esse livro com um calorzinho no coração. Fiquei pensando que enquanto vivermos as pessoas que conviveram conosco mesmo mortas continuam vivas.
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spoiler visualizar
Ed Siqueira 24/03/2014minha estante
O atalho para o vídeo, que consta na resenha, está desatualizado.
Segue um novo atalho:
https://www.youtube.com/watch?v=koYXYVhS9Io


Nanci 23/06/2015minha estante
Obrigada pela resenha e pelo link - enquanto lia Soldados de Salamina, senti curiosidade de conhecer essa música que embalou a trama. A imagem do soldado dançando é igualmente poderosa, mas o livro em si não me conquistou.




Karina Paidosz 28/12/2022

O que é um herói para ti?
Acredito que esse livro não é para todos os leitores, inclusive cheguei a achar que não era pra mim.

Ele não tem muita ação, e isso quase me fez abandonar essa obra tão imersiva.
Cercas nos oportuniza reflexões sobre os valores e as lembranças "Só morremos de fato quando não resta quem se lembre de nós."
Ele têm muitas sacadas bacanas.

Necessita demais da sua atenção. Há um livro dentro do livro. Há um misto de realidade e ficção, em alguns momentos vc não consegue distinguir.

Grandes narrativas nessa história muito envolvente quando ele decide reunir os envolvidos na guerra, trazendo respostas, elucidando memórias dos acontecimentos que refletem sua própria história.

Quando parecia que estava chegando ao fim, que Cercas estava desistindo das suas buscas, ele teve um encontro decisivo com outro escritor. Isso fica bom demais, e a partir daí não conseguia mais parar de ler.
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Maickw 27/12/2020

Vai marcar pelo resto da vida
?(...) e porque não se escreve sobre o que se quer, mas sobre o que se pode.?

Por vezes um livro te marca não apenas pela história, mas também pelo momento que você está vivendo ao lê-lo.

21º livro do ano. 7/10. Um meta-livro. Um mega livro. Uma gigante história. Foi difícil concluir a leitura desse livro, mas consegui. Javier Cercas, autor e personagem, narra ironicamente a própria epopeia, como escritor, para dar vida a um livro sobre a Guerra Civil espanhola e seus personagens. É uma narrativa real. É uma história que Javier te pega pelo braço para contar a saga da escrita de um livro, desde o nascimento da ideia, à pesquisa de campo, as frustrações, angústias e vitórias. Uma descrição que te faz mergulhar nas cenas e vivê-las instantaneamente. E não é apenas isso! De quebra você é catapultado para os momentos finais da Guerra Civil espanhola, com o nascimento da Falange, que viria a ser o partido ideológico franquista e o seu idealizador, Sánchez Mazas. E tem mais: dentro da história de criar uma história, o autor, que também é personagem, na busca por heróis, nos traz seus próprios amigos, que também são autores (e aqui eu começo a expandir minha fila de leitura), e agora personagens dessa metalinguagem. Eu, que gosto tanto da temática de guerras e suas histórias sobre histórias, gostei dessa busca implacável por uma história e o desvendar de heróis que nunca irão morrer, pois sempre haverá alguém que se lembre deles, eternizados em um livro, tal qual meu herói particular.
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Edna 23/08/2020

Linha divisória
"Sanches Mazas é um bom poeta(....) Seus versos têm uma corda só, humilde e velhíssima, monótona e um pouco sentimental, mas a toca com maestria, arrancando daí uma música limpa, natural e prosaica, que só canta a melancolia agridoce do tempo que foge e, em sua fuga, arrasta a ordem e a segurança hierárquica de um mundo abolido(...) um mundo inventado e impossível do paraíso." Pág. 70

Sanches Maza que é o homônimo fictício do Autor, portanto essa é uma história real que gira em torno desse ponto:

"Eu fui assassinado pelos vermelhos."

Ainda ressoa em sua mente aquele dia e sua aventura no Collell, aqueles poucos minutos que antecedem à um fuzilamento, uma muralha de oito homens e "o agora ou nunca", várias metralhadoras colocadas atrás do grupo, os prisioneiros buscam o chão e nesse instante ele já está em fuga pelo matagal, e o que acontece logo após:

"Por aqui ñ tem ninguém! " ( um soldado avisando o outro)

Aquele momento cheio de mistério entre a vida e a morte, o olhar do soldado ao encontrar o seu moverá toda a história, a busca incessante para descobrir quem era esse soldado que nao o delatou e o por quê ?

Divididos em 03 partes, a história do fuzilamento, os nove dias e o encontro com as pessoas que o salvaram, e 60 anos de buscas se passam até juntar a história de pessoas que junto com ele viveram aquele pesadelo, em uma narrativa em que o Autor nos inclui, dialoga deixando leve e nos fazendo sorrir entre um personagem e outro até ficar sabendo por Roberto Bolaño, escritor, da existência de Miralles, o provável soldado.

Mazas queria defender, com o facismo, uma espanha ideal, feita de ordem e hierarquia, mais do que o interesse material burguês, lhe interessava preservar seu ideal, seu Paraíso cristão ameaçado por homens como Miralles o soldado feito das massas, feito comunista mais por afetos do que por ideias, jogado na guerra como tantos outros, é estes que lutaram, a guerra nada teve de glorioso, além de dor e de milhares de mortos.

Um excelente contador de histórias fechando na terceira parte todas as pontas. 47/20

#Bagagemliteraria
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#Emdefesadolivro
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giu 29/04/2023

Nunca conheça seus heróis
Normalmente não indico livros que ?demoraram para ficar bom? mas para toda regra existe uma excessão e esse livro, apesar de só me conquistar perto do final, eu recomendo fortemente!

A escrita é muito boa e o objetivo do livro é maravilhoso mas o início é muito arrastado, por conta da descrição do processo de busca da dados e tals. Enfim, me esforcei para chegar na 3ª parte pq mesmo sendo bem parado foi possível perceber que o desenrolar seria bom.

Eu fique até emocionada ao final da história e achei que a obra me deu uma nova visão sobra a Espanha e seu envolvimento com a guerra, gostei bastante de ler algo afastado da ficção e mais próximo de contextos históricos, irei procurar mais livros assim com certeza.
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Ale 23/10/2022

Ser herói.
" E o que é um herói? "
"Não sei - disse. - Alguém que acredita ser um herói e acerta. Ou alguém que tem a coragem e o instinto da virtude e, por essa razão, não erra nunca, ou pelo menos não erra no único momento em que é importante não errar, e portanto não pode não ser um herói. Ou quem entende, como Allende entendeu, que o herói não é o que se mata, mas o que não mata nem se deixa matar. Não sei. O que é um herói para você? "
Pag. 150
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JAS 11/04/2021

Relato espetacular de momentos da vida de dois personagens opostos da guerra civil espanhola e da segunda guerra mundial. Quem são nossos herois?
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Leila 03/02/2024

Soldados de Salamina, obra do autor espanhol Javier Cercas, apresenta uma narrativa que oscila entre a complexidade e a surpresa ao longo de sua trama. Os dois primeiros terços do livro revelam-se um desafio para aqueles menos familiarizados com os intricados eventos da Guerra Civil Espanhola, tornando a leitura um tanto truncada.

No entanto, é no terço final que a obra desabrocha de forma surpreendente, proporcionando reviravoltas que elevam a experiência do leitor. A sensação de fluidez, antes ausente, se estabelece, levando o livro a um patamar mais elevado.

O ponto central da história gira em torno da figura do escritor e jornalista Javier Cercas, que na narrativa assume uma versão fictícia de si mesmo.

O protagonista, também chamado Javier Cercas, embarca em uma jornada de pesquisa para desvendar um episódio específico da Guerra Civil Espanhola, envolvendo um grupo de soldados republicanos que foram poupados da execução por um soldado franquista. A figura-chave nesse episódio é Rafael Sánchez Mazas, um escritor e intelectual franquista.

Ao longo da narrativa, Cercas mergulha na história desses personagens reais, misturando fatos e ficção para explorar questões de heroísmo, traição e as complexidades morais da guerra. A busca por entender os eventos do passado e as motivações por trás das ações dos personagens cria uma narrativa rica em nuances, onde o autor questiona a natureza da verdade histórica e a construção da memória coletiva. A obra também se destaca pela interação do próprio autor com a trama, proporcionando uma camada metalinguística que enriquece a experiência do leitor.

A participação de Roberto Bolaños na terceira parte da obra, mesmo que breve, acrescenta camadas adicionais à história, enriquecendo-a. Outro ponto legal da narrativa são as várias referências literárias.

Enfim, um livro um tanto maçante inicialmente, mas que recompensa o leitor ao final. Nota 3/5!
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PuddingPop 05/03/2020

Histórias dentro de histórias
Classifico Soldados de Salamina, do espanhol Javier Cercas, como um livro de dupla cognição e acredite, ele só saiu por causa do escritor chileno Roberto Bolaño, explico.

Dupla cognição porque ele tem a história sobre um fato específico da famigerada Guerra Civil Espanhola, cheia de ramificações e desdobramentos, que é o principal objetivo do livro e, consequentemente, dá título à obra, mas também, destarte, tem o relato do processo como essa história chegou até ele e como se desenvolveu, causando transformações na sua própria vida: Cercas é jornalista na origem, escreveu dois livros que não venderam nada (ele brinca com o fato durante o curso da narrativa) e resolveu sair do trabalho na redação de um jornal e se dedicar a ser escritor em tempo integral, cinco anos depois ele foi pedir o emprego de volta, mas totalmente transformado e modificado com o fracasso de não produzir nada relevante e, em consequência deste fracasso, o término de seu casamento, fatos que o deixaram à beira de uma depressão, além da certeza que não escreveria nunca mais um livro. Mas do nada essa história que beirava a ficção cai no seu colo, praticamente brigando contra o fato que estava a sua frente um novo livro, ele começa a pesquisar e se aprofundar na história, mas ele chegou a um impasse e, novamente, ele achou que a narrativa estava fadada a não alcançar as prateleiras das livrarias?

Ai que entra o Bolaño, Javier vai entrevistá-lo e papo vai e papo vem quando ele solta uma história e Cercas vislumbra uma conexão quase inimaginável com sua narrativa que estava estagnada.

Entre sua primeira tentativa de ser escritor e o lançamento de Soldados de Salamina se transcorreram mais de 10 anos, mas fato é que o livro se tornou um sucesso absoluto logo depois do lançamento e logo em seguida foi adaptado para o cinema com direção de David Trueba. Cercas finalmente podia ser um escritor full time sem o peso de ganhar dinheiro para sobreviver.

Um texto ágil, extremamente irônico, e um excelente contador de histórias, talvez esse seja o motivo por trás do sucesso de Javier Cercas.
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Thiago 23/10/2020

Legal lá
Acho que comecei a leitura com muita expectativa. Acabei não gostando. O tipo de narrativa não me encantou. Mas como sou apaixonado por literatura histórica, não foi um desperdício total. Até gostei um pouco.
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