Julia G 29/09/2011A Janela de Overton - Glenn BeckResenha postada originalmente no blog http://conjuntodaobra.blogspot.com
"- [...] Sempre existiram apenas quatro tipos de pessoas no mundo: os visionários, que escolhem a rota, e somos muito poucos; os gananciosos e corruptíveis, que são úteis, porque fazem qualquer coisa em nome do lucro a curto prazo; os revolucionários, um bando de pensadores retrógrados e violentos cuja única missão é atravancar o caminho do progresso; e as massas [...].
Eles são bem mais numerosos que nós e se multiplicam a cada dia. [...] E no meio dessa superpopulação, que está inchando o mundo além do ponto de ruptura, não há muitos Mozart, Einstein, Pascal, Salk, Shekespeare ou Geoge Washington. São uns comilões inúteis e retardados mentais, que estão esgotando a capacidade do planeta."
Um plano para acabar com a atual estrutura política e econômica dos Estados Unidos e do mundo vem sendo articulado há muito tempo, e seu apogeu se aproxima. A Janela de Overton, mecanismo utilizado para medir o grau de aceitação dos cidadãos em relação a determinadas idéias, está se movendo para o lado que eles desejam. Uma idéia, que normalmente se pensaria absurda, pode se tornar aparentemente plausível diante de uma situação de ameaça. Mas essa ameaça seria real?
Noah Gardner, filho de um poderoso homem das relações públicas, sabe muito bem que grande parte de acontecimentos "inesperados" e "imprevisíveis" nem sempre podem ser classificados assim. É essa a função das relações públicas: fazer com que todos pensem conforme se deseja e o que importa para a empresa que realiza o trabalho é apenas quem paga.
Tal situação é plenamente aceita por Noah, até que ele conhece Molly. No início, ele não vê futuro no que ela e seu grupo pretendem alcançar, mas começa a conhecer o outro lado da moeda e a perceber que nem tudo é como acreditava ser...
A Janela de Overton, de Glenn Beck, pode ser sintetizado e definido em uma palavra: conspiração. O que está por trás dos acontecimentos e desastres mais "incontestáveis" de nossa história? Quem, afinal, nunca ouviu uma teoria da conspiração sobre o que realmente teria acontecido em 11 de setembro? E é a partir desse tipo de idéia o autor começa a tecer uma teoria da conspiração muito maior, sobre planos de modificar todas as bases da sociedade como conhecemos, desde o sistema de produção à forma de governo.
Irrefutável dizer que Glenn Beck nos traz muito assunto no que pensar, principalmente quando tais teorias têm seus principais fundamentos baseados em fatos. O autor, inclusive, traz uma lista, nas últimas páginas, de sites e livros que comprovam vários acontecimentos e idéias apontadas no texto, citando, contudo, tanto no prólogo quanto no epílogo, que os fatos são verídicos, mas foram colocados de forma a dar corpo ao enredo. Glenn Beck deixa a nós a incumbência de decidir o que é real e o que é ficção, mas nos desafia a pesquisar e a buscar respostas.
Particularmente, ainda esperava mais do livro. Mesmo que a leitura tenha sido muito agradável, não fiquei surpresa nem fascinada com qualquer detalhe do livro. Um detalhe que me deixou mais consternada é que talvez tenha ficado desapontada com a crueldade de um determinado personagem no fim do livro, mas isso já vinha sendo apontado durante a história toda, e eu só não queria acreditar que alguém fosse mesmo capaz disso.
Molly é o tipo de personagem que gosto, nem mocinha demais, mas longe de ser vilã; determinada na medida certa e bem esperta. Noah, entretanto, não me agradou; apesar de ser um tipo atraente, era um tanto ingênuo para quem conhecia tantas coisas, mas talvez isso acontecesse em virtude de ele se sentir protegido por toda a influência do pai.
Mesmo assim, é um livro que vale ser lido, por trazer um outro ponto de vista em relação aos acontecimentos e à política como um todo. A editora Novo Conceito caprichou na capa e as letras são grandes, então o tamanho do livro engana um pouco, pois pode ser lido rapidinho.