Juliana 01/10/2012Mentecaptos Por Livros | mentecaptosporlivros.blogspot.com
Li esse livro em uma época que eu estava completamente fissurada com estórias sobrenaturais/UF sobre reencarnação -Shattered Souls, Angelfire e o diabo a quatro que você imaginar- eu li na maior afobação. Então veio Incarnate, com sua autora simpática, sinopse interessante, capa bonita e resenhas de 5 estrelas and I was a goner. Não tinha jeito, eu precisava desse livro e estava criando altas expectativas para a trilogia. Bom, só posso dizer que minha fase reencarnação passou.
Ana nasceu em um mundo onde todas as pessoas são imortais, menos ela. Veja bem, uma sociedade em que todos são imortais está destinada ao caos; isso é óbvio. Chegaria uma hora que comida e espaço faltariam para uma população crescente de seres imortais. Jodi Meadows resolveu esse probleminha fazendo o número de almas contados. São exatamente 100 milhões (ou 1 milhão? Argh, não consigo lembrar) de almas. Exemplo: Fulana e Ciclano casaram e fulana está grávida. Beltrano morreu. Então, quando o bebê de Fulana e Ciclano nascer, adivinha quem vai ser? Isso mesmo. O Beltrano. Bizarro pra caramba, eu sei. Toda a vez que alguém morre, é reencarnado em um outro corpo com suas memórias intactas, pronto para dar continuidade a sua vida com 13, 14 anos. Imagine só, uma sociedade dessas: as pessoas passam a vida inteira estudando e buscando resultados e aprimoramento em suas respetivas vocações por milhares de ano. Incrivelmente intimidador para a única Newsoul de Heart; uma garota que nasceu do nada, com uma alma zerada.
Uma cidadã -Ciana- de Heart morre e quando todos esperam pela sua "volta"... vem a Ana. Uma Newsoul. E a tal da Ciana simplesmente some (ou melhor, a alma dela). O que aconteceu? Quem é Ana, de onde ela veio? E são atrás dessas respostas que Ana decide viajar à Heart em busca de um motivo para sua existência; é exatamente assim que o livro começa.
O modo que Jodi explora o por quê da existência de Ana é realmente muito interessante; no grande esquema das coisas, em um mundo povoado de imortais extremamente capazes em suas funções, do que realmente vale a existência curta de Ana, uma garota na beira da idade adulta e ainda aprendendo como as coisas funcionam e que em poucas décadas irá morrer e provavelmente nunca mais "voltar"? O personagem Sam, em uma citação, diz que Ana passa tanto tempo sozinha porque, para os outros cidadãos de Heart, fazer amizade com a Ana seria tão útil quanto fazer amizade com uma borboleta: sabendo que pela manhã, ela não estaria mais lá. Gostei dos conflitos internos de Ana; Jodi soube escrever bem dramas existenciais internos. Pude simpatizar com a insegurança da garota, o que geralmente é bem difícil de acontecer comigo.
A escrita de Jodi é bem fluída, e houve várias partes do livro em que eu fiquei com um sorriso bobo no rosto... e não, não por causa do romance com o Sam. Eu ainda não sei o que pensar da ideia do Sam e Anna juntos, só que eu acho sinistro um cara de alguns milhares de ano em um corpo adolescente te emprestar vestidos dele por que numa vida passada ele foi uma garota. A-hem.
OK, continuando.
O clímax/final do livro foi estranho. Completamente sem noção. Jodi poderia ter dado tantos desfechos diferentes para a história, e o que ela escolheu, ao invés de me surpreender, me deixou desanimada com o livro. Para colocar de modo simples, o "desfecho" foi super nada a vê com o ritmo/atmosfera da história, e eu acabei achando a coisa toda muito...boba. Soa maldoso, eu sei, mas eu tentei de verdade gostar. Não deu muito certo.
Então, resumindo isso aqui: Incarnate tinha muito potencial, e é claro pela escrita de Jodi o potencial que ela tem como autora, mas infelizmente eu não vi nada de surpreendente no livro, nem mesmo os Dragões. Ah é, tem dragões em Heart. E uma religião interessante. E uma torre sagrada. E festas, e música e bibliotecas.
Se eu vou ler a continuação? Hm, muito provavelmente não. Mas quem sabe; posso dar uma segunda chance e ver se no próximo livro a autora vai tirar proveito completo do universo intrigante que ela criou.
Citação: "Quem sou eu?" Minhas primeiras palavras.
"Ninguém," ela [minha mãe] disse. "Nosoul."