Renato 02/06/2017O tipo de livro que sempre sonhei em lerDesde pequeno sou fissurado com cenas de tribunais em livros, mas nunca tinha lido um completamente “de advogado”, até me deparar com o marcante “O Poder e a Lei”, de Michael Connelly.
Michael Haller não é daqueles advogados criminalistas super ricos, que já têm a fama consolidada e tudo o mais. Ele é um personagem que tem uma fama boa, é um bom advogado, mas é real, daqueles que ainda lutam para conquistar cada vez mais o seu espaço, sempre colocando propagandas nos lugares corretos. Entre um caso e outro ele acaba se deparando com um bem intrigante. A vítima acusa o réu Louis Roulet de tentativa de homicídio, estupro e agressão, mas Roulet se diz inocente com tamanha verdade que isso leva o advogado de defesa a rebater todas as provas no intuito de ganhar esse caso, que se mostra mais complicado do que se imaginava. Ao que tudo indica, Louis parece ter sido vítima de uma armação, todas as provas apontam que ele seja o culpado.
Apesar de o livro começar em um ritmo um pouco lento, essa construção inicial é extremamente necessária para o desenvolvimento da história. Através das primeiras páginas, com os diversos casos defendidos simultaneamente pelo protagonista, conhecemos o seu perfil e é possível se identificar de imediato. Essa humanização através de suas performances chamam a atenção e conquistam o leitor.
A partir do momento que ele foca de vez no caso principal da história o enredo passa a ficar cada vez mais eletrizante e a leitura flui mais facilmente, sendo recheada de acontecimentos que aguçam a curiosidade. Defender esse réu fica cada vez mais complicado e ao mesmo tempo Haller precisa inocentá-lo por completo, sem brechas. Nenhum veredicto a não ser esse será aceito por Roulet.
Mesmo que o clima do livro seja de advocacia, com todas as suas leis, processos, burocracias e tudo o mais, o autor escreveu de uma forma que irá conquistar qualquer tipo de leitor, não só os advogados. Connelly é claro e objetivo na escrita, descreve o essencial para a construção das cenas e ainda assim foi quase como assistir a um seriado muito bem roteirizado. Tudo é muito real e plausível de acontecer. Não existem exageros na história. A trama é muito bem interligada e cada capítulo do livro tem um sentido.
Esse foi definitivamente o tipo de livro que sempre sonhei em acompanhar. O jogo que é construído com as testemunhas dentro de um tribunal é algo que me encanta desde que leio livros. Para quem gosta destes sem enrolações, um suspense eletrizante, dilemas e surpresas, O Poder e a Lei é definitivamente uma excelente escolha. Pra mim foi um livro perfeito. Um dos favoritos de 2017. Ainda bem que já tem quatro livros na sequência com o mesmo protagonista, com certeza lerei em breve. Recomendo!