JJ 16/09/2010
O primeiro e melhor livro de contos de Woody Allen (com textos publicados na segunda metade da década de 1960 e primeiros anos da de 1970) é diversão do início ao fim, o melhor da trilogia lançada no Brasil (Cuca Fundida foi seguido de Sem Plumas e Que Loucura!). Mesmo as três histórias no começo que tratam de Filosofia (entre elas Minha Filosofia, onde Allen é brilhante) não exigem profundos conhecimentos do leitor. A atemporalidade da maioria dos escritos torna o livro ainda mais interessante e gostoso para o leitor-médio, mesmo passados quarenta anos.
O grande destaque é A Morte, que ao lado de um conto homônimo e Deus (ambos inseridos em Sem Plumas) formam o trio de obras-primas do contista Allen. Usando seus dotes de roteirista fabuloso, seus diálogos arrebatam qualquer leitor. A segunda metade de Cuca Fundida é incrível, com o autor se transformando em um gordo complexado, um membro da elite intelectual do início do século XX, Drácula, um estudioso da psicanálise, o barbeiro de Hitler, entre outros – da forma que só Woody Allen consegue.
O marco do auge dos contos do autor para a revista New Yorker fica por conta de uma partida de xadrez jogada via correspondência. Destaco como meu preferido o ligeiro Um pouco mais alto, por favor; sobre um viciado em artes que não entende shows de mímica. Os fãs do Woody Allen cineasta gostarão de Viva Vargas!, gênese do filme Bananas e do texto de abertura do tradutor de seus livros, o também talentoso escritor Ruy Castro.