Caro Michele

Caro Michele Natalia Ginzburg




Resenhas - Caro Michele


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Caroline Gurgel 12/03/2021

Leitura agradável
Caro Michele, romance epistolar da italiana Natalia Ginzburg, escrito na década de 70, é um livrinho despretensioso, mas pungente, que me fisgou desde a primeira página. Histórias tristes, cartas tristes, de gente medíocre, de vida medíocre. Gente que, claramente, projeta sua felicidade no outro, no “se”, no “quando”.

Leitura que ora faz doer, ora nos faz refletir, por vezes nos é indiferente. Damos de ombros, acho é pouco, quem mandou… Poxa, que pena! Que dó!

Michele é um jovem de 23 anos que deixa a Itália para viver na Inglaterra. É um ingrato, filho da… Ou pelo menos assim é o que conhecemos dele, ou o que lemos nas entrelinhas das várias cartas trocadas com sua mãe, irmã ou alguns poucos conhecidos. Temos a sensação de que mente. Todos mentem.

Um livro que traz amargura em cada linha, mas que faz a gente ler sem querer parar. Uma escrita envolvente, uma história comum, nada de extraordinário. Ainda assim, marcante.

site: @historiasdepapel_
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kAtIA 10/12/2014

Caro, Michele
Caro, Michele
Confesso que me diverti muito, adorei cada momento com os personagens. Até mesmo os momento com sua mãe Adriana.
Adriana uma mulher deprimida, que já não vive mais com ´prazer, vive a cada dia por viver. Sabe, aquele tipo de pessoa que sempre se recorda do passado com bastante pêsames, é assim Adriana, que sofre pelo passado, com o presente e com o futuro.
Michele fiquei impressionada pois o livro deveria falar mais de você! Mas na verdade você é o menos presente na vida dos seus. Muito se recorda ao seu respeito, muito se é questionado seus atos, mas lendo as cartas, percebi o quão irônico eram os personagens, o bom humor da escritora é contagiante. Você tão lembrado, mas completamente ausente.Como um completo estranho.
Adorei a maneira que foi abordado os conflitos, escrito por cartas os personagens tinham uma preocupação crível. Temas como a solidão, a indiferença e até a leviandade estão bem presentes.
Personagens muito humanos, a Natalia deu características muito palpáveis, e seus personagens são maravilhosamente construídos, ela deu vida a volta deles, nos fazendo presente nas passagens. Uma leitura que no inicio achei que seria difícil, pois não me agrada personagens que são melancólicos, mas me surpreendi com o desenvolvimento da história.
Recomendo muito á leitura e deixo algumas palavras que traz reflexões.

Agora penso que aquele foi um dia feliz. Mas infelizmente é raro reconhecer os momentos felizes enquanto os estamos vivendo.

O importante é caminhar e ficar à distância das coisas que nos fazem chorar.

mas nem todas as coisas que somos levados a fazer têm uma explicação, ou melhor, para dizer a verdade, creio que os deveres que temos não tem explicações.

consolos que serenam como orvalho piedosos corações prostrados por um luto que não tem conforto.
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annikav.a 25/03/2024

Quando não resta mais nada
Ginzburg criou um romance que fala pelas lacunas e sobre lacunas familiares e existenciais, através de muitas vozes, numa família despedaçada em plenos "anos de chumbo" italianos. O Michele é um não-protagonista, sobre ele temos apenas partes da história de sua vida de fugas (ou seria ele quem nunca fugiu?) e a percepção iludida dos familiares expressa em cartas, principalmente da mãe, que espera que ele seja feliz. Entretanto, ela mesma já não busca a felicidade, apesar de ter quarenta e poucos anos. Na verdade, não há uma única pessoa duradouramente feliz nesse livro - e na vida, há?-, mas todas a enxergam de determinada forma, moldada pelo dinheiro e pela violência, não pelos afetos. A passagem da Adriana (mãe do Michele) sobre a violência doméstica foi fenomenal, de um jeito estranho de explicar. No mais, A única pessoa que prevê o que aconteceria com as "plantinhas murchas" (Michele e Mara) com certa precisão é a Ada, justamente uma mulher de negócios sem nenhum envolvimento com Michele. O marido de Ada, Oswaldo, conhecia-o bem, e essa foi sem dúvidas a parte mais dolorosa do livro, porque remete a um romance impossível mas extremamente formador. Concluindo, é o tipo de livro cheio de imagens apesar de não ter gravuras. A leitura é fluida e envolvente, mas angustiante. Coloca-nos a pensar muito tempo após o final, vasculhando a memória pelos detalhes, movidos por imenso sentimento de vazio.
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Jose 14/08/2020

Gente infeliz lendo livro cheio de gente infeliz... Foi interessante mas não arrebatador.
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@buenos_livros 07/10/2021

Caro Michele (1973) - Natalia Ginzburg
?Não sei explicar por que me sinto mais sozinha desde que morreu. Talvez porque tivéssemos lembranças em comum. Éramos os únicos no mundo a termos essas lembranças. Não eram lembranças felizes porque eu e sei pai nunca fomos muito felizes juntos. É mesmo que tenhamos sido felizes por breves momentos, tudo foi emporcalhado, pisado e revolvido. Mas não se amam apenas as lembranças felizes. A certa altura da vida, percebe-se que se amam as lembranças.?
-
. Caro Michele (1973)
. Natalia Ginzburg ??
. Tradução: Homero Freitas de Andrade (IT)
. Romance | 194p.
. @companhiadasletras
-
. Um romance epistolar onde apesar de Michele ser a peça central, não é o protagonista. São cartas trocadas entre familiares e amigos desde sua saída de casa, onde desencanto e ressentimentos são escancarados. Fazendo alusão ao cenário político Italiano dos anos 70 e tocando superficialmente alguns temas tabu para a época, como a vida de um mãe solteira e uma suposta relação homoafetiva entre personagens, o livro tem como ponto forte a narrativa direta e elegante de Natália Ginzburg, no entanto, nenhuma parte me marcou realmente.
. ??????
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Aguinaldo 27/01/2016

caro michele
"Caro Michele" é uma poética dos sentimentos, mas é uma poética racional, onde a lógica vale mais que a fúria, as surpresas. A imaginação de Natália Ginzburg apresenta cenas da vida privada de uma família italiana do início dos anos 1970 (as histórias do livro acontecem num intervalo curto, pouco mais de dez meses). O leitor encontra aos poucos dezenas de nomes, uma contínua avalanche de personagens, mas todos eles gravitam de alguma forma Adriana, uma mulher ainda jovem, 43 anos, mãe de quatro filhas e um filho, o Michele do título, separada de seu marido, que o leitor descobrirá ser um artista plástico algo excêntrico. Ginzburg desenvolve sua história sobretudo através de cartas mas há vários capítulos onde alguém narra em terceira pessoa. Esse narrador nunca julga os atos que registra (em contraste com os signatários das cartas, sempre críticos e dispostos a desnudar virtudes e defeitos dos demais). As histórias enfeixadas por Adriana formam um mosaico esdrúxulo, onde sua atenção se divide entre os ecos do passado e o destino imediato daqueles que ela ama. Sua maior preocupação é entender o filho, sempre em movimento, sempre distante dela, indecifrável. Os capítulos evoluem rápidos, as cenas se acumulam, revelando serem irrelevantes quase depois de acontecidas (como na vida mesmo, onde o que parece importante num momento torna-se apenas uma lembrança tola logo depois). Ginzburg não se perde com descrições, não tergiversa, obriga seus personagens a serem frios, objetivos, diretos. O leitor sabe das motivações de Michele (ao contrário de Adriana e quase todos os demais personagens), sabe de sua participação nos processos de radicalização da política européia que se sucederam ao movimento estudantil do final dos anos 1960. Mais do que o destino de Michele o que me interessou no livro foi a vívida experiência do cotidiano de uma família de classe média italiana. Os personagens são muito sinceros, transparentes, nunca são hipócritas ou dissimulados com os demais. Nenhum aparenta ser conservador política, moral ou sexualmente. Seria assim mesmo o perfil médio daquela sociedade, ou será que Ginzburg focaliza apenas o que seria representativo do comportamento de uma família de esquerda? Talvez seja esse o caso. Belo livro. Vou garimpar mais coisas dela por aí. Também li dela "As pequenas virtudes" e "Léxico familiar".
[início: 17/11/2015 - fim: 19/11/2015]
"Caro Michele", Natália Ginzburg, tradução de Homero Freitas de Andrade, São Paulo: editora Cosac Naify, 1a. edição (2009), capa dura 16,5x22,5 cm., 186 págs., ISBN: 978-85-7503-704-1 [edição original: Caro Michele (Milano: Mondadori) 1975]

site: http://guinamedici.blogspot.com.br/2015/11/caro-michele.html
Renata CCS 29/03/2016minha estante
Adorei sua resenha. Fiquei com vontade do livro.




jota 25/08/2018

Cara Mara...
Cheguei a Natalia Ginzburg (1916-1991) vendo a reprise de um programa da TV Cultura, Letra Livre, em que o entrevistado, o escritor Cadão Volpato, afirmava que Caro Michele era seu livro preferido e Ginzburg sua autora predileta. Geralmente os escritores escolhem homens como seus autores preferidos (Cadão mesmo diz isso), então fiquei curioso para conhecer ao menos uma obra dessa escritora italiana e escolhi ler Caro Michele. Mesmo tendo visto sua adaptação cinematográfica (o filme homônimo é de 1976; o romance é de 1973) e não apreciado tanto assim. Acho que o filme ficou meio perdido entre drama e comédia e me pareceu um tanto envelhecido. Também porque transformar cartas em imagens não deve ter sido tarefa fácil para os roteiristas.

Resultou num filme fraco mesmo tendo a direção do competente Mario Monicelli (do impagável Parente é Serpente e outros filmes memoráveis) e o roteiro dos brilhantes Suso Cecchi D’Amico e Tonino Guerra. Mas vamos lá, ao livro preferido do Cadão: Caro Michele conta a história de um filho perdido, que abandonou a família bem jovem para escapar do ambiente político nebuloso na Itália (eram os anos iniciais da década de 1970) e partiu para a Inglaterra; mais tarde muda-se para a Bélgica. Nunca mais voltou à Itália (nem mesmo quando seu pai morre) e mantém alguma comunicação com a família e com dois ou três amigos.

Em Leeds, ainda na Inglaterra, Michele se casa com uma americana nada atraente (atraiu-o sua inteligência, ele afirma), mais velha do que ele, com dois filhos, e depois de oito dias já estão separados. Quer dizer, Michele age sem pensar muito, é impulsivo; aos nossos olhos ele é a ovelha negra da família. Mas não é assim tratado pela mãe e irmãs, que o ajudavam a se manter no exterior e sobretudo o amavam, claro. Embora, no final, uma das irmãs comece a pensar que muito do comportamento do irmão, seu modo de agir, seria assim porque Michele seria homossexual. Ou bissexual, sabe-se lá, já que podia ser o pai do bebê da personagem Mara, como alguns acreditam.

Exceto por uns poucos capítulos em forma de narrativa, ficamos conhecendo a história de Michele, de sua família e de alguns amigos especialmente através de numerosas cartas que ele recebe ou escreve e outras tantas que os demais personagens trocam entre si. Adriana é a mãe de Michele, Angelica e Viola, suas irmãs, Osvaldo, um amigo e Mara, uma amiga muito doida. As loucuras de Mara, que tem um filho recém-nascido e nem sabe direito quem é o pai (pode ser Michele ou um outro amigo de ambos), vive aos trancos e barrancos, é bonita e não gosta de trabalhar, um pouco trambiqueira e escandalosa, trazem um pouco de humor para o livro, sem o que ele poderia se tornar tedioso, pelo menos para alguns leitores, já que é bastante melancólico.

Mara é engraçada mas não é feliz; nenhuma das mulheres da família de Michele parece ser feliz, então Tolstoi tem mesmo razão quando diz (em Anna Kariênina) que cada família infeliz o é a sua maneira, como nos mostra Natalia Ginzburg. Ela tem muita habilidade para escrever sobre a vida familiar e as mulheres, não apenas sobre seus dramas, mas com muitos detalhes sobre roupas, cabelos, sapatos, decoração etc., coisas que não nos interessam tanto assim (a nós, homens), ainda que algumas infomações sejam úteis para se conhecer o período em que a história se desenrola etc. (No filme tudo parece muito brega, especialmente as roupas usadas por Mara).

Desse modo, a amiga doida de Michele, a espalhafatosa Mara, adquire uma importância enorme na história, tanto que ficamos sabendo muito mais a respeito dela do que do próprio Michele. O mesmo ocorre no filme de Monicelli, onde o personagem principal nos é mostrado uma única vez, numa foto de seu casamento inglês, sem que seja possível vê-lo com clareza. Já a exuberante Mara (interpretada por Mariangela Melato) domina o filme desde a primeira vez em que aparece até seu final. O mundo (de Ginzburg) é mesmo das mulheres...

Lido entre 10 e 23/08/2018.
Bárbara Soeiro 25/08/2018minha estante
Divertidíssimo e melancólico. Muito boa a sua ligação com o início célebre de Anna Kariênina. Eu acho que o lance da Natalia é justamente como trata a família como uma instituição deteriorada, mas, nas suas idas e vindas, humana - capaz de nos fazer perdoar, e por conseguinte, amar. Esse é um dos meus livros preferidos da Natalia, e um dos meus livros preferidos da vida.


jota 25/08/2018minha estante
Então, Bárbara: quanto a isso você e o Cadão Volpato têm a mesma opinião!




Catia Gama 05/06/2023

Livro complexo
Já tinha lido outro livro da Natalia Ginzburg maravilhoso - Todos os nossos ontens... e tinha outra expectativa para Caro Michele.
É um livro complexo, denso, cheio de nuances e achei bem difícil e triste.
Mas é um clássico e entender a forma como ela fala sobre o facismo sem cita-lo diretamente, vale o livro.
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Marcus.Vinicius 24/01/2022

Relações familiares
Primeira obra que leio da escritora italiana.

O livro é estruturado a partir de cartas entre os personagens, especialmente as de Adriana, mãe do jovem Michele que vai embora da Itália para a Inglaterra, e outras figuras, como Osvaldo, um amigo, e as irmãs de Michele.

O enredo transcorre entre 1970 e 1971, época em que a Itália ainda sofria intensamente com os ecos do fascismo advindo da 2ª Guerra Mundial, e no meio de uma tentativa de golpe de Estado.

Natalia Ginzburg tem como temática principal de suas obras as relações familiares. E com esse pequeno livro, que não é de seus mais famosos, vemos uma amostra disso. Com a troca de cartas entre os personagens mergulhamos em todas as nuances mais íntimas da família e amigos próximos. Posso dizer que é um livro melancólico, triste. Talvez pelo momento que foi escrito, esse devia ser o sentimento dos italianos como um todo, e a autora quis transportar isso para a história.

Nota para a excelente escrita de Ginzburg, que é muito bem construída e fluida.

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Ana Clô 25/09/2023

A gente se acostuma com tudo quando não tem mais nada
Natalia Ginzburg constrói uma narrativa avassaladora em ?Caro Michele?.
Com uma escrita que te corta ao meio, como uma navalha afiada, o livro constrói complexidades para além do que está escrito.
Gosto muito das nuances por trás de cada personagem e de cada relação. O pano de fundo político também chama a atenção porque ele alimenta os dissabores, as dores e lembranças.
Os personagens de Natalia tem uma crueza muito interessante, com uma tristeza muito paupável. A autora consegue construir uma história sobre memória, sobre vazio e sobre a felicidade também.
É bom. É cru.
Leiam!
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arthur966 08/06/2023

Mando-lhe um abraço e vitos de felicidade, admitindo que a felicidade exista, coisa que não deve ser de todo excluída, ainda que raramente vejamos traços dela no mundo que nos é oferecido.
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Natália 09/03/2019

Geralmente me interesso muito por histórias que envolvam relações humanas, principalmente familiares. Este livro explora isso muito bem, os personagens são muito bem construídos, eu consigo vê-los como pessoas reais. Todos os personagens são melancólicos, mas, mesmo assim, achei um livro agradável de ler.
Algo muito interessante é que a autora, em poucas sentenças, consegue passar tudo o que precisa ser dito; é possível entender a dinâmica das relações entre os personagens, como eles se sentem, etc.
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Thiago 20/03/2020

Muito engraçadinho, irônico, triste e leve. Gostei desde o princípio, embora chegando ao final já estava querendo que terminasse logo. Não porque seja entediante ou chatolas. É que ele vai se tornando um pouco repetitivo.
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Andre.S 13/05/2021

Segundo livro que leio da Natalia Ginzburg e amei assim como ao primeiro que li, ?Todos os nossos ontens?. A maneira impar que a autora usa para narrar esta história simples , de gente simples, acaba nos envolvendo e cativando colocando-nos pela Roma dos anos 70.Maravilhoso!
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Ju 14/03/2017

Quanta poesia cabe na realidade de pessoas comuns? Natália consegue com maestria nos levar a reflexão através de sua narrativa. Na correspondência trocada entre familiares e amigos descobrimos sobre quem escreve e vamos sendo conduzidos a solidão guardada de cada personagem. Da boca de Michele pouco sabemos sobre ele mas sabemos bem quem ele é aos olhos da mãe, do amigo, das irmãs e da antiga amante. Um livro gostoso, divertido e humano.
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