O Processo Maurizius

O Processo Maurizius Jakob Wassermann




Resenhas - O Processo Maurizius


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Rub.88 05/03/2023

Assassinato Jurídico
Um jovem de dezessete anos tem um comportamento um tanto rebelde em relação ao pai que é procurador geral reservado ao extremo, muito sério, severo de caráter, frio nas atitudes. Não há realmente muito interação entre eles, quase como se fossem estranhos. O garoto foi criando longe da mãe por razões que o pai nem se quer menciona e não deixa que ninguém fale a respeito. Um dia aparece um senhor de chapéu de marinheiro com uma reinvindicação. A revisão de um caso antigo, em tese esclarecido e julgado. O pretenso culpado está cumprindo sua longa pena, que até o momento já foram 16 anos de cadeia. E o senhor que é o genitor do condenado pede revisão dos autos alegando simplesmente a inocência do encarregado injustamente.
O jovem se interessa pelo caso apenas por que o pai tem certeza do veredito. E com isso vai atrás do senhor que com papeis e documentos lhe indica onde uma testemunha chave do caso se encontra. E segundo o velho essa testemunha cometeu insidioso perjúrio. O garoto arma um plano da própria inocente cabeça e planeja arrancar a confissão verdadeira da testemunha e provar ao pai procurador geral que ele cometeu um erro jurídico. E claro que tudo não é o que parece pois nunca é. A estória tem tantas camadas que chegar à verdade é impossível e até inútil.
Com o desaparecimento do garoto, que foi tocaiar a testemunha, o procurador geral começar a conjecturar a razão da fuga dele. Sabendo por cima que o garoto estava interessado no processo Maurizius começa a passar os olhos no antigo processo. Decidi visitar o preso e refrescar a memória. Enquanto está ouvindo os fatos do detento em questão, o garoto por sua vez escuta o complemento da estória pela boca da testemunha mentirosa. Quando falam que a justiça é cega é por ela sempre erra na medida, e se acerta o alvo é com força excessiva.
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Marion 28/10/2022

Filho x Pai
O filho é rebelde contra o pai que é um juiz e cometeu um erro no início de carreira. O filho vai atrás da busca pela verdade.
Mary 01/11/2022minha estante
Nascido onde ?


Marion 01/11/2022minha estante
O próprio


wagnerlb 01/07/2023minha estante
Pq uma estrela?




Filipe 15/12/2020

Relação familiar conflitante.
Tenho um mini baú com todos os nomes dos livros que tenho e costumo sorteá-los para não cair no comodismo de ler somente os que eu escolho, assim tenho a possibilidade de me aventurar entre todos os títulos disponíveis.
Em 2018 sorteei "O Processo Maurizius", livro escrito pelo alemão e judeu Jacob Wassermann, em 1982. A leitura foi extremamente densa e arrastada, descobri que esse livro é considerado como alta literatura alemã e isso me custou seis meses sofridos de vida, minhas sinapses neurais dançavam macarena, eu venho de Percy Jackson meu povo.
O livro apresenta a vida de alguns integrantes da família Andergast, precisamente Etzel e o Barão seu pai. Etzel tinha um conflito gigantesco com o pai, que era um poderosíssimo juiz, não conhecera a mãe que após trair seu pai fora banida de suas vidas.
A trama realmente se desenvolve quando Etzel descobre alguns documentos do barão sobre uma condenação injusta, resolve assim confrontar o pai e fazer justiça, irônico não?
Demorei a conseguir fazer conexão com a obra, me arrastei por esses meses todos, não desisti. Na metade do livro, me deparei com uma citação, que marquei com um post-it azul e sempre que posso releio. Hoje mais do que nunca, entendo a mensagem, banhada de sangue abaixo:
?O céu apresenta estranha coloração amarelo-avermelhada, o ar está espesso a ponto de se poder cortar com uma faca. Galerias de quilômetros de comprimento, túneis de madeira, uma confusão de túneis: pontes que conduzem à morte os animais destinados aos matadouros. Bramidos surdos, intermináveis filas de bois e de bezerros, um bater de patas calmo, fatídico. Em um determinado lugar, o machado se abate sobre eles com todo o peso. Cada minuto vê morrer e desaparecer na fossa centenas deles. Espetáculo estarrecente: ver de tão próximo a criatura morrer em número incalculável! Vejo-os avançar, empurrados e empurrando eles próprios, o focinho de um apoiado sobre a anca do que está na frente, de manhã à noite, dia após dia, ano após ano, com grandes olhos escuros cheios de apreensão; seu mugir plangente corta o ar; talvez com isso as estrelas invisíveis sintam um frêmito; as colunas tremem sob o peso desses corpos maciços; um vapor de sangue, adocicado, eleva-se das salas imensas e dos armazéns; um bafo de sangue paira sempre sobre a cidade inteira; as roupas, os leitos, as igrejas, os dormitórios tem um odor de sangue; os alimentos, os vinhos, os beijos têm um gosto de sangue. Tudo é calculado em enormes quantidades. Tudo é multiplicado ao infinito de maneira esmagadora. O indivíduo, por assim dizer, não tem mais nome, a unidade nada que a distingua. As ruas são designadas por números; porque os homens não o serão também, por exemplo, pelo número de dólares que ganham traficando com o sangue do gado ou com a alma do mundo? Viremos a página.


Partícula de "O Processo Maurizius" (Jakob Wassermann) Pág. 255/256
Gustavo.Henrique 08/12/2022minha estante
Estou tentando me habituar a ler, ter essa cultura e o primeiro livro que pego é esse. E como é arrastado, pelo menos o começo.




Luigi.Schinzari 22/10/2020

Sobre O Processo Maurizius de Jakob Wassermann
O Processo Maurizius (Der Fall Maurizius, 1928), romance do autor alemão Jakob Wassermann (1873-1934), é uma obra incerta. Suas personagens, mesmo com suas características e convicções expostas ao leitor, são vacilantes e misteriosas até o fim; sua história nos inebria por conta das dúvidas existentes do começo à última palavra expressa na página final; e seu tema maior, a justiça, circundada por diversos outros tópicos que apenas um autor com a maestria de Wassermann saberia delinear tão bem como o fez, é confusa em suas decisões não só no contexto da obra -- a Alemanha pré-Primeira Guerra e a República de Weimar, período da narração do livro e contemporâneo aos fatos principais, no entreguerras -- como também na vivida por nós em nosso cenário brasileiro de séculos até os dias de hoje. Entretanto, sua qualidade não é passível de incertezas: é uma obra-prima da literatura universal indubitavelmente.

Etzel Andergast, protagonista da obra e filho do promotor Barão Wolf Von Andergast, jovem como é, entrega-se a seus ímpetos por justiça ao se deparar com uma possível injustiça cometida pelo pai anos antes de ter nascido (Etzel têm 16 anos e o processo decorreu há 18) no julgamento de Leonhart Maurizius, acusado de ter assassinado a tiros sua esposa Elli. O velho pai de Leonhart, Peter Paul Maurizius, vivendo unicamente pelo desejo de ver o filho, condenado a prisão perpétua, livre e acreditando, com base em dados colhidos ao longo dos anos e no conhecimento que possui sobre sua pessoa, na inocência do filho, traz a tona o caso ao rodear o ambiente familiar dos Andergast e entrar em contato com Etzel, que acaba valendo-se de seus impulsos juvenis para resolver, acredita ele, a injustiça do pai ao ir em busca das informações que poderão absolver Maurizius. Parte daí a premissa da obra de Wassermann, transloucando as já frias relações entre pai e filho para questões que envolvem o Poder Judiciário, a pena, o criminoso e as convicções humanas, imbuídas de um tratamento e aprofundamento psicológico incomparáveis.

O processo em si, título da história, acaba sendo um pretexto, assim como a justiça, para imiscuir o humano escrito por Wassermann; dizer descrito seria um erro: mesmo tendo suas características traçadas aos montes, personagens como Etzel e seu pai possuem uma incerteza em suas razões até o fim da obra. Suas convicções e posições são gradualmente derrubadas pelos encontros que vão tendo em decorrência do processo Maurizius. E ninguém, com exceção talvez de Gregor Waremme -- envolvido com o círculo de amizades de Maurizius na época do assassinato pelo qual este acabou sendo julgado e, aparentemente, detentor da chave para a resolução plena do caso jurídico, e que possui o caráter, aparentemente, mais questionável durante o livro, além de seu intelecto e carisma inebriantes; suas opiniões e vivências, narradas em suas conversas com Etzel, mostram-se assombrosas e rendem alguns dos momentos mais aberrantes da obra --, ninguém percebe o que verdadeiramente está ocorrendo por trás do pano de fundo do julgamento de Maurizius e sua absolvição ou o decorrer pleno de sua condenação já julgada.

Por todo o livro, a linha que guia os impulsos humanos e racionais é a justiça; mas limitar toda sua magnitude a apenas isso é demonstrar ter saído incólume de uma leitura tão densa como essa: a linguagem, instrumento primal da literatura, é dura, e não abre brechas para momentos de leveza; não é à toa.

Sob a camada aparente da escrita dura de Wassermann sobre aquela história que ele quer contar, há um tom profético subliminar que ultrapassa as páginas e encontra ecos na comunidade europeia pré-Segunda Guerra Mundial. Está prestes a acontecer algo catastrófico, mas, na obra, isso fica apenas espreitando enquanto na realidade sabemos muito bem como aqueles anos se findaram. Há um espectro indescritível, uma áurea maligna, que habita as páginas sutilmente, mas mesmo assim onipresente, que precede as tragédias que acometeriam a Europa nos anos vindouros, culminando na Segunda Guerra Mundial. É um retrato da decadência da sociedade europeia por conta de sua inação e perda de convicções, todos levados por uma força catastrófica que, apenas no sentimento extraído das palavras e não das informações expostas, é sentida e influente em toda a história de Etzel, do Barão Wolf von Andergast, do filho e do pai Maurizius e de todos os outros personagens, tanto os escritos por Wassermann e feitos da fusão entre tinta e papel quanto os criados por Deus e formados por um amontoado de carne e nervos.

Maurizius, esclarecido de sua pena, ao se defrontar com seu suposto inimigo, o Barão Andergast, homem que o jogou naquela prisão, tem o poder de despertar em Etzel, sem nem ao menos encontrá-lo por uma vez sequer, o ímpeto pela justiça: mas qual a injustiça? Há uma injustiça, primeiramente? E por que teve de ser Etzel, coincidentemente filho do promotor que o condenou àquela pena, a tomar as rédeas da libertação dele, Maurizius? Aparentemente, todos são engendrados em uma trama que os usa sem explicações e, quando percebem, já não podem mais questionar suas emoções e ações por um meio racional, apenas desejam realizá-las, independente dos meios e dos próprios fins; deixam para trás sua humanidade

As questões de O Processo Maurizius são complexas, como deve ter ficado claro neste curto texto; mas não é por conta disso que deve manter distância dela: a escrita de Wassermann encaminha o leitor por uma história muito bem amarrada, mesmo com todos os seus pontos, enquanto perpassa por indagações (e sensações) que apenas são expressas e cabe a quem lê-las o papel de refletir sobre ou apenas abandoná-las; uma impossibilidade, sem dúvidas: é impossível sair incólume e puro da leitura de O Processo Maurizius diante da dimensão de sua profundidade e de sua qualidade. É Grande Literatura, com as iniciais em maiúsculo, e, como todo bom livro, exigirá a atenção do leitor, que, disposto a absorver a arte escrita pelo autor, irá ser abalado pela obra de alguma maneira. Intocado o leitor de Wassermann não sairá; ele não pode sair, o autor não permitirá.
 
 
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Fernando.Cunha 22/06/2016

Leitura transformadora
Primeiro livro da trilogia de Jakob Wassermann (os outros dois são "Etzel Andergast" e "A Terceira Existência de Joseph Kerkhoven", fora de catálogo), pode-se dizer que O Processo Maurizius é literatura densa, de "gente grande". É o tipo de livro para quem já está habituado à literatura psicológica, que mergulhe não só nas ações, mas busque o sentido e a essência por trás da realidade. Percebe-se isso principalmente na figura do adolescente Etzel Andergast, filho do juiz Barão Andergast.

O garoto, personagem principal do romance, vive com o pai divorciado e é proibido de ver a própria mãe, há anos. O pai o separa da convivência materna desde a infância para vingar-se da ex-mulher que o traíra, e consegue o feito por meio de uma trama jurídica bem fundamentada. Poderoso e influente magistrado, o Barão usa as leis e o direito a seu favor, manipulando o sistema jurídico de modo a favorecê-lo em suas obsessões.

Quando o jovem descobre um caso de um julgamento feito por seu pai, o qual condenou um jovem aparentemente inocente por assassinato (Leonardo Maurizius, daí o título), Etzel parte de casa em busca de respostas. Entre vários contratempos, ele conhece Waremme, e encontra neste homem toda a crueza e maldade que pode haver num ser humano, quase uma tipificação do demônio. Waremme e Etzel protagonizam longos e excelentes diálogos, os melhores do livro.

Idealista e determinado, Etzel não descansa até que a verdade seja restabelecida e a justiça, feita. No fundo, porém, ele deseja vencer seu próprio pai, a quem ele considera um ser cruel e desumano. O desenrolar desta trama e seu desfecho são surpreendentes.

O professor Olavo de Carvalho classificou Jakob Wassermann como o "Dostoievsky do século XX". Com razão. Nesta obra grandiosa, fica fácil saber o porquê.
Fernando.Cunha 22/06/2016minha estante
Vale destacar também a excelente tradução desta edição feita pelo escritor Octávio de Faria. O livro é facilmente encontrado em sebos, normalmente na seção dos mais "baratinhos". Mas, para quem gosta, vale ouro.




Rodolfo 01/03/2014

O problema da justiça mostrado em sua riqueza e profundidade.O marcante contraste entre as duas faces da justiça:a ideal e abstrata,pairando acima das contingências,e a árdua aplicação de seus preceitos no mundo dos homens.Esses dois semblantes aparecem simbolizados pelo rígido e inflexível magistrado Wolf von Andergast e por seu filho Etzel,jovem de mente aberta e voltada para vida.
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Paulus 29/07/2009

Início desestimulante
O começo do livro é muito arrastado e não deixa você muito ligado na história. A história em si é ótima, mas até o livro ficar empolgante muita gente já desistiu.
verner 17/05/2015minha estante
Excelente leitura. Romance pesado, sem uma palavra de humor ou de ironia. Revela a distância enorme entre um pensamento fossilizado enfrentando uma juventude rebelde e idealista, chegando a um confronto inevitável. Como curiosidade, ressalto os longuíssimos monólogos. Vale a leitura.




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