Marcelle 09/04/2019
Às vezes os seus fantasmas te perseguem!
Um livro que causa aflição, angústia e desconforto. Onde os traumas são seus fantasmas e muitas vezes são difíceis de apagá-los.
Já imaginou que em uma certa manhã tranquila e normal você fizesse sua rotina de sempre, saísse para trabalhar, estudar, caminhar ou até mesmo resolvesse fazer compras. De repente, do nada, sem perceber, sem vestígios você fosse sequestrado (a), e não pudesse fazer nada para impedir isso?!
Nosso pensamento é, que se um dia isso fosse acontecer iriamos fugir, correr, reagir, mas a verdade é que provavelmente naquele momento não conseguiríamos fazer nada, ficaríamos sem ação. Por medo do que estaria por vir, da reação do sequestrador ou por bloqueio de nossas ações!
E foi exatamente isso que aconteceu com Annie O’Sullivan, naquele domingo em que a corretora de imóveis saiu para trabalhar, achava que tinha tudo sob controle, acreditava que naquele dia iria vender uma casa, encontrar sua mãe e fazer as pazes com ela, e por fim tentaria não se atrasar para o jantar com seu namorado. Mas o destino lhe reservou algo que ela jamais poderia imaginar, ser abordada por um homem durante o trabalho o qual não demonstrou nenhum indício de ser um psicopata. Annie é levada para um chalé distante nas montanhas onde seus maiores pesadelos se tornam realidade.
''Vou contar a história desde o começo e, quando quiser ouvir sua opinião, eu peço. Ah! E, caso queira saber, não, nem sempre fui uma pessoa marga.''
O livro é bem construído, alternando entre presente e passado. A narrativa flui bem, sendo que ao mesmo tempo estamos conhecendo a vida de Annie e em outro plano somos jogados para o lugar mais sombrio e desagradável que um ser humano pode se encontrar.
O psicológico da protagonista é completamente abalado, tanto pelo sequestro e pela tortura física e psicológica, quanto pelo seu passado sofrido, ainda mais pelo seu presente onde a personagem precisa juntar todos os cacos de sua identidade que sobrou para sobreviver um dia de cada vez.
''Por algum motivo estranho, é difícil confiar nas pessoas.''
Depois de um ano vivendo, na verdade essa não seria a palavra certa, mas sim procurando forças para sobreviver em seu cativeiro Annie consegue fugir, e é a partir desse novo processo que ela tenta reconstruir sua vida.
Passamos, a conhecer, mais sobre o sequestro durante suas sessões com uma terapeuta, a qual não tem nome e não adota seu ponto de vista. Porém a considero sendo o próprio leitor, o qual quer saber o que realmente aconteceu a Annie.
A narrativa é dividida em duas partes, uma sendo os momentos de angustia e incomodo, onde vemos o sofrimento da protagonista. E o segundo ato, onde somos surpreendidos por algo que aguça nossa curiosidade e nos faz querer investigar o porquê dessa tragédia ter acontecido.
Annie é uma personagem forte e corajosa, vemos sua determinação e superação no decorrer da trama, e sentimos o anseio da personagem por um novo começo. Chevy conseguiu nos conectar a personagem, a suas emoções, seus anseios e medos. Construiu um ambiente misterioso e sombrio onde nos mantem preso até a última página.
Identidade roubada é um livro que vai abalar suas estruturas!