Bruno Venâncio 11/09/2022
Uma Crítica as Revoluções Humanas
Ao leitor, em um primeiro momento, “A Revolução dos Bichos”, ou no original “Animal Farm”, do escritor inglês George Orwell, pode parecer uma crítica exclusiva ao socialismo real soviético, tal qual 1984 e o seu Grande Irmão. As condecorações que remetem a Grande Guerra Patriótica, a forma de se dirigir ao outro pelo título de “Camarada”, as disputas internas pelo poder no “partido” pós-revolução, as obras magnânimas… Mas à medida que as páginas rolam a frente do lente, fica cada vez mais difícil, tal qual diferenciar porcos de homens, diferenciar uma revolução de outra na história humana. Orwell, dessa forma, não se prende a um projeto político restrito a um pequeno momento da história, mas sim à própria forma de organização da espécie humana enquanto sociedade. Não eram as Revoluções Burguesas também a derrubar as monarquias (Os “Sr Jones” de sua época) e prometer igualdade, liberdade e fraternidade a todos só para espalhar seu próprio terror e formas de exploração? E quantos outros se ergueram como a “voz do povo” para implantar sistemas muito próximos daqueles que antecederam sua ascensão? Com um olhar notavelmente pessimista de como as mudanças são difíceis e de como a história é constantemente alterada por aqueles no poder, o autor nos deixa, afinal, a pergunta: é possível uma Revolução que beneficiará a todos? Em algum momento será vislumbrável que todos os “animais” sejam iguais ou será para o sempre “todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que outros”?