Ana Júlia Coelho 24/08/2023Jasper narra, com uma pitada de humor, ironia e muito drama, sua própria vida. Mas, para que o leitor entenda a relevância e o caos de sua existência, ele precisa contar desde a infância de seu pai, narrar a história da própria família.
Martin cresceu à sombra de Terry, o irmão legal e amado por todos. Um incidente violento resultou em uma deficiência permanente em Terry, o que o levou para o mundo do crime. Martin sempre quis se destacar de algum modo, e mais uma vez viu seu irmão começar a construir sua fama de criminoso e ser admirado pela população. Isso foi só o início de uma infância triste, sem afeto, sem atenção, e com muitas ideias mirabolantes na cabeça.
Martin cresceu, precisou criar Jasper sozinho, e a loucura não passou. Com cada vez mais surtos, chegou a precisar ser internado em um manicômio. Jasper, vendo a degradação da saúde do pai, nutriu sempre um amor e um ódio por esse homem tão peculiar. A relação deles nunca foi comum, e Jasper precisou aprender a lidar com esses altos e baixos de Martin, trazendo cada vez mais problema pra vida dos dois. Martin sabe que sempre foi odiado por todos, quiçá até pelo filho, e vive em uma luta contra a ideia de mortalidade do ser humano. Ele ainda busca se tornar imortal através de algum gesto grandioso e marcante, e por um momento até chega a ser amado e aclamado pela Austrália inteira... mas tudo é posto a perder.
Achei a narrativa muuuuito devagar, muuuuito arrastada e muuuuito cansativa. Como deu pra perceber, a história não conta um acontecimento incrível e seus desdobramentos. Não. Ela narra a vida de dois personagens desde a infância, com todos os conflitos familiares e as dificuldades em manter um relacionamento saudável entre pai e filho, fazendo com que pareça que vivi 18 vidas enquanto lia sem despertar minha curiosidade. Óbvio que alguns pontos são interessantes, e até engraçados, mas se torna cansativo acompanhar as divagações do Martin sobre suas questões existenciais e a eterna busca de Jasper de não se tornar igual ao pai. E, quero deixar isso bem destacado porque não é todo dia que um autor consegue essa proeza, Steve Toltz conseguiu enfiar 4 personagens com câncer nessa história, sendo que um teve 2x (e não, não é um livro sobre a doença estilo a culpa é das estrelas ou p.s. eu te amo). Tá de parabéns.
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