Raquel 31/12/2023O Vampiro Lestat, de Anne RiceReleitura no meu projeto de 2023: “Relendo as Crônicas Vampirescas de Anne Rice”.
Em “Entrevista com o vampiro”, Lestat é retratado como vilão pelo melancólico vampiro Louis. Neste romance, narrado em primeira pessoa, Lestat conta sua fascinante história, desde que era um simples mortal no interior da França pré-revolucionária, e dá a sua versão dos fatos relatados na célebre entrevista de Louis.
Para escapar da rotina da vida no campo, o jovem Lestat de Lioncourt, seduzido pela fulgurante Paris do século XVIII, abandona sua família e segue com uma trupe de atores para trabalhar no teatro. Em Paris, seu talento chama a atenção de Magnus, um vampiro secular que está decidido a dar fim à própria existência, e, para isso, transforma Lestat em vampiro, legando a ele sua fortuna e a missão de encontrar as origens de sua espécie. Em sua busca, Lestat desvela a fantástica mitologia vampiresca que remonta ao antigo Egito e, aos poucos, toma conhecimento de quem é quem na galeria de imortais que habitam os subterrâneos do mundo. Suas aventuras através dos tempos desembocam no século XX, quando o vampiro se torna um ídolo do rock. A partir daí seu grande plano é traçado, cujo foco é revelar ao mundo a existência dos vampiros – basicamente a única regra que jamais deveria ser quebrada ou severas consequências assolariam aquele que a descumprisse – por meio da música, com videoclipes na MTV, filmes, entrevistas, a escrita de seu livro de memórias, artigos de divulgação e campanhas de marketing… tal qual uma verdadeira celebridade em seu intoxicante ápice. Com essa extravagância, no entanto, Lestat acaba quebrando o código de silêncio dos vampiros e provocando a ira de criaturas ainda mais poderosas do que ele. Assim, perseguido pelos imortais e pelos mortais que percebem sua natureza, Lestat percorre o mundo, experimentando os pesares, mas também todos os prazeres que a condição de vampiro pode lhe proporcionar.
O que faz de “O Vampiro Lestat” um dos melhores livros vampirescos já escritos são a sensualidade intrínseca nos personagens que já aparecia em “Entrevista com o Vampiro”, pitadas de inocência e impetuosidade presentes na juventude mortal de Lestat que, apesar de suas dificuldades humanas e do que viria a se tornar como vampiro, possuía uma moralidade relativamente coesa, os tons de mistério que permeiam as entrelinhas onde nosso anti-herói banca o detetive em sua jornada para encontrar outros vampiros ao se ver sozinho em um admirável e cruel mundo novo, suas trágicas escolhas de companhias e todo o misticismo que sempre parece impregnar qualquer lenda vampírica… Tais elementos foram tão belamente trabalhados por Anne Rice que é praticamente impossível largar o livro até sua leitura ser concluída.
Se em Entrevista com o Vampiro a autora nos cativa, neste segundo volume a mortalidade de Lestat, os encontros com outros vampiros - especialmente Marius e Armand- as lendas sussurradas nas criptas de Paris, o balé intoxicante no Teatro dos Vampiros, a loucura e fanatismo das almas condenadas de outros sanguessugas, os passeios pela antiguidade – como os povos Celtas, o Antigo Egito e o Império Romano – concluem a missão de prender o leitor à saga.
Essa foi minha terceira leitura desse livro e com certeza lerei novamente no futuro!