notexist 31/12/2019
Nossa sociedade atual
Enquanto ia descobrindo um pouco sobre o conteúdo das novas obras que ia organizando, deparei-me com esta, e chamou-me a atenção a respeito de sexo virtual. Li-a em separado e depois fui me concentrar em outras prioridades.
Mas, reli o livro inteiro. Talvez movido por curiosidade em saber do que falaria em outros tópicos. Confesso que achei mais longo do que esperava. A verdade é que eu estava impaciente durante a leitura.
Ainda sim, lê-lo foi uma boa experiência, ao qual só reforçou aquilo pela qual já pensava sobre esse mundo -- a nossa estranha, mas previsível sociedade. Prevista em seus valores, ainda que eu não queira generalizar, pois há muito espaço para fatos bons acontecerem, basta que estejamos preparados e não antecipemos as coisas com preconceitos ou com rápidas respostas de indiferença e afastamento. Coisa que tenho procurado corrigir.
Digredi muito, então voltemos para o primeiro capítulo que mencionei: sexo virtual. Ele te surpreende? Não. É, já tornou-se banal hoje em dia. Pois temos a nossa disposição uma poderosa ferramenta na obtenção de parceiros sexuais. O outro, sempre foi o alvo da busca para satisfazer o instinto. O problema é quando ele não é o motivo dessa busca. Não é pela pessoa em si, apenas pelo instinto insatisfeito.
Contudo, quantos que caem nessa tentação. Sem dúvida, que a moral vigente da sociedade assimilou essa ideia. Tente lutar em si contra ela para ver que não é fácil vencê-la. Sempre foi difícil lutar contra a corrente, e ser fiel a valores e sobretudo, a alguém.
Por sorte, diferente do viés analisado por Bauman, há uma probabilidade, ainda que pequena, de se encontrar alguém virtualmente, e à partir disso conviver fisicamente com ela de modo feliz. Sempre houve exceções à regra.
Contudo, o que o bom senso nos diz sobre o campo virtual, é que deveríamos ser mais confiantes em relação ao que a própria vida nos atrai através do nosso cotidiano, e agirmos de um modo digno, o mais próximo daquilo que modelamos idealmente. Assim sempre estaremos tranquilos quanto ao que poderíamos ter agido nessa ou naquela situação. E, no geral, pelas redes sociais durante essa busca por um companheiro, pode haver um conflito interno, que se expressa por um sentimento de humilhação em sujeitar-se aos moldes daquilo que o outro deseja de nós. Mas, como dito antes, varia de pessoa pra pessoa.
Enfim, alonguei-me bastante. Irei, por fim comentar sobre outras questões levantadas pelo autor. Que é a respeito da arquitetura que se adequou as necessidades das pessoas atualmente. Ele cita que o que elas desejam agora é um conceito de casa na qual se sintam o mais seguras possível. E isso se revela em condomínios cada vez mais com aparatos tecnológicos para coibir possíveis agressões. Quando isso se dá nos prédios espalhados pelas grandes cidades, os muros são cada vez mais altos, revelando serem cada vez mais intransponíveis. Afugentando, desse modo, o público do particular. É o que numa sociedade do consumo, egoísmo e da proteção se deseja, no fundo, isolar-se ao máximo quando for conveniente.
Também ocorre o mesmo na propaganda e facilidade aquisitiva concedida de automóveis, ao qual se enfatiza a aquisição de SUV (lembrando um tanque, que por sua vez reforça a ideia de segurança). Como entre tantos outros aspectos estudados por Bauman.
Concluindo, apesar de seu ceticismo quanto a natureza humana e suas relações com o meio, diz que para enfrentarmos essas dificuldades, os espaços públicos (que diminuem cada vez mais nas cidades) terão um grande papel para o convívio e, diminuição desse temor humano pelo desconhecido, que é o outro, mas que somos nós ao mesmo tempo.