Craotchky 23/03/2021O que mais me dói, bem lá no fundo, não é o fato de ter acontecido com Anne aquilo que aconteceu;
minha dor não reside somente no fim que ela teve.
Minha dor tem origem não apenas na morte física da menina,
mas também e sobretudo na morte de seus sonhos,
na morte de seu futuro,
na morte de suas expectativas,
na morte de suas possibilidades,
na morte de sua continuidade,
na morte de seu porvir,
na morte de sua vida,
na morte de tudo o que poderia ter sido e jamais foi.
Pois tive vislumbres da existência promissora de tudo isso.
Minha dor não se limita ao que aconteceu.
Minha dor vai um passo além.
Minha dor é pelo que não aconteceu.
Me dói as manhãs que ela não viu.
Me dói os filhos(as) que ela não teve.
Me dói os amigos(as) que ela não fez.
Me dói a vida que ela não viveu.
O que me dói, acima de tudo, é saber que tudo o que poderia ter sido a vida de Anne
transformou-se em um imenso buraco de vazio e ausência.