natália rocha 14/09/2021‘’O físico’’ é o primeiro livro de uma trilogia do escritor e jornalista estadunidense Noah Gordon. Neste volume, conhecemos Rob Cole, um inglês, que após perder os pais e ser separado dos irmãos, torna-se aprendiz de um barbeiro-cirurgião.
Quanto mais observava e aprendia com seu mestre, mais ávido Rob ficava por conhecer as moléstias que se apoderam do corpo humano. Um dia, ouviu falar sobre uma escola médica na Pérsia, onde um dos maiores médicos de todos os tempos lecionava, e decide atravessar o mundo para chegar até lá e aprender o melhor da Medicina da época, mesmo com todos os obstáculos e empecilhos que apareceriam na sua jornada. E é essa jornada que vamos acompanhar ao longo das 590 páginas do livro.
Um trecho que achei muito interessante é quando um médico questiona Rob sobre a sua vontade de ser médico, sendo que teria que trabalhar muito e receberia pouco, quando com a vida de barbeiro-cirurgião tinha uma boa qualidade de vida. Rob responde que é pago mas não sabe ajudar as pessoas, que é um ignorante, e que se tivesse mais conhecimento sobre Medicina poderia salvar muitas vidas.
O processo de tornar-se médico - ou hakim - não foi algo fácil. Os médicos da época precisavam estudar vários assuntos fora da área médica, como direito, filosofia e religião. A religião muçulmana, assim como a judaica, não permitia a dissecação de cadáver. Assim, Rob e todos os médicos da época e da região estudavam anatomia comparada por meio de animais como porcos. Isso foi algo que Rob sempre contestou, tanto para si mesmo quanto para os outros. Ansiava por estudar o ser humano por dentro, descobrir a origem do mal que extinguia a vida e causava sofrimento.
Notei que para o final do livro, há um maior enfoque na política e nas guerras que estavam ocorrendo na região da Pérsia - particularmente, foi a parte que menos gostei do livro.
Achei o livro muito fidedigno à realidade que estudamos nos livros de história. O autor cria uma ambientação muito fácil de ser visualizada, amarrando descrições com fatos históricos, o que deixou a leitura muito interessante. Também julguei a escrita muito fluida, as páginas passam sem peso, mas com avidez para saber qual a próxima cena na vida de Rob.
Gostei muito do livro, mais do que achei que gostaria. Com certeza é uma inspiração, além de um sentimento de gratidão por todos os médicos que vieram antes de nós e pavimentaram o caminho para que possamos aprender e curar cada vez mais.