Jeison 23/04/2013
Marnie
"Cubra os espelhos, meu bem. Se enxergar o reflexo de um raio num espelho, verá o Diabo espiando você. É a pura verdade. É o jeito de Deus nos mostrar o inferno."
Encontrei esse livro num canto da biblioteca, empoeirado, cara de poucos amigos, pareceu-me apenas mais um em um milhão, mas então eu vi "adpatado para o cinema por Alfred Hitchcock", alguma coisa de bom deve ter afinal, eu pensei, mas sem grandes expectativas.
O livro não tem alguma coisa de bom, o livro é inteiro bom, estupidamente bom! Marnie é uma personagem deliciosamente ambígua e cativante: é uma golpista em trânsito, pratica um grande golpe na empresa que trabalha depois some, desaparece, muda de visual, de nome, identidade e parte pro seu próximo "trabalho", não sem antes tomar um demorado banho de banheira!
Marnie porém é um ser humano traumatizado que sente asco dos homens e um amor tão profundo e verdadeiro pelo seu cavalo que acaba nos comovendo e garantindo uma variedade de facetas à personagem.
As justificativas para essa personalidade inconstante, tresloucada, chegando a beirar a loucura mesmo vem do passado da personagem e de sua familia, que inclusive lhe é desconhecido pois sua mente reprimiu várias lembranças que a traumatizaram na infância. A descoberta desse passado foi o grande boom! do livro, sem qualquer pieguice, um passado à la nelson rodrigues!
Um livro desconhecido, nada comercial, que mostra que livro não se julga pela capa.