País sem chapéu

País sem chapéu Dany Laferrière




Resenhas - País sem chapéu


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Pandora 25/03/2022

“Com dezenove anos, virei jornalista em plena ditadura dos Duvalier. Meu pai, também jornalista, tinha sido expulso do país por François Duvalier. O filho deste, Jean-Claude, me empurrou ao exílio. Pai e filho, presidentes. Pai e filho, exilados. O mesmo destino.” - pág. 121

Se você acha que o Homem do Saco não existe, é porque não conheceu os Tontons Macoute da ditadura Duvalier.

País sem chapéu é o sétimo livro entre os dez, que segundo o autor, constituem sua “autobiografia americana“. Também é o único de seus livros, até o momento, publicado no Brasil. Dany Laferrière passou vinte anos entre Canadá e Estados Unidos e no seu retorno ao Haiti, tem, ao mesmo tempo, o olhar do filho da terra e do estrangeiro. Como escreveu Heloisa Moreira no posfácio: “Seu olhar é o de alguém que conhece muito bem o lugar, mas é também um olhar distanciado de quem já não pertence mais. O autor não está mais simbiótico com o seu meio, deu um passo atrás. O fato de ter vivido em culturas diferentes lhe garante o recuo. Percebe-se a intenção do autor de resgatar sua história, e com ela a de seu país.”

Escrita de modo fragmentado, a narrativa se alterna entre País Real e País Sonhado. No País Real, o dia: a dura realidade dos haitianos, neste que é o pais mais populoso da Comunidade do Caribe (CARICOM) e o mais pobre da América; no País Sonhado, a noite: o misticismo, os fantasmas, a religião, o culto aos mortos, o vodu e o exército de zumbis (ler a pág. 229 do prefácio ajuda a entender melhor essa parte).

Eu gostei muito do livro até pouco mais da metade. Depois achei que o ritmo caiu um pouco, talvez o direcionamento que não foi me agradando tanto… sem contar que fui sentindo uma antipatia pelo narrador - que no caso é o autor, né, gente? rs… -, porém o final foi tão belo como o início.

Talvez não tenha sido o melhor momento para esta leitura, por isso acredito que possa não ter aproveitado tudo o que oferece. É um bom livro, que gostei em alguns momentos e em outros nem tanto.

“- Os mortos são mais felizes que nós.
- Mas a senhora não pode ter certeza disso - diz minha mãe.
- Posso, sim! O que me faz pensar isso é que ninguém voltou.

Um silêncio de morte.” - pág. 122

Nota: País sem chapéu = reino dos mortos e dos deuses do vodu, para os haitianos.
skuser02844 05/09/2023minha estante
Estou ainda no início. Adorando saber mais desse país do qual eu só conhecia os terremotos e assassinatos.


Pandora 05/09/2023minha estante
Sim, uma das coisas maravilhosas da literatura é conhecer outras culturas, aprender sobre outros povos; é muito enriquecedor.




LeonardoGS89 29/10/2023

Muito bom.
Um país sem chapéu é um livro do escritor haitiano Dany Laferrière, que conta a sua volta ao Haiti depois de viver no exílio no Canadá por vinte anos. O autor mistura realidade e ficção, memória e imaginação, para retratar a situação política, social e cultural do seu país natal, marcado pela pobreza, pela violência e pela ditadura, o livro também explora a riqueza da cultura haitiana, especialmente o vodu, uma religião que tem muitas semelhanças com os orixás.
O livro convida o leitor a conhecer o Haiti por dentro, por meio do olhar de um escritor que viveu na pele as consequências da ditadura, do exílio e da volta, questiona os estereótipos sobre o Haiti e que revela a complexidade e a riqueza desse país.
O livro é dividido em dois planos: o País Real e o País Sonhado.
No País Real, o autor descreve o cotidiano dos haitianos, marcado pela pobreza, pela violência, pela corrupção e pela instabilidade política. Ele mostra como o Haiti é um país que sofre com a exploração externa, a falta de infraestrutura, a fome e as doenças, também retrata a cultura haitiana, sua música, sua arte, sua gastronomia, sua língua e sua literatura. No País Sonhado, o autor mergulha no universo do vodu,
praticada por grande parte da população.
É uma obra que mistura humor e drama, crítica e poesia, realismo e fantasia, que vale a pena ser lida.
JurúMontalvao 30/10/2023minha estante
??




Margô 21/10/2023

O Haiti não é o mesmo o que li.
Cheguei ao final da leitura com a ideia de que esta obra é uma mistura de realidade e ficção, humor , tragédia, e de poesia e crítica social.
Nunca tinha lido nada sobre o Haiti, que não fosse terrivelmente trágico( terremoto, fome, cólera, rebelião, ciclones, etc).
Aqui me surpreendi com uma história simples, que se sobrepõe à miséria, tragédias gigantescas, histórias anônimas de dor, para surgir uma história que me parece ser a proposta da Esperança...ou não?
Fui apanhada de surpresa com a história dos Zumbis do Haiti, que não é ficção...rsss. Difícil acreditar nisso! Mas pesquisei, e veja o que lhe aguarda com as histórias de pessoas que morreram, e de repente aparecem para a família! É por aí.?

Gostei do rápido passeio pela religião ancestral, o Vodu. Me fez pensar nas relações que se tem com o candomblé e os orixás aqui no Brasil, inclusive as perseguições.

São ambas , religiões de matriz africana.
Queria mais texto do Dany Laferrière sobre esse assunto.
Mas valeu pelo portal da curiosidade que se abriu.

Primeira obra que leio de um escritor Haitiano, e primeira obra do autor a ser traduzida para o português.
Outras virão! O país dos sonhos foi o que prevaleceu??.
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Danielle 30/09/2023

O real x o místico
Comecei a ler sem muita expectativa, mas gostei bastante e me surpreendeu. Através da visão do ?pais sonhado? x ?país real? vamos conhecendo mais sobre o Haiti e o vodu, é como se fosse dividido entre o real e místico. Uma bela leitura.
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madu 02/10/2023

É um livro muito bom mas eu esperava que ele fosse diferente. Quando eu comecei a ler, pensei que ele ia puxar muito mais para uma ficção misturada com realidade, como a Isabel Allende ou o Garcia Marquez, mas acabou que gira em torno de uma crítica ao país em si.
Óbvio, não deixa de ser muito bom. Você entra em contato com outros lados da cultura Haitiana, principalmente com a cultura vodu, com as expressões e como os personagens lidam com a situação do país.
O que mais me pegou foi o debate que ele tem comparando a matriz cristã e americana tentando apagar as raizes haitianas. O jeito que ele aborda isso é sensacional, principalmente com as comparações do exilado voltando ao país de origem.
Enfim, esperava que a história virasse para outro lado, mas essa virada também foi boa. Me surpreendi positivamente. Recomendo.
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Gigio 14/09/2023

Muito bom!
Uma leitura muito gostosa, mistura de autoficção com realismo mágico e outros tantos gêneros. Foi muito bom conhecer um pouco sobre a realidade do Haiti, algo mais do que suas catástrofes que sempre chegam por aqui pelos noticiários, sobre o vodu e os zumbis. O texto é fluido, poético em alguns pontos e cômico em outros e rico em sua totalidade. Bacana perceber o amor do protagonista por sua terra natal e pela família e amigos, apesar da dura realidade.

" As pessoas morreram - conclui ela -, e se recusam a deixá-las descansar em paz. Antigamente, o cemitério era o único lugar segura no Haiti. Agora a gente se pergunta se vale a pena morrer nesse país."

“- Os mortos são mais felizes que nós.
- Mas a senhora não pode ter certeza disso - diz minha mãe.
- Posso, sim! O que me faz pensar isso é que ninguém voltou."

"Só existe um caminho: aquele que escolhemos?
...e não importa o caminho escolhido, ele sempre nos levará a algum lugar."

"Todo mundo que a gente vê nas ruas andando ou falando,pois é! A maioria já morreu há muito tempo e não sabe. Este país virou o maior cemitério do mundo.
_ Você está falando dos zumbis?
_ É tudo que eu tenho a dizer... Se fossem seres humanos de verdade, acha que sobreviveriam a essa fome, a todo esse monte de imundícies que se encontra em cada esquina?"

"Os americanos subtraem os mortos deles, nós, negros, continuamos a somá-los... Incompatibilidade de gênios..."

"Temos medo. Temos medo de não existir. É disso que temos medo."

"Essa cidade é um grande cemitério. Você ainda não está morto, então cuidado. Não confie em ninguém. Aqui, não tem nem bons nem maus, só mortos."

"Em qualquer lugar dos bairros pobres. Na minha casa, na minha varanda. Na praia. Na casa do meu vizinho. Aqui, talvez falte rango, mas merda é que não falta. Temos até um problema de abundância sob esse aspecto. Não comemos, mas cagamos igual. Acho isso injusto, sabe? Os pobres não deviam cagar. Não deveriam ter esse problema. A merda deveria ser unicamente um problema de rico. Eu não comi ervilha, então por que vou cagar ervilha?"
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Eliza.Beth 10/02/2024

Quando a cabeça é cortada, não se pode usar chapéu
Mais um livro da Tag que gostei muito.
Um escritor que retorna ao seu país e vai contando sobre suas impressões daquele país que ele passou tanto tempo afastado, seus reencontros, a relação com religião.

O narrador divide os capítulos entre país real e país sonhado, mas os acontecimentos não são tão bem divididos assim para saber o que seria real ou sonho.

O livro possui capítulos curtos e gostei bastante da escrita do autor.
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Michel Pinto Costa 17/08/2023

Volta ao lar
É um diário do retorno do autor a sua cidade natal, reencontrando pessoas conhecidas, revivendo momentos e renascendo misticamente.
Livro bom.
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spoiler visualizar
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Erica.Barone 21/10/2023

Conhecer o Haiti por Dany Laferrièrre foi revelador e estranhamente familiar. Não são poucas as semelhanças com Brasil, no que diz respeito a nossa situação sócio-econômica e a religiosidade, eles tem os vodus e nos temos orixás. Uma outra semelhança mais pessoal me tocou, a mae e a tia do regresso, sãos bem parecidas com a minha mãe e sua irmã (minha madrinha), fiquei apaixonada.
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thaielvira 03/10/2023

O Haiti por um haitiano exilado
Foi a primeira vez que eu li um autor haitiano, e a primeira vez que li sobre o Haiti. O livro me trouxe outras camadas sobre um país que eu só conhecia pelas tragédias naturais e ditaduras do noticiário.

Gostei muito desse contato com a cultura popular e artística do país, com as crenças e tradições religiosas e também com os desafios desse povo, que se a gente analisar direitinho reconhece muitos paralelos com o Brasil.

Mudou completamente minha percepção (leiga e preconceituosa, confesso) sobre o vodu e a contraposição com o cristianismo. Não sei ainda se consegui absorver tudo que o livro traz, mas foi interessante refletir sobre o paradoxo entre a vida e a morte, num país que a grande maioria da população luta pela sobrevivência.

Foi sensacional transitar entre o país sonhado x país real, e a escrita do autor tornou esses temas, tão profundos e difíceis, mais leves.

O final me desapontou um pouco, esperava algo mais, talvez eu não tenha entendido muito bem a reflexão que o autor propôs? não é um livro com um super enredo envolvente, mas é uma leitura fluida e que vale a pena!
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Rodolfo 03/09/2023

O território como nação faz parte da formação de um indivíduo e é esse cenário que encontramos em País sem chapéu, onde o autor da vida a um personagem que representa a si mesmo, em sua jornada de retorno ao Haiti após 20 anos.
Retorno esse que é marcado pela saudade e pela lembrança, mas também pela constatação de que pouca coisa mudou, como o cenário da fome, pobreza, criminalidade e uma ditadura massacrante que transforma pessoas em passado.
Fica nítido no relato do autor a importância de se dar crédito ao lugar que abrigamos na formação do indivíduo. Como o autor faz questão de deixar claro, nem sempre retornar ao nosso local de origem é sinônimo de saudade, mas de busca e lembrança da identidade na qual fomos moldados. 
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Polly 16/09/2023

País sem Chapéu: foi bom conhecer um outro Haiti (#191)
Eu nunca tinha lido um autor haitiano. Nunca tinha lido Dany Laferrière. Nunca tinha lido um autor com um estilo tão único quanto o haitiano Dany Laferrière. Não fosse a TAG, é provável que eu não o conhecesse ao longo de toda a minha vida de leitora (ou, ao menos, demorasse muitos anos até esse encontro acontecer). E, diante disso, o que posso dizer é: que bom que tive essa oportunidade!

Ler País Sem Chapéu me possibilitou conhecer um Haiti muito além daquele que vemos noticiado nos telejornais, com seus desastres naturais catastróficos, suas ditaduras ferrenhas. País Sem Chapéu nos mostra um Haiti mágico, cheio de fé, de vida, que resiste, a despeito da fome e da opressão em que vive o povo, mesmo depois de mortos (acredita em mim, você vai entender se ler).

País Sem Chapéu é uma mistura de realidade e ficção, e embora a história seja narrada do ponto de vista do próprio Laferrière, o protagonista dessa narrativa é o próprio Haiti, é o povo haitiano. O enredo é o seguinte: depois de vinte anos em exílio, Laferrière volta a sua terra natal e vai realizar o seu maior sonho: falar do Haiti no Haiti. E essa mistura entre ficção e realidade faz a gente ler um monte de páginas sem nem se dar conta. A leitura é fluida, simples, mas cheia de detalhes, cheia de poesia.

O livro me parece uma tentativa - desesperada - de recuperação de intimidade com seu povo e sua cultura de alguém que foi embora por tanto tempo do lugar em que nasceu, que se sente um pouco perdido, um pouco desconectado, mas que ainda se reconhece naquela terra, naquele povo, naquela cultura. País Sem Chapéu me parece uma tentativa de reconexão do autor com seu país de origem, com suas raízes.

A leitura ainda provoca uma curiosidade imensa sobre a religião chamada Vodu, sincretismo entre o catolicismo e religiões de matriz africana, e sobre uns episódios meio bizarros que aconteceram, de fato, no Haiti (mas o Laferrière ficciona um pouco a coisa, tá?), há uns tempos atrás.

Enfim, sem dúvida, País Sem Chapéu foi uma das minhas melhores leituras de 2023. Espero ler outros títulos do autor em breve.
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Mari Pereira 12/09/2023

O livro transita entre uma espécie de autoficção com fantasia baseada na cultura popular do Haiti.
Os elementos sobre a cultura do Haiti trazidos pelo livro são realmente muito interessantes.
Contudo, eu não gostei muito do tipo de escrita, nem da organização dessa escrita no livro.
O tema me interessava, mas a escrita não me engajou...

De toda forma, é uma leitura legal. Mas não leria outras obras do autor.
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@eleeoslivros 25/07/2023

Que livro delicioso de ler!
uma escrita fluída, uma história divertida.
a tag tem surpreendido com os livros leves.
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