A Educação Sentimental

A Educação Sentimental Gustave Flaubert




Resenhas - A Educação Sentimental


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Francisco 30/11/2022

O ruir das ilusões românticas em Flaubert
Frederic Moreau é um jovem estudante de Direito oriundo da província que durante uma estadia em Paris vê-se apaixonado por uma mulher mais velha, Madame Arnoux, esposa de Jacques Arnoux, um vendedor de pinturas e proprietário de uma revista de nome "Arte Industrial". Esse por sua vez, vive em constante problemas pecuniários (o que me lembra Wilkins Micawber de "David Copperfield", de Charles Dickens).

O sentimento de Frédéric por Mme. Arnoux é um constante obstáculo ao longo de toda a a sua mocidade, vindo a interferir em seu relacionamento com a jovem Luísa e outras mulheres parisienses como Rosanette e Mme. Dambreuse.

É evidente o toque autobiográfico de Flaubert nessa obra ao romantizar tal temática, visto que quando jovem foi apaixonado por Elisa Schlesinger, bem mais velha que ele. A análise e apresentação dos costumes sociais da sociedade francesa dos anos 1840-1876 são retratados com maestria, assim como ocorre em Madame Bovary. Proust descreve "A Educação Sentimental" como um dos romances mais influentes da literatura universal, o que ressalta sua relevância de leitura.

No entanto, em minha concepção, "Madame Bovary" é uma leitura bem mais "poderosa" e bem desenvolvida que o presente livro. Os acontecimentos históricos da queda do Rei Luís Felipe são concomitantes à narrativa e esse fator torna a leitura por vezes cansativa, por apresentar muitas discussões políticas entre os personagens da época. Portanto, é um livro que não recomendo para um primeiro contato por Flaubert.
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Luigi.Schinzari 15/10/2020

Sobre A Educação Sentimental, de Gustave Flaubert
Como é difícil analisar de forma profunda e reflexiva as mudanças pelas quais nossa sociedade passa. Com o distanciamento histórico de um fato, suas respectivas análises começam a florescer em um campo maior de cultivo e com maior qualidade; sabendo como tudo transcorreu e com as emoções do momento estando mornas, torna-se trabalho muito mais fácil e satisfatório, provavelmente. Mas em A Educação Sentimental (L'Éducation sentimentale, 1869), o autor francês Gustave Flaubert (1821-1880) -- vivendo em um século de grandes acontecimentos como as Revoluções de 1830, de 1848 e a proclamação da Segunda República, seguida pelo golpe do até então presidente Napoleão III, iniciando o Segundo Império Francês -- analisa a situação política do país direto do fervor sendo vivenciado em sua vida com uma profundidade e grau de discussão inalcançável por mãos tão hábeis quanto a dele, mesmo por aqueles com a distância histórica a seu favor.
 
A história do jovem Frédéric Moreau, jovem que pretende realizar seus sonhos em Paris enquanto cresce junto a um grupo de conhecidos e amigos com as mais distintas visões de mundo e classes econômicas entre 1840 e 1867, é das mais amplas da literatura francesa. Enquanto ama platonicamente uma mulher casada e têm arroubos morais de servidão eterna a sua musa idealizada, cede aos impulsos hedonistas e se entrega aos prazeres carnais e boêmios oferecidos aos montes pela capital francesa; junto às contradições de sua vida, vivencia momentos cruciais para a história da França, muitas vezes in loco: passa pelos conflitos nas barricadas pelas ruas parisienses durante as Revoluções de 1848 que culminaram no fim da monarquia; discute as questões do parlamento durante as rodas com seus amigos; vê-se dividido entre os republicanos e os monarquistas, moldando suas opiniões de acordo com o meio em que se encontra, sempre visando suas intenções a atingir altos patamares na sociedade francesa. Não podemos nos enganar ao ler o título e, talvez, acreditar ser (apenas) uma história de amor: é o romance mais politizado do autor de Madame Bovary (1856).
 
O jovem protagonista, presa de seus impulsos e desejos de amor, riqueza e glória, passa, por meio da escrita detalhada mas corrente de Flaubert -- são muitos os acontecimentos ao longo de um único capítulo --, das mais extremas emoções aos atos mais desesperados, sendo um círculo vicioso iniciado pela ambição de Frédéric. Os acontecimentos políticos que o rodeiam e perscrutam suas relações e discussões começam a pesar sobre a vida do jovem Frédéric -- que acompanhamos até deixar sua juventude para trás --, sufocando todas as personagens e moldando, de forma onipotente e impassível, suas histórias, seja de forma positiva ou negativa. O romance, absoluto em seus tópicos mas despretensioso em suas conclusões, é uma retratação fidedigna de seu período, e o jovem Frédéric tornou-se um avatar do espírito francês de sua época: confuso, apaixonado e culto. A escrita do autor, não à toa sendo um dos maiores clássicos da história da literatura, proporciona isso ao ilustrar as páginas com acontecimentos infindáveis, explodindo cada capítulo com fatos e mais fatos da turbulenta vida do protagonista, sendo tal ritmo um paralelo com a vida pública francesa.
 
Dando prosseguimento a abordagem psicológica de Stendhal em seu O Vermelho e o Negro (1830), Flaubert, valendo-se das experiências vividas por ele próprio, posiciona o leitor na cabeça confusa de Frédéric: notamos seus anseios, delimitamos sua moral e também quando vai de encontro a elas com seus desejos momentâneos. São banquetes, reuniões, encontros clandestinos, passeios pelas ruas; discussões a porta trancada até discursos ao público -- todos os momentos são painéis que compõe, a pequenas pinceladas, o quadro psicológico de Frédéric Moreau e, principalmente, a grande composição feita por Flaubert da França de meados do século XIX e, consequentemente, dos franceses, com seus desejos, promessas e anseios de um futuro idealizado pelas reformas e revoluções, culminando, quase sempre, em frustrações e decadência -- e assim a roda gira.
 
É a frustração, aliás, sentimento principal que Frédéric teima em dar sua devida importância: frustra-se com a realização precária de suas ideias após desviar de seus caminhos; por conta de sua pressa, busca caminhos diversos e, consequentemente, acaba se deparando com a dura frustração. Renegando suas raízes e anseios primordiais, Frédéric abandona suas verdadeiras amizades, seus ideais e a própria promessa que era quando jovem -- juventude, aliás, que parece ser prorrogada eternamente por Flaubert de forma irônica: os anos passam e continuam a tratá-lo por jovem, sendo uma alcunha que reflete sua ineficiência e fracasso a cada ano que, rapidamente, passa e nem ao menos percebemos em meio a enxurrada de acontecimentos que banham o romance.
 
Diferentemente de Frédéric e de seus ricos coadjuvantes, ao ler o livro não haverá frustração. Um romance atemporal, mesmo tão calcado em seu tempo (por mais paradoxal que possa parecer), tem o poder de refletir as angústias de todas as épocas com pequenos matizes que a situam em um momento específico da trajetória humana, no caso deste livro sendo na Paris de meados do século XIX. Mas, retratando temas universais e eternos, e, principalmente, entendo-os como Flaubert faz, é a chave para que um romance como esse continue sendo relevante mesmo após mais de uma centena de anos de sua escrita. Resta ao leitor de A Educação Sentimental se deleitar com o quadro pintado por Flaubert da França daquele período, com suas idiossincrasias, debates infrutíferos por parte dos personagens, pretensões frustradas e a eterna estagnação política, independente de quantas revoluções possam haver -- qualquer semelhança com nossa história fica ao encargo do leitor mais perspicaz e que não é presa de ideologias, visando entender o mundo a partir de um todo e não só de visões políticas únicas e vazias que limitam a plena visualização desse grande quadro; foi o que Flaubert fez em A Educação Sentimental, ao escrever um romance politizado mas jamais ideologizado, como alguns teimam em confundir.
 
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Mpbeatriz 30/05/2021

Grande romance!
Que surpresa maravilhosa. O título, que após a leitura me soa como uma grande ironia do autor (Flaubert sendo Flaubert), já me instigou de cara. Demorei pra engatar na leitura, mas depois da segunda parte pra frente foi maravilhoso. A conjuntura histórica que perpassa o romance é incrivelmente descrita, e torna a experiência muito rica. Afinal, não se trata simplesmente de um livro sobre histórias de amor. Se trata do retrato de uma época.
O prefácio da Maria Rita Kehl foi uma grata surpresa, mas caso você seja como eu, que gosta de entrar em contato com a obra sabendo o mínimo possível, recomendo deixar o prefácio para ler depois, com o posfácio do Proust (que confesso que não terminei de ler, mas um dia quem sabe retomo rs).
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Raimundo.Sales 01/06/2021

INDICAÇÃO DO ESCRITOR RAIMUNDO CARRERO
Participando da Oficina Literária do escritor Raimundo Carrero - PE, o mestre nos indicou a leitura desta obra. Para ele, um dos maiores romances da história.
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Élida Mercês 17/05/2020

Um livro surpreendente! Leve, envolvente, que dá a impressão de ser um carrossel, mas se revela uma montanha-russa de emoções, exatamente como a vida!
O posfácio desta edição, escrito por Marcel Proust, é a "cereja do bolo"!

site: www.longedesereno.com.br
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monique.gerke 29/05/2019

O “herói” Frédéric Moreau é insuportável, e os outros personagens não ajudaram muito para tornar a leitura agradável..
Angelica.Santana 21/07/2019minha estante
faço de suas palavras a minhas, entrei numa ressaca literária lendo-o


Marcos Nandi 10/06/2021minha estante
Meu Deus sim. Demorei um parto pra ler.




lalinha 24/02/2021

?Os dois tinham fracassado, aquele que sonhara com o amor, aquele que sonhara com o poder. Qual era a razão??
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Marcos Nandi 10/06/2021

Chato
Demorei para ler esse livro, pois, achei muito chato. Me lembrou em muitos aspesctos o Madame Bovary. Inclusive, muitas cenas idênticas.

As notas do livro (que são as partes mais interessantes) escritas por um amigo do autor, dão conta que a história é autobiográfica em certos pontos. Já que o autor também se envolvera com uma mulher casada. Relacionamento bem estranho já que paixão se dá NUM RELANCE. EM questão de segundos ele se apaixona, não achei crível.

A história é confusa e enfadonha. O quadrado romântico não me apeteceu. O contexto histórico sobre a revolução de 1848 também é confusa e sem contexto.
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omanoel 29/08/2022

Desgastante
Esse livro foi sem dúvidas o pior e mais exaustivo livro que já li em toda minha vida. Passei por uma ressaca literária enorme com ele, mas depois de meses, o finalizei e posso dizer que não consegui absorver nada.
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Tainá Antunes 05/02/2023

A educação sentimental de Flaubert tem um ritmo de narrativa que difere bastante de Madame Bovary. A leitura foi arrastada, irritante muitas vezes por conta do protagonista e por conta dos floreios característicos do estilo literário francês que se apresentam de uma forma exacerbada - e que enquanto em Madame Bovary preenche a cadência de forma belíssima, em educação sentimental foi pura encheção de saco. Deslauriers é irritantemente alheio ao momento histórico do seu país, esteve literalmente no meio da revolução mas se alienou completamente dela; é um bonvivant daqueles de dar nos nervos, flui para todos os lados, não acrescenta e não para em lugar algum. Na vida real teria recebido um tiro, parado na sarjeta ou morrido de cirrose. Para concluir, o conservadorismo de Flaubert se enfia nas entrelinhas do livro sob a forma de chacota com o proletariado e o movimento feminista, entre outras coisas, de forma vazia e rasa. Entendo que existe uma grande crítica de Flaubert sobre o tipo de francês que o Deslauriers representa, e que esse livro merece o seu lugar de clássico pela sua crítica geral e por ser um escrito da sua época. Não desrecomendo a leitura, mas pra mim já deu de Flaubert.
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z..... 26/03/2018

Lá pela página 100, ou próximo disso, determinei que iria até o final do livro, diante de leitura que não despertava empatia ou entusiasmo algum. Pode ser uma obra de grande relevância, mas na minha experimentação foi muito chata.
Não quero me resumir a isso e registro também alguma aprendizagem em reconhecimento do livro.

Boa parte não entendi, o que é natural em leitura que não se está apreciando, mas deu para perceber um contexto de transição política na França, descrito principalmente na terceira parte do livro. Tem uma frase interessante no fim da segunda, expressiva ao momento histórico, dita por Frederico (assim é citado seu nome na edição da Martin Claret, o que também não é legal):
"- Ah, lá estão liquidando algum burguês! - disse Frederico com tranquilidade, porque há situações em que o homem menos cruel está tão desligado dos outros que é capaz de ver morrer o gênero humano sem um abalo no coração." Se alguém ler sobre o Reinado de Terror, vai perceber que a frase tem muito sentido em realidade prática.

Sobre a história, acompanha Frederic Moreau (Frederico fica muito estranho, né!), que chega a Paris no ímpeto e sonhos de realizações e conquistas da juventude. O livro me lembrou "O sol também se levanta", de Ernest Hemingway, que se passa no período entre as guerras e mostra a vida glamourizada da juventude em boêmias e histórias fúteis, perdida (outro livro que terminei na base da decisão, chato pra caramba! falo apenas em relação a mim). Frederic é um sujeito nessa proposta de boemia, ambições fúteis e interesses escusos. Um malandro na prática, pois é descrito literalmente como parasita, que se aproveita dos outros. Um de seus desejos é conquistar a Mme. Arnoux, mulher mais velha, casada com alguém que lhe ajuda (também com suas histórias escusas). E vai por aí em namoros, encontros com "mulheres de fino trato", etc e tal, numa ilustração da sociedade de época.
A educação sentimental, na minha conclusão, refere-se a vivência de época. Se não experimentada por todos no contexto devasso e irresponsável do jovem protagonista, certamente desejada, pois é a conclusão e reconhecimento de Frederic e amigo ao final, pós passagem de tempo. É como se dissesse: viva o presente com intensidade em sua transitoriedade. Frederic viveu assim,
Ainda sobre a história, achei interessante o último encontro com Mme. Arnoux, que a mostra mais madura e reforça minha percepção da urgência do presente na visão de Frederic. Os ímpetos não eram mais os mesmos, os sentimentos estavam em um contexto que não tinha mais a mesma força. O sujeito vive a intensidade do momento apenas. O sentimento é volúvel e interesseiro em momento específico.
Na apresentação do livro, além de ressalta-lo como ilustração de época, representaria também a vivência do autor nas entrelinhas, com coisas parecidas em sua realidade ou nos desejos, ainda que não consumados. Sei lá, estou devaneando...

Sei que a obra vai além disso, mas na minha leitura na marra, por achar chata, foi o que percebi e guardo em lembrança. Quem gosta do livro que o beije bem longe de mim, que nada mais desejo saber.
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Julio.Argibay 05/03/2021

Bon Vivant
Opa. Vamos falar agora do livro - A Educação Sentimental escrito pelo francês Gustave Flaubert (Madame Bovary). Votando ao nosso assunto, essa obra é um clássico do romantismo mundial. Levei umas três semanas para ler. Li uma parte do Jorro conclui aqui, tranquilo. Vamos lá, a maior parte da estória se passa em Paris. Então vamos conhecer esse ambiente: nessa sociedade há artistas, burgueses, cortesãs, proprietários de terra e a velha sociedade tradicional parisiense. Nessa turma toda surge Frederic Moreau, que é um jovem estudante, recém chegado do interior. Ele de cara, sem cerimônias, se apaixona por uma mulher casado membra da sociedade local, a Senhora Arnoux (começamos bem né?). Devido a esta paixão, até então não correspondida, ou talvez não, ele decide se aproximar dela e acaba frequentando a casa dela. Nesse interim, surge outras jovens com as quais ele se relaciona. A jovem Natacha é a que mais se destaca e a que mais tempo passa com ele. Ela é uma moça, bonita, espirituosa e muito popular entre os homens na sociedade parisiense. Ela se relaciona com alguns amigos dele, inclusive com o marido da Senhora Asnoux.  (Pense numa zona). Mas, vida que segue. Não vamos julgar o povo, tá cedo ainda. Seguimos em frente. O tempo passa e os Arnoux se quebram na emenda e, num momento do romance, Frederick acaba os ajudando financeiramente (o motivo vocês já devem saber). Para complicar um pouco mais a estória Natacha também é credora do casal. (Já viu que aí vai rolar muita treta né?) O relacionamento de Frederic e Natacha é instável, pois ele está sempre envolvido com outras mulheres e vice versa. Até rola um clima com uma amiga de infância, na sua cidade natal, essa jovem, inclusive, está prometida a ele (tadinha). No final do relacionamento com Natacha ele também se compromete com uma viúva rica e influente, ali do seu meio. Mas, não dá certo. Na oportunidade, é bom esclarecer, que seu amor platônico pela Senhora Arnoux está sempre lá em sua cabeça, atormentando-o (e não é um segredo não, alguns amigos dele sabem disso). Essas relações amorosas levam anos, amadurecem, acabam, etc e tal. Mas, qual o destino de nossos personagens? Quem fica com quem? Quem irá se dá bem? Quais os frutos dessas relações? Só lendo, viu. Agora, vamos as nossas considerações finais: gostei da estória, porém, sabe como é né? É um clássico; para quem não está acostumado pode ser meio arrastado. Há muitas descrições de ambientes, da natureza, muitos personagens etc e tal. Mas, eu curto assim mesmo. Só não leio livro de auto ajuda. Tô fora. De boa. Outra coisa, temos que incluir aí o período turbulento no qual a França estava passando, como pano de fundo do romance. Tiro pra lá, tiro pra cá, duelos, incêndios coisas e tal. O bicho pega. Bom é só isso. Obrigado. Fuuuuui.   
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Regina Alonso 01/08/2009

Longe da análise literária:
digo sem falar da qualidade literária, excelente indubitávelmente, um marco histórico de estilo, a personagem principal era um sem vergonha. Uma raposa "feopuda". As mulheres hão de concordar comigo.
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