Juh Lira 18/12/2016Tempest - Ideia boa, execução decepcionanteTempest foi a minha escolha há três anos para iniciar o projeto Reading in English no blog, mas por conta de forças maiores, precisei parar a leitura em 2013 e só retomei (do começo) esse ano, em especial como pesquisa para a minha própria história.
Mas o livro não foi bem aquilo que eu esperava... Após abandonar as leituras de The Ship of Brides e Os Guardiões da História por Jojo Moyes e Damian Dibben respectivamente de uma vez, eu tinha a esperança que Tempest seria melhor. Não foi.
A trama de Julie Cross começa em 2009 e conta a história de Jackson Meyer, um garoto de 19 anos que descobre que pode viajar no tempo e faz isso apenas por diversão. No entanto, um dia ele presencia a namorada Holly sendo baleada por pessoas misteriosas que aparecem de lugar nenhum e depois parar em 2007 sem saber como voltar para salvar a namorada.
O livro é a clássica situação chata que todo leitor já se deparou: premissa boa, execução ruim ou mediana. No caso de Tempest fica entre os dois. Os dois protagonistas Jackson e a Holly são rasos, quase não possuem traços de personalidades marcantes que os distiguem. A história é narrada no ponto de vista do Jackson e eu já li histórias com personagens masculinos muito melhores e mais críveis. A voz dele não me convenceu de jeito nenhum, assim como as atitudes, em especial com a Holly. De uma hora para outra, ele vira o cara protetor e romântico, sendo que no começo, ele deixa claro que é um cafajeste, o bad boy que dorme com todas as garotas...
Os dois tem um relacionamento sem nenhuma base. O que move Jackson é salvar Holly, isso fica bem claro desde o começo, mas você não se sente convencido pelo amor que um sente pelo o outro. No início, o que dá entender é que os dois só estão curtindo e passando o tempo um com o outro, sem mencionar a fobia que Jackson tem sobre compromisso. Mas de repente, ele arrisca tudo para salvá-la e a ama do nada.
A Holly é uma personagem que eu não sei quais são as motivações dela. No começo ela se comporta de uma forma mimada, briga com Jackson por uma besteira que me deu nos nervos, e de repente ela cai de amores por ele lá pela metade do livro sem muita razão para isso. A autora forçou demais a barra com os dois tentando convencer o casal para o leitor, mas no fim ficou na corda bamba. Somente o final deu uma profundidade maior ao relacionamento,, mas não compensou a má execução até o meio da história.
O livro sofre com muita redundância, tanto na narração quanto nos diálogos. Há muitas cenas e capítulos desnecessários que não acrescentam em nada à trama principal que poderiam ter sido cortados sem prejudicar a história por um todo. Os últimos capítulos em especial, a autora enrolou e enfiou uma monte de cena de luta e viagem ao passado quebrando o ritmo do clímax várias vezes, o que me deixou muito frustrada. Além disso, as descrições não são detalhadas o suficiente, principalmente as cenas de ação, o que dificultou a visualização dessas cenas e até mesmo entender o que estava acontecendo.
Se os protagonistas não são lá essas coisas, os personagens secundários também não. Talvez o único que se destaca um pouco é o Adam, melhor amigo do Jackson. Porém ele é bem caricato e tão raso quanto o primeiro. As explicações da trama foram muito confusas e colocadas de qualquer jeito, sem nenhum trabalho de dar pistas durante a história para o leitor para ele mesmo ir tentando desvendar os mistérios, em especial os vilões. O final parecia que não ia chegar nunca com tanta coisa e informação sendo despejada ao mesmo tempo, que foi por pouco que eu não abandono o livro. Mas persisti já que eu já estava em 80% da leitura.
O que faltou foi mostrar a evolução dos personagens, principalmente Jackson e Holly, tanto no relacionamento quanto nas personalidades. Como? Não faço ideia. Não me irrito mais como antes com estereótipos e clichês como muitos leitores, desde que o autor(a) trabalhe bem em cima disso e me convença. Em Tempest a autora não foi feliz ou se preocupou com isso. Entendo que é o primeiro livro dela, ainda sim faltou um editor para ajudá-la a melhorar a trama.
As únicas cenas que eu fiquei de fato presa à história foram protagonizadas com a irmã de Jackson, Courtney. Tem uma cena no meio do livro que é muito bonita e que finalmente sabemos o que aconteceu de fato com ela, já que durante toda a história há alusões sobre o destino trágico de Courtney que persegue o irmão como uma sombra, somada com o remorso. Esses momentos foram os melhores do livro.
Apesar de toda a criatividade da trama, que lembra o filme Efeito Borboleta (2004) as redundâncias, enredo mal executado e confuso, e os personagens artificiais estragam Tempest e eu não sei se vou ler os outros dois volume da trilogia. Talvez sim, por conta de uma personagem que apareceu que eu fiquei curiosa, e também para dar mais uma chance à autora.
Creio que se a Julie Cross tivesse feito um trabalho de edição melhor no enredo, talvez até reescrevendo partes do livro, aprofundando os personagens e a suas motivações, o resultado final seria bem mais satisfatório.
O inglês é de nível fácil e não senti nenhuma dificuldade para ler, e o livro até me deu algumas coisas em que pensar para o meu romance - ou seja, não foi de todo ruim ou uma perca de tempo por completo. O que não me impediu de me sentir decepcionada quando terminei a leitura.
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