A contadora de filmes

A contadora de filmes Hernán Rivera Letelier




Resenhas - A Contadora de Filmes


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DIRCE 07/04/2014

Teve a força de uma madeleine
A Paulinha não se cansa de me surpreender e me emocionar. Desta vez a emoção sobreveio à principio, tão somente à principio, pela história contada por Maria Margarita antes da fama, a Fada Docine depois da fama. Ela conta a história de uma família–a sua família-cujas vidas foram marcadas pelas tragédias. Assim como outros moradores de um povoado do Deserto do Atacama, o pai o da menina MM (o mestre Castilho)trabalhava em uma mina de salitre, porém foi vítima de um acidente de trabalho que o deixou paralítico. A esposa o abandonou deixando-o com seus cinco filhos: 4 meninos e uma menina – Maria Margarita.
Mestre Castilho tinha duas paixões: a bebida e o cinema. Nos bons tempos, quando o dinheiro não era tão parco,a família toda ia ao cinema, porém depois da invalidez, democraticamente, elegeram um membro da família para exercer a missão de espectador e contador de filmes e a eleita foi a menina Maria Margarita.
Mas MM não era uma mera contadora de filmes. A menina se travestiu em atriz, em bailarina, e sua fama ultrapassou a fronteira da sua casa alcançando a vizinhança.Passaram a pagar para vê-la “atuando”. Ela era toda talento. Esse talento aliado a gráfica do livro, fizeram com que os sentimentos provocados pela leitura fossem substituídas por emoções pessoais: até então me senti diante de um filme curta-metragem, porém não demorou e lá estava eu diante de um longa metragem.
A Paulinha me presenteou com um livro que teve a força de uma “madeleine”.Sim porque eu, quando menina, também amava ir as matines e, durante a leitura do livro, sobrevieram lembranças da minha infância que foram um afago no meu coração. Eu adorava esses momentos, não só pelos filmes, mas porque eu os assistia juntinho da minha mãe.Claro que os filmes eram de grande importância, porém eu só tive noção do quanto eram eles foram marcantes na minha vida quando me vi, durante a leitura, cantando La Violetera ( Sarita Montiel) Granada( Jocelito) e o terno: Sonha, sonha Marcelino, Já começa a clarear, Doze santos cuidam teu dia, Guardam tu’alma contra o mal, Marcelino bom menino, Já chegou teu despertar... Ah! e tem ainda a meiga Marisol no filme "Um raio de luz".
Dizer mais o quê? Talvez citar um verso do poema Infância do Drummond: “ eu não sabia que a minha história era mais bonita que a de Robnson Crusoé” E para Fada Docine eu diria: foi bom enquanto durou.
Pau-li-nhaaaaaaaaaa. Amei. Obrigada.
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Renata CCS 08/04/2014minha estante
Que resenha nostálgica e apaixonada Dirce! Dizer mais o q? Vai direto para a lista de futuras aquisições!


Arsenio Meira 08/04/2014minha estante
rsrs, concordo com Renata. Já providenciei ... Belas lembranças! E resenha idem.


DIRCE 09/04/2014minha estante
Renata e Arsenio,
É um livro de poucas páginas, mas o autor conseguiu a um só tempo fazer um apanhado social e histórico- avanço tecnológico e do quão importante é dar asas à imaginação na infância.
Boas leituras e obrigada peloss elogio


Paty 11/04/2014minha estante
tb gostei demais deste livro.


DIRCE 14/04/2014minha estante
Estão vendo, Renata e Arsenio?
Temos uma opinião de peso- A Paty também gostou.
Abraços a todos e obrigada pela delicadeza.


Paula 05/05/2014minha estante
Também amo esse livro :)
Fico feliz que você gostou!

beijo!


Ladyce 26/07/2016minha estante
Depois de ler a sua resenha e a de Renata.... TENHO QUE LER




E. Dantas 21/06/2012

Quase um roteiro
Esta é uma daquelas estórias que você já sabe pra onde vai quando termina de ler a primeira frase, mas o faz com um sorriso honesto que permanece estampado enquanto as páginas permanecem abertas.
O mérito do Chileno Letelier não está num ineditismo, nem final retumbante e muito menos no poder de síntese ( o livro poderia ter 60 páginas, não fosse a formatação diferente) mas na forma como conta a estória da igualmente talentosa Fada Docine ( não, não, não desista de continuar lendo só porque eu disse "fada"...eu sei, fadas são um saco, mas aqui, representa apenas o nome artístico de uma menina sonhadora).
Confesso que é bastante complicado descrever o punho de Litelier e talvez seja esse seu grande trunfo.
A crueza da estória tem seu equilibrio perfeito com a ludicidade da protagonista nos guiando a algo repetidamente novo.
Valeu muito, muito, muito mesmo...li em uma horinha e corri pra livraria num ímpeto de adquirir toda sua obra.
Mandem ver.
Beijos e inté.
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Renata CCS 26/07/2016

Narradora de sonhos
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“No fundo, o mundo é feito para acabar num belo livro.” (Mallarmé)

Maria Margarita é Fada Docine, uma menina dotada de uma teatralidade encantadora, que vem de uma família pobre de um povoado no deserto do Atacama, protagonista e narradora de A CONTADORA DE FILMES, do escritor chileno Hernán Rivera Letelier.

Caçula de cinco irmãos, Maria Margarida vivia na companhia do pai, inválido devido a um acidente nas minas de salitre onde trabalhou muitos anos, e dos quatro irmãos mais velhos, todos dividindo um barraco de zinco carcomido. Eram os anos 50 e, diante da falta de dinheiro, de sua dificuldade de locomoção e da solidão de um lugar sem grandes possibilidades de diversão, o pai de Maria Margarida a seleciona, a partir de uma competição entre os filhos, como a contadora de filmes da família. Com uma memória invejável e um imenso talento para imitar trejeitos, elaborar cenários e inventar histórias, sua fama ultrapassa e fronteira da casa e torna-se conhecida pelos moradores do vilarejo, que também passaram a assistir as suas interpretações.

Mais do que uma simples narradora, Fada Docine (seu nome artístico) apropriava-se dos filmes: interpretava, cantava e inventava seus próprios desfechos, com uma impiedosa honestidade. E quanto mais pessoas apareciam, mais a despachada garota sentia-se à vontade e caprichava em suas narrativas. Mais do que uma forma de fazer dinheiro extra, para Maria Margarida o cinema era a oportunidade de fugir de sua realidade, ir além da vida áspera à sua volta, de sair do seu povoado e recorrer aos sonhos. Sua maior felicidade acontecia nesses pequenos momentos.

"Naquele tempo descobri que todo mundo gosta que alguém conte histórias. Todos querem sair da realidade um momento e viver esses mundos de ficção dos filmes, das radionovelas, dos romances. Gostam até que alguém lhes conte mentiras, se essas mentiras forem bem contadas".

A CONTADORA DE FILMES é um livro especial, encantador, expressivo e original. Partindo de algo tão singelo, Letelier conseguiu desenvolver a história com graça e simpatia. Sua breve narrativa de pouco mais de 100 páginas não o impediram de alcançar um olhar amplo sobre a realidade de seus personagens. O autor nos presenteia com uma narrativa exata, sem sobras; ágil, mas sem jamais se atropelar; tocante, sem jamais ser apelativa.

"Acho que no fundo eu tinha alma de fuxiqueira, pois além de tudo me bastava bater os olhos nas duas ou três fotos pregadas no cartaz – pelo olhar lascivo do padre, o sorrisinho inocente da menina ou o gesto cúmplice da beata – para poder inventar uma trama, imaginar uma história inteira e passar o meu próprio filme."

Letelier nos entrega um livro visceral quando toca na necessidade básica mais humana de fugir das dificuldades por meio da fantasia, da imaginação. Ele constrói sonhos para, logo em seguida, destruí-los diante de nossos olhos. É tão arrebatador que nos faz sentir como se estivéssemos sentados bem próximos, enquanto a protagonista reproduz as cenas, e fica ecoando muito tempo depois de terminá-lo.

Isso sem falar na disposição do texto, que é um atrativo à parte: ele é impresso em retângulos de fundo branco, em contraste com o negro do restante da página, lembrando frames de filmes ou até mesmo uma tela de cinema.

"Uma vez li uma frase - com certeza de algum autor famoso - que dizia algo assim como a vida está feita da mesma matéria dos sonhos. Eu digo que a vida pode perfeitamente estar feita da mesma matéria dos filmes. Contar um filme é como contar um sonho. Contar a vida é como contar um sonho ou como contar um filme."

O livro é de uma delicadeza e profundidade indescritíveis. Pelas poucas páginas dele temos contato com a triste realidade de Maria Margarida e a sua proeza em levar encantamento e diversão através de suas narrativas.

É uma obra sobre a alegria nas pequenas coisas, sobre a infância perdida, sobre o abandono, sobre as falhas que cometemos e sobre as dificuldades de regiões pequenas ignoradas pelo homem.

Um livro tão pequeno, mas com muito a dizer para aqueles que buscarem sua leitura.
Ladyce 26/07/2016minha estante
Taí, você, Dirce e Paula... não posso ficar sem ler... rs...


Alice 27/07/2016minha estante
Adorei os trechos destacados. Vou ler, com certeza.


Renata CCS 27/07/2016minha estante
Leiam! É profundo, poético e encantadoramente triste.




Geli 09/08/2021

Li obrigada, terminei apaixonada pelo autor
Li para escrever um artigo para a faculdade. Tinha escutado tantas resenhas na época do lançamento, que pensava que já tinha escutado tudo o que precisava saber, afinal é uma novela curta. Ledo engano. Tem tanta coisa acontecendo naquelas páginas que estou com a María Margarita (talvez seja a Fada Docine, elas se confundem por aqui) do meu lado até agora.
Leia! Não pense que será uma história que vai passar. Ela vai é te marcar.
Uma obra de extrema importância para quem quer desbravar a América Latina através da literatura ?
Rute31 09/08/2021minha estante
Li essa história há uns 3 anos. Foi uma das muitas que salvou a minha vida. Tua resenha me fez lembrar de reler.


Gabrielle 09/08/2021minha estante
Não conhecia a obra até agora e foi por acaso que abri o skoob e vi sua resenha, então muito obrigada pela indicação. ?




Brenda Roberta 26/07/2021

"somos feitos do mesmo material dos filmes." F.D/M.M
Eu comecei a ler este livro sem saber e ter nenhuma noção de como ele era pesado. Então, fica o aviso.

Você não precisa amar cinema para ler/gostar deste livro, e talvez esse seja um otimo ponto pois eu, sem ser uma amante de cinema, senti o amor espelhado no ato e dedicação da oralidade. Assim como não precisa se identificar com a protagonista, ou gostar da forma escolhida que foi traçada a realidade das minas. Você leitor, por conta da cultura sedimentada que andamos consumindo, pode pensar que a história vai para um lado, esperando um tipo de acontecimentos, contudo não é assim. O autor nos lembra que isso aqui é América Latina. Isso aqui é a nossa realidade. As coisas aqui são diferentes, e esta história é um exemplo para você. Um breve retrato de como a pobreza e a falta de oportunidades vai aos poucos matando os sonhos e moldando a vida.
Este livro transborda em melancolia, tristeza, crueza e realidades, mesclado com a sutileza em narração. Eu não sei o que dizer, o sentimento que a Maria Margarida me passou, as histórias da Fada Docine. Como é simples, como é completo. Onde ressalta a vida, dores, e alegrias de uma criança e depois mulher.
Eu me peguei chorando no final sem perceber, e foi quando eu me toquei da magia deste livro, e do poder da (in)mensagem que ele passa ao leitor de maneira tão breve. É um livro que te ganha pelos detalhes de não ser em prol do destino que não se tem.

"Certa vez li por aí, ou vi num filme, que quando os judeus eram levados pelos alemães naqueles vagões fechados, de transportar gado ?com apenas uma ranhura na parte alta para que entrasse um pouco de ar ?, enquanto iam atravessando campos com cheiro de capim úmido, escolhiam o melhor narrador entre eles e, subindo-o em seus ombros, o elevavam até a ranhura para que fosse descrevendo a paisagem e contando o que via conforme o trem avançava. Eu agora estou convencida de que entre eles deve ter havido muitos que preferiam imaginar as maravilhas contadas pelo companheiro a ter o "privilégio" de olhar pela ranhura."
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juju.esteves 15/05/2021

Sonhos e a dura realidade
Tive que ler o livro para um trabalho da escola, não esperava muita coisa e até mesmo demorei pra ler, mas quando fui ler mesmo fiquei completamente presa na história, apesar de triste o final de margarita é uma história incrível!!
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Paula 10/09/2013

A Contadora de Filmes, do escritor chileno Hernán Rivera Letelier, foi uma daquelas pequenas grandes descobertas. Em uma edição linda da Cosac Naify (2012), o livro é uma ode ao poder mágico de contar histórias e ao cinema.

A história se passa em um povoado onde seus habitantes, os trabalhadores das minas de sal, viviam uma vida difícil, sem ter dinheiro suficiente, e sua única diversão era ver os filmes exibidos no cinema local, que ainda assim era muito caro para alguns. No livro, a magia e o fascínio que o cinema exercia na época, influenciando a vida das pessoas já que não existia televisão, são contados com uma certa dose de saudosismo e nostalgia que os amantes da sétima arte sem dúvida vão gostar.

A protagonista da história é a menina Maria Margarita, única mulher em uma família de três irmãos. A mãe abandonou a família quando o pai ficou paralítico por conta de um acidente. Como todos da região, Maria Margarita espera ansiosamente pela estréia do novo filme no cinema local. O cinema aqui aparece como uma realidade de sonho e fantasia, que transporta as pessoas, mesmo que por algumas horas, da dura realidade em que viviam. Mas o dinheiro é pouco para que todos os membros da família possam ir ao cinema. É quando o pai decide decide criar uma competição entre os irmãos para descobrir que será o melhor contador de filmes que irá ao cinema ver os novos filmes e voltar para casa para contar as histórias para a família. É assim que Maria Margarita se transformará na contadora de filmes e vai mudar sua vida para sempre.
Extremamente comovente e terno, o livro é uma homenagem ao cinema e à arte perdida de contar histórias. Ao poder que a imaginação tem de nos transportar para uma realidade menos sofrida.

Não posso deixar de comentar que as páginas do livro são diagramadas como retângulos brancos sob um fundo preto, que nos transportam para a tela em branco no escuro de uma sala de cinema. Esses detalhes tão cuidadosos que sempre vemos nas edições da Cosac e que são sempre um elemento a mais durante a leitura.

Hernán Rivera Letelier. A Contadora de Filmes.São Paulo: Cosac Naify, 2012. 112 páginas. Tradução: Eric Nepomuceno.

site: http://pipanaosabevoar.blogspot.com.br/2013/09/a-contadora-de-filmes.html
Sandra :-) 05/04/2014minha estante
Amei o livro e a sua resenha.
Bjs




Oscar8 10/03/2020

Livro 025/2020
Lido.
Livro 025/2020.
04/03/2020.
Rivera Letelier, Hernán. A contador a de filmes. Cosac Naify. Literatura Chilena.
História curtinha e comovente. Uma família desestruturada, o pai paralitico, a mãe fugiu de casa e cinco filhos, os quatro mais velho homens e a caçula a única 'mulher' da casa em um povoado de mineiros no interior do Chile nos anos 1950.
A menina se torna a contadora de filmes do título. Ela assiste filmes no velho cinema da cidade, uma das únicas diversões do povoado, e conta os filmes em primeiro lugar para a família, depois aos poucos para quase toda a cidade e foi incrementando as contações e ficando cada vez melhor. Até que uma série de desgraças acontecem com a menina, com a família, com o povoado e com o país. A história que começa leve e alegre se torna densa e triste. Uma boa história de um ótimo autor!!
'A gente mija de pé, a gente urina de cócoras' p.8.
'E então aconteceu o golpe de estado do general Pinochet. Com o golpe desapareceram muitas coisas. Desapareceu gente. Desapareceu o trem. Desapareceu a confiança.' p.97.
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Wellington Ferreira 05/11/2012

Cativante, emocionante e dramático
A arte de contar histórias, talvez seja um dos ofícios mais antigos do mundo, não há registro oficial de quando e onde ela apareceu, o que se sabe apenas é que antecede a linguagem escrita. Acredito que ela surgiu da necessidade que o homem tinha de perpetuar para as próximas gerações o seu cotidiano e fatos importantes da sua vida e história, e isso, na época, não era feito apenas com as palavras, mas também com desenhos e gestos. Creio que pensando nisso o escritor chileno Hernán Rivera Letelier, nos brinda com uma obra única, singular e comovente: "A Contadora de Filmes".


Toda a trama se desenvolve no deserto do Atacama, Chile, e conta a história de Maria Margarida, a caçula de cinco irmãos, que além de protagonista, é também a narradora dos fatos.
A saga de Maria Margarida, como contadora de filmes, tem início quando o pai, já não tendo mais condições de mandar todos os filhos ao cinema de uma vez, resolve fazer um concurso entre eles. Manda um por vez assistir a um determinado filme, e ao voltar, contá-lo para toda a família, aquele que contasse melhor, se tornaria o contador oficial da casa. Maria Margarida ganha a competição. A sua forma de contar os filmes é tão envolvente, emocionante e dramática, que em pouco tempo torna-se a melhor contadora do seu povoado. Sua fama corre junto com o vento, pessoas de outros lugares começam a vir até sua casa para vê-la contar os filmes. Aproveitando-se desta oportunidade, ela começa a cobrar pelas sessões, e investe parte deste dinheiro no "negócio", caracterizando o ambiente e a si mesma de acordo com o filme a ser narrado. O empreendimento ia tão bem que a nossa Contadora, começa a atender em domicílio, geralmente seus contratantes eram pessoas velhas e doentes que tinham dificuldade de ir ao cinema.

As coisas estavam indo bem para Maria Margarida, no entanto, uma série de acontecimentos (que eu não vou contar, senão tira a graça) fez com que sua vida virasse de pernas para o ar. A partir desta combinação de fatos sua família se desintegra, cada um vai para o seu lado e Maria Margarida se vê sozinha no mundo, tornando-se presa fácil de galanteadores inescrupulosos. Neste ponto, a narrativa ganha um ar extremamente emocional e dramático, leitores mais sensíveis, talvez até derramem algumas lágrimas.
Apesar de todo sofrimento, nossa Contadora mostra uma maturidade incomum para meninas da sua idade, enfrenta todos os problemas e obstáculos da sua vida com muita coragem e até uma certa altivez. No final vocês vão entender o porquê desta altivez.

"A Contadora de Filmes", é, além de tudo, um livro revelador, pois nos mostra os conflitos entre realidade e imaginação; adolescência e vida adulta; simplicidade e tecnologia; passado e futuro. O livro é fácil de ler, tem apenas 106 páginas, divididas em pequenos capítulos, que podem ser devoradas em apenas 1h de leitura ininterrupta. A diagramação do livro é um charme a parte, lembra uma película de cinema, parabéns para quem teve a ideia.

Independente de você ter lido o livro ou não, deixe um comentário compartilhando suas impressões e opinião conosco.

Um abraço e boas leituras!!!

http://www.ovendedordelivros.com.br/
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Súh 26/06/2022

Encantador
Nunca subestime um livro curtido, ele pode ser carregado de grandes emoções.
Leitura fácil e cativante.
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Alexandre 19/05/2020

Um retrato de como a pobreza e a falta de oportunidades vai aos poucos matando os sonhos e moldando a vida.
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Andréia Meireles 23/05/2012

De tirar o fôlego
Achei esse livro maravilhoso. É de tirar o fôlego. Li de uma tacada só. Consegui gargalhar e me emocionar em questão de algumas páginas.
A parte gráfica do livro é um ponto à parte... simula uma película de cinema, simplesmente genial a idéia.
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Sabrina 09/06/2020

Bonito e triste
O livro mostra como é bonita a inocência e criatividade das crianças, que mesmo em meio a miséria conseguem ter felicidade, também mostra os perigos que elas correm.
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Sabrina 01/07/2021

Filmes tem começo, meio e fim...
Livro belíssimo, com uma narrativa leve que nos conecta na história como se alguém estivesse lhe contando um filme.

História que no meio nos leva a acreditar que terá um final feliz de filme clássico de superação, mas o final nos faz voltar a realidade triste da solidão e pobreza onde podemos repetir os erros dos outros sem que, si quer, percebermos.
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Paty 31/01/2014

"Ao apagar as luzes todos se endireitavam e ficavam duros na frente da tela. Eu não. Eu virava a cabeça para ver aparecer o raio de luz que saía pelas janelinhas do quartinho de projeção e percorria o espaço sobre nós até se chocar com a tela e explodir em imagens e sons. (…). Eu achava um prodígio que aquele jorro de luz pudesse transportar coisas tão impressionantes como trens perseguidos por índios a cavalo, barcos de piratas em mares de tormenta e dragões verdes exalando fogo por suas sete cabeças."

Como não se apaixonar de cara pela Maria Margarita, que além de narradora é também a protagonista dessa novela curtinha do chinelo Hernán Rivera Letelier, impossível!! A contadora de filmes tem como cenário o deserto chileno [acredito que seja o Atacama, já que ele não é citado no livro] que abriga um povoado de mineiros que sobrevivem da extração de salitre. Nessa seca ambientação, onde a vida segue arenando o corpo e as emoções, como o deserto e o próprio salitre, onde as possibilidades de diversão são quase nulas, que nasce e cresce Maria Margarita, caçula de uma família que tem mais 4 filhos, e que, juntos, vêm na pequena sala de cinema que existe no lugar a residência de suas esperanças e sonhos, é lá que se encontra a diversão daqueles que ainda podem pagar para assistir a uma fita.

"Quando ela [a mãe da personagem] nos abandonou, do mesmo jeito que meu irmão começou a gaguejar eu me cobri de piolhos brancos. As vizinhas diziam que esse tipo de piolho aparecia quando a gente tinha alguma dor na alma. E coo a dor era pela minha mãe, comecei a comer os piolhos de amor por ela.
Tanto assim eu amava minha mãe.
Tanto assim eu sentia falta dela.”

Aos dez anos de idade, após vencer um concurso idealizado pelo pai, Maria passa a assistir e a contar em casa, para o pai e os irmãos, os filmes que estavam em cartaz no cinema; já que, após sofrer um acidente de trabalho, o pai de Maria Margarita, fica paralítico da cintura para baixo e só garante, a partir de então, o seu sustento e o dos filhos graças à pensão que passa a receber da mineradora, mas apenas por ter sido um trabalhador que nunca faltara ao serviço; a mãe, tendo se casado muito jovem, como era comum naqueles tempos, e provavelmente por se ver cansada da má sorte da vida, abandona o marido e os filhos. Sendo assim, fica fácil entender porque era impossível permitir que todos frequentassem o cinema da mesma forma que faziam antes do acidente do pai.

"Sua filha é uma fada contando filmes, vizinho, e sua varinha mágica é a palavra. Com ela, nos transporta.”

Logo a desenvoltura, boa memória e a criatividade de Maria Margarita se fazem notórios entre os vizinhos e mais adiante em todo o povoado, que acaba por tornarem-na a contadora oficial de filmes, e o melhor, pagando por seus serviços! Maria não apenas narrava os filmes, ela interpretava, apropriava-se das personagens e das histórias, cantava também, já que via a muitos musicais e, não raro, principalmente, quando antevia uma ponta de dor que o filme poderia trazer ao pai, recriava seus finais.E com toda essa notoriedade, sentindo-se realmente uma diva no auge do seu sucesso, acaba por mudar seu próprio nome para nada mais nada menos que Fada Docine.

No entanto a vida real não é tão bela e nem sempre tem o final feliz como no cinema... Muitos são os dramas, conflitos e dificuldades porque passamos, e nessa história não é diferente; após o término de sua apresentação, a vida retoma seu curso, com suas dores, dificuldades, vazios e lembranças, que atingem Maria Margarita em cheio, e nos mostrando que com sua escrita clara, direta e nada melosa, o autor nos brinda com uma personagem forte, que se entrega aos seus sonhos sem lamúrias e que simplesmente aceita a vida com uma espécie de resignação suave, doce... E o autor ainda fala, sem cair no chavão panfletário, dos aspectos sociais e políticos do Chile da década de 50, da queda do presidente Allende; e vamos lendo tudo isso como se estivéssemos diante de uma tela de cinema, pois a edição da Cosac Naif nos permite, lindamente, esse delicioso devaneio...

Postado originalmente no blog Alma do meu sonho:

site: http://almadomeusonho.blogspot.com.br/2014/01/a-contadora-de-filmes-hernan-rivera.html
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