Ao anoitecer

Ao anoitecer Michael Cunningham




Resenhas - Ao Anoitecer


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Pablo.Florencio 15/04/2024

Nova Iorque, Artes e um amor proibido
Com cerca de 40 anos, Peter vê sua vida e seu casamento em crise. Tudo piora com a chegada do seu cunhado, Mizzy, um dependente químico, lindo, com o qual Peter se apaixona e se descobre. Nasce, então, esse desejo proibido, entretanto tentador.
Uma história envolvente, além de muito bem detalhada a partir do aprofundamento dos sentimentos e do psicológico de Peter.
Às vezes, é até cansativo estar na cabeça de um homem de 40 e tantos anos, mas não deixa de ser extremamente interessante. Talvez só seja cansativo por causa dos vários parágrafos enormes que o autor faz. Talvez não.
Bele 15/04/2024minha estante
Eu entendi errado ou ele se apaixona pelo cunhado?


Pablo.Florencio 15/04/2024minha estante
ele realmente se apaixona pelo cunhado




Deb 23/12/2022

Como a liberdade do outro pode influenciar aqueles sujeitos que aparentemente vivem uma vida perfeita
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Edinardo.Junior 03/07/2020

Arte e envolvimento
Em alguns momentos senti o enredo arrastado e com muitas linhas de contextualização. No entanto, em meio a esses devaneios aparece bastante referências de arte, arquitetura e do meio urbano. Bem interessante conhecer um pouco os bastidores do mundo das artes.
Sobre Mizzy, sem comentários para evitar spoiler .
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José Carlos 17/06/2020

Crise!
A famosa crise dos quarenta anos! Neste livro, somos apresentados a Peter, com sua vida profissional estabilizada, mas com um casamento desgastado pelo tempo, e uma filha de 20 anos que podemos considerar quase secundária nesta história! O estopim da crise é a chegada de seu cunhado, usuário de drogas (que teoricamente estava um ano sem usar), no auge da beleza e juventude, sem planos para o futuro! Ao finalizar, percebi que duas interpretações podem ser feitas nesse livro! Uma simples e obvia, e outra que possivelmente até o personagem principal possa não ter percebido!
Recomendo!
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jota 19/08/2013

Quarenta anos: idade da razão?
Resumo da ópera: Peter Harris, galerista, e sua mulher Rebecca, editora de uma revista de arte, estão a caminho de uma festa de amigos, em Manhattan. Mas um cavalo, desses que puxam carruagens de turistas em Nova York, é atropelado por um automóvel e morre atrapalhando o trânsito. Mas não completamente o sábado do casal, que depois vai terminar, já na madrugada, num ato sexual narrado com muitos detalhes.

Enquanto presos num taxi, marido e mulher também conversam sobre o que parece ser um problema: receber no loft, por algum tempo, Mizzy, ou Mistake (erro, engano) ou Ethan, rapaz de 23 anos, irmão mais novo de Rebecca, que já foi viciado em drogas (mas parou, de fato?), não concluiu seu curso em Yale e tampouco tem um emprego fixo. Ele vem para uma temporada com a irmã e o cunhado; diz que quer aprender algo sobre arte. Isso depois de passar algum tempo fazendo meditação no Japão e dar uma esticada até Copenhague.

Também conhecemos outros personagens secundários, habitantes de Manhattan e de outros pontos de Nova York: milionários, artistas, colecionadores de obras de arte, galeristas, etc. Parece que estamos diante de gente que também poderia frequentar as páginas dos livros de Paul Auster. Elas discorrem sobre música, filmes, livros, pinturas, artistas, etc. Mas a coisa toda não é apenas isso, que Ao Anoitecer é uma obra de Michael Cunningham e, para ele, sexo tem (como Peter nos confessa a certa altura sobre Rebecca) cheiro de camarão fresco.

Então, temos aqui Peter ainda no passado, um garoto de treze anos em busca de odores corporais que poderão estimulá-lo em suas seis masturbações diárias, e que se põe a cheirar o maiô recém-usado de uma garota que o irmão mais velho convidou para passar o final de semana com a família.

A milionária que recebe os amigos no sábado tem pendurado no banheiro social um caro desenho para ser apreciado por quem vai urinar ali. Outros milionários que Peter e Rebecca conhecem podem comprar de algum artista, por um alto preço, uma pedra enfeitada com penas e pedaços de pano ou barbante (algo semelhante a um grande ovo num ninho), e dar-lhe status de obra de arte. (A capa do livro mostra um homem olhando para um quadro em branco. Isso parece representar a ironia que de vez em quando é destilada por Cunningham ao longo de todo o volume).

Já morando no loft de Peter e Rebecca, Ethan é surpreendido nu duas vezes pelo cunhado: tomando banho, e numa madrugada, insone, na cozinha. Peter, que parece ser um heterossexual convicto, fica perturbado com aquela visão, como se o cunhado, com seu corpo jovem e perfeito, fosse assim um desses modelos renascentistas que posavam para os grandes pintores. Ou para as esculturas de Rodin. E Peter, um sujeito sensível, pois se não é um artista, pelo menos vive entre artistas e obras de arte, sucumbe à beleza do cunhado. Ter um caso desses daria o que falar, claro, mas também seria seu pontapé na vidinha chata que leva. Vida que não era assim tão ruim até Ethan chegar.

Mesmo que questões (ou elucubrações) artísticas sejam colocadas por Cunningham aqui e ali, do jeito que toda a história foi construída parece que não sobra ao leitor (ou aos turistas que ainda passeiam de carruagem por Nova York) senão fazer a seguinte pergunta: Peter e Ethan vão ter um caso, de fato; ele vai trocar a mulher pelo irmão mais novo dela? Pois Peter começa a pensar nisso e em alguns devaneios ele vê em Ethan a própria Rebecca jovem e viçosa da juventude, diferente da mulher de quarenta anos de agora.

Ethan, que era visto especialmente pelas irmãs e pelos pais como um príncipe encantado (e que veio a Nova York sem cavalo, espada, coroa e cetro), também se apaixonou por Peter (afinal de contas ele beijou o cunhado na boca em duas ocasiões e já declarou seu amor por ele, que teria começado ainda em criança, sentado em seu colo, ouvindo-o ler uma historieta) ou está apenas usando o cunhado (e também Rebecca) com segundas intenções? Como tudo isso vai acabar? Esse suspense não é colocado pelo autor (que flutua bem acima de nossos pensamentos), mas pelo leitor comum, pelas razões apresentadas antes.

Este é o segundo livro de Cunningham que leio; o outro foi o premiado As Horas, que me pareceu superior (ou mais complexo e envolvente) a Ao Anoitecer. Que, mesmo não sendo uma obra excepcional, tampouco é decepcionante, pelo contrário. Mas uma nota cinco talvez fosse demais, e quatro, de menos. Então fico com a inexistente 4,5.

Lido entre 17 e 19/08/2013.
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Daniel 04/05/2013

As Frustrações da Maturidade
Depois de escrever sobre adolescentes/jovens adultos, sobre a família e sobre as mulheres, Michael Cunningham foca agora num personagem masculino maduro, Peter Harris. Ele é um marchand que vive em Nova York, que vê a estabilidade do seu casamento e o conforto da sua vida serem abalados pela presença do seu cunhado, Mizzy, este muito bem munido de armas poderosas: juventude e beleza. Enfrentando a crise da meia idade, Peter Harris será colocado à prova.

Os capítulos funcionam como se fossem contos, todos têm uma unidade, tem um começo, meio e fim, por assim dizer. O primeiro é sobre o casal nova-iorquino, Peter e Rebecca, num taxi, indo a uma festa; o segundo é uma visita de Peter ao Metropolitan, acompanhado de uma amiga marcada pela idade e pela doença; o terceiro, o excelente “O irmão dela”, conhecemos a história da família de Rebecca, e o encantamento que isso causa em Peter; o quarto, “A História da Arte”, acompanhamos a parte burocrática do trabalho de Peter (e este capítulo é meio chato; felizmente, só este). E assim por diante, numa melhora crescente.

O leitor acompanha o envolvimento (apaixonamento?) de Peter por Mizzy, seu jovem, belo e transgressor cunhado, enquanto este tenta se livrar do seu vício em drogas. Mas, ao contrário do protagonista, o leitor fica (pelo menos eu fiquei) com um pé atrás, desconfiado se Mizzy está realmente correspondendo ao sentimento de Peter, ou se tudo não passa de uma artimanha, para ter um trunfo, uma carta escondida na manga.

Michael Cunningham acerta demais quando permeia seus textos com reflexões (“Será que jamais damos a alguém o presente que a pessoa realmente deseja?”), impressões sobre a arte e a não-arte, sobre as perdas e ganhos da vida, sobre os desencontros e desconexões com pessoas queridas (com o irmão Matthew, prematuramente falecido; com a filha Bea, que foi morar longe dos pais), sobre a estranha atração pelo wild side, sobre a sensação de ter fracassado em algum ponto, por mais privilegiado que se seja; sobre essa coisa às vezes tão confusa que é viver. E faz isso me maneira brilhante, arrebatadora. Não é um livro para se ler às pressas, de maneira descuidada. Pois muita coisa é sugerida, nada é muito explícito, há muito nas entrelinhas.

Naquele famoso livro sobre um garoto que não queria crescer e que também se chamava Peter, há um trecho assim:
"Tome cuidado, ou o destino vai acabar lhe oferecendo uma aventura que, se você aceitar, vai mergulhá-lo na mais profunda tristeza."
É este o dilema que Peter Harris vai ter que enfrentar: aceitar - ou não - a aventura que o destino lhe colocou nas mãos.

Michael Cunningham é um escritor extraordinário. Quem já leu "Uma casa no fim do mundo", "Laços de Sangue" ou "As Horas" sabe do que estou falando. Ele errou a mão em "Dias Exemplares", mas voltou a acertar neste "Ao Anoitecer".
Arsenio Meira 11/10/2013minha estante

Daniel, dentre outros livros que leio simultaneamente, estou lendo mais um Cunningham. No meu caso, tenho lutado contra visões/influências de livros excelentes, magistrais, escritos pelo mesmo autor, como você bem lembrou: "Uma casa no fim do mundo", "Laços de Sangue" ou "As Horas".

Escrevo isto para animar-me, pois em relação a "Uma casa no fim do mundo" e "As Horas" (não li "Laços de Sangue" ainda), "Ao Anoitecer" é um Cunningham em grau um pouco menor.

Na verdade, em relação ao magistral "As Horas", "Ao Anoitecer" já virou dia, rsrsr (com o perdão do trocadilho.)
Ps - Mas convenhamos: Cunningham não é Shakespeare (ninguém é ou será), e ainda assim já escreveu dois grandes livros, já clássicos, no melhor sentido do termo. Portanto, é um dos expoentes da literatura contemporânea no mundo. Merece todos os créditos.




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