A peste

A peste Albert Camus




Resenhas - A Peste


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Bookster Pedro Pacifico 18/08/2020

A peste, de Albert Camus - Nota 9/10
Acho que não preciso explicar o motivo de ter escolhido essa leitura para o momento… Confesso que no começo da quarentena não fiquei com vontade de iniciar a leitura. Até porque, não bastasse o assunto da pandemia estar sendo falado por todos os lados, achei que a hora da leitura poderia ser uma “fuga”. E pela simples sinopse você já percebe as semelhanças com o momento atual que vivemos: a cidade de Orã, na Argélia, é tristemente surpreendida por uma doença que passa a vitimar a população. ⁣

Mas, com o tempo, acabei ficando curioso principalmente para entender de que forma o autor teria abordado o comportamento da sociedade em uma situação como a que estamos vivendo. Seria possível “antecipar” todo esse caos, angústia e incerteza? ⁣

Para a minha grande surpresa, há inúmeros paralelos entre a dinâmica da disseminação da doença em Orã e o alastramento da COVID pelo mundo. Já começa pela própria descrença de muitos com a seriedade da doença logo após os primeiros casos. Ninguém sabia o que estava acontecendo e a intenção inicial era evitar um pânico da população. No entanto, com o desenvolvimento da peste, medidas mais sérias tiveram que ser tomadas e a cidade de Orã se vê fechada para o resto do mundo. O leitor acompanha toda essa situação a partir da perspectiva de um médico, Dr. Bernard Rieux, e de outros personagens que estão de alguma forma relacionados com Rieux.⁣

Não vou me debruçar mais sobre o enredo, porque acho interessante que o leitor vá entendend as consequências que a doença traz para aquela cidade de acordo com o ritmo proposto pelo autor. Mas já adianto que, apesar da temática, a leitura não é tão fluida - até porque a densidade dos textos é uma característica de Camus. Por isso, leia aos poucos, sem pressa e sabendo que a peste - como doença é - é utilizada pelo autor como a porta de entrada de diversas outras discussões e reflexões que a obra desperta. Inclusive, há quem afirme que “A peste”, publicada em 1946, seria uma alegoria da atrocidade da ocupação nazista. Recomendo!⁣

site: http://instagram.com/book.ster
Juliana 12/09/2020minha estante
Também li esse livro na quarentena. Eu levei um bom tempo para terminar justamente por a leitura não ser tão fluida, como eu prefiro, mas de maneira alguma, isso diminui a escrita brilhante e tão cheia de ensinamentos e significados. Eu queria sair grifando o livro todo.


Ferreira.Souza 14/10/2020minha estante
o livro não tem um único personagem feminino que preste


Bruna Guimarães 16/10/2020minha estante
Achei a leitura difícil, um ótimo potencial, porém chato de ler


Ferreira.Souza 16/10/2020minha estante
as mulheres são tão secundárias na obra desse autor que me desestimula


Orochi Fábio 05/05/2022minha estante
Acabo de ler: é excelente!!!!




Clio0 05/05/2022

Um dos livros mais vendidos durante a pandemia da COVID foi uma obra publicamente originalmente em 1947. Por que A Peste se tornou tão popular durante o período de confinamento? A resposta é dolorosamente simples e se revela em quase trezentas páginas de narração minuciosa sobre o ataque de peste bubônica na cidade de Orã.

Há uma grande similaridade entre as medidas descritas e aquelas a que fomos sujeitados não muito tempo atrás... e tem-se que tomar cuidado para que o pasmo não sobrepuje o verdadeiro tema da obra e seu valor intrínseco: A vida não tem significado e seu valor é aquele que lhe é dado.

A história é apresentada pelos olhos do médico Rieux que permanece no município e que apresenta as diferentes facetas que um evento dessa magnitude pode e normalmente acarreta. Assim, temos a discussão teológica, a ideologia, o trauma, o desespero e a vantagem.

Esses arquétipos são revelados na figura de amigos e conhecidos de Rieux que participam não dos acontecimentos - pois não há reviravoltas ou, de fato, qualquer ação na trama. Não que elas sejam inexistentes; cada momento parece ser pensado para que a tragédia pessoal evoque o sentido de que a impotência é o mote da vida.

Nenhum ato ou característica especial infere ou induz a pensar que alguém será poupado por algo que não a simples sorte.

A melhor maneira que encontrei para definir A Peste é que ela em sua proposta filosófica refere-se quase que integralmente a uma crônica de jornal ou um tratado histórico.

Recomendo.
Brenda 06/05/2022minha estante
De camus só li "o estrangeiro" e o "mito de sísifo", já quero chegar nessa obra dele tbm, que parece maravilhosa


Lelouch_ph 18/06/2022minha estante
Eu amei essa obra.




Rosangela Max 15/04/2022

Não é meu livro preferido do autor, mas me impressionou.
Efetuar esta leitura após vivenciar uma epidemia foi uma experiência e tanto.
A forma como foi contada cada parte, desde o surgimento da Peste até a lenta retomada ao cotidiano pós caos, foi feita com maestria.
Os sentimentos de surpresa, confusão, desespero, impotência, luto, esperança e superação foram capturadas de forma sensível e, em alguns momentos, intensa. A sensação que permaneceu é de que nada mais será como antes, tanto na história fictícia quanto na real.
Mais uma vez Albert Camus apresentou uma escrita poderosa.
É uma história com pouca ação e achei que ficou cansativo pra mim, mas valeu a pena a experiência de leitura.
Recomendo.
von bora 15/04/2022minha estante
que resenha!


Pedróviz 15/04/2022minha estante
Li há muitos anos e me ficou uma boa impressão embora não lembre quase nada do livro. PRECISO reler.




DIRCE 16/01/2015

Assassino de almas
Iniciei a leitura do "A Peste" acreditando que Camus não conseguiria mais me surpreender, porém, já no primeiro capitulo, antevi que eu tinha nas mãos uma obra genial que iria me tirar do embotamento de pensamentos e que, mais uma vez, seria levada a refletir.
Os habitantes da fictícia, da sem atrativos Orã -cidade ancorada na costa argelina - viviam o marasmo de uma vida rotineira ( meu entendimento: eles viviam suas vidas como viviam os habitantes de qualquer cidade real) até que no ano de 194... a morte chegou por meio dos ratos mortos e dá- se início uma luta inglória: a morte vencendo a vida.
Dentre as análises existentes sobre A Peste, uma delas é de que o livro seria uma metáfora à ocupação da França pelas tropas de Hitler – como eu disse: uma delas. Sim, porque a riqueza do texto permite várias leituras.
Temas recorrentes nos livros de Camus como a pena de morte, a guerra, a crença, a solidão, o suicídio, a busca pela felicidade são tratados no A" Peste", mas o que nele sobressai é a importância da solidariedade. O Dr. Rieux deixa de lado seus problemas pessoais para socorrer os moribundos. Penso que é na reação do Dr. Rieux frente à epidemia que repousa as reflexões de Camus sobre o Absurdo.
Os números de mortos crescem e medidas são necessárias: é formado um mutirão para enterrar os mortos, socorrer as vítimas,encaminhá-las à quarentena . A cidade é isolada ( um muro invisível se ergue: do Absurdo – a rotina ,previamente estabelecida, foi quebrada pela epidemia e as pessoas são levadas às reflexões) .Um dos integrantes do mutirão é o jornalista Rambert que ansiava em deixar à cidade e ir ao encontro da sua felicidade, e foi ele o responsável pelas palavras mais contundes e emocionante que, até então, eu me deparara: rebatendo a afirmativa do Dr. Reux de que não era vergonha escolher a felicidade ele diz (pag. 198): “ - Sim, mas pode haver vergonha em ser feliz sozinho.” ( que sacudida!!!)
Mas...em se tratando de Camus é impossível ser sacudida somente por meio de um diálogo. O livro tem o impacto de um atentado terrorista. Hein? Atentado terrorista? Ah, trata –se somente da confirmação do que eu previ no início da leitura: que eu seria levada às reflexões. Rieux fez uma profecia. De fato, o bacilo somente ficou adormecido por dezenas de anos para despertar no ano século XXI, não sob a forma de um bacilo mortal, mas na forma de um vírus que se propaga não somente em um cidade feliz, pois ele sofreu mutação e se transformou em um vírus impiedoso capaz de romper fronteiras e de contaminar as pessoas. Um vírus que corrompe, que provoca a intolerância, o desrespeito, o radicalismo , torna as pessoas violentas – matam com frieza e crueldade quer seja por uma pedra de craque, quer seja em nome de Deus. Um vírus que surge na forma de propina, na forma do medo, na forma do descaso, na forma do que tudo pode em nome da liberdade de expressão e na forma do terrorismo. O bacilo despertou e, hoje, ele mata a ALMA do homem.
Mesmo diante desse cenário, não vamos nos deixar abater pela angústia. Vamos dar um crédito às palavras de Reux - afinal, sua profecia se confirmou-: “ há no homem mais coisas a admirar que a desprezar” .
Sabe aquele livro que depois de um tempo está novíssimo, com a aparência de que nunca foi manuseado? Minha profecia: com certeza meu exemplar do “A Peste” não se encontrará assim, já que ele permanecerá ao meu lado por muito tempo: na minha cabeceira, na minha bolsa, enfim: um livro que irei reler, reler, ... e reler. Será muito manuseado, portanto.

Ricardo 01/05/2016minha estante
Uau! Acho quer nunca vi uma resenha tão bem escrita na vida! :O


Ewerton 18/10/2017minha estante
Precisava ler esta resenha. Peguei emprestado "A Peste". Sua resenha me deixou mais instigado a ler este livro e a conhecer a obra de Camus.


Lucas 10/11/2018minha estante
Bela resenha. Se tiver oportunidade, lerei "A Peste" novamente também.




Victor Dantas 19/01/2021

“A Peste” em tempos de Corona Vírus. #36
Quando a realidade escreve a ficção.
Já dizia Milton Santos, que para compreender qualquer fato social é necessário, sobretudo, considerar a totalidade, sendo esta marcada e expressada em tempos e espaços distintos, e produzida a partir do sistema de objetos, técnicas e ações.

Dito isso, ao se deparar com a realidade do ano de 2020, em que eclodiu a pandemia Covid-19, muito se discutiu além dos efeitos e consequências, os valores humanos, individuais ou coletivos, que foram colocados em cheque diante da realidade atual. Uma das vertentes que foram utilizadas para fazer a leitura desse momento, foi a Arte. A arte como um todo.

Sendo assim, a arte literária, foi uma das mais utilizadas, principalmente a ficção, em destaque para as obras de ficção científica e as obras distópicas. Nós recorremos a José Saramago, com “O Ensaio sobre Cegueira”, nós recorremos a Gabriel García Marquez, com “O Amor nos tempos do Cólera”, ao Albert Camus, com “A Peste”, e dentre obras que trataram de discutir sobre flagelos e a crise da humanidade.

Eu, particularmente, recorri a obra de Albert Camus. Tomo agora a liberdade de fazer uma análise não só da obra em si, mas tentar a partir dela fazer uma leitura (pessoal) da realidade, em qual eu também estou vivenciando.

Publicada em 1947, “A Peste”, trata-se de uma obra alegórica onde o Albert Camus discute, metaforiza e associa a invasão das tropas alemãs na França, durante o período nazista, com uma epidemia que assola a cidade de Orã na Argélia, sendo este o enredo principal da obra.

A filosofia aqui inserida é a do absurdo. Pensamento central do Camus que inicia em “O Estrangeiro” (1942), e está presente em toda sua obra. No entanto, em “A Peste”, o Albert Camus insere uma nova ideia: o absurdo é universal.

O núcleo principal de personagens é formado por: Rieux, o médico; Tarrou e Rambert, os jornalistas; Joseph Grand, funcionário público.

Narrado em 3ª pessoa, e aqui destaco o quão perspicaz é o narrador dessa história, somos apresentados inicialmente, a cidade litorânea de Orã na Argélia, que segundo o narrador é “uma cidade comum e não passa de uma prefeitura francesa na costa argelina” (pg. 9).

É importante lembrarmos que a Argélia foi colônia francesa durante décadas, e só teve sua independência declarada no ano 1962, tendo sido antecedida pela Guerra Argelina (1954-1962).

A partir daí, acompanhamos o cotidiano do médico Rieux, que tem uma rotina comum a todo profissional de saúde. Um dia, ao sair do seu apartamento em direção ao hospital, Rieux se depara no corredor com um rato morto.

Esse acontecimento, causa uma inquietação no médico, quando ele percebe que nas ruas da cidade, as pessoas começam a comentar sobre a incidência repentina de vários ratos mortos, tanto dentro de casa quanto nas calçadas.

Os ratos tomam a cidade. A situação se torna alarmante quando, em uma semana mais de 6 mil ratos são encontrados mortos, e incinerados pela a vigilância sanitária da cidade, mas a coisa não para por aí.
Dias depois, começam a se manifestar na cidade casos de febres, vômitos, furúnculos e manchas no corpo.

Como toda epidemia é precedida de dúvidas, ceticismo, tanto por parte dos governantes quanto da população, os casos vão aumentando gradativamente até que se instaura na cidade o estado de pânico entre a população.

O pânico se torna uma realidade. Os casos se tornam uma epidemia.
Declara-se estado de Peste. Quarentena.

E é partir disso que a história se desenrola, e tudo acontece. Entramos em contato com o caos, a crise, o medo, o egoísmo, a morte... o absurdo.

A cada página que eu virava eu me deparava não só com a sociedade de Orã, mas com a sociedade do mundo, do Brasil. Eu me deparava não só com a Peste de 1947, mas com a pandemia Covid-19 de 2020.

É assustador e ao mesmo tempo incrível, como a arte consegue capturar e externalizar a realidade de uma forma muito palpável, sensitivo, a ponto de fazer com que a gente confunda, ou melhor, una a arte e realidade, em uma dimensão “transliteral”.

Muitos disseram que o Albert Camus foi visionário, e talvez tenha sido realmente, no entanto, ao meu ver, ele foi visionário não por prever uma peste, afinal, estamos falando de uma obra alegórica, mas visionário por compreender e criticar uma sociedade regida pelos interesses individuais, pelo fetiche do poder, pelo darwinismo social, e ao final, fazer uma síntese de que em tempos de crise e falência da humanidade a peste é social, muito mais que sanitária.

“Havia os sentimentos comuns, como a separação ou o medo, mas continuavam a colocar em primeiro lugar as preocupações pessoais. Ninguém aceitara ainda verdadeiramente a doença. A Maior parte era sobretudo sensível ao que perturbava os seus hábitos ou atingia seus interesses. Impacientavam-se, irritavam-se e esses não são sentimentos que se possa contrapor à peste. A primeira reação, por exemplo, era culpar as autoridades” (pg. 77).

Ao ler essa obra em janeiro de 2021, no meio de uma pandemia que já completa 1 ano, inserida em uma sociedade higienista, materialista, excludente e individualista, em qual debate central tem sido “salvar vidas ou salvar a economia?”, pude perceber que ideia do Albert Camus ao dizer que “O mal que existe no mundo provém quase sempre da ignorância...” (pg. 125), é mais que verídica. É expressiva. Vivida.

Por fim, finalizo com uma citação dentre as inúmeras que essa obra possuí, e que nos leva a reflexão:
“O que é natural é o micróbio. O resto – a saúde, a integridade, a pureza, se quiser – é um efeito da vontade, de uma vontade que não deve jamais se deter” (pg. 236).

Leia. Confronte-se.

Playlist inspirada no livro:
We Never Change - Coldplay
Epiphany - Taylor Swift
To Be Human - Marina and Diamonds
Chained to the Rhythm - Katy Perry
Hard Times - Paramore
When the World Was At War We Kepting Dancing - Lana Del Rey

Thales 19/01/2021minha estante
Dois craques, Camus e você! O diálogo de certas obras, como essa, com o momento atual é um assombro mas mostra que a humanidade insiste nos mesmos erros reiteradamente. Será que um dia a gente aprende? ?


Alexandra.Sophia 19/01/2021minha estante
?????


Victor Dantas 19/01/2021minha estante
Thales, pois é, exatamente isso! Kkrying.


Aline Michele 20/01/2021minha estante
Uau que resenha magnífica, adorei!


Victor Dantas 20/01/2021minha estante
Oi Ale, obrigado :)




tguedes2 04/04/2022

2020 outra vez
Eu realmente não quero escrever uma resenha muito extensa sobre A Peste. Estou mentalmente exausta depois dessa leitura, parecia que estava vendo 2020 se desenhar diante dos meus olhos outra vez. É uma leitura bem opressiva, principalmente para nós que vivemos uma pandemia e sofremos o exílio e a separação na pele.
A escrita de Camus é bem objetiva e muito me agradou toda a construção da negação de figuras heróicas e de como o flagelo coletivo obriga o homem a agir.
Não sei se foi o momento certo pra ler esse livro, mas com certeza indico a leitura.
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Otávio - @vendavaldelivros 01/10/2020

"Se você quiser filosofar, escreva romances". A frase de Camus que abre a orelha dessa edição é um aviso de que esse livro é mais do que uma ficção comum. Na verdade, é mais do que se pode imaginar em situações convencionais. A Peste, de Albert Camus, narra a história de uma cidade chamada Orã na Argélia, que é acometida pela peste. A obra, feita em 1947, é uma analogia à invasão e ocupação nazista d França, na Segunda Guerra Mundial. Esse, por sinal, foi o principal motivo que me despertou o interesse pela obra, há um dois anos atrás.

Resolvi ler A Peste em um momento singular. Vivemos a maior pandemia dos últimos cem anos, em quarentena, com medo de uma doença nova que cresce assustadoramente. Confesso que tive medo do que esse livro poderia trazer nesse momento e em qual lugar ele me deixaria. As comparações com o que vivemos hoje são inevitáveis. O comportamento da sociedade de Orã com a peste, o começo ignorando sua violência, o medo, a depressão e, por fim, a aceitação depois da destruição.

Porém, é nítido também como o livro expressa muito bem no seu simbolismo como o Nazismo agiu, chegando como algo sem importância e terminando como uma situação de total domínio sobre uma sociedade. Regimes totalitários florescem em sociedades tomadas pela ignorância e pela normatização de coisas que não são normais. A Peste é uma aula de sociologia, de pensamento profundo e comportamento de seres humanos. Um livro sensacional a cada virada de página. Em meio a tudo que vivemos e viveremos, conhecer Camus é um privilégio.

site: https://www.instagram.com/p/B-783Jwn7AA/
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Juliete Marçal 24/04/2020

A peste acorda os seus ratos.
"Na nossa pequena cidade, talvez por efeito do clima, tudo se faz ao mesmo tempo, com o mesmo ar frenético e distante."

O livro conta a história de uma epidemia à cidade argelina de Orã. Temos como personagem principal o médico Rieux, que combate a doença até o momento em que ela se dissipa, depois de muitas mortes. O narrador da história descreve como a população reage, indo da apatia à ação, e como alguns se expõem a risco para enfrentar a disseminação da peste.

"É a peste, tivemos peste."

O leitor é apresentado à uma cidade normal e tranquila que se vê obrigada a sair da zona de conforto e a lidar com um imprevisto no mínimo devastador. A partir disso, o autor nos descreve diversas situações que são provocadas pela epidemia: a hesitação das autoridades em tornar pública a doença, a desinformação, o aprisionamento (a quarentena e o fechamento das portas da cidade), a falta de comunicação, o alto preço dos alimentos, os aproveitadores que lucram com o comércio paralelo, a histeria, a apatia, a morte e as pessoas comum tentando sobreviver à peste.

"Mas se havia exílio, na maior parte dos casos era o exílio em casa."

A narrativa deixa evidente o sofrimento que a população passa desde as mortes até o momento que ocorre a quarentena. As descrições do hospital e dos enterros são impactantes. Em cada página é possível perceber que o autor tem a intenção de mostrar as coisas como são de fato. A maneira como algumas das mortes são descritas pelo narrador, nos faz senti-las de uma forma mais direta e forte, como por exemplo, a morte extremamente sofrida de uma criança.

A todo momento, o livro, sugere reflexões e nos faz questionar acerca de como nos colocamos diante dos outros, principalmente quando esses estão em situação de risco. Ele nos faz pensar na ideia do coletivo. Nesse sentido, independente das diferenças de classe, os problemas que nos atingem como sociedade passam a ser de todos.

" E, afinal, ve-se que ninguém é realmente capaz de pensar em ninguém, ainda que seja na pior das desgraças."

Penso que cabe destacar também que a peste promove uma morte da empatia: algumas pessoas começam a perder os sentimentos. Elas desenvolvem uma certa desconfiança dos próprios parentes em relação à peste. As mesmas, fazem planos para quando a peste acabar, mas se esquecem o porquê de estarem fazendo planos.

Para terminar, teve momentos em que a leitura foi cansativa. Mas quando começa a ficar cansativo, você se dá conta da genialidade de Camus. Esse livro sabe segurar o leitor pela mão! Sem contar, o último parágrafo que é de matar e de nos fazer pensar sobre o momento político que vivemos e, também sobre o atual cenário de epidemia que nos encontramos.

Leitura inesquecível!

"Julgavam-se livres, e nunca alguém será livre enquanto houver flagelos."

^^
Juliana Rodrigues 24/04/2020minha estante
Nossa

Amei sua resenha!

Fiquei com vontade de ler esse livro ?


Juliete Marçal 24/04/2020minha estante
Obrigada! :)
Eu super recomendo!

Algumas passagens são um pouco cansativas, talvez pq envolvem algumas reflexões filosóficas, como os sermões do padre, e a tentativa de fuga de um dos personagens tbm soa um pouco repetitiva. Mas esses detalhes não afetaram a minha vontade de continuar a leitura e de querer saber mais.




Kelly Martinez 05/08/2020

A peste ainda está por aí... espreitando!
Esse é meu segundo contato com Camus é mais uma vez saio impactada com a leitura, mesmo achando que o autor poderia ser encurtado o livro em umas 80 paginas.
Acredito que, em tempos pandêmicos, poucas pessoas tenham visto a ocupação nazista na Europa tão claramente, o que é perfeitamente normal. Mas confesso que não vi a doença em nenhum momento.
Enfim, tratou-se aqui, na minha opinião, da solidariedade/empatia da humanidade diante de um fato nefasto ( seja ele guerra ou doença). Como reagimos diante do inusitado medonho?
Vi reações humanas em blocos ( obviamente temos exceções):
1. Negação/descrença
2. Indiferença
3. Fé
4. Desânimo
5. Apatia/ quase resignação
6. Um felicidade comedida depois que a peste decidiu recuar
7. Felicidade extrema(com uma leve desconfiança)
8. Normalidade, afinal.

Enfim, Camus encerrou a narrativa magistralmente, e a peste ainda está por aí, escondida, espreitando.... cabe a nós seres humanos racionais ( a maioria, penso eu) saber lidar com o nosso sentimento diante do fato funesto em si e diante do nosso próximo.
Recomendo demais!
Alessandra 06/08/2020minha estante
Amamos né ? Com visões totalmente diferente, mas impactante nos dois âmbitos!!!




alice 04/09/2023

? Então ? disse ele ? estou perdendo a partida.
Em A Peste, Camus traz um relato minucioso de todas as fases da epidemia e as reações dos moradores de Orã diante da morte iminente.

O narrador ? que conhecemos apenas no final ? relata o sentimento de incredulidade do início da Peste, a ignorância das pessoas e depois o medo quando os primeiros infectados surgem, a dor diante da morte transforma a cidade antes iluminada, em algo sombrio e desprovido de qualquer esperança. O narrador passeia pelo cotidiano de alguns moradores de Orã ? todos ligados de alguma forma ao combate da Peste ?, temos um padre, que no início faz um discurso fervoroso de que a Peste é necessária e que foi algo enviado por Deus para trazer seus filhos até sua casa. Muitos se agarram à religião em momentos de desespero e buscam uma explicação para o flagelo infligido, no auge da praga e depois de acompanhar a morte lenta de uma criança, o padre antes tão fervoroso em sua fé, hesita diante da crueldade e as certezas se tornam dúvidas.

"Era necessário escolher entre odiar a Deus e amá-lo. E quem ousaria escolher o ódio a Deus?"

O padre, Tarrou e Rieux foram os personagens que mais me impactaram na narrativa.

Os relatos em A Peste falam também sobre o egoísmo que advém do alívio quando a morte bate na porta de um desconhecido e não na nossa, sobre a ignorância diante daquilo que desconhecemos, a sensação de impotência, a solidão e até mesmo a união diante da desgraça. Existem até aqueles que sentem que a doença é melhor do que o futuro que os aguarda após o seu fim. Mas, além de tudo, a Peste também fala sobre o amor, sobre amizades que surgem no caos, sobre a fragilidade da humanidade e ao mesmo tempo a força para lidar diante da dor. E no final, A Peste fala sobre esperança e o narrador faz um lembrete de que por mais feliz que estejamos, não devemos esquecer do mal que nos afligiu.

"Sabiam agora que, se há uma coisa que se pode desejar sempre e obter algumas vezes, é a ternura humana."

Não foi uma leitura fácil, a escrita de Camus é densa e foi impossível não lembrar e fazer comparações com a pandemia de covid. Camus relata o ser humano em todas as suas nuances, de forma real e visceral. É um livro que vai além da Peste, que fala também sobre as doenças da alma.
luuandra 04/09/2023minha estante
Só pela sua resenha eu já quero ler


Gleidson 04/09/2023minha estante
Parabéns pela resenha, Alice! Eu estou ensaiando pra ler este livro faz tempo. Acho que chegou a hora.


alice 04/09/2023minha estante
É um livraço Gleidson! Torcendo para que goste da leitura.


Gleidson 04/09/2023minha estante
Será minha próxima leitura. Acho que vou gostar. Camus me impactou bastante com O Estrangeiro.




lorena 30/03/2022

ler isso aqui há dois anos teria me poupado muita energia gasta em reagir ao presente enquanto testemunha ocular da história. eu me senti lendo um livro sobre a pandemia de covid que o autor trocou o nome das pessoas pra nao ficar chato. tem até o átila
Matheus 30/03/2022minha estante
Kkkkkkkk




Luana 12/01/2021

Este livro tem duas vertentes de entendimento: a situação da peste, enquanto doença, a qual podemos associar ao atual cenário pandêmico em que vivemos e a analogia que é feita da peste com o nazismo. Camus foi muito sutil e preciso nessa analogia. Percebemos a familiaridade dos eventos que ocorrem no livro aos acontecimentos vividos na época do nazismo. A ideia do bacilo da peste ao regime totalitário, como algo que está ai nos permeando, esperando qualquer um que ?queira" instaurar um regime desse em algum lugar. Ainda mais porque a humanidade parece se esquecer da própria história, de toda a destruição que esses regimes causam. Isso é tão palpável no livro, que ao lê-lo, temos a impressão de estarmos vivendo algo assim e pela fragilidade em que se encontra nossa democracia, nós ligamos o alerta.
Quanto à vertente relacionada à peste propriamente dita, Camus consegue, com maestria, nos fazer refletir sobre aspectos inerentes à existência humana, como: a luta pela sobrevivência, a esperança que ora se vai, ora ressurge e a morte. O tema da morte sempre nos faz refletir, traz à tona os nosso limites, o entendimento de como a nossa vida é frágil. É um livro para se ficar remoendo por um bom tempo e para relê-lo sempre que possível. Vale muito a pena.
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Marco118 25/06/2022

A Peste – Albert Camus
É impressionante de se ver o quanto este livro, escrito há tantos anos, se parece com o que nós vivemos hoje – ou, pelo menos, com o que vivíamos até alguns meses atrás.
Tornou-se, em 2020, um dos livros mais buscados e vendidos por todo o mundo.
***
Como pode um autor expressar tão bem os nossos sentimentos, pensamentos, as nossas emoções... ao longo da atual pandemia? A imaginação, às vezes, dá luz ao inimaginável.
***
Durante a narrativa, deparamo-nos diversas vezes com passagens, as mais profundas, as mais verdadeiras, as mais poéticas. Era uma obra "à frente de seu tempo".
***
Vocês não têm noção da influência que o Albert Camus exerce sobre mim. Ele está, praticamente, fazendo a minha cabeça, moldando a minha personalidade. É um desses escritores com os quais eu daria tudo para poder encontrar. Porque ali, de fato, existia um homem. Existia, ali, um coração que compreendia outros corações.
(Sem contar com o próprio estilo de escrita dele, que me agrada muito. Períodos extensos, rítmicos, bem compostos. O texto flui livremente, sem afetação).
***
Quando eu leio em PDF, fico meio travado. Por isso, demorei um pouco pra terminar. Mas foi ótimo, mesmo assim.
***
((Não estranhem a forma como preferi organizar a resenha, desta vez. Foram um monte de observações mais ou menos isoladas. Então, achei melhor não ficar emendando tudo. Sou muito ruim de escrever resenhas...))
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Perigor 17/04/2021

O absurdo da peste
Tem resenha no IGTV do meu perfil no instagram @_perigor_

site: https://www.instagram.com/tv/CNyEuFEnXj_/?utm_source=ig_web_copy_link
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Jardim de histórias 18/03/2023

Albert Camus, me faz pensar e refletir...
Uma verdadeira e visceral interpretação da condição humana. Uma metafórica alegoria ao totalitarismo nazista, devidamente alinhando com um pensador que contemporiza e não esconde suas percepções, idealizando o nazismo como um vírus mortal, uma peste, principalmente no contexto europeu. Analogicamente, durante o isolamento causado pelo estado de sítio, em virtude a peste, conforme o livro, os isolados, ou confinados, tinham uma falsa sensação de liberdade em meio ao caos, trazendo a tona a clausura moral. Mas também, tem quem entenda essa história como uma crônica reativa do comportamento humano mediante a crises humanitárias. Bom, nós que vivenciamos essa pandemia, temos em nossa memória, todo o clima nebuloso desses tempos sombrios. Não tem como não fazer uma comparação. Contemporizando, é impossível, durante uma reflexão inspirada pelo autor, não se ver em muitas situações do livro, em comparação ao que vivemos em relação à pandemia. É uma obra literária para se sentir.
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