Camis 15/08/2013O livro todo se passa na década de 20, quando os dirigíveis estavam em alta, assim como os bons costumes e as mulheres ainda não usavam calças, apenas vestidos. Matt Cruse é o grumete de um desses dirigíveis, mais precisamente o Aurora. Pra ele que nasceu no ar, e que mal suportava ficar em terra firme por mais do que algumas semanas, o Aurora era seu lar, mesmo estando tão longe da casa de sua mãe.
Um ano atrás, durante uma de suas vigias, Matt avistou no céu um balão caindo, mas antes que o mesmo pudesse ser engolido pelo mar, ele, o comandante e os outros tripulantes conseguiram resgatar o balão e abrigá-lo dentro do dirigível. Dentro do balão, um velho homem estava morrendo, e suas últimas palavras para Cruse foi perguntando se ele havia visto as belas criaturas.
Mesmo 1 ano depois da conversa absurda com um homem que estava, provavelmente, alucinando, Cruse ainda se questiona sobre quais criaturas o velho se referia. As coisas saem do controle quando ele conhece Kate, uma passageira do Aurora, audaciosa e tempestiva demais para alguém de sua idade ou para qualquer mulher daquela época. O homem do balão era avô dela, e o atual objetivo de vida da garota é provar que o ele não estava alucinando, e que realmente viu a criatura descrita em seu diário de bordo. Segundo o avô de Kate, perto de uma ilha perdida no Atlântico, habita uma espécie não conhecida ainda, meio ave de rapina, meio morcego e meio leoa. Um felino dos céus, tão branco que se confunde com as nuvens.
No entanto, quando piratas invadem o dirigível, assaltam os passageiros e ainda danificando a nave, o Aurora é obrigado a fazer um pouso de emergência em uma ilha desconhecida. Sem rádio para pedir socorro, sem gás suficiente para voar, e com a membrana da nave toda danificada, eles são obrigados a permanecer na ilha até que surja outra alternativa. E quais seriam as possibilidades de aquele pequeno pedaço de terra ser justamente o qual o avô de Kate mencionou? Ou ainda, quais as chances de os piratas que os roubaram terem uma pequena vila secreta naquele mesmo lugar? Caberá a Cruse salvar o Aurora das mãos dos piratas, e ainda proteger Kate enquanto ela tenta honrar a memória do avô.
No início estava achando a narrativa bem lenta e desinteressante, mas então, algumas páginas depois, quando Kate entra na estória as coisas ficam bem mais divertidas. Kenneth Oppel nos conduz com uma narração cheia de detalhes, muito bem desenvolvida e com aventura do início ao fim. Matt Cruse é um personagem que pode ser descrito como “bom moço”, educado, compreensivo, aventureiro, que respeita a hierarquia da nave e que não sabe guardar rancor. Enquanto isso, Kate é impetuosa, atrevida, corajosa, determinada e que, ao contrário de Cruse, não dá a mínima para regras. E, mesmo sendo tão diferentes, ambos os personagens cativam o leitor. É claro que, ainda assim, em alguns momentos é inevitável brigar com Matt por ele seguir Kate mesmo quando não devia, e detestar Kate quando ela é tão insistente e parece desconhecer o significado da palavra “não”.
Como esse foi o primeiro livro que li que falava sobre dirigíveis, e também nunca tive grande interesse por esse tipo de transporte, acabou que me perdi em algumas cenas em que o autor descrevia os lugares dentro da nave. No início do livro existe um desenho do interior do Aurora, mostrando cada um dos locais e seus respectivos nomes. No entanto, como os nomes estão em inglês e em termos técnicos, para mim, que sou leiga no assunto, mesmo falando inglês, acabei não conseguindo traduzir algumas das palavras. O que não ajudou nenhum pouco na hora de ler. Então, se tivesse que dar um ponto negativo, seria esse: o mapa do dirigível que era pra ajudar, na verdade, não teve praticamente efeito algum. Fora isso recomendo a leitura com toda certeza, e acho que, com uma originalidade admirável, O Filho do Vento pode se torna uma leitura muito agradável.
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