Resenhas - Dom Casmurro

Danny Steffanie 01/04/2024

Eu teria traído
"Dom Casmurro", obra-prima de Machado de Assis, narra a história de Bentinho, um homem atormentado pela dúvida e ciúmes em relação à sua amiga de infância, Capitu. A trama gira em torno da suspeita de traição por parte de Capitu, levando o leitor a questionar se todos os seus sofrimentos não seriam um castigo por uma promessa não cumprida.

Diferente das obras românticas da época, "Dom Casmurro" apresenta um enredo marcado pela obsessão e ciúmes de Bentinho por Capitu, bem como uma relação ambígua e "amizade colorida" com Escobar. Apesar de ser considerado um dos maiores romances brasileiros, a complexidade dos personagens e a narrativa peculiar podem não agradar a todos os leitores.

Ao longo da obra, somos levados a acompanhar os pensamentos de Bentinho em relação à suposta traição, destacando momentos como o dia da enxaqueca, o dia que Escobar foi  corretor de Capitu e as lágrimas de Capitu no funeral do mesmo. No entanto, é importante ressaltar que a narrativa é contaminada pela perspectiva do próprio Bentinho, o que nos leva a questionar a veracidade dos acontecimentos.

Além disso, a obra levanta questões sobre relacionamentos abusivos e o controle emocional exercido por Bentinho sobre Capitu, evidenciando como ela acaba se subjugando à sua vontade. A ausência de uma versão alternativa dos fatos nos leva a refletir sobre a unilateralidade da narrativa apresentada por Bentinho.

Em meio a todas as dúvidas e conflitos morais, surge a provocação: teria Capitu realmente traído Bentinho? Após toda a obsessão e paranoia do protagonista, somos levados a questionar se talvez o desfecho da história não pudesse ter sido diferente.

Liliane262 01/04/2024

Clássico de Machado, narrado em primeira pessoa pelo personagem protagonista, Bentinho. Vai da infância á vida adulta do mesmo. Passa pelo convívio familiar, vizinhos, amigos e concentra-se no amor, desde a infância/adolescência, amor correspondido por Capitolina, Capitu. O mesmo, detém por Capitu um ciumes incentivado e, penso, imotivado, que o arruína dia após dia. A acusação de traição faz com que Capitu vá viver com filho na Europa. Em meio a ruminações referente à suposta traição, Bentinho segue sua vida de modo incompleta e doentia. O retorno do filho após a morte da mãe, esse momento aponta o quanto Bentinho se tornou escravo de suas certezas e as repercussões da mesma em sua vida. Um homem aprisionado com seus fantasmas.
O livro é um clássico! Nos envolve,e divide entre seus leitores a dúvida ou certeza sobre a referida/atribuída, traição.

Lindëndil 01/04/2024

Livro muito enrolado e com muita "encheção de linguiça".
Depois finda a leitura, chego a conclusão que Capitu NÃO traiu esse tapado do Bentinho, ela aguentou muito e ainda foi simpática.
Ele era ciumento desde adolescente, ficava com ciúmes até das coisas que ele inventava na cabeça dele.
Eu acho que ele era bi e queria o Escobar pra ele.
Coitada da Capitu, espero que ela tenha traído ele com algum suíço.

juliannerib 31/03/2024

A resposta é: ninguém sabe
Só uma coisa a dizer sobre Bentinho: chatoooo.
Se Capitu, mesmo sobre a fala de Bentinho, era incrível, imagino o quão interessante ela seria verdadeiramente.
Realmente é um texto muito atual sobre obsessão e posse e ciúmes.

Madu Olifotet 30/03/2024

"Dom Casmurro" e "Otelo" são obras-primas que exploram as profundezas da natureza humana, especialmente em relação ao ciúme, à traição e à percepção distorcida da realidade. Embora ambientadas em contextos diferentes, ambas lançam luz sobre os abismos da psique humana e as consequências devastadoras das emoções descontroladas.Em "Dom Casmurro", Machado de Assis nos apresenta Bentinho, cujo ciúme obsessivo em relação a Capitu ecoa as sombras do protagonista shakespeariano, Otelo. Tanto Otelo quanto Bentinho são consumidos pelo ciúme, levando-os à beira da loucura por suas próprias inseguranças e pela manipulação de outros personagens.Enquanto Otelo sucumbe à sua paranoia e destrói o que mais ama, Bentinho é deixado com o peso eterno da dúvida.
Ambas as obras nos convidam a refletir sobre as complexidades das emoções humanas e sobre as consequências de deixar que elas nos consumam.

AMariReis 30/03/2024

Um clássico, mas....
Inegavelmente um clássico, um bom livro. Mas definitivamente não funcionou pra mim, 3 meses pra terminar e todo tempo parecia que eu ofiava ler, rs

Li pra saber todo o mistério envolto dos olhos de cigana oblíqua e dissimulada. Mas na real, o dissimulado é ele.

Narrador nada confiável, não sabe o que quer, até pra descobrir que amava a Capitu alguém teve que falar?

Betinho era um pavão que queria atenção de todos e se cercou de uma galera não muito confiável, mas sonso não era, não foi enganado. Até porque nada aconteceu além de ser contaminado por seu ciúme.

Arth Vmacedo 30/03/2024

Um eterno ensaio sobre a dúvida
A questão mor da literatura brasileira "Capitu, traiu ou não traiu Bentinho?" ironicamente não será respondida com a leitura desse livro, e é ótimo que assim seja. Não fosse isso, talvez essa história não teria intrigado e causado curiosidade em tanta gente, por tanto tempo e se tornado o clássico que se tornou.
Machado de Assis usa um narrador nada confiável que nos conta o motivo de ter ganhado a alcunha de Dom Casmurro. E sua narração espirituosa é dotada de pessoalidade, fragmetações, digressões e sobre tudo, acusações, sempre implícitas e sutis, transportando para o leitor a pulga que ficou durante anos atrás da sua orelha a cerca da fidelidade de Capitu.
No fim do livro, a dúvida permanece, exatamente como deve ser, sem conclusões definitivas, convidando o leitor a se debruçar sobre ele novamente mais tarde atrás de respostas e fazendo com que esse clássico jamais morra.

Camila Felicio 30/03/2024

Esperava mais
Achei a leitura gostosa, a escrita do Machado é fluída e o tamanho curto dos capítulos um detalhe importante que termina por dar dinamismo.
A histórica é bacana, a referência a obra de Otelo e tragédia de Desdêmona são constantes, no entanto faltou na história um Iago, posto que o Iago era a própria loucura de Bentinho. Sou muito fã da peça em questão, amei referências, no entanto, não amei o texto do Machado.
O livro é muito bom, a escrita é fluída mas não me cativou, espero que em Memórias Póstumas eu consiga ter experiência semelhante ao que seu rival Eça me proporciona!

Sabdeluz 30/03/2024

Mais uma obra maravilhosa de meu autor favorito, mas?
Bentinho é extremamente chato, não é? O ciúme é algo muito marcante nele desde muito cedo, paranóias, perspectiva extremamente romantizada de tudo, sempre muito inseguro e cheio de dúvidas. Penso numa perspectiva social e psicanalitica do caso todo, de fato existe muita projeção em Bentinho.

Machado fez um livro discutível, a questão principal nem é sobre Capitu ter traído ou não, e sim ?quem traiu quem??. O primeiro BL que temos ?

Tainah 29/03/2024

Expectativas e realidades
Sempre ouvi a famosa frase quando se referiam a Dom Casmurro: "Capitu traiu ou não traiu Bentinho?". E, tantas vezes isso foi repetido com tal força e mistério que imaginei que, de fato, fosse uma grande questão que durasse durante o livro inteiro, mas não; ela só apenas surge no final, mais ou menos, o que faz com que o leitor repense com uma outra ótica tudo aquilo que ele leu. Mas, mesmo agora que terminei, sinto que a questão não é lá tão enigmática. Capitu NÃO traiu Bentinho, e isso é tão óbvio que me deixa confusa quanto à tanta comoção com relação a pergunta. Durante toda a leitura é evidenciado o caráter duvidoso e extremo de Bentinho, ciumento e paranóico, Machado de Assis deixando isso claro. Então é lógico que na primeira oportunidade que Bentinho tiver para desconfiar de Capitu, ele vai! Fora essa minha decepção, acredito que o livro é até interessante, principalmente pela forma como a obra é arquitetada, pequenas crônicas reflexivas de sua própria vida, dinâmicas e engenhosas.

Alesson.Oliveira 29/03/2024

Bentinho é um covarde...
Sendo Bentinho o narrador fica muito fácil articular os eventos para o leitor aceitar seu ponto de vista como único e verdadeiro.

É uma leitura que exige do leitor perspicácia para não ser induzido pela narrativa parcial.

Não existe apenas um olhar e comportamentos e gestos podem ser reproduzidos/adquiridos pela frequência de exposição.

É evidente que Bentinho não sabe lidar com o luto e a culpa pelos pensamentos que teve sobre a esposa de Escobar.

Ele nega o filho porque as semelhanças trazem esses sentimentos que ele não sabe lidar. São apenas semelhanças.

Bentinho é um covarde...

VitAria 29/03/2024

"Nem tudo é claro na vida"
Dom Casmurro é a prova física e presente, mesmo tendo sido escrito há mais de 100 anos, de que Joaquim Maria Machado de Assis foi um grande intelectual, levando em consideração que até hoje causa um grande impacto nos seus leitores, incluindo em minha pessoa. Não estava esperando gostar, afinal, a obra estava bem distante do meu tempo, assim como da minha realidade. Entretanto, com seu caráter descritivo e realista, a história de Bentinho ultrapassou gerações e me alcançou de maneira singular. Quando ainda jovem, a mãe de Bento faz a promessa de tornar seu filho padre. Porém, Bentinho é apaixonado por sua vizinha e melhor amiga de infância: Capitolina, mais conhecida por Capitu, e não deseja ser padre, mesmo gostando de seguir as vontades de sua mãe. Bentinho passa um tempo no seminário (a parte que me deixou entediada, eu admito), mas consegue finalizar sem se tornar padre. Ele se casa com Capitu e juntos têm um filho, Ezequiel. Mas a história não acaba por aí, Bentinho começa a suspeitar que Capitu, sua esposa, estava o traindo com seu melhor amigo Escobar, que ele conheceu no seminário. E essa é a maior dúvida da história da literatura: Capitu traiu ou não Bentinho? E a verdade é que não é possível saber, pois nós só temos acesso a visão de um marido ciumento e maluco. Não dá para confiar totalmente nas percepções dele, mas não é possível afirmar com certeza que ela não traiu (embora eu ache que não). A única convicção é de que se trata de uma ambiguidade por ser narrada em primeira pessoa, somente uma visão. Não só a história é marcante, como também o processo narrativo do autor. Machado conversa constantemente com o leitor, proporcionando reflexões e um sentimento inexplicável de participação. Além disso, os personagens são explorados e analisados profundamente, mostrando-nos o modelo real do ser humano e da sociedade, que tanto era idealizada. Enfim, finalizo dizendo que vale a pena investir seu tempo nessa leitura, e eu super recomendo para os amantes da subjetividade e para aqueles que gostam de um bom conflito.

Bruna2049 29/03/2024

Bentinho paranoico
Muito embora todo o enredo seja construído para fazer o leitor acreditar que houve traição, pincelando sobre o comportamento e a personalidade de Capitolina desde a adolescência, tenho que o autor não se prestaria a esse papel de levar a cabo essa obviedade. Dado o fim, a história se torna muito mais poderosa se Capitu não traiu Bentinho. Pudera! Ele é o narrador e conta sob sua ótica, carregada de elementos que evidenciam um ciúme que beira ao patológico, com distorções cognitivas e leitura mental, sobretudo em relação aos olhares da amada, o que torna suas evidências altamente questionáveis. E tudo me leva a crer, também, que Capitu morreu foi de desgosto. Coitada! Esperou tanto por seu amado para, alfim, ser acusada de traição e abandonada à própria sorte. Triste demais...

Nallanda 29/03/2024

Não traiu e ninguém vai me convencer do contrário, Bentinho era doido e tóxico eu ein, Capitu injustiçada

Aline221 29/03/2024

Clássico de respeito
É um clássico extremamente necessário para qualquer leitor, principalmente para conhecer a literatura brasileira. Grande mestre Machado de Assis, envolto de palavras certeiras e uma história envolvente. Recomendo a todos a leitura desse clássico!