Lucas.Sampaio 03/12/2020
PULP
Pulp Fiction é um termo que renasceu em meados dos anos 90, como reflexo a popularidade do filme homônimo do Quentin Tarantino, no entanto, a gênese do termo esta ligado as revistas Pulp, publicadas no começo dos anos de 1900, que eram fabricados em papel barato, de poupa de celulosa (de onde vem o termo famoso - cellulose *pulp*) e que continham histórias absurdas, fantásticas, e naquela época - consideradas de menor qualidade, cheias de alienígenas, seres monstruosos, super heróis etc.
Mas foi por esses meios de divulgação literária que surgiram nomes como: H.P. Lovecraft, Isaac Isimov, e foi onde apareceram pela primeira vez personagens como: Zorro e Tarzan.
Após a retomada desse termo, ele foi apropriado de outra maneira, não refletindo apenas essas histórias fantásticas, mas também dando a elas tons de violência. E é nesse ínterim que Charles Bukowski constrói uma das narrativas mais anárquicas que já li.
O livro, que é dedicado à subliteratura, traz como protagonista o detetive Nick Belane, um homem acima do peso, beberão, tarado e que saí em uma saga particular após ser contratado por uma mulher misteriosa chamada Dona Morte, para procurar um francês que em tese possui 102 anos, mas que aparenta 30.
Se você achou a sinopse esdrúxula, espere até encontrar os casos que aparecem no meio do caminho... uma alienígena que quer invadir a terra pois seu planeta está superlotado, um marido desconfiado que sua mulher o está traindo (e que rende as cenas mais hilárias do livro), e a caça à um misterioso Pardal Vermelho.
Tudo isso recheado de machismo (sério, todas as mulheres estão no limite do mais belo, onde o personagem principal não poupa em descrever as "gostosas" em que "vai colocar no rabo", aos limites do mais horrendo), e violência, de todos os tipos: zoofilia, mutilação, armas, agressões, humilhações.
Refletindo de forma exata o termo Pulp: histórias fantásticas, em sua gênese, e histórias violentas, em seu termo moderno.
Mas o livro engana, essa casca absurda, esconde grandes frases filosóficas, sobre degradação humana, A Condição Humana (com letras maiúsculas), e principalmente, sobre a morte.
Uma narrativa infernal, mas como diria Belane: "O inferno era o que a gente fazia dele".