A jangada de pedra

A jangada de pedra José Saramago




Resenhas - A Jangada de Pedra


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Rafaela.Saragiotto 27/09/2020

O papel da Península Ibérica na identidade europeia.
Que beli?ssima travessia foi navegar junto deste livro!

Num dia ordina?rio, por razo?es misteriosas, uma rachadura fissura a terra na regia?o dos Pirene?us, cordilheira que delimita a fronteira entre Espanha e Franc?a. Em questa?o de dias, toda a Peni?nsula Ibe?rica se desprende do resto da Europa e passa a flutuar pelo oceano como uma imensa jangada de pedra.

Conforte a Peni?nsula vai navegando desordenada e sem rumo, os caminhos de cinco personagens sa?o unidos pelos acontecimentos fanta?sticos que ocorreram com cada um no momento da grande ruptura.

Assim, duas mulheres, dois homens, um velho, um ca?o e dois cavalos iniciam uma jornada sem destino pelas ancestrais terras ibe?ricas, aprendendo com suas diferenc?as que o propo?sito do viver esta? na partilha e no pertencimento.

A jangada de pedra e? uma meta?fora sobre o papel de Portugal e Espanha na construc?a?o da identidade europeia. Quais as semelhanc?as e diferenc?as que os unem e separam dos outros pai?ses do continente? Acima de tudo, qual o papel de cada indivi?duo na formac?a?o de uma nac?a?o?

Esse e? um daqueles livros que na?o e? tanto sobre o enredo em si, mas sim sobre como a histo?ria e? contada. A escrita de Saramago e? singular, magistral e poe?tica, combinando realidade e fantasia para compor citac?o?es emocionantes. E? a prova sublime do milagre que e? a li?ngua portuguesa.

Foi uma leitura muito desafiadora para mim, principalmente pela estrutura e linguagem, e na?o indico para um primeiro contato com a obra de Saramago. A quem deseja se aventurar neste livro, recomendo pacie?ncia e persiste?ncia: se deleite em cada frase, tenho certeza que no final sera? transformador!
Nota: 10/10 ?
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Lisandro 08/09/2020

Queremos dizer amor e não nos chega a língua. Queremos dizer quero e dizemos não posso.
"Gente, ainda mais numerosa, que não encontrou alojamento e vive por aí debaixo das pontes, ao abrigo das árvores, dentro de automóveis abandonados, quando não ao puro relento, quem imaginou que Deus veio viver com estes anjos, saberá muito de anjos e de Deus, mas de homens não conhece nem a primeira letra." José Saramago
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asteuwick 04/07/2020

O Poder das Palavras..
O que mais me encantou no livro não foi a história, mas sim a forma com que ele é escrito. A escolha e organização de palavras de Saramago é simplesmente sublime.
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Carolina 03/05/2020

Li esse livro pela terceira vez, sempre uma nova descoberta.
O livro nos faz refletir sobre a fragilidade das relações sociais. Também nos convida a pensar sobre nossa necessidade de explicar as coisas do mundo, bem como a não essencialidade de
certas palavras.
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Luíza | ig: @odisseiadelivros 29/03/2020

Leitura de quarentena #1
O meu primeiro livro do Saramago foi lido em uma quarentena. Talvez não o melhor momento para ler um livro em que ocorra um evento tão incomum. Ou talvez seja o momento ideal, a depender da perspectiva. Ainda não me decidi.
O evento incomum, que ocorre nas primeiras páginas do livro após uma série de digressões que farão sentido ao decorrer da história, é a cisão da Península Ibérica do restante da Europa. Simples assim. Em um momento, a Espanha dividia a fronteira com a Espanha; no outro, um espaço começava a se abrir.
Um evento tão incomum deveria ter uma explicação lógica, não? Ora, pelo pouco que ouvi falar de Saramago, isso não é tão necessário. A partir daí, somos formalmente apresentados a quatro personagens, a partir da viagem do primeiro: Joaquim Sassa, que arremessou ao mar uma pedra de massa superior a que conseguiria normalmente carregar; José Anaiço, um homem que subitamente passa a ser perseguido por milhares de estorninhos; Pedro Orce, que sente vibrações do chão, mesmo que ninguém as sinta; e Joana Carda, cujo risco no chão com uma vara de olmeiro a faz acreditar que possui culpa pela cisão. Há, posteriormente, a integração da personagem Maria Guavaira, que encontrou uma meia que não termina de se desfazer, e de um Cão, que os guia em determinado ponto da história.
É com esses personagens que Saramago faz uma analogia à criação da União Ibérica, na qual Portugal e Espanha ficaram à deriva, como se realmente se desprendessem do continente e navegassem (como ocorre no livro) pelo Oceano Atlântico como uma grande jangada de pedra. Não barco, nem navio, veja bem, jangada, como de importância inferior. Tão inferior que o mundo reage com pouco caso, exceto os Estados Unidos que querem saber como podem se beneficiar da situação.
É uma analogia política, de modo que a população, a "arraia-miúda", é deixada de lado nesse interím. Mais à deriva do que a Península Ibérica. Por isso, o foco são esses seis personagens aparentemente comuns, que de repente se tornam incomuns, e que, subitamente, perdem-se da normalidade e se encontram para se estabelecer em meio ao caos. É um livro belo quanto a sua metáfora, que nos faz pensar juntamente com as reflexões do narrador a respeito não só da política, mas da vida humana.
A dificuldade maior foi superar a dificuldade da linguagem de Saramago. É ainda muito difícil pra mim, talvez lendo-o mais eu possa superar essa barreira. O outro empecilho são as diversas divagações, que, em um primeiro momento, não parecem ter finalidade, mas de certa forma se encaixam na narrativa. E os personagens. São meio apáticos, difíceis de se conectar. Talvez eu ainda não esteja na vibe Saramago e talvez nunca vá entendê-lo de fato.
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neide 15/03/2020

O livro descreve um acontecimento surreal. A peninsula Ibérica se separa da Europa e vai navegando pelo Atlântico como se fosse uma Jangada de Pedra.
Ótima leitura para quem gosta de história.
Gostei muito. Saramago sempre criativo.
Recomendo a leitura
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Guilherme 26/12/2019

Dos 6 livros do Saramado que já li só 1 eu achei mais ou menos, Manual de Pintura e Caligrafia, todos of outros me surpreenderam mais do que eu esperava, e olha que em Jangada de Pedra o hype já era alto. A sinopse pode ser descrita como outros livros do escritor: e se, Portugal e Espanha se soltassem da Europa. Só com isso ele já tem o meu interesse. Contudo, a maioria dos escritores estragaria essa premissa dando um ar muito catastrófico e focando muito mais no evento do que no impacto deste sobre as pessoas. E é exatamente isto que o Saramago faz nas suas histórias, seleciona alguns personagens, que parecem aleatórios inicialmente, e vai desenvolvendo eles lentamente, até que chega um ponto em que o leitor realmente se importa com todos eles , porque você conhece eles naturalmente e percebe que são um retrato perfeito do que a península está passando, estão sozinhos e precisam se agarrar um ao outro.
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Renato Américo 01/07/2019

“É bem certo que as palavras nunca estão à altura da grandeza dos momentos.”
O que fazer quando seu mundo está a deriva? Nessas páginas encantadoras, Saramago tece com profunda sensibilidade um retrato sobre o sentido da Busca.
Da mais improvável das rupturas, a iminência de uma tragédia. E quem dirá que nunca, ao sentir a terra tremer e o céu rodopiar após uma separação, questionou-se a si sobre si? Perdidos (e, talvez por isso, finalmente livres) esses personagens, esses países, essas culturas se questionam e buscam (estradas possíveis de um destino irremediável) por identidade, propósito e redenção.
Lendo este livro aprendi que, de certa forma, também me questiono e busco.
Nos descaminhos de uma Ibéria em extinção, reconhecemos um pouco daquilo que habita em nós mesmos e que, improvável como uma jangada de pedra, ainda insiste em navegar. Como canta Humberto Gessinger: "Meu coração é um porto sem endereço certo, é um deserto em pleno mar."
Jess.Carmo 01/07/2019minha estante
Estava sentindo sua falta aqui no Skoob, Renato.


Renato Américo 01/07/2019minha estante
Muito obrigado querida! Ultimamente estive sem tempo realmente, mas espero agora poder retomar as leituras. :)


biagonfei 02/07/2019minha estante
Adorei a resenha!! Me deu muita vontade de ler o livro. Saramago está na minha listinha pessoal de leitura, com certeza. ;)




Jopa 01/02/2019

Boa leitura
Não é exatamente a melhor história que você vai ouvir, mas é muito bem escrita e contada, com grandes recursos linguísticos, de pontuação e um rico vocabulário. Explora um pouco a visão do que é ser ibérico em relação ao mundo e a si próprio. Não conheço bem a obra de Saramago, só havia visto o filme do ensaio sobre a cegueira, mas gostei desse livro.
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Ocelo.Moreira 16/01/2019

A Jangada de Pedra (Península Ibérica)
Ler Saramago é sempre enveredar nas entranhas da língua portuguesa. Ou seja, num português erudito e rebuscado que nos fascina a cada página virada.

Confesso que sou fã de Saramago desde a primeira vez que o li, apesar que, na época, após ler seu livro fiquei alguns minutos a pensar sobre a alusão que o autor havia feito. Fascinante!

Esse é o terceiro livro que leio de Saramago, primeiro foi “Ensaio Sobre a Cegueira”, segundo “Caim” e agora “A Jangada de Pedra”. Eu também tenho “O Memorial do Convento” que pretendo ler nas férias. Livro que tornou José Saramago conhecido no mundo inteiro.

Você pode estar se perguntando; ele se diz fã de Saramago, mas só leu três livros até agora. Para mim ler Saramago é se dispor de tempo integral e está totalmente focado exclusivamente em sua leitura. Lê-lo não é só gostar de leituras, mas também de conhecer a própria língua. Como o autor é de um vocabulário riquíssimo, acabamos por muitas vezes consultando o dicionário!

Após racharem os Pirineus, a Península Ibérica se desgarra da Europa. Transformando-se assim numa ilha (A Jangada de Pedra), navegando à deriva pelo oceano Atlântico.

Com o tal espetacular acidente geológico e outros insólitos acontecimentos unem quatro personagens principais dessa odisseia apocalíptica. Literalmente viajamos na linguagem saramaguiana.

É uma história sobre os povos ibéricos que o autor nos conta e descreve pela memória de um narrador e seus personagens cujas andanças acompanha.

Com uma narrativa excepcional, usando do cotidiano e de um surrealismo vigoroso que transforma uma realidade incomum num mundo antagônico. Usando-se do cômico e da ironia o autor nos mostra uma humanidade condena ao erro e presa aos seus mais íntimos instintos primitivos!
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Leituras do Sam 19/12/2018

As viagens com Saramago
É a minha segunda leitura desse romance e digo sem somora de dúvidas que terminei com a certeza de que li "errado" da primeira vez. Dei 2 estrelas e agora só posso dar 5.
O livro é lindo, dramático, tem realismo fantástico, tese, metalinguagem, uma estrutura narrativa dinâmica e interessante.
É quase um microcosmos da obra de José Saramago.
Amo os personagens desse livro.
Amo esse velhinho que agora só está entre nós através das belas estórias que sua mente criou.

@leiturasdosamm
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@lucassntn 25/07/2018

Incrível
Não importa o enredo, Saramago sempre estregou uma história incrível com sua escrita peculiar. Com uma narração genial, cheia de ironias, referências, críticas sócio políticas disfarçadas de realismo fantástico, e passagens tão bem colocadas que nos dão vontade de relever mil vezes, ele faz a leitura se tornar fascinante. Aqui, os personagens e sua jornada são secundários à própria narração. Uma leitura lenta, porém super rica.
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Rodolfo Vilar 09/01/2017

Jangada de Pedra (Identidades) | Bodega Literária
​Em determinado momento da história da humanidade uma sucessão de fatos se desenrolam, provocando um acontecimento contraditório nunca antes assistido por alma viva, ou até, morta. Uma moça chamada Joana Carda, enquanto entrete-se com o lindo pôr do sol, têm em mãos uma vara de oumeiro que despreocupadamente a utiliza para desenhar um traço no chão. Outro indivíduo, de nome Joaquim Sassa, que também está enriquecido de olhar o pôr do sol, só que na praia, subitamente cria forças para jogar a léguas de distância uma pedra que segundo a física seria praticamente impossível que tal sujeito conseguisse sequer levanta-la do solo. José Anaiço, em outras paragens, um homem comum de sua província, sente-se como vigiado por mil olhos quando na verdade o que está a acontecer é que um bando de estorninhos, numa nuvem negra e dançante, o persegue em todas as direções, chamando a atenção de todos que assistem tal cena. Numa casa abandonada da zona rural perto do Alentejo, Maria Guaraiva, que está simplesmente a desfiar um dos pares de meia para enrolar o novelo de lã, percebe que o fio que está a puxar continua no estado de continuar a desfazer-se, parecendo nunca ter fim, o que é fato verídico. Por fim, mais dois personagens entram em cena, um deles Pedro Orce, o homem que depois de tantos fatos acaba se tornando um sismógrafo, onde qualquer pessoa que lhe toque sentirá o poder da terra a treme-lhe sobre a pele. E por fim, um cão abandonado e místico chamado apenas de Cão, que não tendo por vontade ou destino um lugar para ir, irá juntar-se ao grupo de indivíduos que presenciarão, por seus próprios olhos, a separação da península ibérica do resto do continente europeu. Um fato sem lógica, sem respostas e que levará a consequências drásticas e felizes.

Lançado em 1986, Jangada de Pedra é o sexto romance de José Saramago, que escrito num contexto histórico bastante conflituoso, demonstra o momento em que estava ocorrendo a ideia da Unificação da Europa, onde os países Ibéricos (tratados no romance como Espanha e Portugal) estavam sendo postos de lado nas decisões políticas e econômicas, fazendo com que Saramago criasse essa alusão dos países, num momento específico, separados do restante do continente, a boiar numa deriva como uma grande jangada de pedra, representando então a falta de consideração com tal povo que parecem, num momento, não terem sequer voz, muito menos identidade cultural ou econômica.
Durante todo o romance vamos caminhando junto com os personagens, evoluindo numa escala de fatos toda vez que um novo é inserido, demonstrando assim as consequências que a separação provoca nas pessoas, na economia, na ciência e até quiçá, nos amores. Em suma, apesar de tanta crítica a cerca das suas próprias opiniões políticas, Saramago escreve um livro sobre o destino, tratando desse fator como um dado universal que não é causado por coincidência, e se o é, faz com que suas consequências sejam lógicas. O engraçado é que futuramente esse livro seria tratado de certa forma como um agouro na vida do Saramago, já que, depois da publicação de “O evangelho segundo Jesus Cristo”, livro que causou polêmica no seu país levando o autor a se exilar na ilha de Lanzarotti (fato que o próprio negou severamente até sua morte). Muitos dizem que o próprio Saramago criou sua jangada de pedra, vivendo longe das criticas sobre suas obras, sendo pouco perseguido pela mídia e tendo uma vida tranquila ao lado de sua esposa, Pilar.

​Ler Jangada de Pedra foi estar em conflito com a ideia de um povo perdendo sua identidade, nesse caso específico, os espanhóis e portugueses vendo serem próprios banidos, por forças da natureza, de seu território. De forma mais profunda, a jangada de pedra simboliza o estado de inanição de um povo ou indivíduo que sente-se de mãos amarradas, não conseguindo ele(s) próprio(s) tomarem uma iniciativa na resolução do problema, ficando como no romance, a observarem o navegador dos acontecimentos e seu destino. José Saramago, que nesse ponto de seus romances está totalmente maduro, consegue mesclar suas opiniões e críticas ao que estava acontecendo no seu próprio momento histórico, mostrando o quanto ele era antenado ao assuntos políticos que lhe mereciam atenção. Ler Jangada de Pedra não foi somente uma diversão, onde ficamos esperando ver o que acontecerá com o destino de seis personagens, foi mais que isso. É entender um pouco de posicionamento politico, entender contextos e dar graças por existir escritor tão belo quanto José Saramago.


site: http://bodegaliteraria.weebly.com/biblioteca/jangada-de-pedra-identidades-jose-saramago
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