Ana 22/02/2023
Uma das coisas que eu mais amo em ler livros que eu nunca ouvi falar antes é o poder que eles têm de surpreender. É claro que uma maravilha assim acontece uma vez em cem, então posso dizer que A Vida em Tons de Cinza é um livro premiado. Devorei essa história como se fosse a última coisa que eu faria na vida.
Lina tem 15 anos, é lituana e um sonho: ser aceita em uma famosa escola de artes na capital. É claro que seus desenhos maravilhosos a ajudam a conquistar esse objetivo. Mas ela vê seu sonho e seu mundo desmoronarem quando ela é capturada, junto com sua família, pelo exército de Stálin (NKVD) e enviados para os terríveis campos de internamento durante o período da Segunda Guerra Mundial.
Ela, sua mãe (Elena) e seu irmão (Jonas) são separados do pai e jogados em um trem que transportava ladrões e prostitutas. Assim, chegam ao Campo de Trabalho de Altai onde são obrigados a trabalhar como escravos e em condições precárias para garantirem um pequeno pedaço de pão por dia. A única coisa que os move nessa tempestade é a esperança e fé de que dias melhores virão, e é essa esperança que faz Lina se arriscar tentando se comunicar com o seu pai através de mensagens codificadas em seus desenhos.
Cerca de um terço da população da região Báltica foi exterminada durante o reinado de Stálin, um comunista que tinha como objetivo expandir o socialismo pela URSS e, em consequência disso, nos demais países. É óbvio que toda a população era obrigada a seguir os ideais de Stálin eram presos e exilados. A autora fez uma pesquisa muito detalhada sobre o assunto, além de se inspirar em casos verdadeiros para escrever uma história ainda mais real. É incrivelmente triste ler e lembrar todo o sofrimento que essas pessoas passaram e pensar que, apesar de esse pesadelo ter ocorrido há tanto tempo, acontecem coisas tão parecidas bem na nossa frente.
A Vida em Tons de Cinza é um romance emocionante, com personagens corajosos e fortes, que mostra muito sobre o sofrimento desse povo nos gulags, principalmente pelo livro ser narrado por Lina. Mas é importante lembrar que, mesmo sofrendo tanto, nenhum deles perdeu a esperança sequer um minuto.
Sem dúvidas, esse livro é uma leitura obrigatória não só para quem gosta do tema, mas para quem quer saber como a fé e o amor podem sim ser o remédio. Ruta Sepetys, com uma escrita simples e crua, conseguiu mostrar como nós não temos o que reclamar da vida que levamos.
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