Pequeno Irmão

Pequeno Irmão Cory Doctorow




Resenhas - Pequeno Irmão


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Pedro 17/02/2016

Narrativa arrastada e pretensiosa, a começar pelo título. Os temas da obra - a vigilância irrestrita e generalizada, a invasão de privacidade, o controle e a opressão do Estado, as farsas da política - são, sem dúvida, fundamentais para o mundo hoje. Mas tudo isso já tinha sido adiantado, com muito mais qualidade, em "1984". A atualização das ideias de Orwell, seu pesadelo concretizado, nos assusta. Mas, do ponto de vista literário, achei um livro cansativo e ranzinza, mesmo com a pegada aventuresca. Não curti.
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andwarf2004 31/01/2016

Ficando paranoico em 3, 2, 1...
Pequeno Irmão conta a história de Marcos, um adolescente de 17 anos que tem conhecimentos de hacker, é um bom aluno e ama ficar na internet. Marcos mora em São Francisco. Um dia, enquanto ele e seus amigos estão jogando um jogo de realidade virtual, um ataque terrorista à cidade faz com que Marcus e seus amigos sejam levados pelo Departamento de Segurança Nacional para serem interrogados, como possíveis terroristas. Quando Marcus volta para casa - depois de ficar preso e ser interrogado - ele percebe que as coisas mudaram. São Francisco não é mais a mesma. As pessoas estão sendo monitoradas e o medo de instalou. O governo, que deveria proteger os cidadãos, agora os oprime e os persegue, usando como justificativa o perigo de novos ataques.
A trama, em si, é bem elaborada. Com o avançar da história, o leitor consegue ficar paranoico e com muita raiva do que está acontecendo com o protagonista. Os demais personagens da história não tem muito destaque. Apenas mais do mesmo. A namorada high tech. Os pais que não percebem as manobras do filho. O próprio Marcus é um adolescente comum, mas que carrega consigo uma experiência única que modela suas atitudes.
Se você é fã de conspirações e computadores, vai amar esse livro. O pior é que ele nem é tão fantasioso como parece...
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Livro de Resenha 04/01/2016

Pequeno Irmão - Cory Doctorow
O livro Pequeno Irmão, de Cory Doctorow já demonstra ser mais que uma história sobre jovens e tecnologia. Feita para aprender e pensar, ela pontua pontos importantes sobre a cultura da internet, privacidade e como o descontrole do próprio governo pode afetar a vida das pessoas.
A narrativa é feita por Marcus, um rapaz de 17 anos muito inteligente e grande conhecedor da tecnologia e internet - além de como usá-las completamente ao seu favor.
A partir de suas descrições percebe-se que eles não estão no tempo atual, mas também não é citado exatamente quando. Marcus conta como as escolas têm câmeras de reconhecimento, um sistema de internet rastreado e que cada aluno recebe um notebook para estudar - que também é vigiado a cada tecla pela direção. Com esse clima de desconfiança o personagem mostra como burlar as regras – que apesar de irritantes são muito fáceis de contornar. Porém, após um atentado terrorista e interrogatórios feitos em Marcus, o rapaz volta para casa e descobre um novo mundo em total vigilância, onde todas as pessoas são consideradas supostas terroristas e aqueles que saem da margem de normalidade são caçados e presos sem qualquer tipo de justiça.
Como um tipo de vingança Marcus cria a Xnet, uma rede de internet criptografada que torna impossível ser descoberto e planeja trazer a baixo todos aqueles que querem tirar a liberdade e a privacidade de seu país.
A narrativa de Marcus é veloz e bastante descritiva quando explica termos de internet ou trechos da história dos EUA que lembre os acontecimentos vividos. Por ser jovem e tão conectado a internet nota-se uma grande influência em como Marcus reage as coisas, às vezes impulsivamente da mesma forma que também demonstra pouca maturidade em certos momentos – mas isso se mostra como uma característica da sua idade e não como uma falha de personalidade.
Os acontecimentos descritos tem convicção, assim como as atitudes dos personagens e os temores que Marcus descreve. O pouco romance que aparece acrescenta outro ponto de vista a influência dele e a personalidade forte de seu par consegue se provar importante na história sem ser apenas o caso amoroso – um desenvolvimento interessante por parte do autor.
A história se propôs a refletir sobre como podemos utilizar a tecnologia e a importância da privacidade nesse meio. Com de uma história que poderia realmente acontecer o autor consegue escrever uma narrativa sobre um rapaz de 17 anos que tem princípios fortes dentro de si e luta pela liberdade de seu país.

site: http://livroderesenha.blogspot.com
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Cheiro de Livro 04/02/2015

PEQUENO IRMÃO
“Pequeno Irmão” é um livro de 2008, mas é uma leitura mais atual do que nunca, ainda mais com os dez anos dos atentados de 11 de setembro se aproximando. Cory Doctorow fala sobre liberdade, a luta por ela, o medo , terrorismo e, principalmente, como a tecnologia pode ser utilizada para manter seus direitos.
Marcus é um jovem de 17 anos que logo após um grande atentado na cidade de São Francisco é preso e torturado pelo Serviço de Segurança Nacional. Essa experiência somada ao fato da cidade se tornar território do medo, não o medo do terrorismo e sim o medo das autoridades, levam Marcus a começar sua pequena rebelião.
A história é repleta de explicações matemáticas e tecnológicas para o que Marcus está fazendo e elaborando. Não é nada que seja inteligível. Os conceitos até podem ser complexos mas são explicados de forma fácil e assim é possível acompanhar toda a trajetória e luta de um grupo de adolescentes contra o Serviço de Segurança Nacional.
O mais terrível do livro é que mesmo ele sendo uma alegoria da realidade, ele está mais próximo do que se viveu nos anos pós 11 de setembro do que se pode imaginar. Guantanamo e Abu Ghraib são só dois casos conhecidos onde o governo dos EUA simplesmente suspenderam os direitos dos detidos e os torturaram em nome da segurança nacional. Viajar de avião nunca mais foi a mesma coisa, a segurança nos aeroportos ficaram cada vez mais rígidas e mais paranóicas. Gosto de comparar a reação dos americanos depois dos ataques a Nova York a dos ingleses depois do ataque a Londres. Os americanos queriam sangue e demoraram meses para voltar a sua rotina. Os londrinos foram para a rua no dia seguinte afirmando que ninguém mudaria a sua rotina, essa era a resistência deles. Mesmo com essa determinação inglesa a polícia cometeu arbitrariedades, uma delas matou o brasileiro Jean Charles.
A história é empolgante. Ver as possibilidades da tecnologia, a luta pela liberdade, os efeitos do terrorismo nas pessoas, está tudo nas páginas. Adorei a leitura mesmo achando que ele acaba repentinamente, achei que todo o processo poderia ser mais elaborado. Queria ver mais Marcus com Darryl, as mudanças na escola, enfim como tudo evoluiu depois de toda a luta.
“Pequeno Irmão” mais do que apenas uma boa leitura é uma leitura importante. É um grande manifesto que deveria ter como lema a frase de Thomas Jefferson “Aquele que troca liberdade por segurança não merece nem a liberdade nem a segurança”.

site: http://cheirodelivro.com/pequeno-irmao/
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Aline 07/10/2013

Pequeno Irmão
Já tenho esse livro a bastante tempo, mas ainda não tinha conseguido me dedicar a sua leitura até agora. Lembro que li uma resenha sobre ele que despertou minha curiosidade e quando consegui comprar o livro nem acreditei porque ele sempre está caro, mas enfim sabe quando um livro te envolve de um jeito e tira você da sua zona de conforto, além de abrir sua mente para vários assuntos envolvendo tecnologia e consegue fazer você mudar de opinião sobre o que é chato e o que é interessante??? Esse livro fez isso comigo.
Numa época onde estamos a todo o momento escutando nos telejornais sobre espionagem internacional e tecnologia de sistema de segurança e proteção de informações, nada mais atual do que esse livro. Ele começa nos apresentando um jovem de 17 anos chamado Marcus Yallow morador de São Francisco - EUA que estuda numa escola muito rígida com a fiscalização dos alunos, cada passo deles é vigiado pelo diretor e por isso Marcus investe seu tempo principalmente em criar meios de enganar o sistema de segurança do colégio (ele consegue e nos ensina o passo a passo desses inventos, essa parte no inicio é chatinha, mas depois que você se acostuma com a narrativa os termos técnicos passam a despertar curiosidade. Ele fala sobre os primórdios das invenções tecnológicas e como funciona o computador e outros aparelhos etc).
O protagonista no inicio do livro se sente autoconfiante por dominar esses conhecimentos e passa a não ter limites e querer burlar os sistemas de outros locais além da escola tornando-se um Hacker. Segundo ele existem pessoas que nascem para criar regras e outras para quebrar. Ele se questiona sobre a diferença entre crime e infração e qual seria o limite da privacidade?
Tudo estava indo bem na vida Marcus até que um atentado explode uma das pontes da cidade de São Francisco e ele e alguns amigos acabam sendo presos pela Departamento de Segurança Nacional como terroristas. Garanto que a partir daí a história fica tensa e cheia de ação.
Marcus passará por maus momentos nas mãos dos agentes e após ser solto por falta de provas, mas com a informação que teria uma liberdade vigiada a partir de então, pensamos que ele ficaria quieto e aceitaria sua nova realidade, mas pelo contrário ele fica cada dia mais crítico e começa a querer combater as injustiças impostas pelo departamento de segurança nacional a toda a cidade (tanto ele quanto os outros habitantes da cidade, mesmo sendo inocentes seriam vigiados até que os terroristas fossem pegos).
Nessa fase Marcus começa a usar seus conhecimentos tecnológicos para burlar o controle do Departamento de Segurança Nacional e tentar conscientizar as pessoas sobre seus direitos constitucionais de liberdade, além de cobrar um tratamento justo sem abuso por parte dos políticos e militares. Garanto que muita coisa acontecerá a partir daqui e o melhor é o amadurecimento e a responsabilidade que Marcus adquire, além de perceber que muito mais interessante que quebrar sistemas de segurança é criar um que seja o mais difícil possível de ser burlado.

"Pequeno Irmão nos faz lembrar que, não importa como o futuro seja imprevisível, nós não conquistamos a liberdade através de sistemas de segurança, criptografia, interrogatórios e batidas policiais. Nós conquistaremos a liberdade ao ter coragem e a convicção de viver livremente todos os dias e agir como uma sociedade livre, não importa o tamanho das ameaças no horizonte." pág.390

Enfim fica a dica de um leitura no mínimo intrigante, instigante e crítica.
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euzebio 19/09/2013

Pequeno Irmão
Livro de Cory Doctorow escrito em 2007. Conta a historia de um ataque terrorista na cidade de São Francisco e como o governo, com a desculpa de combate ao terrorismo, acabou com direitos civis, a liberdade de expressão.

Na confusão do ataque terrorista o governo prende Marcus Yallow, um jovem de 17 anos, um Hacker que usava seus conhecimentos basicamente para burla aulas. Ele é tratado como suspeito de terrorismo, tendo todos os seus direitos suspensos. Por meio de tortura física e psicologia tentam arrancar dele uma confissão. Sem conseguir incrimina-lo ele é solto, mas é coagido a não revelar nada do ocorrido, nem mesmo para seus pais. Neste ponto Marcus revoltado tenta lutar contra esta forma de opressão usando todos os conhecimentos hacker que tem a disposição.

O livro é bom, de fácil leitura. Uma coisa curiosa é a tecnologia mencionada no livro usada por Marcus. Há computadores, internet, uso de tecnologia de criptografia tudo bastante interessante e real, porem não ha redes sociais nem youtube, tabletes e os telefones não eram Smartfones. Na época que foi escrito as redes sociais estavam engatinhando e os poucos smartphones eram coisas de executivos.

A forma que Marcus luta contra o governo e semelhante ao usado pela resistência civil do primavera Árabe em 2010 que usou a internet para mobilizar multidões.

site: http://mgtc42.blogspot.com.br/
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Marcos Faria 01/05/2013

Como romancista, Cory Doctorow é um bom blogueiro. Metade do seu "Pequeno Irmão" (Record, 2011) é uma pregação panfletária sobre os males da vigilância governamental e a importância de preservar a privacidade, baseando-se quase sempre em informação despejada com a sutileza de um troll - num capítulo, uma professora resolve, do nada, dar uma aula sobre a história e as ideias dos yippies de San Francisco, convenientemente no momento em que o autor precisava dessa narrativa para contextualizar a ação. A outra metade mostra o heroi, Marcus/w1n5t0n/M1k3y, um adolescente branco heterossexual de classe média, praticamente um checklist de privilégios, vivendo uma fantasia de poder digna dos pulps mais simplórios, com a ajuda de uma galeria de personagens secundários estereotipados.

(Publicado originalmente no Almanaque - http://almanaque.wordpress.com/2013/05/01/meninos-eu-li-34/)
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Celia 20/01/2012

Pequeno Irmão
Bom demais é o que me vem à cabeça. Li rápido, e não podia ser diferente, o livro é muito instigante, bem escrito (alguns erros na edição, deve ser falha de impressão, mas não desmerece a tradução).
O que primeiro me chamou a atenção foi o título: Pequeno Irmão (Little Brother) que, obviamente, me lembrou de um outro livro com tema parecido: 1984, de George Orwell. Lendo percebe-se que o tema é o mesmo: o controle do Estado, invasão da privacidade e direitos civis.
Assustador, por mostrar o quanto somos controlados sem nem mesmo nos darmos conta desse fato e o quanto o Estado nos poderia controlar, retirando nossa privacidade com atos bem simples. Será que vale a pena abrir mão da liberdade em nome da segurança? O governo tem o direito de controlar seus cidadãos para prevenir crimes? Até que ponto é válida a interferência do Estado em nossas vidas? E não estamos nós mesmos abrindo mão de nossa privacidade e a colocando nas redes sociais? Isso pode ser uma arma contra nós?
O livro faz pensar. Embora seja protagonizado por um adolescente e tenha um tema interessante principalmente aos jovens geek, trata-se de todos nós e do comodismo político, que nos permite deixar nas mãos de outros nossas escolhas.
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Palazo 23/11/2011

“Governos são instituídos entre os homens, derivando seus justos poderes do consentimento dos governados; sempre que qualquer forma de governo se torne destrutiva de tais fins, cabe ao povo alterá-la ou aboli-la e instituir um novo governo, baseando-se em tais princípios e organizando-lhe os poderes pela forma que lhe pareça mais conveniente para realizar-lhe a segurança e a felicidade”.

Esse trecho da declaração da independência dos EUA é citado algumas vezes por Marcus Yallow, protagonista do livro “Pequeno irmão”, escrito por Cory Doctorow e publicado pela Editora Record.

Os motivos que inspiraram a declaração do garoto de apenas 17 anos eram sempre os mesmos, confrontar aqueles que defendem a perda da privacidade e da liberdade para justificar um aparente estado de segurança. Este fato pode parecer absurdo, porém ocorre todos os dias ao nosso redor sem muito alarde, com ações simples que vamos nos acostumando, nos adaptando e encarando como parte de nossa própria realidade.

O livro começa como uma obra adolescente comum, no estilo próximo ao de Percy Jackson. Marcus é o protagonista, também conhecido como W1n5t0n no meio digital, um nickname que ele usava para driblar sistemas de segurança no colégio e na vizinhança com a finalidade de manter sua privacidade e continuar realizando suas atividades normais como visitar sites proibidos durante as aulas, ou mesmo escapar da escola para jogar o jogo Harajuku Fun Madness.

A obra muda de tom durante uma dessas fugas em que quatro amigos vão jogar uma nova etapa do jogo. Darryl, Jolu, Van e Marcus encontram-se e partem em busca de uma pista quando sentem um terremoto sobre seus pés, ao longe avistam um cogumelo se formando e sumindo. Uma bomba havia explodido uma das pontes mais importantes de São Francisco, um ataque terrorista acabara de acontecer e os fatos que se seguiram mudaram o curso da história.

A partir do ataque o livro ganha uma nova cara, o medo passa a fazer parte de cada trecho. Os quatro amigos fogem, encaram o pânico da multidão na estação de metrô, são presos, torturados e três deles são soltos. A cidade muda, o medo e o caos tomam conta de cada cidadão, tudo é justificável pela improbabilidade de um novo ataque e pela busca inconsequente por terroristas. Todos perdem sua privacidade e são suspeitos de terrorismo.

Esses eventos mudam Marcus, que da mesma forma que usava a tecnologia para escapar dos sistemas de segurança da escola, começa a usá-la para escapar e enganar a segurança do próprio governo. Junto com o protagonista, uma infinidade de jovens começam a usar uma rede alternativa, criptografada, para conversar e a organizar ações para confundir os sistemas de segurança, driblar barreiras e se organizar para vencer o medo e o caos criado por aqueles que deveriam defender, proteger e privar pela felicidade de todo cidadão.

O governo, através do Departamento de Segurança Nacional, procura deter estes jovens e o medo toma conta do personagem principal. Marcus assume um estado quase paranóico de perseguição, mas mesmo assim continua suas ações inspirado pelo apoio de centenas de jovens, e de pessoas que acreditam no texto da Declaração de independência dos EUA, principalmente quando diz que “sempre que qualquer forma de governo se torne destrutiva de tais fins, cabe ao povo alterá-la ou aboli-la e instituir um novo governo”.

Esses fatos descritos de perda da privacidade e liberdade podem parecer exclusivos dos norte-americanos, ainda mais depois do dia 11 de setembro. Porém, se pararmos um pouco para analisar, nós perceberemos que eles estão cada vez mais próximos do nosso dia-a-dia. O constrangimento de tirar cintos, carteiras e sapatos para ser revistados em aeroportos, a proibição do uso de celulares dentro de bancos, a revista constante de motoqueiros e motoristas de carros como suspeitos de terrorismo. Vivemos sobre uma falsa sensação de segurança, em que o único resultado é nos privar da nossa liberdade.

O livro de Cory Doctorow alerta-nos para a nossa própria realidade através de uma história de rebelião tecno-geek, mostra que não devemos ser reféns do sistema e de governos, e não devemos aceitar o falso argumento da perda da liberdade para obter segurança. Nos dois posfácios do livro, Bruce Schneier e Andrew abordam exatamente esses pontos, e alertam para o papel de cada cidadão na luta contra qualquer sistema que ouse retirar a privacidade. Afinal, como diz Marcus Yallow, “a liberdade é algo que devemos conquistar”.

Em tempo, vale comentar sobre a bibliografia abordada no final do livro, não de uma forma acadêmica, mas como um texto discorrendo os motivos para cada livro. São muitos os livros de tecnologia citados, mas dois me chamaram a atenção: Cryptomonicon, de Neal Stephenson, que fala sobre Ala Turing e a máquina enigma dos nazistas; e 1984, e toda a inspiração que o revolucionário romance de George Orwell trouxe para Cory Doctorow.

Pequeno Irmão

Autor: Cory Doctorow

Tradução: André Gordirro

400 páginas

Preço Sugerido: R$ 34,90
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Piva 14/11/2011

Liberdade só é conquistada quando se luta por ela.
Para a manutenção de um Estado é preciso garantir o controle e a segurança daqueles que o pertence. O livro nos apresenta uma situação que quebra essas duas características. Tudo começa quando Marcos e seus amigos estão no lugar errado na hora errada, apenas participando de mais uma fase do jogo de realidade alternativa Harajuku Fun Madness. Enquanto eles procuram por pistas ocorre o maior atentado ao Estados Unidos da América desde 11 de Setembro. O alvo foi uma ponte muito importante de São Francisco, e segundo o Departamento de Segurança Nacional, Marcos causou o atentado.

Marcos Yallow é apenas um adolescente de 17 anos que é aficionado por tecnologia e as diferentes formas de manipulá-la. Ele modificou todos os aparelhos eletrônicos que possui para que tivessem as funcionalidades que ele desejava, mesmo sendo proibido tais modificações Marcos apenas as faz por diversão e conhecimento. Ele juntamente com um grupo de amigos são mais uma equipe no jogo Harajuku Fun Madness, que consiste na procura de pistas e resoluções de enigmas em diversas partes do mundo. Para eles aquele seria mais um dia em que escapariam da escola para jogar, mas como já disse eles estavam no lugar errado e na hora errada, o Departamento de Segurança Nacional não quis saber o porquê de estarem naquele lugar e naquele momento e levaram presos Marcos e seus amigos, presos como terroristas.

Marcos e seus amigos passam por tempos difíceis na prisão sendo tratados no maior descaso, retirando-lhes todos os direitos como cidadãos, utilizando de todo tipo de violência física e psicológica. Marcos é tido como o líder terrorista e sobre ele pesa toda pressão psicológica. Alguns deles conseguem ser soltos, ainda tidos como terrorista, mas tendo regime provisório, para isso tiveram de se responsabilizar pelo atentado e assinar um termo de sigilo sobre tudo que passaram naquela prisão, se alguém soubesse de alguma coisa que ocorreu naquele lugar eles seriam mortos sem compaixão alguma.

São Francisco está cada vez mais dominada pelo Departamento de Segurança Nacional, a cada dia chega novas equipes. Câmeras são instaladas em todos os lugares; é controlado cada passo dos cidadãos, caso eles fujam da rotina que estão designados o Departamento de Segurança trata de investigar as causas; pessoas são presas todos os dias por serem suspeitas. A privacidade é extinta. É como se São Francisco estivesse numa bolha altamente vigiada fora do mundo.

Marcos entra em um confronto, viver suprimido por tudo que passou ou levantar-se contra o sistema e lutar, mas uma luta escondida e silenciosa. Ele assume uma nova identidade, uma em que ele possa se esconder, mas que possa mostrar sua verdadeira opinião e a realidade que muitos não sabem ou não conseguem enxergar. Ele se utiliza de um sistema operacional para Xbox, o Xnet. Único lugar onde ainda há liberdade em São Francisco, uma rede de adolescente lutando contra o sistema supressor. A rede faz grande sucesso entre os adolescentes, Marcos se torna um líder de uma revolução cibernética. Seus membros começam a encontrar modos de demonstrar a verdade para o mundo ver a realidade em que se encontra a cidade São Francisco. Será um confronto intenso, cheio de reviravoltas, uma jornada de conhecimento e também de perigo, já que uma vez que é declarada guerra não há como voltar atrás, ainda mais uma guerra entre adolescentes contra o governo do Estados Unidos.

Um livro altamente maravilhoso que infelizmente não conseguirei demonstrar em palavras o quão bom é esse livro. Cory Doctorow foi extraordinário em relacionar em três tópicos muito importantes: a organização da política atual, o poder e a funcionalidade da internet e conflitos adolescentes.

Primeiro que o livro apresenta diferentes conceitos de computação, como a criptografia. Como faço curso na área pude rever diversos conceitos, o interessante é a maneira que ele explica para um usuário comum, dos aspectos mais difíceis e mais fáceis Cory soube demonstrar seu conhecimento como atuador na área. Nunca havia lido um livro destinado ao público adolescente que possuísse argumentações tão bem feitas quanto à organização do sistema que estamos submetidos. Ele nos apresenta o sistema e todas as irregularidades presentes nele, maioria nos é visível, mas ignoramos. Acho que a crítica mais evidente do autor quanto a esse tópico foi a maneira que o Departamento de Segurança Nacional lidou com a atentado ao EUA. As barbaridades que foram geradas em nome de um atentado que já havia arrasado o mundo. Barbaridades como a tortura em que foram submetidos os presos que estiveram sob controle americano. E acima de tudo ele engaja o leitor a questionar a realidade que vive, questionar se tudo que somos subordinados é apenas para nossa segurança ou apenas controle em massa utilizando da Constituição para argumentar tais problemas.

Ele apresenta tudo isso sem deixar de utilizar os confrontos pertinentes da adolescência. As confusões, descobertas na figura do Marcos, que foi um personagem maravilhoso, pude me identificar com as diversos problemas que ele enfrentou e fiquei fascinado pela a maneira como ele encontrava uma solução através de idéia totalmente criativa, digo resoluções que apenas um adolescente veria como uma solução para um problema que normalmente teria sido resolvido de uma maneira mais séria.

É dito por muitos como uma versão adolescente de “1984” de George Orwell, um livro que quero ler o mais breve possível. Indico para leitores de todas as idades, pois nesse livro encontrarão respostas para seus questionamentos e novos questionamentos, uma leitura para refletir muito sobre. Liberdade só é conquistada quando se luta por ela.
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Patrícia 04/10/2011

Resenha Mix Literário
Pequeno Irmão é um livro inspirador, conta a história de Marcus, um garoto de 17 anos aficionado por tecnologia e que consegue burlar todo método de segurança instalado na escola desde câmeras até o computador utilizado em aula. Sua outra paixão são os jogos como RPG e ARG. Ele e seu grupo de amigos Van, Darryl e Jolu são jogadores inveterados de Harajuku Fun Madness, um excelente jogo que mistura o mundo real e virtual e é exatamente em fuga da escola para mais uma partida desse jogo que Marcus e seus amigos estarão na hora e no local errado e isso acarretará em grandes mudanças em sua vida por que São Francisco, a cidade a qual eles moram sofre um ataque terrorista e todos os cidadãos que estavam naquela área são suspeitos. Ele é preso pelo Departamento de Segurança Nacional e interrogado, porém ele não se livra tão fácil assim do departamento.

E meus amigos, a vida de Marcus depois da prisão e do interrogatório não fica nada fácil. O departamento não só deixou traumas como usurpou a privacidade de toda a população com seus métodos duvidosos, levando assim o nosso herói a criar uma rede no Xnet, rede “teoricamente” segura onde eles criam diversas formas de contra-atacar o governo.
O livro é eletrizante, é uma mistura de tecnologia onde tudo é explicado de forma minuciosa fazendo o leitor sentir exatamente tudo o que Marcus está executando. A sensação passada ao leitor é que ele próprio está burlando todos aqueles sistemas ou fazendo novas jogadas.

Mas o livro trata também assuntos sérios como terrorismo e o quanto toda essa situação traz traumas irreversíveis à vida de quem foi atingido por esse tipo de ataque, o quanto uma população fica fragilizada e como ela se submete a alguns tipos de situações consideradas absurdas por aqueles que não passaram pelo trauma, mas que também foge ao bom senso, lembrado que o direito de cada um começa onde o seu termina.

Recomendo Pequeno Irmão, um livro brilhante escrito por um autor expert no assunto que nos conduz para uma mente intensa de um jovem que nos leva a uma percepção de que há muito mais coisas neste nosso mundo que ficam invisíveis, mas que nós simplesmente ignoramos que existe. Com uma narrativa inteligente, enredo alucinante e uma pitada de romance por que ninguém é de ferro, “Pequeno Irmão” é incrivelmente fantástico.
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ThaisTuresso 19/09/2011


"Eles estavam tirando isso de mim, pedaço por pedaço (...)
Eu havia quebrado várias regras na minha vida e geralmente tinha me dado bem. Talvez fosse justiça. Talvez fosse o meu passado voltando para ajustar contas (...)"


A resenha de hoje é tecnologicamente especial! Todo cibernético, internauta ou amante da tecnologia irá amar a leitura de Pequeno Irmão! Redefina sua senha, proteja seu transponder e prepare-se para uma leitura alucinante! Mas cuidado! Seus passos estão sendo cuidadosamente vigiados!


Marcus é um aparentemente comum, eu disse "aparentemente". Marcus tem dezessete anos e com o pseudônimo de “w1n5t0n” ele já derrubou o sistema de seu colégio, já deu muita dor de cabeça para seus superiores. Enganar o sistema do Colégio é um hobby e uma prática diária, ele sabe como sair sem ser visto, entrar invisivelmente e não deixar rastros, até aquela câmera que capta sinais de comportamento ele consegue tapear acrescentando pedrinhas nos sapatos, fã de RPG, agora ele consegue "trollar" o CompuEscola, o sistema escolar que tem uma das seguranças mais sofisticadas. Ele é o "cara".

A moda agora é os ARG's, jogo no qual ele, Darry e Van são viciados. E foi assim que enganando o sistema mais uma vez, os três saíram em horário escolar para o jogo e foi nesse dia que tudo começou.


"Sentimos primeiro aquela tremida perturbadora do cimento debaixo dos pés que todo californiano conhece por instinto - terremoto."

Mas não era um terremoto, foi o primeiro de um suposto atentado ao país, teriam sido terroristas? Mas porque e para quê?
Nesse ínterim Marcus e seus amigos são levados à prisão como supostos terroristas e criminosos. São separados e torturados psicologicamente, o país estava tomado pelo caos.
Mas, o governo diziam os proteger, foi preso para seu bem, ou para proteger o país. Tiram tudo dele, parte por parte, senha por senha, segredos ocultos.
Ele sabe que foi marcado, o Departamento de Segurança quer prendê-lo e encontrarão os motivos, não se antes ele derrubá-los, assim nasce o M1ck3y.

M1ck3y terá a ajuda de Ange e outros vários desconhecidos da Xnet ajudarão. Jovens que assim como ele acreditam na liberdade individual. Agora é vencer ou morrer!

Pequeno Irmão é um livro brilhante, não é à toa que já foi traduzido para mais de 23 línguas, o autor expert no assunto, nos conduz para a mente brilhante de um jovem que propositalmente ou não, leva-nos à percepção de que há mais coisas invisíveis do que visíveis e mais do que nos levam a acreditar. Com um romance, narrativa sábia e enredo fascinante, Pequeno Irmão, é mais que brilhante é inteligente e incrivelmente fantástico. Recomendadíssimo
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CooltureNews 02/09/2011

Por: Junior Nascimento
Publicada no www.CooltureNews.com.br

Não tenho o sentimento antiamericano correndo em minhas veias, e tão pouco morro de amores pelos nossos vizinhos ricos do norte, mas uma coisa é certa, nunca imaginava que chegaria o dia onde colocaria um trecho da Declaração de Independência dos E.U.A no inicio de alguma resenha neste site. Mas essas poucas palavras resumem exatamente o que senti ao ler o livro, e o que todos deveriam sentir, estamos vivendo em um país onde falta a população saber que os governantes só estão no poder porque nós os colocamos ali, e chegou a hora dos governantes terem o mínimo de respeito pela população, e realmente fazer o seu trabalho.

Esse foi mais um livro que optei por não ler nenhuma sinopse e muito menos resenhas, e fui surpreendido a cada linha. Vocês devem ter percebido que o intervalo entre minhas resenhas no site tem ficado cada vez maior, isso se deve ao pouco tempo que tenho tido para ler, mas neste caso em especial, eu abandonei tudo inclusive horas que me dedicava a ficar na internet ou ver meus seriados, nada conseguia me fazer parar de ler Pequeno Irmão, e o fiz em 2 dias, ou seja, o tempo que demorava a alguns meses para ler.

No início, digamos os 3 primeiros capítulos, achei que não fosse gostar muito do livro, afinal ele é repleto de explicações tecnológicas e matemáticas, e com uma linguagem que costumamos ver na internet, e convenhamos, após ler Orgulho e Preconceito, pegar algo com esse tipo de linguagem é completamente sinistro. Por sorte acabei me acostumando e com o tempo percebi o quanto esse tipo de linguagem e explicações foram necessárias para a leitura.

Pequeno Irmão é uma critica contra essa sociedade que diz lutar contra o terrorismo espalhando o terror, o que é completamente contraditório, mas acontece. Depois dos atendados dos últimos anos, principalmente o de 11 de setembro (que completa 10 anos neste mês), podemos dizer que os terroristas foram bem sucedidos, não que esteja enaltecendo esse ato cruel, mas eles realmente conseguiram espalhar o terror.

Será que os terroristas já venceram? Será que nós cedemos ao medo a ponto de artistas, praticantes de Hobbies, hackers, iconoclastas e talvez um simples grupo de moleques jogando Harajuku Fun Madness serem considerados tão superficialmente como terroristas?
Página 389.

No livro, mais uma cidade dos Estados Unidos é alvo de um ato de terrorismo e com isso, podemos dizer que o governo perde o controle por tentar controlar tudo e todos. Temos uma visão do transtorno que a tecnologia pode nos causar, com câmeras espalhadas pela cidade, inclusive dentro das salas de aula, acesso a dados de cartão de crédito, internet completamente grampeada, toda a população acaba sendo alvo de um governo corrupto que se aproveitou de um ato terrorista para assumir o controle total de sua população.

NÃO CONFIE EM NINGUÉM COM MAIS DE 25 ANOS!

Marcus sempre foi contra qualquer tipo de domínio, acredita fielmente em seu país e é um experiente hacker, a receita perfeita para ir contra tudo o que o governo estava fazendo, mas faltava algo que disparasse o gatilho. No momento do atentado, Marcus foi detido para esclarecimentos, afinal estava próximo ao local do atentado quando o mesmo aconteceu. Marcus foi preso, torturado, humilhado e ameaçado, um cidadão americano de 17 anos, uma das vitimas do terror. Isso bastou para sua busca por vingança e com isso criou a Xnet, uma internet livre do controle do governo, por ser totalmente pirata, usando um simples console XBox.

“Vocês são a primeira geração a crescer em um país que virou um campo de concentração e sabem que sua liberdade vale cada ultimo centavo, p…”
Página 198

A Xnet acabou se tornando um ponto de encontro entre jovens que assim como Marcus estavam estarrecidos quanto aos abusos de autoridade do governo, o que foi comparado no livro a uma versão moderna do movimento hippie, e isso me fez ver com outros olhos tal movimento e confesso que fiquei com muita vontade de pesquisar mais sobre ele, poderia ter um pouco mais das aulas da Srta. Galvez no livro, quando vocês lerem, garanto que sentirão a mesma coisa. Essas aulas, e os debates que aconteciam da mesma foram simplesmente geniais, eu adoro um bom debate, e no livro podemos ver ambos os lados e tirarmos nossas conclusões mas sem deixar de respeitar as demais. Os “Gritos” que estão espalhados nesta resenha foram colocados de uma forma tão perfeita no livro que foi simplesmente impossível não se arrepiar ao ler, e garanto que estou neste momento arrepiado.

TOMEM DE VOLTA!

Como vocês devem ter percebido, ao ler o livro esse sentimento de revolta contra as barbaridades cometidas pelos governantes cresceu exponencialmente, porém junto dele veio um sentimento de que um pequeno grupo de pessoas podem ganhar força e fazer algo acontecer. É exatamente disso que se trata o livro, ter amor pelo seu país, afinal se você o ama de verdade, não basta criticar é preciso fazer algo para mudá-lo.

Trocar privacidade por segurança é idiotice suficiente ; não conseguir segurança alguma com a troca é ainda mais idiota.
Então, feche o livro e vá em frente. O mundo está cheio de sistemas de segurança.
Quebre um deles.
Página 386

Sabe aquele livro que quando você termina a leitura, você simplesmente quer voltar as páginas e ler tudo novamente? Pois esse é Pequeno Irmão, só não faço isso agora pois tenho muitos livros para ler, mas posso garantir que é a minha vontade. Essa resenha ficou enorme, mas posso garantir que tentei reduzir ao máximo minhas palavras, só lendo o livro para vocês entenderem.
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Guto Fernandes 02/09/2011

Eu vi os luminares da minha geração destruídos pela loucura, famintos, histéricos e nus, arrastando-se pelas ruas bairro negro de madrugada em busca de uma dose nervosa, hippies com cabeça de anjo desejando o antigo contato celestial com o dínamo estrelado do maquinário da noite… pág. 227


Marcus Yallow, também conhecido como w1n5t0n, é um garoto de 17 anos que possui um conhecimento acima da média com relação a internet e tecnologia. Viciando em um jogo onde existe interação tanto virtual quanto real entre seus participantes, ele não deixa que sua equipe fique um passo sequer atrás da busca pelo prêmio máximo. E para tal feito é necessário cumprir uma série de tarefas e buscas, porém o garoto jamais pensou que estes simples atos pudessem ir de encontro aos piores momentos de sua vida.

Estando no local errado e na hora errado, Marcus e seus amigos são detidos próximos ao local do pior ataque terrorista a São Francisco já registrado. Como suspeitos de terem alguma conexão com os responsáveis eles são confinados por dias numa prisão passando por interrogatórios intermináveis e pedidos para que tenham acesso aos aparelhos que Marcus portava na ocasião. Até o dia em que ele por fim decide colaborar com seus captores e ser solto, mas não sem ser avisado de que seria vigiado daquele dia em diante.

Uma vez solto e vendo o mundo como ele conhecia transformado em uma prisão onde cada cidadão tinha seus passos e atos registrados, Marcus decide lutar contra o sistema e derrubá-lo com o intuito de ter de volta a liberdade retirada de todos.

Pequeno Irmão do autor Cory Doctorow é antes de tudo um livro cativante, que defende com unhas e dentes o direito da liberdade e ataca abertamente aqueles que tendem a tomá-la com justificativas de ‘bem maior’. Essa é uma postura que reflete diretamente o engajamento do autor, que desde criança se mostrou propenso como militante em questões como o desarmamento nuclear e ações do Greenpeace, e é apresentada ao longo do enredo de formas embasadas em importantes documentos americanos como a Declaração dos Direitos, a Constituição e a Primeira Emenda da Constituição.

Também valendo-se desta luta pela liberdade em todas suas formas o autor faz paralelos e ligações com os movimentos em prol do fim da segregação racial americana, os hippies e yuppies das décadas de 60 e 70 com suas manifestações contrárias a Guerra do Vietnã. Em determinado momento da história Cory Doctorow até mesmo emula o famoso show de Woodstock em uma versão menor num dos parques de sua São Francisco tomada por câmeras e paranóia antiterrorista.

Baseado e motivado por esses preceitos o protagonista da história, um garoto de 17 anos que após sofrer as piores humilhações em sua curta vida, decide se vingar do Departamento de Segurança Nacional criando diversos meios de interferir na busca deste e mostrar o quão inútil é a mesma. Para tanto Marcus consegue criar desde uma rede de internet fantasma, onde seria praticamente impossível rastrear as ações de seus usuários, até interferências diretas, como trocar informações coletadas pelos federais e alterar ‘padrões’ de comportamento dos cidadãos que culminam com o colapso da cidade inteira.

Cada ação do governo e suas falhas sempre são analisadas por Marcus de forma lógica e metódica, porém em nenhum momento o leitor se encontra perdido durante essas passagens. Se há algo que Doctorow parece ter prezado ao escrever Pequeno Irmão fora trazer termos técnicos de informática e criptografia para um modo mais palatável, porém sem perder sua essência ou cair em frases bobas. E deve-se dizer que este é um livro que respeita e instiga a inteligência de quem está lendo-o, em diversas passagens quase podemos sentir que o protagonista, que também é o narrador, está dialogando diretamente conosco, expondo suas teorias e descobertas como se estivéssemos lado a lado com ele.

Essa narração em primeira pessoa também é fundamental para a criação do clima que envolve todo o enredo, conseguindo transmitir bem as emoções e dúvidas do personagem em todos os momentos, assim como permitindo uma melhor análise da evolução que o mesmo sofre no decorrer da trama. Podemos dizer que ao iniciar sua narrativa Marcus era apenas um garoto que sabia modos de burlar a vigilância massiva de sua escola e ao longo das páginas, mesmo sem desejar ou tomar o título para si – escondendo-se sob um novo nick M1k3y, ele se torna um importante vetor para a revolução contra o sistema e suas ações.


Eu balancei a cabeça. – Ninguém consegue alguma coisa não fazendo nada. O país é nosso. Eles o tiraram da gente. Os terroristas que nos atacaram continuam livres, mas nós, não. Eu não vou me esconder por um ano, dez anos, a vida inteira, esperando que me deem a liberdade de mão beijada. A liberdade é algo que você tem que conquistar. pág. 350


Quase criando uma sociedade distópica ao implementar as medidas enérgicas do Departamento de Segurança Nacional o autor se valeu tanto da paranóia existente quanto a sensação de segurança por meio de vigilância constante impregnada na sociedade moderna quanto em um paralelo com a realidade prevista por George Orwell em seu livro 1984. Livro este em que fora criado o Grande Irmão, ou Big Brother no original – que serviu de inspiração direta para a elaboração do reality show -, um personagem que através de uma série de telas monitorava a vida de todas as pessoas da sociedade. E aproveitando-se deste conceito o autor nomeia sua obra com o nome de Pequeno Irmão, numa alusão a oposição entre os ideais de Marcus e as ações do governo.

E conforme encaminhamos para o desfecho da narrativa, com várias reviravoltas acontecendo e revelações sendo feitas, vislumbramos a genialidade de Doctorow para ligar todos os eventos assim como a de seu protagonista para conseguir dar sua cartada final contra o sistema em uma investida que define tudo como ganhar ou perder, sem meios termos.

Pequeno Irmão é um livro cuja leitura transcorre de maneira natural e rápida, sem qualquer problema durante seu curso. É uma obra instigante, cujo tema – a luta pela liberdade e o direito de usufruir dela – já envolve o leitor de forma surpreendente e todos os reveses que Marcus sofre ao longo da trama apenas tornam maior o carisma desenvolvido por ele.

Para finalizar esta é uma obra que ao lado de 1984 se manterá atual por muitos anos enquanto houver alguma semente da ideia de que a troca da privacidade e liberdade pela falta sensação de segurança imposta pela vigilância descontrolada e falha muitas vezes. Assim como Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley e a obra máxima de George Orwell, Pequeno Irmão é um livro sobre um medo que sempre assombrará os corações humanos: a tirania de poucos com a desculpa do bem-estar de muitos.

MORDI MORDI MORDI MORDI MORDI! Pág. 322
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