Fê Madeira 15/09/2011O céu está em todo lugarQuando recebi o livro em minha casa (Obrigada Novo Conceito!) me apaixonei logo de cara e pensei: “Ele é lindo!” A capa é texturizada; aos mais desavisados, ele passaria por um hard cover fácil, fácil. E quando você o folheia... Tamanha é sua surpresa, pois ele é delicadamente diagramado com suas fontes em azul* e entremeado com poesias e cartas deixadas em diversos lugares por Lennie, a clarinetista e doce protagonista da trama.
Ao contrário do que você possa imaginar, Lennie inicia contando sua estória (Sim! O texto é narrado em primeira pessoa, quase em tempo real!) a partir de um fato muito triste de sua vida: a morte de sua irmã mais velha Bailey. Lennie é criada por sua avó e seu tio. Sua mãe seguiu seu caminho desbravando o mundo, como a avó gostava de contar e desde então ela passou a vida amando e admirando, mais do que tudo, Bailey.
Sem dividir a dor da perda com sua pequena e incomum família, ela vai voltando a sua rotina um mês depois da morte da irmã. Aos poucos, ela retoma os estudos, suas aulas de música, seus amigos e seus livros... Mas estava muito longe de reencontrar sua antiga felicidade.
A falta que a irmã mais velha faz em sua vida a deixa beirando a loucura, Lennie se tranca em seu mundo, proibindo até sua querida avó de penetrá-lo, não deixando ninguém levar embora as roupas e os pertences da irmã, pois acha que se distanciando desses objetos estará cada vez mais longe dela.
Aos poucos Lennie vai descobrindo que se tornou uma sombra de Bailey durante anos e ao perceber isso, se sente muito culpada e egoísta por discordar de seus próprios pensamentos sobre a irmã, quando ela já não podia mais se defender, pois não estava mais ao seu lado. Lennie amava Bailey, o poder que ela exercia sobre as pessoas, como era magnética, sedutora, apaixonante e corajosa. E depois de sua partida e diante de tantas coisas que havia vivido em tão pouco tempo, ela se questionava se de fato merecia algum tipo felicidade, se não poderia mais dividi-la com a irmã.
A dor da perda a corroi de tal maneira, que ela é incapaz de enxergar qualquer sofrimento a sua volta até se deparar com Toby, o namorado da irmã morta. Diante de tanta confusão em seus sentimentos, Lennie se sente envolvida emocionalemente com Toby e juntos eles passam a dividir a saudades que a morte de Bailey deixou aos dois, e também a culpa por essa estranha proximidade.
Até aparecer Joe Fontaine. Ah... Joe... O lindo garoto meio-inglês-meio-francês que chegou à escola abalando as estruturas da pequena cidade onde Lennie mora. Todas as meninas perceberam Joe, mas ele só tem olhos para Lennie, ou melhor, Jonhn Lennon... rsrsrsrs...
Coisas lindas acontecem entre o violonista e a clarinetista. A pureza da descoberta do amor, suas promessas, o fervor na pele ao primeiro contato físico e aquela imensa vontade de estar junto o tempo todo faz o corpo de Lennie flutar, e quando ela está com Joe, parece absolvida do pecado “de ser feliz”.
Mas toda vez que reencontra Toby, as feridas são reabertas e os sentimentos confusos a dominam deixando ela entre ele e Joe.
Pobre Lennie!
Longe de sua mãe, sem a presença amiga de sua irmã, ela tem que se virar em um mundo novo, cheio de descobertas, as quais não tem mais com quem dividir.
Amor, dor, medo, culpa... Sentimentos que se misturam á lindas metáforas dão um tom todo especial a essa estória. Com uma mão preciosa de poesia, muitas inferências a literatura clássica, expressões em francês** e um toque açucarado na escrita, Jandy Nelson faz você prender a respiração com sua maneira tão particular ao falar de amor.
Nunca pensei que pudesse encontrar tanta doçura em um só livro!
Ao fim de sua história me sinto convencida de que O CÉU ESTÁ E TODO LUGAR.
*Azul é cor favorita de Lennie.
** Senti falta da tradução de algumas expresãoes em francês