Thaisa 11/04/2023
Meu primeiro livro de true crime: enojante, mas fascinante?
Entre julho e agosto de 1969, crimes hediondos pararam não apenas os Estados Unidos, mas o mundo: em Los Angeles, nove pessoas foram brutalmente assassinadas, incluindo a atriz em ascensão Sharon Tate, de 26 anos, que estava grávida de 8 meses e meio do diretor Roman Polanski.
Os homicídios foram praticados pela chamada "Família Manson", um grupo de pessoas que viviam em comunidade e cultuavam seu líder, Charles Manson, um músico fracassado e preso com frequência desde a juventude. Segundo seus seguidores, Manson acreditava que a banda The Beatles falava com ele através de suas músicas, principalmente no disco "White Album", e que "Helter Skelter" (uma canção sobre escorregadores) previa uma guerra racial que o próprio Charles deveria começar; e seus fiéis amigos, crendo que ele era o próprio Jesus Cristo, iniciaram esse conflito assassinando milionários na Califórnia na tentativa de culpar pessoas pretas por esses terríveis crimes.
Nesse livro, o promotor do caso, Vincent Bugliosi, conta a sua perspectiva de tudo o que aconteceu: as mortes, as investigações, a história dos suspeitos, a procura por um motivo e os julgamentos, além de também incluir fotos, entrevistas e relatos.
Eu nunca havia lido um livro de true crime - e comecei justamente pelo maior bestseller do gênero. Ao embarcar nessa leitura, sabia que não seria fácil, tanto que levei mais de um ano para concluir a obra, já que, especialmente na primeira parte, em que as mortes brutais são narradas detalhadamente, eu me sentia nauseada constantemente.
Também tinha em mente que, por ser um livro escrito pelo advogado de acusação, a narrativa traria apenas o seu ponto de vista do ocorrido, então a parcialidade não me incomodou - aliás, o único motivo de "Helter Skelter" não ter sido um cinco estrelas pra mim foram algumas frases sensacionalistas, colocadas para fazer o leitor crer que talvez Manson realmente fosse um messias ou que tivesse dons sobrenaturais, saindo da parte criminal e jogando elementos místicos.
Mas mesmo essa obra sendo uma das mais pesadas que eu já li, gostei da condução narrativa, desde a ordem em que as partes e os capítulos apareceram, cronologicamente, até como Bugliosi criou e apresentou sua acusação e como ele deu uma aula de retórica fantástica durante o tribunal. Particularmente, eu também achei o livro bem informativo e descritivo, já que, mesmo não sabendo basicamente nada sobre as vítimas ou sobre a Família e Manson, terminei a obra me sentindo uma expert no caso...
Eu, que tanto amo ficções de terror, nunca me senti tão paranoica e assustada ao me deparar com o horror real; assim, esse livro me destruiu de diversas formas, mostrando a perversidade que existe no mundo e os extremos da crueldade humana.
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