Aforismos para a sabedoria de vida

Aforismos para a sabedoria de vida Arthur Schopenhauer




Resenhas - Aforismos para sabedoria de vida


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Maurino 07/03/2012

A atitude filosófica.
“A razão pela qual as cabeças limitadas são tão propensas ao tédio provém do fato de que seu intelecto nada mais é senão o intermediário dos motivos para a vontade.” Para Schopenhauer há uma discrepância entre representação e vontade, sendo a primeira um mero instrumento da segunda. Daí a sua repugnância pela humanidade - cujo destino é perder-se no “véu de maya”. Pensar é, assim, um autoengano. Sombrio? Pessimista? Eu diria que Schopenhauer é irônico, na medida em que a essência de sua desesperança consiste na cômica vingança da inferior - porém astuciosa - vontade contra a razão (talvez, a expressão de seu ressentimento em relação a Hegel). Ora, a longa e miserável existência dos pobres filisteus – egoístas e pateticamente convencidos de um valor que na verdade não têm - consiste meramente em evitar a dor; perseguindo, como uma boca pantagruélica, a gratificação momentânea e o prazer fugidio. O mundo é algo como um imenso Shopping Center, onde uma legião de carentes infelizes joga, compra, bebe, vê e são vistos em uma histérica e convulsiva fome de viver. Sem isso sobrevém o tédio, a monotonia – o motivo para a sociabilidade entrevisto na metáfora dos porcos-espinhos. Uma vida assim, tão estúpida, tal qual um drama grotesco de terceira categoria, só é tolerável devido à repressão (Verdrängung) da parte dolorosa da realidade – pela qual a vontade cega e irracional nos protege do conhecimento de nossa própria futilidade. Como fazer, ou melhor, “ser” nesse mundo ilusório, marcado por um pathos fundado na falta e impenetrável à razão? Nesse “Aforismos para a sabedoria de vida”, a linha de fuga consiste numa espécie de paradoxal subversão dessa vontade, pela qual o caráter ficcional do “eu” é desmascarado como que em um insight. Ele propõe assim um desapego, ou dissolução do “eu”, que cria as condições de uma espécie de nirvana profano, pela qual o homem adquire “a convicção imediata, sincera e firme do caráter vão de todas as coisas e da insignificância de todas as magnificências do mundo”. Trata-se de um desinteressado heroísmo moral, superação pela qual o valor filisteu deve ser abolido, na medida em que está inextricavelmente ligado à fúria irracional do desejo. Eu sugeriria esse livro a quem quisesse suscitar o amor à sabedoria.
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