Os moedeiros falsos

Os moedeiros falsos André Gide




Resenhas - Os Moedeiros Falsos


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EduardoCDias 14/08/2023

Relacionamentos e literatura
Um grupo de jovens na Paris do fim do século XIX e seus dramas pessoais. Relacionamentos, inclusive homossexuais, dramas familiares, poesia e literatura e dificuldades na aceitação. Considerado a obra prima de Gide, esse livro me surpreendeu, apesar de um tanto caótico.
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Isa 20/07/2023

Bom, a história começa com Oliver e Bernard, 2 jovens amigos e Édouard, meio tio de Oliver. Acontece que Oliver gosta muito de Édouard e este está se apaixonando por Oliver também, mas como bom romance de novela, eles não sabem se comunicar, fazem drama e coisas acontecem que levam Bernard a viajar com Édouard deixando Oliver pra trás. A história tem vários outros personagens que complementar essa trama, várias mini histórias acontecem ao mesmo tempo. Além disso, através das discussões entre os personagens aparece de tudo nesse livro: discussões sobre literatura, sobre vida, personalidade, religião, sentimentos... É uma boa leitura se você ler com paciência e estiver no clima de leituras filosóficas que te fazem refletir sobre as coisas. Também aconselho a procurar uma boa edição e investir no livro físico pra fazer marcações e acompanhar as muitas referências, li em epub em uma versão bem ruim e sinto que isso prejudicou muito.
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arthur966 26/03/2023

Não me parece que eu tenha exatamente mudado; mas sim que somente agora tomo consciência de mim mesmo: até agora eu não sabia quem eu era. será possível que eu sempre precise de que um outro me sirva de revelador?
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JoaoVictorOF 19/06/2022

Desnorteador
Eu nunca vi um livro que incorporasse melhor o meme da Isabela Boscov: "Que experiência, ao mesmo tempo, avassaladora, fascinante e viajante." É exatamente isso esse livro pra mim.
Li pra faculdade há um tempo atrás, sem esperar nada. A fórmula da Mise en abyme te pega de jeito, é intrigante. Dá um certo incômodo, porque você não sabe onde se apoiar nessa história, mas ao mesmo tempo te convida a prosseguir com a leitura.
Interessante demais ver a retratação do amor homoerótico aqui. Me senti lendo algo proibido, apesar de ser incrivelmente sutil para os nossos parâmetros modernos. Deve ter sido um escândalo na época.
Bom, não diria que é uma leitura satisfatória porque naturalmente é uma história cheia de lacunas e te deixa querendo um desfecho que preencha esses buracos. Mas acho que o propósito era esse mesmo. Acabei ficando tão preso a esse livro e suas particularidades que fiz uma releitura pouco tempo depois.
Enfim, é uma loucura. Te desafia intelectualmente. Nem sou capaz de escrever uma resenha sobre, fica aí esse amontoado de impressões.
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Luigi.Schinzari 21/09/2020

Um pouco sobre Os Moedeiros Falsos, de André Gide
Um bom escritor pode demonstrar seus talentos por meio de algumas características basais para a reverência dentro das letras. Pode ser um ótimo criador de personagens e tipos; ser um argumentista sólido, com bons diálogos; pode dosar bem seus símbolos sem deixar a obra pedante ou intratável pelo público médio; talvez saiba como elaborar uma boa história, de início ao fim, prendendo o leitor em cada página, ansioso por saber a conclusão. André Gide (1869-1951), escritor francês e Nobel de Literatura em 1947, junta todas essas características em sua obra-prima, Os Moedeiros Falsos (1925), e ainda nos brinda com uma aula sobre o formato romance e a boa literatura.
 
 Resumir a história de Os Moedeiros Falsos, um dos maiores clássicos da literatura francesa e universal, é uma tarefa quase impossível. São tantos os acontecimentos que Gide nos apresenta, de tantos pontos de vista e, inicialmente, tão desconexos, que o leitor se encontrará sendo guiado às cegas por um escritor que sabe muito bem quais sensações -- e sem dúvidas a confusão é uma delas -- quer despertar no leitor e quando as fará emanar, tendo a percepção do interlocutor em relação a obra como uma das características fulcrais para o tema principal dentro da vasta miscelânea de tópicos abordados: a distinção entre realidade e o que entendemos ser a realidade.
 
 Acompanhamos o núcleo basal de três personagens (os jovens Bernard e Olivier e o tio-escritor deste, Édouard) e as ramificações numa gama incontável de personalidades e situações; muitas vezes, estas são tão absurdas e inusitadas que não vemos, primeiramente, a conexão em que irá ornar com o resto da trama, mas André Gide não deixa uma ponta solta que seja, fato que a transforma em uma obra inesgotável e, de acordo com o próprio autor em relação a sua carreira como um todo, feita para leitores que não se cansam, pois com toda a certeza uma segunda e consequentes leituras e releituras irão enriquecer ainda mais a percepção sobre as camadas de Os Moedeiros Falsos.
 
 Assim como em Dom Casmurro de Machado, O Grande Gatsby de Fitzgerald e tantas outras obras, Gide lida com a confiança do leitor em relação as palavras ditas pelas personagens, com o adendo de elevar esta característica a mote da trama. Os moedeiros falsos da trama são um pano de fundo para buscarmos visualizar se o que vemos é a realidade ou um foco de luz sobre ela. Cada trama, de modo muito hábil, vai sendo contada gradualmente por cada personagem que nos é apresentada, tendo eles visões dissonantes sobre o mundo e sobre seus semelhantes, cabendo a nós e as outras peças deste tabuleiro construído por André Gide acreditar naquilo ou não.  
 
 O caldo narrativo de Gide é engrossado pela sua paixão e conhecimento sobre a literatura e seus instrumentos. Na obra, em um exemplo perfeito de metalinguagem -- creio que, junto a Dom Quixote, seja o melhor uso desta função --, acompanhamos Édouard, tio do jovem Olivier, escrevendo um livro chamado Os Moedeiros Falsos, assim como o que temos em mãos e que foi escrito por André Gide.

Por Édouard, escritor de pouco renome -- diferentemente do conde Passavant, espécie de antagonista de Édouard e que, na visão deste, se entrega a opinião popular para obter sucesso fácil --, acompanhamos a construção de um romance (mesmo que, do livro dentro do livro, só tenhamos acesso direto a poucas linhas) e o processo reflexivo para encontrar as mensagens que quer passar ao leitor futuro, enquanto a realidade -- a de Édouard e não a nossa (talvez) -- vai se confundido com a própria obra, interferindo tanto nas personagens de Gide quanto no próprio tom da obra, que vai assumindo cada vez mais, propositalmente, um ar folhetinesco e dinâmico, sem nunca esquecer seu tópico central sobre a distinção entre a realidade e a percepção que temos dela.
 
 Tão vasto em seus temas e tão bem desenvolvido em cada característica sua, são muitos os níveis de compreensão que podemos ter da obra Os Moedeiros Falsos, uma obra inesgotável e essencial para entendermos como se constrói um bom romance, tanto por seu tema quanto pela mais simples leitura que fizermos da obra, exemplo perfeito de brilhantismo na literatura. Não à toa, Gide foi agraciado com um Nobel de Literatura, pois sua obra, como todo clássico universal deveria ser, é vasta em paixão e em técnica... E como carece a tantos autores possuir essas duas características em tão alto nível!
 
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Julio.Argibay 22/02/2019

Moedeiros
Os moedeiros falsos foi escrito pelo francês Andre Gide em 1926 e conta a estória de Bernard assim como de outros personagens periféricos que rondam a vida deste adolescente. Então, vamos a trama: o dito menino um certo dia descobre um segredo sobre seu passado e decide fugir de casa, deixando a família preocupada. Inicialmente, ele procura seu amigo Olivier e passa a noite na casa dele escondido. Depois, ele vai ao encontro de seu tio Edouard (cabra bem enrolado) que chega de viagem num trem. Não lembro bem o que aconteceu, mas eles ficam um tempo morando juntos (mas não tenho certeza). Foi durante esse encontro que o jovem encontrou o diário do tio. A partir daí surgem diversos personagens e alguns deles amigos de Bernard que moram em um pensionato e algumas estórias paralelas são contadas no romance (confesso que fiquei meio perdido nesta parte da estória, só que depois piorou, eh claro). Mas, continuando... esse tio era escritor e partes do livro são relatadas paralelamente a estória principal (sacou? Se não, vamos indo assim mesmo). Inclusive, ele se aproveita de alguns dramas pessoais passados na estória, de pessoas próximas a ele, para incluir no seu próprio livro (o que me confundiu mais ainda, mas não terminou ai, pode acreditar!). Além disso, Edouard possuía na trama um diário que o menino teve acesso, em um dado momento (lembra?). E ele, também, lê este diário no romance (aí amigo, peeeeeeeeeense numa confusão para essa cabecinha cheia de contas para pagar no final do mês). Vamos as impressões agora... Sinceramente, eu acho que esse romance poderia ser mais simples, pois a estória em si éh bem banal (ou talvez ela seja só um pouco mais complexa mesmo). Mas pode ser, também, uma estória que exige apenas uma atenção maior por parte do leitor (tô tentando). Para mim ficou faltando algo (ou sobrando alguma coisa), não percebi uma transição fácil entre os inúmeros personagens, os lugares, o tempo em que ocorreram os fatos e as diversas estórias que eles compartilharam entre si. Bom, é isso, vou ficar por aqui. Quem se interessar em ler que tenha uma sorte melhor do que a minha. Eu vou eh pegar um gibi do Homem Aranha... rssss
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Micha 12/10/2013

Bernard, Olivier e Édouard são os rapazes que formam a tríade central de personagens. Bernard, o filho que deixa o lar em busca de identidade, um bastardo na pele do filho pródigo; Olivier, seu grande amigo, intelectual como ele, mas sempre no limiar entre a vaidade e a insegurança. Tio de Olivier, algo mais velho que os dois, Édouard fecha o núcleo que norteará o leitor em meio ao sistema caleidoscópico e polifônico de 'Os moedeiros falsos'.
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Paulo Henrique 21/10/2012

Os Moedeiros Falsos é um livro essencialmente metalinguístico. Durante todo o romance, acompanha-se o escritor Édouard na sua tentativa de escrever sua obra homônima. Ao longo da história, Édouard inclui em sua obra experiências vividas por outros personagens e as analisa e expõe suas impressões em seu diário.

É difícil criar uma sinopse para este romance, não existe uma história bem definida, tal como no romance de Édouard. Várias sub-tramas vão se desenrolando ao mesmo tempo, algumas mais isoladamente e outras acabam se interceptando. Esta característica me lembrou a obra "Contraponto" de Aldous Huxley, pois tal como o escritor inglês, André Gide soube criar uma rede bem coesa de personagens e histórias e nos apresenta as diferentes visões deles sobre os mesmos fatos.

Durante vários momentos na obra, o escritor apresenta algumas rápidas discussões sobre literatura, criação de personagens e de uma obra como um todo. Alguns pontos me chamaram bastante a atenção, principalmente dois:

1. Caracteres Inconsequentes
Gide propõe que a personalidade dos personagens não deve ser fixa, determinada, tal como nos romances realistas. A seu ver, os personagens devem ser mutáveis, transformáveis (o personagem Bernard ilustra um pouco essa idéia).

2. Misticismo
Durante um dos vários e bem construídos diálogos da obra, Sophroniska diz a Édouard que não se pode criar nada sem misticismo (essa palavra ganha um sentido mais amplo). Uma obra criada totalmente a partir da razão soa falsa, inventada.

No início da obra, o autor prende a atenção do leitor expondo ao final de cada capitulo as questões a serem resolvidas no próximo. Do meio para o fim da obra essa característica se perde um pouco, mas considero que o livro é bastante interessante o tempo todo, sem momentos arrastados, a todo tempo algo está ocorrendo.

Resumindo: para quem gostou do filme "Adaptação" e de "Contraponto" e para aqueles que se interessam pela criação de obras literárias e construção de personagens "Os Moedeiros Falsos" é uma leitura interessantíssima.
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Menezes 16/02/2010

Caleidoscopio
Quando li Os subterrâneos do Vaticano, fora porque eu tinha ouvido falar bem do livro em minhas excursões pelas várias listas de melhores livros do mundo, e também porque em uma de minhas habituais idas a sebo no começo do ano eu tinha achado uma edição de 1971 à preço de banana, o que era um sinal divino para a aquisição e leitura. Creio desde essa época eu não vejo uma edição de qualquer livro de Gide nas nossas livrarias, muito menos nos sebos. Agora na passagem de ano, uma das melhores editoras nacionais de literatura resolveu republicar a obra de Gide em traduções nacionais lançando quatro títulos de uma vez incluindo o já citado com nova tradução, Os Porões do Vaticano.

Os Moedeiros falsos é sua obra mais importante no âmbito do panorama mundial. é romance sobre a construção do romance e também sua primeira obra que mexe com o homoerotismo explicitamente, tema que será recorrente na década 20 e tem como ápice o livro Corydon, um tratado em prol da liberdade sexual.

Moedeiros acompanha vários personagens pela ruas de uma Paris do começo do século, todas elas transitam pela arte e pelos relacionamentos humanos. Os fios condutores são Bernard, um menino que se descobriu bastardo e fugiu de casa para vencer na vida sozinho. O amigo deste, Olivier, um menino a qual todos reconhecem ter um grande talento para artes e será disputado no decorrer do romance por todos os personagens, e tio de Olivier, Edouard, um escritor famoso de meia idade que tem uma paixão platônica e sonha em escrever um romance de ideias, Os moedeiros falsos, assim com Velásquez pinta a si mesmo no quadro das garotinhas ou Charlie Kaufman, explica o processo de construção de um roteiro no fantástico Adaptação, a grande sacada deste romance é esse espelho que faz com a obra que está lendo, sendo que o personagem principal é Edouard, reflexo claro de Gide. Edouard quer escrever um romance sobre a vida, totalmente real, mas que não tenha uma história propriamente dita, em parte é a estrutura do romance visto que em dado momento há tantas coisas acontecendo que você não sabe mais qual é o fio narrativo principal, contudo o livro não é completamente solto de um estrutura sendo que as histórias que o iniciam tem um final, outras desaparecem no interior da narrativa. O capítulo principal para que isso aconteça é o final da segunda parte em que o narrador comenta cada um dos personagens que criou, como se estivesse impotente para modificar seus atos, e outros ele resolve não falar mais na terceira parte como é o caso de Lilian.

Dentro da sub-histórias, temos um homem querendo reencontrar o neto. Este sendo uma criança fechada e tem uma relacionamento bonito com uma outra menina. Um escritor vaidoso que todos odeiam, a paixão de Edouard estando grávida de um adultério, o irmão mais velho de Olivier como conquistador barato, e o mais novo se encarregando ao final do livro de dar um sentido ao título sendo que ele põem em circulação moedas falsas na cidade. É um livro de difícil classificação visto que flerta com todos os gêneros, e ao mesmo tempo não pertence a nenhum, de uma habilidade narrativa extrema e de um final perturbador que de tão sombrio sua significação, pessoalmente, me remete ao lado negro da vida que é velado em várias histórias. No todo o livro constitui um panorama sobre a vida dos indivíduos na cidade e na incapacidade da arte de conseguir retratar de maneira real os fatos da vida. Edouard diz que não usara a tragédia que se abate aos personagens no final do romance, por questões morais e pessoais, mas já está lá descrito pelo narrador, as limitações que Edouard põem ou quer colocar em sua obra é aquilo que impede de escrever e sobre as diversas fases da escrita do romance este livro é um primor da metalingüística. Vale a leitura, um clássico sempre vale.

http:\\metempsicose-metempsicose.blogspot.com
Daniel 13/07/2012minha estante
Ótima resenha, Rafael.
A relação amorosa tio/sobrinho Edouard e Olivier, mais insinuada do que explícita, é uma das partes mais interessantes deste romance notável.




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