Guilherme Ramos 08/05/2019
Quando a neve cair, quero estar com você.
O cenário dessa estória é a capital inglesa nos primeiros anos pós-segunda guerra mundial, Londres. Anny é nossa protagonista, uma linda criança de sete anos que possui uma luz própria. Anny é filha única e vive com seus pais na mais perfeita harmonia, mesmo eles sendo pessoas altamente ocupadas, dispondo de todo tempo a filha somente aos sábados, dia esse da semana que por esse motivo se torna o preferido de Anny, o dia especial, tamanho seu amor e carinho a seus pais, Cindy e Jefferson. No entanto, nos dias de semana a garota conta com os cuidados da Babá Melanie e de sua professora particular, Sra. Jane e para auxiliar a espantar a solidão e ajudar a passar o tempo, ela possui também uma amiga inseparável, sua ovelhinha de pelúcia Tiara.
O ponto de partida do livro é quando Anny ganha de seu pai um tabuleiro de xadrez de cristal, muito bem polido e trabalhado, do qual se encanta de imediato. Esse presente, no entanto é o maior elo que terá com seus pais, em especial com Jefferson, pois é nesse momento que ela recebe o comunicado de que os negócios os chamam para uma viagem que durará 01 ano e nesse período a garota deverá ficar sob os cuidados de outra família, a vida de Anny transformará completamente.
A época que seus pais tiveram que partir era inverno, Anny tem boas lembranças dessa época: sua mãe tocando piano, depois os três deitados na sala assistindo televisão, na parte do dia aos sábados eles brincavam na neve no quintal da grande casa, sua mãe lhe empurrando no balanço, doces lembranças de Anny... A promessa é feita: Quando a neve cair eu quero estar com você.
Assim Anny conta os dias na nova casa até a próxima estação do inverno, onde poderá rever seus pais e juntos brincar na neve. Naquele primeiro ano na nova casa, Anny se depara com uma nova realidade, a primeira é que não pôde levar todos os seus brinquedos para lhe fazer companhia, mas, levou seu tabuleiro de xadrez e sua inseparável ovelhinha, a segunda é que não terá companhia além destes e não receberá carinho, a terceira são os afazeres domésticos.
Nessa nova casa Anny sofre perseguição de todos os tipos e a solidão é tanta que Anny joga xadrez sozinha, até aparecer um amigo que se propõe a jogar com ela, Pepeu. No entanto, a sua atual responsável é uma pessoa amarga e mesquinha e não suporta Anny com aquele jogo estúpido e falando sozinha e começa a punir a criança com violência.
Os desafios que ela enfrentará na nova realidade é justamente aquelas que a fará uma pessoa grande, os acontecimentos são colocados como expiações e ela deverá enfrentar com rigor, mas, alguns amigos irão surgindo no caminho para auxiliá-la nessa difícil e amarga tarefa, entre eles Pepeu. Ela também criará um mundo de fantasias, denominado O reino Xadrez, onde ela é a Rainha e seu pai o Rei, e o exército xadrez só tem uma ordem – a de viverem em paz e em perfeita harmonia. E é nesse mundo de fantasias que Anny encontrará refúgio e conhecimento para enfrentar os obstáculos no seu caminho.
Qual o destino de Anny? Ela conseguirá se sobressair? Seus pais retornarão para buscá-la? Quais os mistérios que os envolve? A estória de Anny termina assim, sozinha e sem esperança?
Conclusão:
Embora seja um livro bom, achei a estória bastante triste, acho que um dos mais tristes que já li. Me lembra muito aquele clássico da literatura: Pollyanna e Pollyanna Moça (Eleanor H. Potter) livros esses que li diversas vezes no início da minha adolescência e difícil esquecer e acho até que a escritora tenha sim se inspirado nessas obras. Anny e Pollyanna tem o mesmo cativo, são meigas, doces, esperançosas e alegres mesmo com todos os tormentos da vida e tribulações ao seu redor, a diferença é que Pollyanna tem aquele velho e eterno jogo do contente, Anny tem O reino xadrez, mas, ambas constroem para si um mundo paralelo, que nada mais é do que uma forma de sobrevivência e esperança de dias melhores.
A mensagem por trás do livro é em acreditar na sua criança interior, não a permitindo que morra dentro de si mesmo, trabalhar a fé e validar sua inocência e perdoar, perdoar sempre que necessário; desarmar seus inimigos sempre com a oferta de paz. Eu indico a leitura, mas, já instruo à quem quer que seja, se estiver numa fase mais sensível na vida, espere pra ler em um outro momento, é um livro muito gostoso de ler, pois Fabiane Ribeiro escreve fantasias como ninguém, (embora esse não seja o único estilo dessa obra, da qual defino como drama, romance e fantasia), mas, é justamente a pegada dramática que assusta, pois é muito forte as passagens. O livro tem a continuação que pretendo ler em breve, Dançando com as borboletas. Fica a dica!