Sueli 16/11/2012
O Resgate de Uma Vida
Ao contrário da grande maioria de minhas amigas leitoras, eu sei muito pouco a respeitos dos livros que escolho para ler. Estes são sempre selecionados por autores, títulos e confesso que em alguns casos, pela capa, e a capa e o título de Miss Brontë, foram decisivos na minha escolha apesar de ser uma biografia! Romanceada, mas mesmo assim uma biografia. E, apesar de não gostar muito de biografias, sou apaixonada por Charlotte Brontë e por fotografias.
François Forestier diz que para ser um bom biógrafo é preciso má índole, mas Juliet Gael foi generosa e resgatou para todos nós que amamos Charlotte Brontë, um pouco da felicidade que desejamos para nossos escritores preferidos.
Se o importante para o escritor é contar uma boa história, acredito que Charlotte Brontë e Juliet Gael contaram as melhores. E, indo contra a crença que para ser um grande escritor é preciso ser um grande mentiroso, temos Jane Eyre que nada mais é que as lembranças de uma vida, misturadas com o desejo de encontrar um grande amor e realizá-lo. Mas, apesar de ser uma mulher intelectualmente brilhante, Charlotte Brontë não conseguiu superar seus preconceitos e ver que sua felicidade morava ao lado.
Eu gostaria de entender o motivo pelo qual quanto mais nos encantamos com um livro maior é a dificuldade em se fazer a resenha. Porque é exatamente assim que me encontro... Sem contar que eu gostaria de dizer coisas que fizessem com que você saísse imediatamente à procura desse livro incrível, e cuja autora teve a coragem de contradizer uma biografia realizada por Elizabeth Gaskell, e que por muitos anos serviu como fonte de pesquisa para todos os amantes das irmãs Brontë.
Mesmo adorando, foi uma leitura muito sofrida, assim como foi a vida da família Brontë. Não é um romance fácil, mas é um dos romances mais lindos que já li! E, o melhor de tudo, é que foi tudo verdade!
E, nenhum dos personagens masculinos de ficção que li até hoje, chegam aos pés de Arthur Bell Nicholls! Esse sim um homem tudo de bom, do jeitinho que Charlote merecia e desejava, mas que com toda a sua erudição e preconceito foi incapaz de enxergar, até que estivesse completamente sem esperanças de encontrar o tão famoso “amor perfeito”....
Nunca uma declaração de amor foi mais apaixonada e sem esperança, e nenhuma mais emocionante. Chorei, aliás, penso que é impossível ler esse livro e não ficar um pouco desidratada.
A descoberta de Arthur por Charlote me lembrou muito o filme “O Despertar de Uma Paixão”, com Edward Norton e Naomi Watts. Foi preciso que Charlote fosse à Irlanda, que saísse de sua zona de conforto, para compreender o homem com quem havia se casado.
Um livro onde os fracos não terão vez infelizmente, pois estarão perdendo a chance de conhecer uma das escritoras mais incríveis e revolucionárias de seu tempo!
Thomas Campbell disse: “Viver nos corações que ficam, não é morrer.”
Portanto, leitor, ninguém mais presente em minha vida que Charlote Brontë.
Uma edição caprichadíssima, com papel de excelente qualidade e revisão idem. Um livro imperdível!