Che Guevara: uma Biografia

Che Guevara: uma Biografia Jon Lee Anderson
Jon Lee Anderson




Resenhas - Che Guevara: uma Biografia


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Felipi Fraga 06/01/2024

#Livro LIDO 27 de 2023:
Ernesto “Che” Guevara é uma das personalidades mais discutidas na história política, no que tange a revoluções socialistas e comunistas. Para quem está no espectro político mais à esquerda ele foi um herói revolucionário que combateu o imperialismo capitalista. Para a direita neoliberal e reacionária ele foi um assassino impiedoso que executou opositores com as próprias mãos. Minha opinião reafirmada sobre sua biografia ao terminar de ler o livro de Jon Lee Anderson é de que Che foi um homem de coragem, que se privou do convívio familiar, também tendo de viver em condições precárias em suas campanhas, para pegar em armas e lutar por seus ideais de como o mundo deveria ser, de acordo com suas leituras e vivências viajando pela américa latina, juntamente com Fidel Castro e os revolucionários cubanos. E sobre os argumentos da direita que dizem que ele executou pessoas e implementou uma ditadura em Cuba? Essa é uma argumentação simplista de quem ignora por falta de estudo ou por desonestidade intelectual, de que o capitalismo representado historicamente pelo colonialismo e pelas potências imperialistas, cometeram diversos assassinatos em massa e genocídios. Também, que no século XX e atualmente no XXI continuam explorando a classe trabalhadora e pobre, que matam diminuindo a expectativa de vida nas periferias, quando não matam os filhos da classe trabalhadora perpetuando violências, doenças e desnutrição ainda na infância. Quem foi mais assassino? Chê Guevara na revolução cubana ou os presidentes americanos no Vietnã e outras guerras desde então?
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fumarncama 27/04/2023

?Onde a morte possa nos surpreender, que seja bem vinda.?
Preciso dizer que foi uma experiência muito mais impactante ler essa biografia logo depois de ter lido o diário do próprio Che ?De moto pela América do Sul?. Que ser humano mais interessante e cativante esse homem foi... e desde de sempre.
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bruna 10/02/2023

"Deixe-me dizer, com o risco de parecer ridículo, que o verdadeiro revolucionário é guiado por grandes sentimentos de amor. É impossível pensar num revolucionário autêntico sem esta qualidade."
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Zhouang 21/08/2022

Profundo e imparcial
Conhecemos mais a fundo a personalidade de Che que, além de médico e soldado, era leitor voraz e amante de poesias. Destaque para a imparcialidade do autor que não demoniza nem diviniza Che Guevara, figura polêmica que divide opiniões.
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Súh 07/07/2022

Quem foi Che Guevara?
Eu adoro ler sobre tudo, principalmente sobre história e ler a vida e morte de Che me abriu mil horizontes. Um calhamaço de cultura, política e a vida pessoal de Che. Excelente!!
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Matheus 12/02/2022

A história de um cara que nunca trabalhou
Sustentado por terceiros a vida toda, egoísta e egocêntrico. Resolveu brincar de revolucionário. Incrível como as pessoas conseguem "endeusar" um cara desses. Basta ler o livro com um pouco de senso crítico, e verá que era uma vergonha.
João Narciso 15/04/2022minha estante
Impossível você ter lido.


Alane.Sthefany 23/05/2022minha estante
As pessoas amam endeusar essas figuras criadas somente na cabeça deles.




O Crowler 11/11/2021

Bem aprofundado
É um livro muito bem aprofundado, a história não é nada exaustiva e a leitura flui naturalmente, é uma história tão emocionante que supera até várias e várias ficções.
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Fabport 17/06/2020

A mais completa biografia de Che. O Autor conseguiu até a localização do corpo de Che, um mistério de décadas.
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Cleo.Padua 01/05/2020

Ele foi,para min e muitos,o ícone da luta pela liberdade.Para outros um defensor do comunismo.E em minha opinião,todos estão.Lutou por uma causa que acreditava,que ia fazer diferença,para os pobres e oprimidos pela ditadura,em alguns países pelo que lutou.Nunca se deixou corromper pelo poder ,Fidel Castro ofereceu cargo de ministro,mas,não aceitou. Ele sempre acreditou estar do lado certo,o lado dos fracos e oprimidos,sempre acreditou estar fazendo o bem,almejando tão somente a liberdade,não pelo poder,dinheiro ou glória.Era médico ,de família bem economicamente,acreditava que podia ajudar.Sua última luta,quando deixou Cuba e o cargo que lhe foi oferecido ,na Bolívia foi traído e morto.
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Rick Muniz 25/11/2019

“Eu só levarei para o túmulo o peso de uma canção inacabada”...
O Livro de Jon Lee Anderson sobre Guevara é de fato extenso, demorei um pouco na leitura (cerca de 04 meses), embora a leitura seja agradável e de um assunto essencial para se entender as lutas políticas na América Latina, certos compromissos pessoais me impediram de ter um fluxo de leitura mais rápido.
Che, Guevara, “el argentino”, seja qual for o apelido ou nome que adotou em inúmeras fases de sua vida, é quase clichê dizer, mas é a pura verdade: é quase impossível ser indiferente a essa lendária figura histórica.
Guevara é um desses personagens que alcançaram o raro status de lenda, mantendo o legado de luta mesmo após tanto tempo após sua morte. De fato, odiado por muitos e admirados por tantos, essa figura revolucionaria consegui unir razão e emoção na sua luta pela libertação da influência norte americana nas políticas da América Latina.
Desde pequeno, Che já demonstrava indícios de que seria uma pessoa determinada a conseguir seus objetivos, tendo uma personalidade forte e competitiva. Sua adolescência foi marcada por processos de autoconhecimento e busca por conhecer o mundo.
Na faculdade de medicina teve a oportunidade de exercer a sua primeira paixão, mas o seu destino estava em outro lugar...após uma viagem de motocicleta pela América Latina ele percebe a deficiência e atraso de vários povoados, tomando assim a ter início a sua inquietação que duraria durante toda sua vida.
Suas andanças e busca por aventura deram lugar a um novo caminho, que o levaram depois de muitas idas e vindas a Guatemala, um país que estava dividido entre lutas políticas. Mas foi no México que travou conhecimento de um grupo de jovens que estava planejando um levante em Cuba, cujo líder jovem era Fidel Castro.
Fidel Castro é também muito explorado no livro de Jon Lee, ele é indiscutivelmente a alma da Revolução Cubana, com um pensamento altamente desenvolvido e com uma capacidade de liderança feroz, que o fez conquistar e manter o poder. Fidel é uma raposa política, e sua duração no poder comprova isso.
Fidel e Che são símbolos dessa luta contra os Estados Unidos e sua influência na América, e o legado da Revolução Cubana é a de que é necessário alcançar uma certa consciência de classe para enfrentar essa tirania.
Pessoalmente, entendo o objetivo dessa luta, realmente os EUA influenciam negativamente muitos pontos na sociedade, entretanto os cubanos e sua ideologia também não oferecem certas respostas para a miséria humana (nas suas diversas formas).
Che é a síntese desse contraste entre teoria e prática, foi um homem bastante firme nas suas convicções, era capaz de provas inquestionáveis de amor mas também tinha uma face oculta e violenta.
Teve a coragem de “seguir seu próprio entendimento”, alcançou alguns progressos sociais mas deixou algumas máculas e lacunas. O que certamente é próprio do ser humano...
Livro muito bom, o autor apesar de ser perceptivelmente pro Che, manteve a coerência nos textos e não foi panfletário.





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Duchesse 20/03/2019

O idealista Ernesto "Che" Guevara
O livro é resultado de uma ampla pesquisa cujo resultado é excelente: o autor conseguiu fazer um retrato neutro do guerrilheiro argentino, que nos dá indícios da razão dele ainda hoje em dia despertar tanto admiração quanto desprezo. Em alguns momentos, a obra assemelha-se a um bom livro de aventuras e de espionagem. Os leitores mais atentos vão encontrar as raízes de vários movimentos que vieram a sacudir a América Latina nos anos finais da vida de Che Guevara e após a sua morte e que ainda hoje influenciam nossa vida e dividem o continente. Che Guevara era um idealista, que perseguiu e foi coerente ao seu ideal até o final. Para ele, "os fins justificavam os meios" e muitas vezes o ideal se sobrepunha à realidade, como quando ele foi lutar no Congo, onde presenciou uma luta pelo poder e não pela libertação de um povo, e na sua última campanha na Bolívia, onde não contou nem com o apoio dos camponeses nem com o apoio do partido comunista local, mas mesmo assim foi em frente em uma campanha desastrosa, mas que o fez definitivamente entrar para a História.
Não concordo com sua ideologia e muito menos com os métodos que ele utilizou, mas é difícil não sentir uma ponta de admiração por alguém que levou sua crença e seu ideal até as últimas consequências.
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Hiago 07/08/2016

Precisamos falar sobre Che.
Como em qualquer biografia de personagens históricos que se preze, a dissociação entre mito e palpável, deve se fazer presente e clara, estabelecendo um caminho mais profundo e informativo ao leitor, coisa que o Jon Lee Anderson soube fazer magistralmente. O livro é a referência definitiva sobre a vida de uma das figuras mais polêmicas e controversas do século XX, nos trazendo em detalhes os seus pensamentos mais íntimos (através de trechos do diário pessoal e algumas cartas) e suas ações mais devastadoras, passamos a compreender Che não como um ser humano intocável ou como um messias latino-americano, mas como um homem que, passível de erros, assumiu conscientemente o papel que muitos não ousariam desempenhar. Através de uma leitura extensa e bem escrita, pude constatar que Ernesto Guevara, o acadêmico de medicina afetuoso de espírito aventureiro e viajante, membro de uma família influente e estável financeiramente, é alguém completamente diferente do comandante Che Guevara, um homem corajoso, expansivo, extremamente voluntarioso e frio - traço que dá margem às falácias de seus opositores -. Jon Anderson exorciza o espírito mítico de Che e o deixa à luz de alguém que comete erros, se arrepende e por vezes torna-se vulnerável diante de um sistema maçante e contraditório, nos deixando inclusive por dentro dos acessos de raiva do guerrilheiro. Impressiona o modo como o autor consegue trilhar calmamente o caminho entre o jovem e o revolucionário, o amadurecimento de Che presenteia a América com a sua determinação inabalável, fruto de uma idealização de sociedade onde Cuba esteve na vanguarda, mas que infelizmente não se concretizou. Também expõe um indivíduo mais ''seco'' e por vezes exageradamente autoritário para com os seus (inclusive dono de uma autocrítica ímpar). O pouco convívio com os filhos, a sua admiração instável por Fidel, os romances intensos com as mulheres de sua vida, o amor e a influência de sua mãe, as suas viagens pelo continente, o empecilho de sua doença crônica (asma), tudo está exposto. Essa é a história de um homem, não de um santo.
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Celaro 13/11/2015

Pesquisa profunda e neutra sobre o grande líder Che
Uma pesquisa profunda sobre a trajetória do médico que se transformou em revolucionário depois de algumas viagens transformadoras pela América Latina. Che acreditava profundamente na causa pela qual lutava. Isso é indiscutível. Os meios que utilizava em sua luta são questionáveis. A obra, porém, com seu caráter neutro, é fundamental para quem tem interesse em conhecer profundamente o Che.
Hester1 01/01/2016minha estante
Estava muito afim de ler este livro para aprender um pouco mais sobre a Revolucao Cubana e Che Guevara. Mas queria o fato verdadeiro, de um escritor realmente neutro. Nao esta tolice de herói, porque isso ele nunca foi, muito pelo contrário. Mas já desisti do livro. Parece ser pura tolice. Das resenhas que li, a a sua é a unica coerente. Embora eu nao concorde com vc ao dizer que ele acreditava profundamente na causa pela qual lutava. Para mim ele era um ditador, que matava quem nao concordasse com suas ideias ou interferisse em seu caminho.


Hiago 07/08/2016minha estante
Hester, talvez você não queira um livro verdadeiro e neutro, e sim um que respalde a imagem diabólica que você possui sobre Che.


Jorge 25/07/2017minha estante
Hester, concordo com o Hiago, você não precisa de livro algum. Seu imaginário já criou toda a verdade que você precisa.




Julia 17/02/2013

Resenha prolixa e de coração
No epílogo nos é mostrada a situação presente de muitos companheiros de Che, e um deles nos diz: "É claro que preferíamos tê-lo conosco em Cuba, mas a morte de Che contribuiu muito para a propaganda da Revolução. O olhar do mundo seria diferente se Che não tivesse morrido da maneira que morreu."

Onde estaria Che se estivesse vivo? Como estaria agora, em sua velhice? Como teria atravessado a meia idade?
Dizem que não ser de esquerda na juventude é não ter coração, e ser de esquerda na maturidade é não ter juízo. Entretanto não se trata de uma concepção político econômica. Os seres humanos não são divididos entre de esquerda e direita. Quem se diz politicamente de esquerda na prática é de direita. A questão é sobre visões de mundo, capacidade de autosacrifício, amor ao próximo, temeridade.

E se Che estivesse agora vivo, gordo e acomodado?
Seu fim - capturado, mantido amarrado e ferido ao lado dos cadáveres de seus homens, mantendo a dignidade até o seu último segundo. Levou tiros nos braços e nas pernas, antes de finalmente atirarem em seu peito, inundando seus pulmões de sangue.
Seu fim é sangrento, triste, doloroso, sem glória como o é a morte. Ao ler essa parte, ao pensarmos nessa parte, sentimos que foi tudo em vão, foi tudo um sonho que acabou em um baque doloroso, como que caído de um prédio, o mal triunfa sobre nossas esperanças. Os que lutam pelo povo, por seus representantes são devorados.

Se os mortos pudessem voltar, creio que nos aconselhariam a nos lembrar de sua vida e esquecer a sua morte. Estariam certos, esse parágrafo já está cheio de clichês, mas a vida é uma jornada, não um destino. O destino de todos é a morte, e ela sempre é feia e cruel.
O que significa, o que significou tudo que foi feito, tudo que ele, e os que estiveram á sua volta, fizeram, foram, se resume a uma missão fracassada, homens humilhados e assassinados?
O que a vida significa é o que ela foi, o que ela é, não o seu fim. As realizações de Che Guevara, dos guerrilheiros da Bolívia e de todos, nunca serão falhas e vãs, pois são vitoriosas em si mesmas.

Ao pensarmos na morte de Che, pensamos na morte, tão violenta, implacável e insuportável. Desde pequena sempre tive medo da morte, não medo de estar morta, mas medo do processo de morrer, da dor, do sangue e do desespero. Como tenho dificuldade para dormir, às vezes temo que terei dificuldade para morrer, ficarei agonizando sem conseguir morrer, como não consigo dormir. Isso é ridículo, eu sei, acontece porque não consigo imaginar o total desligamento da morte, já que, obviamente, nunca o experimentei em minha vida.

Como disse John Lennon, todos os homens são iguais quando fazem suas necessidades, mas também são iguais quando morrem. Podem encarar a morte dignamente ou não, mas a morte chega para todos, principalmente a morte violenta, de forma terrível.
Da mesma forma terrível morreram soldados inimigos, guerrilheiros aliados, inocentes camponeses e traidores. Quantos homens Che executou ou matou em combate? Todos esses homens fizeram birras quando crianças, tiveram uma primeira namoradinha, cresceram, odiaram e sonharam.

Como se poderia admirar um homem assim? Pode-se dizer que Che tão admirável quanto pode ser um guerrilheiro. Mas Che não se tornou tal símbolo por ser um guerrilheiro.
Um homem cujo intelecto beirava o gênio, de um carisma incomparável, uma força de vontade e confiança raramente vistos. Uma personalidade paradoxal. Ao mesmo tempo que foi um canalha com a primeira esposa, foi um marido fiel e apaixonado pela segunda. Imbuído do machismo comum na nossa pobre América, reforçado pela sua época, era ainda um pai apaixonado por seus filhos, como diz sua filhinha, quando o vê pela última vez disfarçado, acha que "o velho está apaixonado por mim". Um arrogante e sem tato, com uma sinceridade grosseira, ainda sensível, compassivo e justo.

Che Guevara viveu nos mínimos detalhes seguindo aquilo que acreditava, e se matou por seus ideais, de bom grado morreu pelos seus ideais. Ele não virou símbolo por ser guerrilheiro, virou guerrilheiro por ser um símbolo em si. Ele teve a força e a clareza para seguir até a morte o que acreditava, e acreditava na revolução comunista em todo o mundo, mas principalmente na criação de um Homem Socialista. Com certeza, sem o Homem Socialista é impossível a eclosão e permanência de revoluções em todo mundo.

O Homem Socialista teria a ideia abstrata da libertação dos povos do jugo imperialista e das ditaduras militares apoiadas pelos EUA muito acima da sua própria busca por conforto, felicidade e mesmo sobrevivência. O Homem Socialista sabe que vai morrer e ver morrer sua família de fome, guerra ou doença para que as futuras gerações possam começar a ser livres. O Homem Socialista é instruído, idealista, abnegado, autocrítico, ético e corajoso, e entende que o derramamento de sangue de soldados e inocentes proverá a vida de infinitas gerações.
O Homem Socialista é exatamente como Che, e foi isso o que, na minha humilde opinião, foi seu grande erro.
Che Guevara esperava, tinha certeza, que todos os povos, principalmente as classes oprimidas, tão heterogêneas étnica e individualmente, colocariam em xeque suas vidas por uma ideia ocidental, abstrata e de longo prazo, talvez séculos, de liberdade coletiva.
Ele não levou em conta as diversidades de etnia e concepção de mundo, e concepção do que é liberdade, com as quais foi confrontado no Congo. Sua crença forte o levou a uma certa ingenuidade em não ver nas revoluções de fato e guerrilhas mais do que uma luta por libertação, mas uma luta por poder. Sua crença, arrogante e ingênua, de que todos as pessoas se uniriam por um socialimo que ainda não existiu em nenhum Estado levou-o ao fracasso.

E como poderia-se pretender criar tal Homem Socialista a partir de guerra, de mortes, todas cruas, todas insanas e insuportáveis como a dele próprio? Morte de mães, filhos, maridos e irmãos? Como imbuir em toda uma população ideais de renúncia, amor ao próximo e honestidade através do sangue e do terror? Em uma pequena ilha uma guerrilha extremamente bem planejada, num momento oportuno e com amplo apoio popular triunfou, porém como poderia se repetir exatamente a mesma coisa, em países enormes e heterogêneos, em um outro contexto? E mesmo em Cuba, a guerra deixou milhares de órfãos, refugiados, e com certeza não criou o Homem Socialista como o sonhara Che.

Mas muitas das grandes mudanças são resultado de guerras, e se não devemos ser violentos, devemos cruzar os braços frente às injustiças?
Para esse paradoxo, acredito que a melhor resposta foi a do maior revolucionário da contemporaneidade, Mahatma Gandhi: "A única revolução possível é dentro de nós".

As grandes guerras (e não estou falando da I e II Guerra Mundial) quase sempre, ou sempre, são fruto de motivos nobres, quase sempre para libertar um povo, seja num modelo imperialista, num modelo de rivalidade tribal, etc. Mas como não adianta trocar de presidente sem trocar de sistema, não adianta trocar de máscara sem trocar de cara. O poder de fato, sobre grandes massas, sempre teve o mal em sua essência, e quando não o tem logo é corrompido ou aniquilado.
Quanto sacrifício, quanta luta para trazer a felicidade ao povo, mas quando na História o mundo não foi um lugar, em escala coletiva ou individual, de sofrimento e provação?
Por isso a única revolução possível é dentro de nós. Não porque não podemos mudar o mundo, devemos deixar as coisas como estão porque é impossível mudá-las.
É exatamente o contrário, não se pode mudar as coisas sem mudar a nós mesmos, não se pode mudar o mundo sem mudar as pessoas, pois o mundo são as pessoas, e o poder sempre atrai o mal.

As guerrilhas heroicas da década de 1960 e 1950 não são perdidas. Elas mudaram as pessoas, de uma forma ou de outra, e se destruíram a vida de muitos, a deram a muitos. As consequências de seus danos e benefícios serão como serão, previsíveis e surpreendentes.

Se abaixássemos sempre a cabeça ainda viveríamos na Ditadura Militar, ou na Colônia e com escravidão...? Será que se exercêssemos a desobediência civil e o amor ao próximo viveríamos a Revolução Indiana, quem sabe até com o entendimento entre os "hindus e mulçumanos" e o fim real das "castas"? Uma hora teremos que pegar em armas, uma hora teremos que fazer uma revolta, uma revolução, um dia será uma revolução política, sem guerra, um dia será a simples reeducação no dia-a-dia, um dia será...

Mas acho que é impossível uma grande revolução mundial permanente, ou talvez seja possível, mas a revolução tem que ser nas pessoas, talvez esse mundo seja uma cortina de ilusão sobre o que é real e eterno, e nos "revolucionando", pelos mais diferentes caminhos, seremos como o "Homem Socialista", ou "Os Justos", no mundo maior, no mundo onde pratiquemos o amor ao próximo, no Reino de Deus, Nirvana, Paraíso, no mundo em que a revolução seja o presente porque ela vem de dentro pra fora, e não de fora pra dentro, em todos.

Voltando ao que comecei a falar no início, eu não queria ser como alguns guerrilheiros sobreviventes, que tem vidas, pelo menos na superfície, desligadas do que foram, e desiludidos, como sempre os velhos são com a vida, ainda mais sobre questões tão fortes, dolorosas e controversas como a guerra por ideologias. Não que esses guerrilheiros estejam desonrados ou arrependidos, não sei, ou que seus esforços tenham sido inúteis.
Eu queria ser mais como Gandhi, cujo ápice foi a velhice, cujo ápice da vida foi sempre o próximo segundo. Eu sei que a velhice vai me trazer a desilusão, mas que a desilusão seja literalmente acordar da ilusão. Eu queria que a idade e experiência me trouxessem sabedoria e capacidade de perdoar, e que meu "potencial revolucionário" seja máximo no último dia para viver.
Eu sei que isso só é possível com coisas que acontecem de dentro pra fora, o mundo quer nos destruir, ou pelo menos nos deixar pra trás. A realidade é muito mais louca do que a ficção, e dar um sentido a tudo isso é o que pode trazer a felicidade.
Não que eu tenha competência para ser como Ernesto Guevara, muito menos Gandhi. Não sei se vou participar algum dia numa revolução, na verdade eu queria ter filhos, netos, uma livraria e um estúdio de pole dance, mas eu realmente quero pelo menos tentar conseguir a revolução na minha alma.
Hiago 24/09/2014minha estante
Ótima resenha, gostei bastante da forma como você conseguiu interligar os feitos de Guevara, a sua visão sobre o mundo, e a influência grandiosa de Gandhi. Além de escrever bem, com enorme desenvoltura, expressa diretamente seus ideais, consegues manter alguém interessado até o último ponto. Lamentei quando acabou, queria continuar lendo.


Julia 28/10/2015minha estante
Muito obrigada!!


João Narciso 02/09/2021minha estante
Resenha espetacular, parabéns.


Aidan.Paim 08/03/2023minha estante
Olha, puta merda. Estava me decidindo aqui se compraria para ler, pensando se não era mais uma biografia pautada em defender lado político, sua resenha ajudou muito. É este tipo de biografia que quero ver, a crueza do homem frente sua realidade. Muito obrigado.


Julia 19/10/2023minha estante
Olha, brigada a você! Tomara que tenha gostado! O que você achou?




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