Maíra Marques | @literamai 10/03/2024? COMO É VIVER EM MEIO A GUERRA?
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? "Persépolis" é um quadrinho autobiográfico de Marjane Sartrapi, relatando sua vida durante e após a "Revolução Islâmica". Uma descoberta recente é que este livro ganhou uma animação, com os desenhos da autora mesmo, e está dublado e completo no youtube. Diria que é um excelente complemento a quem tem curiosidade sobre o Irã!
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O livro começa ainda na infância de Marjane, durante a Revolução Islâmica. Ela viu seu país regredindo de forma brusca numa onda de conservadorismo e repressão. Isso refletiu nela, uma garotinha de apenas dez anos, com uma mudança de escola apenas para garotas, uso obrigatório do véu, roupas mais discretas possíveis, correndo o risco de ser presa caso desobedecesse as regras.
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Tudo o que passou na infância reflete demais nas suas decisões na fase já adulta. Muitos podem interpretar Marjani como "mal agradecida", alguém que "não soube aproveitar as oportunidades da vida", no entanto, ela é apenas uma jovem que teve que se afastar de sua família e seu país abruptamente em busca de sobrevivência. Faríamos diferente em seu lugar?
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As ilustrações são em preto e branco e bem expressivas. Somos capazes de sentir o que a autora quis transmitir mesmo quando não há nada escrito.
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Outro quadrinho da autora que li, "Bordados", complementa os momentos em família em "Persépolis", mostrando que- mesmo em meio ao caos da guerra- o bom humor e amor entre eles permanecia intenso. A família de Marjani é mais liberal, perderam muitos parentes e amigos durante a guerra com o Iraque, no entanto, nunca perderam sua essência.
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Um lugar onde os direitos humanos ainda não alcançou, o que nos faz questionar essa ausência aos cidadãos em serem seres pensantes. Perseguição, prisões políticas e imposição de sistema ditatorial misturado ao sonho comunista, cigarro e um bom rock! Persépolis!