Persépolis

Persépolis Marjane Satrapi




Resenhas - Persépolis


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Regis 30/05/2023

As trevas de um país descritas com leveza e bom humor...
A autora Marjane Satrapi usa do bom humor e criatividade para contar a história do seu crescimento durante a revolução iraniana de 1979, que levou o país às Trevas do regime Xiita.

A autora conta todos os acontecimentos de sua infância no Irã, adolescência em Viena e a vida adulta já de volta ao Irã de forma bem humorada, mas sem nunca romantizar os acontecimentos que marcaram essa fase de transição tanto dela como do país.
Apesar do tom de leveza que a autora emprega, os aspectos importantes da história são sempre tratados com cuidado, sem ocultar toda sua combatividade e pensamento crítico.

Nessa HQ, assim como em Grama (HQ coreana que trata sobre as Casas de Conforto japonesas durante a Segunda Guerra Mundial) e Maus ( HQ que faz um comovente relato sobre Auschwitz), vemos os acontecimentos que transformaram o país e sua população sob o ponto de vista de alguém que vivenciou a história acontecendo e que sentiu o impacto de tudo isso moldar sua personalidade e aspectos da sua vida para sempre.

Persépolis é um livro autobiografico vívido, que mostra através dos olhos de Marji uma sociedade em guerra constante, relatos de morte, de injustiças e a luta das mulheres para sobreviver em um regime religioso e ditatorial opressor.
A autora mostra situações alegres e tristes; assim como não tem receio de mostrar suas imperfeições e seus erros ao longo dessa jornada nos tornando mais próximos dela, nos fazendo compreender melhor seu lado rebelde, político e sua constante busca por justiça.

A escrita de Marjane é fluída e bem humorada tornando rápida a leituras das mais de 350 páginas, mas o humor empregado na escrita não consegue amenizar o impacto causado por essa leitura; apesar da realidade iraniana ser muito diferente da nossa é impossível ler sobre o choque que a ditadura religiosa causou com seus atos tirânicos e principalmente com a repressão direcionada às mulheres sem se sensibilizar e sentir algum tipo de incômodo ou até mesmo indignação.

Marjane é uma pessoa interessante, inteligente, direta, verdadeira e cheia de defeitos (como todos nós), que busca sobreviver da melhor maneira que pode em um país dominado pela religião, com leis estúpidas e invasivas. Ela luta com as armas que possui; mostrar um pouco dos cabelos, se maquiar e ir a festas clandestinas eram pequenos atos de rebeldia que ajudavam a manter acesa a chama do inconformismo, da impassividade.
As pessoas viviam duas vidas no Irã, o comportamento público e o privado eram antípodas, mas é o que se faz para conseguir manter a sanidade em uma sociedade tão doente a ponto de uma mulher correr na rua para alcançar o ônibus ser tratado como crime ("por seu trazeiro fazer movimentos impudicos capazes de atrair o olhar masculino").

Essa foi uma leitura intensa e cheia de contexto histórico, que mostra a revolução iraniana através da vida de alguém que teve que crescer nesse período conturbado, sendo vítima de um governo ditatorial e opressor, de uma política retrógrada e dominadora a ponto da maioria da população ter que esquecer da consciência política em busca de uma nuvem de felicidade.

Um colega do Skoob, o Cosmonauta, me indicou esse livro no ano passado e agora eu o recomendo para todos.
Mike27 30/05/2023minha estante
Uau... Um dia eu escrevo uma resenha a altura das suas.???


Bruno Oliveira 30/05/2023minha estante
Ótima resenha, amiga Régis! Como sempre. Se puder, e quiser, leia também o Bordados dessa mesma autora, Acho que você também o apreciará. ;)


mpettrus 30/05/2023minha estante
?????? perfeição em forma de texto ??????


@tigloko 30/05/2023minha estante
Excelente resenha ???. Parece que é a HQ perfeita pra quem gostou de Maus e Grama, meu caso ?.


Regis 31/05/2023minha estante
Agradeço, Mike27. ?


Regis 31/05/2023minha estante
Obrigada, amigo Bruno!
Não conhecia esse outro livro da autora, Agradeço muito sua dica. ??


Regis 31/05/2023minha estante
Vindo de você é muito importante, mpettrus. Obrigada, mesmo. ??


Aline MSS 31/05/2023minha estante
Suas resenhas são impecáveis. Eu ainda não li as HQs q vc citou, mas li Persépolis e amei. Parabéns por descrever tão bem essa obra lindíssima. ????


mpettrus 31/05/2023minha estante
Inclusive, Aline, achei perfeito quando a Régis citou ?Grama? e ?Maus?, muito bem avaliados pelo Bookstan de maneira geral, e na minha cabeça esse dois livros funcionam como uma Trindade das HQ?s junto com Persépolis ???? sei q os três não se interligam e nem nada, mas a Régis escreveu tão bem a resenha que eu simplesmente criei essa Trindade na minha cabeça ???


mpettrus 31/05/2023minha estante
Juntando meus trocados para comprar os três livros porque a curiosidade em ler os três aumentou em 300% depois de ler a resenha da Régis!!! ?????


Regis 31/05/2023minha estante
Agradeço, Tiago. Com certeza é perfeita para que gostou de Maus e Grama. ??


Regis 31/05/2023minha estante
Obrigada, Aline. Fica a dica das outras duas. ??


Regis 31/05/2023minha estante
Acho que não vai se arrepender, mpettrus, são todas HQs muito boas que abordam assuntos importantes. Espero que goste. ?


HenryClerval 09/06/2023minha estante
Você sempre escreve maravilhosamente bem e instiga o desejo de ler com suas resenhas, Régis. Perfeita, é a palavra que te define.


Regis 09/06/2023minha estante
Ohh, Leandro... obrigada. ??




Lara.Bia 22/04/2020

Impossível não se empatizar, principalmente se vc for mulher
Foi uma leitura excepcional e repleta de elementos atrativos, adoro artes gráficas. Foi uma verdadeira aula de história com uma visão realista e crítica da sociedade.
Agora que terminei de ler, vou correndo assistir o filme
Diego Piu 23/04/2020minha estante
Sou louco pra ler, desde que vi a animação!


Lara.Bia 23/04/2020minha estante
Super recomendo, é muito bom


Vinicius 23/04/2020minha estante
Eu quero muito ler esse, mas como assim tem filme e animação?? Kkkkk não sabia real


Diego Piu 23/04/2020minha estante
A anulação foi feita em 2008, concorreu inclusive ao Oscar!


Luh 21/01/2021minha estante
Eu amei muito esse livro, me prendeu muito!


Eduardo 08/09/2021minha estante
Gostei muito da hq. Só não gostei quando ela, pra se safar, acusa um cara q nem conhecia de ter dito coisas indecentes pra ela. Vai saber o que fizeram com ele.


Ariane244 17/01/2022minha estante
Livro MUITO bomm eu simplesmente achei incrível, super recomendo.


Nenê 21/02/2022minha estante
não vi a animação, mas gostei das partes em q a personagem questiona os comportamentos fundamentalistas em relação as mulheres no Iran e a relação com a familia


Anna 26/11/2022minha estante
Li esse livro há muitos anos atrás, na época da escola, um achado da biblioteca sem muitos títulos novos.

É uma história de força, superação, com fundo histórico, com grandes doses de realismo chocante e umas goras de humor.

O traço me chamou muito a atenção (na época com 13/14 anos, o recomendo a partir dessa idade), sua leitura é fluída e rápida mas sempre deixa espaço pra reflexão.

Embora eu nunca mais tenha relido a obra, é difícil esquecê-la.




Leitora eclética 29/02/2016

Fevereiro e Março- Desafio literário Skoob 2016 e Desafio literário premiado 2016 do grupo Obverso Books- Persépolis
Para o mês de fevereiro, o livro encaixa na categoria de autor (a) asiático(a), do desafio literário Skoob 2016. Ele também me fez antecipar a leitura do mês de março, no tema graphic novel para o desafio literário 2016 do Grupo Obverso Books.
Ele também encaixa no mês de março, na categoria de um livro que virou filme para o desafio literário 2016.
É uma graphic novel incrível, nos faz conhecer a história da escritora Marjane desde sua infância até a sua fase adulta. Ela presenciou todo o início da guerra no Irã, sofreu grandes mudanças na cultura, no seu conhecimento e sua personalidade. A vida dela como de seus familiares era colocada em risco todos os dias, não poderiam prever se a amanhã estaria vivos ou mutilados, contavam com a sorte e Deus.
Os pais dela preocupados com suas atitudes resolveram enviá-la para a Áustria, porque ela enfrentava as imposições, não tinha medo de dizer o que pensava. Quando Marjane ficou nesse país, ela se deixou influenciar depois de tudo que viveu. Isso me incomodou muito, mas depois ela conseguiu dar a volta por cima.
A guerra acabou com a imagem dos iranianos, quando seus pais viajavam para outros países eram revistados como terroristas, antes quando olhavam a nacionalidade faltava estender um tapete vermelho.
O livro mostra que a religião era utilizada como uma desculpa de impor regras e normas na sociedade. Ela controlava as vestimentas, os direitos, as escolas, as festas, os objetos etc. Além de ter que respeitar as regras deveriam ter cuidado com os vizinhos, eles podiam te denunciar.
O machismo era evidente, as mulheres eram obrigadas a usar véu porque os cabelos excitavam os homens, se não estivesse cobertas poderiam ser violentadas.
O quadrinho é maravilhoso, ele mostra como uma cultura pode influenciar as pessoas e fazê-las esquecer que antes tiveram atitudes que depois foram proibidas, mas elas agiam como se nunca descumpriram as normas. Outras nunca poderiam ser mudadas.
Ainda tem a criação de um filme francês de animação, baseado esse livro. Caso alguém tenha curiosidade de assistir o filme, o seu nome é o mesmo da obra.
Marta Skoober 01/03/2016minha estante
Luana, eu também antecipo as leituras. Já li o livro do mês de julho do desafio do Skoob.


Marta Skoober 01/03/2016minha estante
Luana, eu também faço antecipo as leituras para os desafios sempre que posso. Já li o livro do mês de julho do desafio do Skoob. ;-)


Leitora eclética 01/03/2016minha estante
Nossa, que legal, estou tentando, estou me desafiando este ano e participando de vários desafios :)


Marta Skoober 01/03/2016minha estante
Eu estou no Desafio do Skoob pelo terceiro ano, pensei em participar do Livrada (porque não tem resenha, odeio escrever - rs), mas acabei ficando no Lendo mais mulheres. E acho que dois é o que eu consigo dar conta.


Leitora eclética 11/03/2016minha estante
É a minha primeira vez que participo destes desafios: Skoob, I Dare You, Grupo Obverso Books, desafio literário 2016, maratona literária do terror, livros e tal 60 em 1, bingo literário do fome de livros 2016, desafio dos 100 livros em um ano do blog da Clauo. Acho que exagerei kkkkkkkkkk. Também não gosto de escrever, mas estou tentando.


Marta Skoober 14/03/2016minha estante
Nossa, está mesmo cheia de metas! Torcerei por você!


Leitora eclética 21/03/2016minha estante
Obrigada :)




Naty__ 05/09/2022

Indescritível!
Depois que você ler "Persépolis", tenha certeza, a sua visão sobre as coisas mudará muito. Minha experiência com esse livro foi algo inexplicável, mas vou tentar trazer alguns pontos para você tentar compreender.

Em primeiro lugar, "Persépolis" é uma autobiografia em quadrinhos da Marjane Satrapi. Ela é iraniana e apenas por esse fato você já consegue ter uma vaga noção do que ela passou, simplesmente por ser uma mulher iraniana. Em segundo lugar, o Irã é um país do Oriente Médio muito presente nos noticiários por conta de seu governo autoritário e agressivo. Esses dois fatores apenas acentuam a gravidade da coisa, e a maneira como isso é contado deixa o leitor embasbacado.

Para te situar no ambiente da história, Marjane tinha apenas 10 anos de idade quando foi obrigada a usar o véu islâmico - mesmo que estivesse numa sala de aula com apenas meninas. Dá pra ter uma noção do quão absurdo isso é, né?! E esse é só um pequeno detalhe de tantos outros que a autora descreve pra gente.

Marjane nasceu numa família moderna e politizada, em 1979 ela assistiu ao início da revolução que lançou o Irã nas trevas do regime xiita. Em janeiro do ano citado, os islâmicos xiitas, liderados pelo aiatolá Rouhollah Khomeini, derrubaram o governo do xá Reza Pahlevi, que esteve no poder desde 1940 e aliado aos Estados Unidos, e proclamaram a Revolução Islâmica.

É com essa expectativa de mudança, 25 anos depois, que Marjane trouxe essa obra ao mundo, revolucionou e emocionou o leitor com as suas histórias. Desde cedo ela tinha consciência política, estava tomando ciência das situações - ainda que não tivesse conhecimento cem por cento sobre tudo, seus pais a ensinavam e ajudavam a ver as coisas de forma diferente.

Não dá pra descrever tantas coisas pelas quais a escritora passou, nem tampouco eu conseguiria. A leitura provoca incômodo, indignação e ficamos com uma sensação de frustração por saber que essas coisas acontecem e nada podemos fazer. Aqui, no Brasil, muitas mulheres são tratadas de forma desprezível, desvalorizadas no ambiente de trabalho, maltratadas pelos companheiros e muitas vezes nem sequer têm o apoio uma das outras. Porém, o que essas mulheres passaram e passam por lá é algo inenarrável. A gente finaliza a leitura com uma sensação de impotência.

É um livro pesado, tem uma história que é difícil acreditar, mas mesmo assim acredito que deveria ser leitura obrigatória nas escolas. É preciso abrir os olhos da sociedade, fazê-los enxergar as coisas que acontecem, e fazer de tudo para evitá-las. Para isso, é necessário levar conhecimento aos estudantes para que haja conscientização e mudança. Que livro, meus caros! Que livro!
Alê | @alexandrejjr 06/09/2022minha estante
Belo texto, Natalia. Parabéns!


Joao 06/09/2022minha estante
Bela resenha para uma hq mais do que maravilhosa.


Gio Déssio 06/09/2022minha estante
Meu favorito!!??


Naty__ 06/09/2022minha estante
Obrigada, Alê. Recomendo a leitura ?


Naty__ 06/09/2022minha estante
Obrigada, João. É verdade. Amei essa HQ. Perfeita!


Naty__ 06/09/2022minha estante
Siiim, Gio. Amei tanto ?




tdethalyta 10/09/2018

Persépolis não foi um livro que me agradou, acredito que possamos começar pelo fato de um engano que partiu de mim: acreditava que o livro retratava a cultura islâmica, mas na verdade é uma biografia da Marjane Satrapi.
Partindo para o fato primordial de tamanha baixa avaliação: não me senti cativada pela personagem. Existem vários livros com protagonistas que estão construindo seu caráter e que de primeira possam ser vistos como bobos, mas não necessariamente esses livros são ruins ou desinteressantes. O meu caso com a Marjane foi difícil, porque eu a considerava uma personagem excepcionalmente fútil. Vejamos um exemplo que me abismou no livro: ela se sente mau e crítica internamente seu pai por ele não ter perdido uma perna ou algo parecido durante a guerra e conflitos, ela queria uma espécie de amostra de que seu pai era um herói. E eu sei que a personagem estava no meio de uma guerra onde seu mundo virou de pernas para o ar e ela se viu perdida, mas, ainda assim, eu não consegui achar que isso fosse uma justificativa para os pensamentos da mesma.
Algo também incomodo foram as besteiras ditas no livro, como uma amiga da personagem que diz que não usa preservativo com o namorado porque ele sente menos prazer durante a penetração, não pude evitar revirar os olhos nessa cena.
Apesar do livro mostrar (ou tentar) uma espécie de crescimento pessoal da protagonista, eu sinceramente não me identifiquei nem consegui suportar isso.
Me obriguei a ler até o final e até pensei em reler depois - não estava aceitando o fato de ter lastimado tanto essa leitura - mas finalmente entendi que não vai rolar.
Esse livro simplesmente não é para mim.
Jessica.Martines 08/12/2018minha estante
Vc não tá sozinha nessa. Cheguei até a comentar com minhas amigas do clube que parecia que eu tava lendo aqueles informes do "Zé gotinha" sobre o ciclo da água na infância rs


tdethalyta 09/12/2018minha estante
É muito bom saber que não estou sozinha, ks. A história é realmente infantil.


Grace 26/02/2019minha estante
Também achei a mesma coisa. Achei ela na realidade uma " maria vai com outras" Sinceramente não entendi o que esse livro é tão bom. Para mim ela era pessoa mimada que não sabia o que realmente queria. Vivia o seu mundinho a parte.


Amanda.Cabrera 25/10/2019minha estante
Nossa, você conseguiu descrever praticamente tudo o que senti ao ser esse livro. Eu imaginava uma proposta bem diferente do livro.


Henrique Fendrich 27/01/2020minha estante
Estou certo de que quando você era criança tinha pensamentos tão infantis quanto o de achar que o seu pai era melhor que o pai dos outros. Transposto para um contexto de guerra, você, e eu e todo mundo provavelmente faríamos essa comparação entre pais com base naquilo que era mais valorizado por aquela sociedade (no caso, ter mais marcas de guerra). O que não se pode é julgar o pensamento de uma criança com base no entendimento de adultos. Também estou certo que, mesmo depois de adultos, passam pelas nossas cabeças pensamentos muito mais lamentáveis do que aqueles que ela, enquanto criança, teve coragem de assumir que teve.




Caio 11/01/2024

Há muito tempo que este livro estava parado na estante. Resolvi dar uma chance e não me arrependi. Apesar das situações terríveis vividas pela personagem. Tudo é retratado com bom humor. É um choque conhecer a cultura de um país tão diferente do nosso. Gostei de como a história é contada. Os traços são simples, mas bem feitos. Eu fiquei revoltado com algumas situações, acho que para uma mulher essa revolta será ainda maior. Não deixa de ser uma aula de história muito rica. Às vezes a ignorância é uma benção, às vezes nossa perdição.
Núbia Cortinhas 11/01/2024minha estante
Parabéns pela resenha! ?? ?? ??


Vitoria.F 11/01/2024minha estante
Me deixou com vontade de ler! ??


Caio 11/01/2024minha estante
Valeu. ?


A Leitora Compulsiva 12/01/2024minha estante
Quero ler, quero ler, quero leeeeeer ?


Caio 12/01/2024minha estante
Vou acompanhar a leitura de vocês com muito interesse. Quero muito ver uma visão feminina sobre alguns assuntos abordados no livro.




Fernando Lafaiete 10/01/2019

Persépolis: Toda liberdade tem um preço!
******************************NÃO contém spoiler******************************

É muito fácil e muito mais cômodo julgarmos os outros do que tentarmos entender suas realidades. A empatia é algo fácil de se defender, mas para muitos, muito difícil de ser colocada em prática. Toda essa resistência na desconstrução do pensamento sócio histórico, é resultado da engenharia do consenso, que nada mais é do que a manipulação midiática que nos faz alimentar preconceitos acerca de assuntos relevantes como a cultura de outrem.

Persépolis, a autobiografia em quadrinhos de Marjane Satrapi, é assim como “Palestina: Uma nação ocupada”; o jornalismo em quadrinhos de Joe Sacco, uma excelente contribuição para a quebra de preconceitos pré-estabelecidos.

Com uma narrativa fluída e com traços realistas, a autora vai apresentando sua história de vida de maneira cativante, chocante e muitas vezes reflexivas. Os fatos expostos nos fazem perceber que julgar uma nação inteira e rotular os outros disso ou daquilo com base em informações limitadas provenientes de uma mídia preconceituosa, é um erro repugnante que devemos evitar.

Toda a trajetória da autora é uma lição de vida. Seus comportamentos e suas buscas por descobrimentos e aceitações nos ensinam muito sobre o que é ser humano. Errar e aprender com os nossos erros é essencial para nos tornarmos pessoas melhores. Acompanhar seus erros, suas derrotas, suas inseguranças e suas vitórias é fascinante tanto no quesito literário quanto no quesito realístico.

Ler esta HQ foi uma experiência incrível e complementar ao que eu já havia visto na premiada HQ de Sacco citada no segundo parágrafo. Conhecer melhor os sofrimentos e as lutas ocorridas no Oriente Médio, só fazem com que eu perceba cada vez mais o quanto fui alienado durante anos, quando o assunto era este povo que também julgava de maneira leviana, denominando-o apenas como terrorista.

Lutar sempre é possível, mesmo em ambientes opressores como a região a qual a autora nasceu e cresceu. A liberdade tem um preço; mas um preço que vale a pena ser pago se sua intenção é lutar por um lugar melhor para viver, ou quando sua intenção é se libertar, como um pássaro ao sair de uma gaiola.

Marjane Satrapi é uma guerreira que nunca teve medo de se opor ao regime que ela sempre desprezou. O verdadeiro exemplo do que é ser feminista em um local onde um fio de cabelo fora do lugar é visto como um crime, punível com torturas, prisões e até mesmo estupros. São de pássaros como ela que o mundo precisa. Ser engaiolado é algo imposto. Ficar aprisionado é uma escolha!

_____________________________

Nota extra: Há uma adaptação francesa que foi escrita e dirigida pela própria autora em parceria com Vincent Paronnaud e lançada em 2007 no festival de Cannes, cujo prêmio foi vencedora, escolhida pelo júri. A mesma foi indicada também ao Oscar na categoria de melhor animação, mas perdeu para Ratatouille.
Nath 10/01/2019minha estante
Bela resenha! Parabéns!


Esdras 10/01/2019minha estante
Sempre quis ler esse livro.
Ótima resenha! :D


Fernando Lafaiete 10/01/2019minha estante
Que bom que gostaram. Leiam sem medo de se decepcionarem. Esta HQ é espetacular. Um verdadeiro show a parte.


Cristian 10/01/2019minha estante
Sim! HQ genial! Parabéns pela resenha.


Fernando Lafaiete 10/01/2019minha estante
Muito obrigado pelo comentário Cristian. :)




Henrique Fendrich 27/01/2020

Uma liberdade mais profunda e verdadeira
Observe-se: o governo do Irã justifica as suas atitudes repressivas em nome da liberdade. O governo dos Estados Unidos também usa a liberdade para justificar não apenas as suas investidas interesseiras no Oriente Médio, mas o próprio modo de vida que considera adequado para os seus cidadãos. Assim agem todos os governos: sempre favoráveis à liberdade. Só que a liberdade não é algo que possa ser imposto por governos – a liberdade repele os governos, já que eles, mesmo os pretensamente mais democráticos, só podem se sustentar a partir da força e da coerção, que é, afinal de contas, também a supressão da liberdade.

A liberdade digna de ser chamada com esse nome é unicamente a de pensamento e a de consciência. E é precisamente em exaltação a essa liberdade que a vida de Marjane Satrapi se revela. Dotada desde cedo de um entendimento de mundo muito singular, ela não tardou a perceber a realidade de injustiças em que estava inserida. Isso pode parecer óbvio para quem vivia sob um governo tirano no Irã, mas é preciso ter em conta que a percepção de Marjane sobre as injustiças do mundo abrangia inclusive aqueles que faziam oposição aos desmandos governo iraniano. Em algum grau, eles também reproduziam os preconceitos, as divisões e o jogo do poder daqueles que pretendiam derrubar.

Talvez a influência do ambiente sobre nossas atitudes e personalidades seja maior do que preferíamos admitir, talvez seja necessário não simplesmente fazer com que da revolução emerja “o outro lado”, mas algo completamente diferente dos padrões conhecidos até então. Marjane tateava, em busca de compreensão sobre o que via. Errava, frequentemente errava, mas tinha dentro de si os valores necessários para que, a cada queda, aprimorasse o seu conhecimento e chegasse mais perto da justiça que, desde cedo, intuía que era necessário aplicar ao mundo. A sua eterna conclusão era a de que era preciso aprender – sua curiosidade, sua fome e sua sede permitiram que, aos poucos, ela conseguisse ter uma visão mais clara do que significava viver nesse mundo que, o tempo inteiro, busca nos atar e nos prender, para que não alcancemos nunca o desejo de liberdade que guardamos dentro do peito.

Teve, é verdade, a felicidade de encontrar uma família de mente mais aberta, uma mãe que desejava justamente a sua independência, uma avó que não tergiversava diante de atitudes da sua neta que reproduziam o mesmo padrão de violência e injustiça dos governantes, um pai que reconhecia a necessidade de que a própria filha errasse por si só, por saber que apenas da experiência individual nasceria o aprendizado mais duradouro – além de tios e outras pessoas vítimas da violência no país que solidificaram, em seus pensamentos, a noção de uma liberdade mais profunda e verdadeira do que a prometida pelos governos.

Há um preço por essa liberdade e por essa independência e que talvez seja muito difícil de aceitar, que é o da solidão, o do sentimento de que não se está devidamente encaixado neste mundo. Marjane, porém, dá mostras de que pode suportá-lo, seja por sua inegável força interior ou até mesmo por uma improvável onda de acasos, quase milagres, que continuamente a favoreceram nas condições mais adversas da sua vida.

Talvez houvesse alguém querendo que a Marjane continuasse por aqui por mais tempo. Ela poderia até não fazer mais nada em sua vida: esse simples livro já seria sua grande contribuição à humanidade.
Maria 27/01/2020minha estante
Ulalá!


Henrique Fendrich 27/01/2020minha estante
Cê vai curtir.


Henrique Fendrich 27/01/2020minha estante
Há um capítulo inteiro em Viena =).


Henrique Fendrich 27/01/2020minha estante
Há um capítulo inteiro em Viena =). Marx aparece logo no começo. E as ideias dela são amplamente feministas.


Maria 27/01/2020minha estante
Já curti. :D




Roberta 11/01/2022

Apesar da guerra?
Mesmo com ódio por parte de alguns, podemos observar que o amor sempre surge. Parece planta que brota no asfalto, contra todas as evidências. Preferi prestar atenção na melhor parte.
Achei que fosse gostar mais do quadrinho. Porém, valeu ter lido.
Pedro 11/01/2022minha estante
Amor omnia vincit.


Roberta 11/01/2022minha estante
Não entendi ?


Pedro 11/01/2022minha estante
O amor tudo vence. É esse o significado. É uma expressão antiga em latim. É que a sua postagem me lembrou essa expressão.


Roberta 11/01/2022minha estante
??????????




Gner 01/08/2021

Excelente
A visão de uma mulher incrível com família incrível, que passou por guerra e tem uma visão de vida inspiradora. Que seja exemplo para muitas pessoas!
Luciana 04/08/2021minha estante
Vc viu o filme?


Gner 04/08/2021minha estante
Não?. Só li que tinha? mas o livro é ótimo!


Luciana 04/08/2021minha estante
Eu amei o filme! Se puder, veja! E agora quero ler o livro! Hahahaha


Gner 04/08/2021minha estante
Ela é muito corajosa e bocuda ?




Adriana Scarpin 19/05/2016

Sexto livro do clube do livro feminista da Emma Watson no Goodreads
O quadrinho autobiográfico definitivo, além de ser uma puta aula de história, a história pessoal de Satrapi é contada de forma especialmente espetacular.
Nádia C. 19/05/2016minha estante
você encontrou online? ou comprou mesmo?



Adriana Scarpin 19/05/2016minha estante
Encontrei aqui: https://www.sendspace.com/file/oqp7tx


Nádia C. 04/06/2016minha estante
muito obrigada!




Grace 03/03/2019

Decepcionante e fraco
Foi tremendamente difícil terminar a leitura. Achei que teria uma premissa parecida com a Maus. Relativamente diferente do pensei. O pano de fundo sobre a guerra se perdeu totalmente na minha percepção e, é praticamente inexistente. Minha sorte que é que não comprei, pois se tivesse comprado teria de arrependido muito.
Raul 12/03/2019minha estante
Olha só...


Bianca 17/03/2019minha estante
?


Camila Barros 24/05/2019minha estante
Também achei que teria uma "vibe" parecida com a do Maus.




Aline MSS 14/05/2022

As ilustrações são simples e a história é cativante. ?
Gostei bastante dessa HQ. Como alguém q viveu longe dos pais em um estado diferente do que nasci, me vi na história dela em vários momentos.

A personagem é forte e inspiradora, msm vivendo em um ambiente de guerra e opressão religiosa. Mtas vzs me surpreendi com oq li aqui, a capa infantil não faz jus tristeza e angústia q as páginas descrevem.
Eu sempre tive a impressão de q ficaria boiando ao ler essa HQ por não saber mto detalhadamente a cultura árabe, mas acabou sendo algo tão intuitivo q conseguiu aproveitar bem sem ficar perdida.

Depois de assistir nos noticiários sobre a guerra na Ucrânia, fica mais fácil de visualizar mentalmente oq essa HQ se propõe a relatar (Na HQ, o país é no Irã). É bem triste e emancipador! Vale o preço q se encontra hj pra vender.???
Pedro 14/05/2022minha estante
Excelente resenha!


Aline MSS 14/05/2022minha estante
Obg, Pedro! ?


DANILÃO1505 20/06/2022minha estante
Parabéns, ótimo livro

Livro de Artista

Resenha de Artista!




spoiler visualizar
Roberto 21/05/2014minha estante
Perfeito.


Nicolas 21/05/2014minha estante
Fa-bu-lo-so


Ian Felipe 21/05/2014minha estante
Ma-jes-to-so!!!!




spoiler visualizar
Marcelle Reis 22/02/2019minha estante
Essa parte em específico também me incomodou, mas creio que tenha escolhido relatar porque estava arrependida, pois poderia simplesmente omitir esse fato.


Catarina 02/04/2019minha estante
Também odiei muito essa parte, achei extremamente desnecessário e de muito mau gosto.


Marcia.Britto 26/04/2019minha estante
Não dei 4 estrelas, muito embora tbém não tenha gostado desta ação dela, e sim do fato de ser um história bem elitizada, uma minoria, e que olha o ambiente segundo seu próprio umbigo. A família me pareceu rebelde e criou uma rebelde também, sem diplomacia e sem empatia.a família "passa a mão da cabeça" de atitudes muito questionáveis como álcool, drogas, prisões etc como se fossem muito normais...




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