Hemy Gomes 13/01/2021
Na certa morreria um dia como se antes tivesse estudado de cor a representação do papel de estrela. (Página 29)
A Hora da Estrela é um dos livros mais conhecidos de Clarice Lispector e apesar de ser curto, guarda uma história profunda aos olhos do narrador Rodrigo, um escritor misterioso e muito reflexivo.
O narrador nos apresenta Macabéa, uma jovem que se mudou de Alagoas, onde morava com a tia após a morte dos pais, para o Rio de Janeiro para trabalhar como datilógrafa. Sendo ela uma garota que não possuía nada -- nem inteligência, nem personalidade e muito menos beleza -- que chamasse a atenção e que tinha gostos muito simples -- Coca-Cola, cachorro-quente, queijo com goiabada, ouvir a rádio-relógio, colecionar recortes de revistas --, era muito inocente e nem se dava conta da própria existência, de que era uma pessoa.
Um dia, Macabéa se apaixona por um homem chamado Olímpico e os dois se tornam um casal, porém, acaba sofrendo nas mãos dele, pois ele é mentiroso, ambicioso demais e machista, e seu sonho de se casar vai por água abaixo quando ela é dispensada e trocada por Glória, sua colega de trabalho. Então, ela decide se consolar ao se dar ao luxo de comprar um batom e faltar ao trabalho para se divertir dançando sozinha no quarto -- e esse é apenas o começo da felicidade na vida de Macabéa. Algum tempo depois, Glória indica uma cartomante para ela e assim, a menina acaba criando esperança dentro de si graças ao destino incrível que ela recebeu. Porém, logo depois de sair do estabelecimento da cartomante, Macabéa é atropelada e tem seu fim trágico -- mas pelo menos, morreu genuinamente feliz e com esperança.
Confesso que de primeira, odiei a história -- e nem minha professora de literatura conseguiu me fazer gostar. Porém, uma semana depois de ter lido pela primeira vez, algo me instigou e me fez dar mais uma chance, então assisti o filme para entender melhor, reli e acabei amando a história. De certa forma, me identifiquei muito com Macabéa e também tive um desejo enorme de poder cuidar dela e dar um sentido para sua vida simplória, mas talvez o melhor para seu destino era realmente o fim que ela recebeu. A única coisa que eu realmente não curti foi o começo, no qual o narrador apresenta suas reflexões malucas e enfatiza sua "vida triste e miserável", então achei essas primeiras vinte páginas desnecessárias, porém, sem elas, essa história seria apenas um conto e se Clarice quis assim, quem sou eu pra questionar...
Recomendo demais. Insista mesmo com o começo chato e veja Macabéa com olhos compassivos e piedosos para entender o lado dela.
Nota 4,5 de 5