Vanessa1409 29/11/2023
Supremacia de Bondade Plena.
A escrita, como sempre, é elegante na narrativa, juntando palavras com erudição, formando frases sonoramente acuidosas. Gosto de Damen e Ever trabalhando juntos para resolverem os enigmas, mostrando que esse era o ponto que a autora deveria ter seguido desde o início, colocando um desafio ou outro para afastá-los e, logo a seguir, reuni-los nessa mesma harmonia, e não com o distanciamento eterno dos volumes anteriores. Mesmo quando estavam juntos, parecia haver um abismo entre eles.
A sutil inocência de Ever nessa nova fase, atuando e vivendo ao lado de Damen como a segunda parte de um casal, deu um ar natural, verossímil. O livro começou bem. A teoria de Ever no pavilhão, de que Damen, mesmo vivendo há mais de seiscentos anos como imortal, teve outras vidas antes disso, outras reencarnações, foi um ponto de clímax logo no início do livro. Foi o tiro certeiro que nos arrebatou de uma história enfadonha para a expectativa de uma aventura intensa. Finalmente, a autora acertou. Melhor ainda, instigou e empolgou o enredo com enigmas a serem resolvidos, como os nomes Lótus e Adelina e a sequência de números: oito, oito, treze, oito ? o que sugeria, logo de cara, uma data: 08/08/1308. ? O passado de Ever e Damen, ambos como Adelina e Alrick, é a melhor aventura da série.
Surpreendendo a todos ? principalmente depois do enfadonho e decepcionante Estrela da Noite, que me deixou sem esperanças ?, Infinito nos conduz a uma jornada repleta de romances, intrigas, suspenses e aventuras. Essa volta ao passado, ao marco inicial das almas no plano físico, foi a redenção da autora. Ainda que isso demonstre uma semelhança absurda com outra série de sucesso ? escrita muitos anos antes de Os Imortais ?, Alyson Noël encontrou o eixo, deixou Shakespeare possuir sua mente e libertou a criatividade. Sim, ainda existe o drama. Porém, agora, temos o drama dentro de uma trama. E esse é o X da questão que faltava nos livros anteriores, onde tínhamos apenas uma adolescente birrenta, criada por uma autora sem informações aprofundadas sobre os assuntos abordados, uma protagonista com pena de si mesma, culpando a tudo e a todos pelos seus próprios erros, o universo inteiro contra ela e todo blábláblá melodramático que nunca levou o enredo a nada ? bem, levou... à minha raiva.
Não sei o que pensar ainda sobre a Árvore da Vida. Preciso ler mais à respeito para entender. Seria a Árvore do Éden? Isso teria a ver com o nome dela = Ever ? Eva = já que Ever, segundo Lótus, é a única que pode encontrá-la. Ou seria a Árvore da Cabala, com as Sephirots ? frutos do conhecimento? Isso ficou no ar, comprovando que, infelizmente, a autora não aprendeu a lição, colocando assuntos importantes de forma pingada, sem um conhecimento aprofundado, desrespeitando, assim, a cultura e a filosofia alheia. Nada mais tenho a comentar sobre esse desleixo claro da autora com questões do tipo.
Outro comentário que preciso deixar registrado é sobre a supremacia de bondade plena da Ever, sufragando-a como salvadora de tudo e de todos... Ever, a personagem que mais fez lambanças e que não compreendeu nada da vida, não se redimiu, onde sua evolução espiritual não passou, notavelmente, de dez por cento... de repente, torna-se a redentora mor de todas as almas dos imortais. Particularmente, eu odeio esse tipo de santidade no protagonismo. A pergunta que deixo aqui é: quem determinou o que é bom e o que é mau? Quem é merecedor de salvação ou não? Ever virou deus para ter esse poder. Nota zero para a autora nesse quesito. Nem sempre a luz é a salvação.
NOTA FINAL: Não indico a série. Apesar de ter altos e baixos, o que é típico de enredos longos, o ?baixo? dura quatro livros, tornando-se enfadonho, imensamente cansativo, levando-nos quase a desistir da leitura. O que me fez persistir foi meu TOC em não deixar algo inacabado. No total, coloco Para Sempre, Chama Negra e Infinito como pontos altos, as pontas e o intermediário. Estrela da Noite é a tristeza mor da série, dá vontade de chorar só de lembrar da tortura que foi chegar ao fim dessa edição. Para quem ainda não começou, não indico a série. Para quem já iniciou a jornada, Infinito compensa a tortura anterior. No geral, de zero a dez, dou média cinco para a série, o que é uma pena, pois a premissa tinha potencial... um potencial que foi negligenciado pela autora, destruído em todos os níveis. Classificando separadamente, Chama Negra e Infinito são os melhores, o que faz Os Imortais valer a pena.