Maria - Blog Pétalas de Liberdade 12/05/2014A linguagem das flores Victoria Jones era órfã, passou por mais de 30 casas e abrigos para menores, conviveu com famílias e pessoas que a trataram mal e fizeram com que a garota passasse a odiar a humanidade.
Aos 18 anos foi emancipada, não podia continuar morando no abrigo. Sem ter outra opção, Victoria foi morar na rua, um lugar nada seguro. Até conseguir um emprego numa floricultura. Graças ao seu grande talento com as flores, ela era capaz de criar arranjos que transmitissem exatamente os sentimentos que o comprador quisesse passar.
Quando ela tinha 10 anos, idade em que estava na sua última chance de ser adotada, antes de ser considerada inapta para adoção, foi mandada para a casa de Elizabeth. Uma mulher que lhe ensinou, entre outras coisas, sobre a linguagem das flores (criada na era vitoriana, onde o envio de flores e arranjos florais era usado para enviar mensagens codificadas, expressando sentimentos que de outra forma não poderiam ser ditos).
Com Elizabeth, Victoria pensou que finalmente poderia ter uma casa de verdade, uma família, uma mãe. Só que Elizabeth não era perfeita, como ninguém é, ela tinha problemas, e Victoria tentou resolve-los do seu jeito. Isso criou uma grande confusão e fez com que a garota perdesse de vez suas esperanças de ter uma vida normal. Só o que restou foi uma grande mágoa e o conhecimento da linguagem das flores, coisas que ela continuou carregando e usando ao longo dos anos seguintes.
"- É um pouco irônico, não acha? - indagou ele, olhando para as rosas à nossa volta. Estavam todas abertas e nenhuma era amarela. - Você estar obcecada com uma linguagem romântica, inventada para que amantes pudessem se comunicar, e usá-la para espalhar a hostilidade." (página 102)
Um dia, enquanto fazia compras no mercado das flores com sua patroa, Victoria encontrou um rapaz que mexeu com seus sentimentos. Ele também parecia conhecer sua linguagem secreta e ela tinha a sensação de já o ter visto no passado.
Esse encontro trouxe mudanças para sua vida e fez com que ela enfrentasse seus antigos fantasmas.
Gostei muito do livro e falar sobre ele é relativamente complicado. Sempre tive curiosidade de saber como era a vida das crianças em um orfanato e como era depois dele.
Vi que alguns leitores discordam das atitudes de Victoria. Sinceramente, se eu estivesse no lugar dela, talvez agisse de maneira semelhante. Será que uma pessoa que passou por inúmeras dificuldades, nunca conheceu o amor e o afeto, que na única vez em que confiou em alguém saiu extremamente magoada, seria capaz de amar e dar afeto para alguém?
Creio que, infelizmente, as pessoas tenham muita dificuldade de se colocar no lugar do outro; talvez por terem vivido experiência diferentes.
"O fato de minha vida ter virado de cabeça para baixo não importava a ninguém e, ali fora, naquela calçada, longe da fonte do tumulto, meu pânico pareceu injustificável." (página 218)
A grande lição que fica do livro é que qualquer pessoa pode se tornar algo belo e também pode contribuir para que outras pessoas se tornem. A história mostra o desabrochar de Victoria, a sua descoberta da vida.
"Talvez os indiferentes, os rejeitados, os mal-amados pudessem aprender a dar amor com tanta abundância quanto qualquer outra pessoa." (página 282)
A narração é feita em primeira pessoa, o livro é dividido em 4 partes, no final tem um dicionário com os significado das flores de Victoria Jones.
A capa é extremamente bonita, assim como todo o livro; as folhas são amareladas, o tamanho das letras e margens é bom.
Recomento a leitura de "A linguagem das flores", um livro lindo e emocionante sobre a vida, o perdão, o amor e as flores.
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