Andre.Santana 31/01/2022
Ideologia como Religião
Ao propor uma -nova ciência da política-, o filósofo germano-americano Eric Voegelin (1901-1985) formulou, ao menos em sua juventude intelectual (As Religiões Políticas - 1938), o conceito de -religião política-, essencial para a compreensão da modernidade e, em termos de resultado, o conceito serve para explicar os experimentos políticos do século XX (especialmente nazismo e comunismo), de particular interesse do filósofo. Para Voegelin, é necessário visualizar os problemas da fé metastática (Ordem e História, vol. 1, 1956) e do gnosticismo (A Nova Ciência da Política, 1952). A fé metastática é um tipo de enfermidade espiritual que faz seu crente vislumbrar uma mudança positiva, radical e efetiva da realidade de maneira repentina. O elemento do gnosticismo dá àquele que possui essa crença a noção que conhece o caminho para essa mudança de maneira especialmente revelada, sendo, portanto, um conhecimento restrito revelado a muito poucos. Voegelin compreende a modernidade como o terreno onde o gnosticismo grassou livremente. Ou seja, o conceito de religião política emerge como a transferência do quadro conceitual compreensivo dos monoteísmos tradicionais (revelação, soteriologia, santificação, purificação, ídolos, hinos etc) para o contexto secular dos sistemas políticos, com uma promessa de realização do paraíso pós-morte prometido por religiões dentro da História humana. Contudo, devido à dificuldade de se abarcar as próprias religiões numa definição unívoca coerente, o pensamento de Eric Voegelin maduro, expresso em suas Reflexões Autobiográficas (1980), apresentou contestação da terminologia. Sendo o objetivo dessa pesquisa, portanto, investigar a noção de -religião política-, sua capacidade analítico-explicativa e defendê-lo enquanto conceito possível, a despeito dos problemas terminológicos que possam ser observados
Créditos: Andre Assi Barreto