Le Monde Bizarre

Le Monde Bizarre Marcelo Amado...




Resenhas - Le Monde Bizarre


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Cristiano Rosa 02/03/2013

Diário CT: Le Monde Bizarre
Imagine um circo com seus palhaços, mágicos, trapezistas… pessoas deformadas, gigantes, mulheres serpentes e demônios. Assim é Le Monde Bizarre – O Circo dos Horrores, antologia organizada por M. D. Amado e publicada pela Editora Estronho. A obra, com prefácio de Medo B, tem 208 páginas e reúne 14 contos envolvendo a trupe sob a direção de Monsieur Serge Tissot.

As narrativas, em sua maioria em 3ª pessoa, contam acontecimentos de dentro e fora do picadeiro, e apesar de se tratarem do mesmo circo em todas as histórias, ele é apresentado de maneiras diferentes.

Os enredos se passam em diversos lugares por onde a trupe viaja e exibe seu espetáculo, como Brasil, Irlanda, França, Inglaterra, Portugal, Polônia e Japão, sempre impressionando a todos.

Os protagonistas dos contos se dividem em espectadores e trabalhadores do grupo, que vivem pesadelos e cenas que, por vezes, chegam a revirar o estômago do leitor, envolvendo aberrações, sangue, mutilações e violência.

As tramas giram em torno de advertências quanto à chegada do circo nas cidades, um desfile de bizarrices, descrições de criaturas da trupe, a junção de novos participantes ao grupo, o sentimento das pessoas durante e após os espetáculos, o que acontece além das lonas coloridas, encontros e reencontros, e muito horror.

As histórias são envoltas de canibalismo, mitologia, carnificina, medicina, entre outros, sempre com muito suspense e terror. Os contos são criativos, os personagens são diversificados – crianças, mulheres, homens – e muitos há vários elementos motivadores interessantes, como vingança, descobertas, medos, mistérios, surpresas, segredos, crueldades, torturas e sarcasmos.

Os autores dos contos são: A. Z. Cordenonsi, Celly Borges, Duda Falcão, G. Araújo, João M. S. Rogaciano, Kássia Neves, Lucas Lourenço, M. D. Amado, Pedro de Almada, Rafael Sales, Rochett Tavares e Valentina Silva Ferreira, que se juntam com os escritores convidados Alexandre Heredia e Iam Godoy.

Um dos maiores encantos de Le Monde Bizarre – O Circo dos Horrores é que os contos tendem a fazer com que o leitor vire um espectador da plateia durante a leitura dos espetáculos narrados. A diagramação do livro com as ilustrações coloridas e sombrias é ótima, sendo possível visualizar cada cena e criatura apresentada pelas narrativas. Lembrou-me um trecho de uma música do Jay Vaquer, que diz: “Alguém sabe dizer o que é normal? Pode parecer tão natural!“

Fonte: http://www.blogcriandotestralios.com/?p=20638
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Albarus Andreos 15/06/2012

Grata surpresa
Le Monde Bizarre (Editora Estronho, 2012) é uma antologia de contos de terror e medo com uma temática muito especial. Quem nunca viu aqueles filmes onde há uma mulher barbada, um anão e um "homem mais forte do mundo"? Não estou falando de "Monga, a Mulher Gorila" que não passava de um jogo de espelhos e luzes. Os shows de horrores eram feitos com gente de verdade e muitas dessas atrações ficaram famosas em sua época. Havia mesmo no Brasil lugares, como o Museu de Salvador, em que as cabeças de Lampião e o resto do bando ficaram expostas ao público até 1964 (assim o Estado expunha o vencido cangaceiro para quem ainda duvidasse disso). Vocês esquisitos, se quiserem, podem ver a foto da tal exposição escrota com o Google Imagens.

Eu poderia dizer aqui que não tenho nada contra gente maluca mas contra esse tipo de maluco específico, que sente essa atração sádica pelo torpe e pelo escabroso, eu tenho tudo contra! Outro dia mesmo veio aqui na minha sala um funcionário com um celular recheado de fotos de corpos estraçalhados que eu recomendei gentilmente que ele enfiasse naquele seu lugar quente e apertado (tem gente sem noção que não tem vergonha de expor essa morbidez estapafúrdia que os leva até um acidente de ônibus e clica sem parar a desgraça alheia e ainda sai por aí se perfazendo). Corpos deformados parecem surtir grande atração em mentes deformadas. O sadismo humano, que antes se deliciava vendo irmãos siameses e mulheres de três seios, hoje em dia tem o You Tube e o Discovery Chanel.

Certamente, com o progresso, a mulher barbada teve que apelar para a Gillette e procurar um emprego mais convencional, os anões tiveram que se ocupar vestindo-se como duendes para animar festinhas e o "homem mais forte do mundo" se diluiu nas tropas de marombados tão comuns academias afora. Eu não tive estômago, confesso. Existem coisas perturbadoras demais para mim. Até museus de cera me perturbam, pois a semelhança que se deseja alcançar faz com que as esculturas pareçam demais com gente de verdade empalhada (sentiu um arrepio?). Portanto vamos para a Resenha. Nosso negócio aqui são os livros.

À Cidade de Metropia. Começamos com um bom conto de Kássia Neves Monteiro. Aqui vemos a formação da trupe de Monsieur Serge Tissot, o homem que se transforma em monstro depois de uma grande perda. Ele apela para as artes ocultas e se torna imortal. Essa introdução ao livro é escrita de forma epistolar por Callabare, um integrante da trupe, numa carta que endereça sempre à próxima cidade em que Le Monde Bizarre se apresentará, com a intenção de avisar a população do mal que advirá (se fosse a primeira vez que Callabare estivesse fazendo isso, tudo bem, mas como a autora diz ele faz isso sempre, não entendo como o circo não foi ainda caçado e destruído). Há passagens muito boas e o etilo da autora nos remete a uma leitura clássica, com seus rebuscamentos gramaticais, mas às vezes ela tenta reinventar a língua com construções meio estapafúrdias. Isso em nada diminui a beleza de sua escrita, mas a passagem em que os "artistas" tem que destrinchar o corpo do patrão com uma faca de ouro, sim, diminui. Falta o convencimento, aqui. Nota seis.

O Segundo conto (Desfile, de Duda Falcão) é muito... muito ruim. Uma cidade assiste à parada do circo quando chega, com suas aberrações e criaturas demoníacas. Depois de a cidade toda sumir, com exceção de cinco ou seis pessoas que não assistiram à parada, as “autoridades” acabam por internar as que sobraram por alucinação coletiva. É de se perguntar se mesmo uma criança de oito anos não levantaria a questão: “mas como assim, alucinação coletiva? A cidade inteira não sumiu mesmo?” Frases sem pé nem cabeça, desconhecimento da estrutura do conto, falta de coesão e clareza e muito mais. Tenta dar um ar erudito empregando construções estapafúrdias conseguindo apenas um texto bem primário, mesmo! A Editora deveria ter tido a habilidade de comunicar ao autor os problemas de seu conto e recusá-lo! É uma pena, um completo desserviço ao autor que se queima e aos seus companheiros de antologia. De uma nota seis do bom conto anterior de Kássia Neves Monteiro, passamos a um três, para Desfile, de Duda Falcão.

Em seguida temos o bom conto de Alexandre Heredia, Freak. Imagine você estar neste circo, do lado de fora, animado mas tentando decidir onde gastar seus trocados. Então você ouve um daqueles pregoeiros que ficam falando sem parar, tentando convencer as pessoas a pagarem o ingresso e assistirem a uma determinada atração. É pela boca deste homem que somos convidados a entrar e, para isso, vai nos contando o que há do outro lado. É o melhor conto até aqui. Imaginem um menino amado pela mãe e irremediavelmente feio (não aos olhos dela, é claro). Quando o menino vai à escola pela primeira vez, descobre que não é belo através das maldades que só as crianças são capazes (ponto para o autor que soube muito bem colocar esta questão, no seu texto) e então, de uma forma que só poderíamos esperar num episódio de “Além da Imaginação”, o menino descobre como ficar belo. Agrega o espírito da coletânea muito bem. Nota sete!

O circo Le Monde Bizarre viaja e chegamos ao ótimo conto Sinfonia dos Mortos, de Pedro de Almada. Para um primeiro trabalho publicado em livro, temos um verdadeiro achado! Pedro de Almada tem uma fluidez praticamente perfeita, num conto que, embora se revele previsível, é muito bem burilado. Uma história criativa com a introdução de criaturas assustadoras e muito bem engendradas a lá Tim Burton. Quase dá para ver Johnny Depp e sua esposa Helena Bonham Carter circulando em segundo plano, com maquiagens brancas e pesadas. Tétrico sem ser agourento, sinistro sem ser clichê. Os pequenos problemas de lógica narrativa não chegam a comprometer em nada o resultado final. Temos um oito aqui!

O conto seguinte é da editora do selo Fantas, da Editora Estronho, Celly Borges. Jackie conta a história de uma menina. Mas uma menina muito diferente das demais (estamos nos domínios de monsieur Serge Tissot e o que vem dele nunca é o convencional!). Um conto com referências claras à Mary Shelley e ao Mágico de Oz, passando por Jack o Estripador e até filmes adolescentes de terror, com seu grupo de namorados sentados à beira de uma fogueira contando histórias de terror. O pano e fundo é Londres, e Jackie quer um coração, um coração que lhe permita sentir, sejam bons ou maus sentimentos; portanto, vai atrás de um... Boa narrativa, segura e eficaz, embora cometendo alguns deslizes quanto à complexidade de algumas orações que numa revisão mais focada poderiam ser identificados. A inocência de Jackie e sua solidão são, contudo, cativantes. Nota seis aqui.

Medicina Transformadora: Um Contrato Poderoso, da portuguesa, nascida na Ilha da Madeira, Valentina da Silva Pereira, nos traz um pouco do charme do português europeu para as páginas de Le Monde Bizarre, o Circo dos Horrores. A habilidade escrita da autora é excelente. Um médico maluco se oferece ao dono do circo, Serge Tissot, para “criar atrações” em troca de poder treinar suas técnicas de embelezamento humano, o que ele chama de Medicina Transformadora (seria a cirurgia plástica?). Recebe então cinco monstruosidades em troca de tornar uma rapariga (hihihihi), por quem Tissot tinha sido rejeitado, num monstro horrível. A narrativa weird-machadiana de Pereira soa bem do início ao fim, com “excentricidades” inerentes à linha fantástica que resolve trilhar, ácida e cruel. Nota sete.

De Lucas Lourenço, temos o conto O Garoto de Ferro, que nos conta a história do pequeno Smutny, que vivia no vilarejo de Szkielet, a 20 km de Bialystok, e seu horrível tio Czaszka. Muito engraçados e imaginativos os nomes que o autor cria para situar a história em algum ponto fictício da Europa Oriental. O ano é 1940 e o país está tomado pelos “casacos vermelhos” (como são chamados os invasores). É nesse contexto nazi-fascista que descobrimos que Smutny vive com o tio Czaszka, um bêbado violento que abusa e humilha o pequeno garoto. Smutny um dia vê chegando o circo de horrores e decide dar uma escapada para ver do que se trata. Descobrimos que a deformação moral é algo muito pior que a física. É interessante como a interpretação pessoal de cada um dos autores da antologia vê Monsieur Serge Tissot à sua maneira. Aqui, Tissot é até um “bom” velhinho. O final da história nos leva ao título do conto, pecando só por não ser tão inspirado assim. Nota oito.

O Maior Espetáculo da Terra dos Mortos, de Rochett Tavares, pode ser classificado como mediano. Vemos um conceito de terror bastante difundido hoje em dia nos filmes onde a imagem se afogando em sangue sempre vale mais que o conteúdo. Esquece-se do medo, do surpreendente e do misterioso para se concentrar no repugnante, no apelativo e no escatológico. Palavras pinçadas do dicionário (e o que é pior: pouco ou totalmente imprecisas). História mal elaborada, artificializada e meio maluca, sobre uma apresentação do circo, também no leste europeu, mas dessa vez com alusões a lugares geográficos reais, como os Cárpatos, Transilvânia etc. Vemo-nos numa situação mais bizarra do que o próprio Le Monde Bizarre, onde os moradores de uma cidade são mais estranhos do que as atrações do circo. Nota cinco.

Iam Godoy vem em seguida com seu Sake em Aokigahara. A história surprende por nos lançar num mundo totalmente diferente do até então apresentado. Estamos em pleno Japão contemporâneo, senhoras e senhores! Fiquei bem interessado e, conforme avançamos, palavras em japonês vão aparecendo e dão um tom mais pitoresco ao texto, servindo bem à ambientação, mas então vão se multiplicando e excedem o limite do bom senso. Pequenos defeitos como este desviam a atenção do leitor do essencial, por isso seria aconselhável deixar o excesso de alegorias de fora. O texto é sobre um grupo de agentes especilizados em resgatar corpos, que trabalham ao pé do Monte Fuji, onde as pessoas tem o hábito de se suicidar. Um argumento bem interessante e, por isso (mais a sacada de meter a trupe na terra do sol nascente), leva nota seis.

De João Manuel da Silva Rogaciano, Pesadelo Interminável também traz o português europeu para as páginas da antologia. Neste conto, o personagem principal desvenda acontecimentos ocorridos mais de setenta anos antes, quando ainda criança. A chegada do circo numa pequena vila traz consigo o massacre, após seu primeiro espetáculo. O menino com ainda treze anos é o único sobrevivente, e vê os seres do circo retornarem com sangue e visceras que são distribuídas sobre o corpo centenário de Monsier Tissot. Após um ritual mágico o dono do circo recobra a juventude. O personagem central então, já adulto, decide agir e destruir o circo com suas próprias mãos. Neste intento sofre um terrível acidente e após passar por internações, reencontra Tissot no encerramento do conto, com final surpreendente. Como outros contos deste volume, a narrativa parece sempre se ater ao presente dos acontecimentos e não fornecem boas justificativas para o passado e futuro da história. Como é que o circo passa por lugarejos dos mais diversos e dezenas de pessoas desaparecem e a polícia nada faz? Tirando umas passagens menos críveis, um ótimo conto! Nota oito.

Remendos de Carne é um conto de Rafael Sales sobre uma assutadora menina boneca que tenta vingar-se de um pedófilo que destruiu sua vida. Durante um espetáculo do Le Monde, Artur, o criminoso, é reconhecido na platéia pela hedionda menina e, ao sair para fumar um cigarro, ela o enfrenta. A história é contada de uma forma um tanto artificial, com inserções do autor sobre o passado do homem como professor e assim nos descreve seus crimes. A narrativa é boa embora com umas imagens não lá muito criativas e diálogos meio forçados. Temos erros de português numa quantidade maior que o aceitável demonstrando pouca familiaridade do autor com a escrita e falha da editora Estronha de não tê-los estirpado. A história é um tanto esdrúxula e não convence completamente. Nota cinco.

O Trailer é um ótimo conto do gaúcho A. Z. Cordenonsi. Conta-nos uma história inusitada em Nova Orleans, nos EUA, após a passagem do furacão Katrina. Bernard retorna após quatro anos sem ver a mãe que vive com outras duas tias solteironas no circo, cozinhando para os funcionários e viajando num trailer. O conhecimento do corpus é excelente e o autor sabe perfeitamente sobre os costumes, cidades e pessoas que descreve. Por alguma razão um dos trailers que acompanham a comitiva parece sempre mudar, ficando mais vistoso e belo da noite para o dia, sem que os personagens vejam quem realiza a manutenção do mesmo. O final é meio simples demais e, só por um pouquinho, poderia ser realmente bom, interrompendo o texto sem uma solução inventiva que feche o trabalho do autor. Mesmo assim, nota oito, pelo talento no restante todo da obra.

Chegamos ao que poderia ser o melhor conto da antologia, se não fosse o início, um pouco confuso. Termos em francês não ajudam também e soam meio excessivos. Faça Seu Pedido, nos coloca como ouvintes de uma conversa entre amigos que chegam a uma apresentação do circo de excentricidades nas cercanias de Paris. O tom sobrenatural tão utilizado até aqui nos outros contos é substituído por uma versão mais light, o que, confesso, é um alento. Aós um truque barato a jovem atriz Désirée conversa por um instante com o dono do circo e um perturbador pacto é firmado, mas há um preço salgado a pagar! Aí temos um toque genial da jovem G. Araujo, um argumento nota dez e absolutamente bem escrito. Muito bom! A escritora não titubeia um único instante. Somos levados por ela num fluxo contínuo e suave até seu desfecho. Boas orações e compreenção do real sentido do fantástico. Ótima noção da estrutura do conto (com excessão do início, como já falei). Nota oito, com louvor!

Encerrando esta antologia, O Ocupante do Carro Vermelho, de autoria do mineiro M. D. Amado, editor da Estronho, é um típico conto de terror onde um demônio é exibido como atração no Le Monde Bizarre. Falta algum traquejo ao escritor para dar ritmo ao conto, que faz Tissot contar para a platéia como aquela atração veio parar no circo. É um falar sem parar. O demônio é mantido dócil através de um colar dado por alienígenas (vichi Maria!). Muito conteúdo pouco digerido em curto espaço costuma causar certa indisposição no leitor mais atento. Temos uma coisa de se raptar alguns dos moradores da cidade para atrair o restante para o circo, que não ficou bom. O autor tenta justificar coisas injustificáveis e não consegue mesmo. As reações dos personagens são atropeladas pelos acontecimentos e tudo fica meio sem sentido no final. Nota cinco.

Eu, por algum motivo, tenho medo/ repulsa/ pena de palhaços (riam se quiserem!). São tudo menos engraçados para mim, de tal forma que quando vejo um, trato de sair de perto (vai entender...). Que tipo de sujeito sem-noção pinta a cara e sai por aí mexendo com gente que não conhece? Resposta: o palhaço! Por isso acho o Coringa um dos vilões mais filhos da mãe do universo dos super-heróis. Aquela cara de palhaço me incomoda e a cara da capa do Le Monde Bizarre é MUUUUITO parecida com a cara do Coringa. Quando a vi pela primeira vez não achei que fosse outra coisa senão um livro sobre o Batman. Este equívoco não é bom, já que a capa é o cartão de visitas de uma obra. De resto, uma excelente diagramação da Editora Estronho e uma temática muito inteligente. Um livro que agrega autores iniciantes e alguns com pouco mais de experiência e é uma boa opção para quem quer um livro capaz de proporcionar algumas boas horas de entretenimento. O livro possui momentos de lúdica fantasia e perfeita sintonia entre escritor e leitor. Boa pedida para uns minutos de terror, antes de dormir!
A.Z.Cordenonsi 28/06/2012minha estante
Albarus...
Obrigado pelos comentários ao livro como um todo e ao meu conto, em particular. Que bom que gostaste da ambientação (me deu um bom trabalho de pesquisa...).
Abraços, A.Z.Cordenonsi


Skinny 03/09/2012minha estante
Em um acesso de puro masoquismo eu venho aqui ler resenhas do livro que participo e me deparo com uma adorável critica como essa, daquelas q fazem você querer escrever toda uma saga épica,rs. Muitíssimo obrigado, e é uma grande satisfação saber que meu humilde conto agradou alguém.

G.Araujo




Priscilla 11/05/2012

Le Monde Bizarre é o nome da companhia de entretenimento circense mais antiga, ainda em atividade, de que se tem notícias. Seu fundador, Monsieur Serge Tissot, criou um mundo particular onde habitavam os mais bizarros seres já vistos na terra. De homens de duas cabeças até criaturas inomináveis e quase indescritíveis. Curiosamente, o significado de seu nome é pastor. E era assim que ele também se denominava. Um pastor de criaturas esquecidas e abandonadas pela humanidade. Porém, um dia, cansado de viver em sua fazenda ao sul da França, cuidando dos pobres miseráveis aos quais dava abrigo, Serge fundou a companhia que daria voltas e mais voltas ao mundo, mostrando a todos a escória humana que as cidades insistiam em esconder. Vendeu sua fazenda e quase todos os seus pertences, investindo tudo em seu ousado projeto. Carruagens luxuosas para ele e os mais íntimos e outras carroças não muito confortáveis por dentro, mas excepcionalmente belas por fora. Chamar a atenção era seu principal objetivo ao chegar às cidades onde se instalava por alguns dias.
Até aqui, nada de excepcional. Apenas mais um circo de bizarrices que apresentava espécimes da degradação humana. Porém, existem causos e lendas sobre Le Monde Bizarre, que deixaram discretos rastros na história. Discretos porque o medo sempre dominou aqueles que eventualmente sobreviveram aos acontecimentos que até hoje correm a boca pequena, em um quase segredo de estado, em que até mesmo as autoridades preferem considerar apenas como lendas e nada mais.


Essa é parte da premissa que os autores desse livro seguiram para criar seus contos. Desde que a Estronho anunciou o livro fiquei interessada, primeiro pela capa - admito. Quem não fica interessado em um livro depois dessa capa? E a coisa toda de circo, palhaço também me atrai. Poderia ter lido o livro muito mais rápido se não tivesse memória de peixe e tivesse que fazer a resenha de cada conto logo após lê-lo.
O que me impressionou na antologia foi a falta de clichês. Todos os contos foram muito criativos. Segue um pouquinho sobre eles. Nada de spoilers. Só o bastante para atiçar sua curiosidade:


A cidade de Metrópia – Kássia Neves Monteiro
Uma carta escrita por um antigo membro da trupe do horror alerta a cidade de Metrópia contra os segredos horripilantes de Le Monde Bizarre.

Como sempre, o primeiro conto de uma antologia da Estronho nos dá uma idéia do que teremos no decorrer do livro. Um conto claramente bizarro e com muito sangue e canibalismo. Um aviso para o que nos espera a seguir.

Desfile – Duda Falcão
O circo está na cidade! Mas não é um circo qualquer! Ele promete trazer criaturas nunca antes vistas, um espetáculo inesquecível. A população fica maravilhada com o desfile. Vão quase todos até o espetáculo. Mal sabiam o que estava reservado para elas.

Um conto bastante interessante. Gostei pelo fato do autor acrescentar animais e seres mitológicos na trupe do circo. E o mistério do final fechou com chave de ouro.

Freak – Alexandre Heredia
Um garoto nasce com uma aparência grotesca e após receber inúmeros apelidos na escola, ataca um dos seus agressores. Ao se olhar no espelho no dia seguinte, percebe a mágica. Só não sabe que, talvez, ela não veio para o bem.

O conto é narrado por um apresentador no circo que conta a história do garoto. Achei bem criativa a “mágica” que citei acima. O final tem um “que” de grotesco. Muito bom!

Sinfonia dos Mortos – Pedro de Almada
Bernard é um menino de rua, órfão depois dos pais morrerem em um acidente de carro. Ao ser convidado por sua amiga Anabelle para o Le Monde Bizarre, a grande atração na cidade, ele descobre a terrível verdade.

Um conto bem criativo. Acho que até mais do que o conto anterior pelo tipo de “monstro” visto nele. Bem interessante.

Jackie – Celly Borges
Jackie é uma garota sem sentimentos. Ela deseja muito um coração para sentir algo. Durante uma das paradas do circo onde ela é uma das atrações, descobre um modo de fazê-lo.

Um conto curto em comparação aos anteriores, mas não perde em nada. A Celly tem uma escrita objetiva, forte. E esse conto tem as mesmas características. Ótimo!

Medicina Transformadora: Um contrato poderoso – Valentina Silva Ferreira
Todos se preparam para assistir o espetáculo de Le Monde Bizarre, proporcionado por Serge Tissot. O show é um sucesso, mas Tissot não está satisfeito. Ele pede a uma das suas aberrações para abrir um tipo de audiência para garotas bonitas que saibam cantar. Mas, infelizmente, a garota não serviria somente para este propósito.

Um conto bem sinistro. A forma final do “monstro” é bem detalhada e pude imaginar cada parte do corpo. Medonho...

O garoto de Ferro – Lucas Lourenço
Smutny mora com seu tio. Seus pais desapareceram depois de certos comentários sobre os homens de vermelho. Os mesmos homens que tomam conta da Cidade no momento. Um dia, enquanto executava as tarefas diárias impostas pelo tio, Smutny vê o circo chegar. Curioso, acompanha as carruagens. Só não sabe o que isso irá custar.

Gostei muito desse conto. Tornou-se um dos meus favoritos. A narrativa dele é muito boa, daquelas que você viaja no texto. É o único que mostra o Le Monde Bizarre como um circo não tão mau. Acho que por isso achei bem interessante.

O maior espetáculo da terra dos mortos – Rochett Tavares
Ao apresentar suas aberrações na vila de Vrimulesch, Serge Tissot fica impressionado em como aquele povo aceitou bem sua trupe. Só que, depois do espetáculo, todos desaparecem. Tissot então vai ao centro da vila para solucionar este mistério e acaba tendo uma surpresa.

Com certeza um dos melhores contos do livro. Ele tem uma escrita rebuscada que deixa o conto ainda mais interessante. Coloca o Le Monde Bizarre de uma forma diferente de todos os outros – inclusive do conto acima. Muito bom mesmo!

Sake em Aokigahara – Iam Godoy
Kyu Murayama trabalha em Aokigahara Jukai como um cata-corpos. É um lugar conhecido como amaldiçoado e a taxa de suicídios ali é muito alta. Em uma noite, seu supervisor Minamoto conta uma história sobre um homem, Ukiyo Yamanaka, que foi encontrado em estado de choque no meio da mata. Ele relatava ter encontrado um circo no meio da floresta...

Vocês já devem ter percebido que a história se passa no Japão. Como sou fã de anime/mangá, isso me agradou muito. Ainda mais o fato de que o circo é habitado por criaturas mitológicas do Japão. Muito bem feita e com um ótimo final.

Pesadelo Interminável – João Manuel da Silva Rogaciano
O circo chega na cidade e estão todos maravilhados, inclusive um garoto de 13 anos. A atração fora um sucesso! Durante a noite, ainda empolgado, o garoto vai até onde o circo está montado e presencia um espetáculo que nunca imaginou.

Um conto sobre vingança com um final muito bom. O conto é simples embora carregue muito sangue e vísceras.

Remendos da Carne – Rafael Sales
Durante um espetáculo no circo, Artur, um homem que parece comum, mas carrega segredos sombrios, tem uma surpresa ao se deparar com uma das suas vítimas, que deseja profundamente, vingança.

Conto muito bem escrito. Os detalhes são bem colocados deixando a leitura gostosa e nos fazendo imaginar facilmente cada cena. Gostei muito da criatividade do autor.

O Trailer – A. Z. Cordenonsi
Bernard está visitando sua mãe e suas tias. Elas vivem junto com o circo, Le Monde Bizarre, como cozinheiras. Vivem em um trailer que a cada dia deixam mais bonito e bem equipado. Mas, a habitante do trailer do lado, uma velhinha que mora sozinha, tem um mistério. O trailer dela se renova a cada noite e Bernard está disposto a descobrir o segredo da velha senhora.

A narrativa desse conto é muito boa. Ele difere porque o circo fica mais em segundo plano – aproveitando, digo que a criatividade dos autores nessa coletânea me impressionou. Não entendi muito bem o final, mas isso deve ser por causa de lerdeza mesmo.

Faça seu Pedido – G. Araújo
Désirée é levada pelo seu “amigo” Sinclair até o famoso espetáculo do Le Monde Bizarre. Depois de ser escolhida pra uma das atrações, ela é recebida por Monsieur Tissot que lhe faz uma proposta irrecusável, mas que tem um alto preço.

Esse foi um conto em primeira pessoa que consegui me sentir no lugar da personagem. Seus desejos, pensamentos nos são revelados. Leia e depois nos diga se você faria seu pedido.

O Ocupante do Carro Vermelho – M. D. Amado
Santo Antônio do Rio Abaixo recebe a visita do famoso Le Monde Bizarre. O circo promete atrações inimagináveis, inclusive a atração principal, tão aguardada no segundo ato: um demônio.

Quando eu terminei de ler o conto, não tinha entendido muito bem, mas depois de pensar um pouco, entendi a sacada e achei muito bem feita (é, sou meio lerda).
E chegamos ao fim do espetáculo... ou não. Talvez ele ainda continue durante a noite, quando você apagar as luzes. Boa leitura para vocês!
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Policial da Biblioteca
http://policialdabiblioteca.blogspot.com/2012/05/resenha-le-monde-bizarre-o-circo-dos.html
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Carol Mancini 28/04/2012

Onde está o feio? Volta a crítica do grotesco.
Circo, desde sempre, tem no imaginário das pessoas o significado de fascínio e também de horror, o que não é, necessariamente, uma ambiguidade. Por ai, há inúmeras pessoas que quando crianças tinham medo de palhaços, e também a crença de que, por trás das lonas, todo tipo de regras poderiam ser quebradas em uma vida cigana e lúdica. Mas, grandes companhias circenses são reconhecidas pelo excesso de disciplina de seus acrobatas, como o Circo de Soleil, o que, para eles, pode ser um misto de fortificação e crueldade. Assim, o circo parece ser sempre um mundo à ser apreciado, mas nunca, conhecido. E é um tanto isso que acontece nesta antologia, onde bastidores promovem um reencontro entre pesadelos macabros e sonhos doces como bailarinas.

No início, o organizador M. D. Amado cria a companhia com alguns detalhes a serem seguidos pelos escritores que viriam a submeter seus textos à seleção, como o dono da companhia Monsieur Serge Tissot, porém sem nada que amarrasse a possibilidade criativa dos autores, e é exatamente esta criatividade o carro chefe dessa trupe.

Um conto após outro, me surpreendi com as variedades possíveis, desde lugares, personagens principais, tramas e conceitos entre aquele que é mal ou bom, e também claro, com as diferentes “criaturas”, “aberrações” ou simples humanos, que vivem ou viveram seus dias em tão misteriosa e onírica trupe.

O prefácio, curto e direto, está por conta de Medo B, mantenedor de um espaço horripilante na internet conhecido como medob.blogspot.com.br. Ele então fala sobre a principal sensação que deve lhe causar a leitura, o próprio medo, e sem muitas delongas, nos deixa por nossa conta e risco na leitura.

E agora, vamos aos contos.

Inicialmente, Kássia Neves, parece reescrever passos de Mary Schelley, pelo jeito eloquente de seu personagem principal, que demonstra mais sensibilidade do que se esperaria diante sua aparência. Aqui, repete-se o aviso de “cuidado” junto ao retorno ao nascimento da companhia. Em “À Cidade de Metrópia” há quase um nova apresentação porém, com muito mais sangue e horror.

Duda Falcão, em “Desfile” traz no início de seu conto, uma verdadeira caravana da fantasia, feito uma apresentação rápida de um espetáculo de comédia dell’arte, colorido e fascinante, porém, com um toque de bufão, forte e sarcástico. Seu melhor fica por conta do mistério e do que não foi dito, nos deixando à deriva do mal promovido pela companhia.

“Freak”, é narrado bem costumeiramente à forma circense, contando uma história do palanque, sobre um assombroso causo. Alexandre Heredia (autor convidado) fala muito pouco, ou quase nada, sobre a companhia, mas nos faz imaginar que nós, leitores, estamos lá, por debaixo das lonas (coloridas ou não) de frente a aquele que nos dirige a palavra. Um conto para quem precisa de estomago forte.

“Sinfonia dos Mortos”, apesar de um elemento bastante óbvio logo no início do conto, ganhou-me por completo com seu ar de pesadelo e tem um final que não é, em nada, parecido com o que eu esperava. Ele é simples, belo, horrível, me lembra os quadro de René Magritte (meu pintor favorito), porém, modeladas no desespero e na escuridão. Pedro Almada, criou ótimas imagens e saiu-se muito bem. (Um dos meus contos favoritos).

Celly Borges, com “Jackie” traz uma história rápida, a base de inocência e violência. Aqui, outra criança reina, louca e doce costurada feito uma boneca de pano, à quem falta algo muito, muito especial. Um retorno a um mito do horror em um momento rotineiro da cia.

“Medicina Transformadora” de Valentina Silva Ferreira, traz um novo elemento às horripilantes atrocidades do circo. Ela toca em algo muito sério, que pode até passar desapercebido, quando refere-se à ética médica. Aqui, Tissot além de cruel e ambicioso, é vingativo. Um conto também veloz e cheio de tortura e sem medidas para o ódio.

Lucas Lourenço, com seu texto “O Garoto de Ferro” altera a formação do circo, e mostra, por mais de um elemento, que o feio, o cruel, e o horrível é parte do coração do homem, e não de pessoas deformadas, ou não humanas. Apesar de toda violência que há na história, ela tem uma passagem leve, que diz mas não diz, revelando em meias palavras e nos fazendo engolir em seco a crueldade. Aqui sim, o circo é um lugar onde o colorido realmente é mágico e as manchas de sangue que esconde, são... outras. Um conto lindo. (Meu segundo favorito).

“O Maior Espetáculo da Terra dos Mortos” parece surgir em meio a brumas e neblina. E sabendo que o autor Rochett Tavares é fã de Lovecraft, ficou claro as influências em alguns momentos. Neste enredo, inclusive, a companhia passa por um lugar mais sombrio que ela mesma, e tudo parece saltar aos olhos. Medo e curiosidade guiam a leitura todo o tempo, causando náuseas e calafrios. Eu realmente mergulhei nessa história e entrei no cenário inóspito. (Ou conto favorito).

E depois, seguindo ainda pela trilha do inesperado em terras longínquas, Iam Godoy (autor convidado) nos leva para uma história cheia de horror visual, com direito a sustos, caveiras, ossos e uma pausa para a trupe de Le Monde Bizarre. Com o forte no cenário, "Sake em Aokigahara" traz uma caneca cheia de repúdio e incredulidade. Personages cheios de espiritualidade (mesmo que negativa) e falas bem trabalhadas. Outro que precisa de estômago forte e promete sustos.

Em seguida, como prova da supremacia do circo, temos o conto “Pesadelo Interminável” de João Regaciano que traz outro ponto de vista de fora do circo. Com cenários cheios de detalhes e emoção, ele nos leva por atrocidades e carneficina além de trabalhar as sensações do personagem, e momentos de angústia.

“Remendos de Carne” tem o misto de dois ingredientes poderosos, um que vemos nos telejornais todo o tempo, e o outro, o fantástico, que é descrito com detalhes e beleza de uma peça de teatro sendo encenada. Aqui, o circo fica em segundo plano, mas não deixa de estar presente. Um conto forte, mas na medida certa para, inclusive, nos surpreender. Rafael Sales, criou cenas caprichadas no começo, e liga pontos diferentes de uma história que clama por justiça.

Firmando que o mistério é tão importante quando crueldade, aqui há um conto onde os protagonistas não estão sob os holofotes, e sim, do lado de fora. Ao ler “O Trailer” senti-me como assistindo um filme, com personagens muito bem construídos e cheios de veracidade. O que manda aqui é o suspense, e não o sangue derramado. A. Z. Cordenonsi fez diferente, e com sucesso, em uma história que também nos tira umas risadas.

E como as elucubrações sobre Serge Tissot parecem não ter fim, elas ganharam de verdade o imaginário dos autores. G. Araujo, criou outra forma de prolongar a vida deste personagem em “Faça Seu Pedido”. A escrita é rápida, e tudo acontece bem amarrado e de maneira crescente. Um conto com bastante ironia (do destino) e com uma linha um tanto comum para conduzir o enredo. Tudo tornou o trama leve e quase divertida.

M. D. Amado encerra o livro com seu conto “O Ocupante do Carro Vermelho”, com boas dosadas de sangue e vísceras, também sugerido para os de estômago forte, e claro, com o humor já costumeiro das escritas dele. Com surpresas e uma ambientação cheia de ironia o conto flui tranquilamente e repleto de bons absurdos que descontraem o clima denso e bastante perverso da obra. E nem tudo, é o que parece.

No final, respeitável público, Le Monde Bizarre é sim um livro repleto de sangue, crueldade e cenas horríveis, porém, com bons traços de comicidade. De todos as antologias que li (não que tenham sido muitas) esse foi, sem dúvida, o que mais facilmente devorei. Ele saí do costumeiro horror e parte para trilhas de bizarrices e, muitas vezes, de crítica.

De uma maneira geral, e que me deixou muito feliz, é que os autores em nenhum momento fizeram com que os personagens mais fora do comum (sendo eles alienígenas ou apenas pessoas geradas com alguma deformação) viessem a se tornar os vilões da obra. O questionamento do que realmente é o feio, ficou latente em muitos contos, sendo a ambição o principal fio condutor desses tiranos, desde a que segue por dinheiro, por poder, ou vida eterna.

Também fiquei muito contente em ver a variedade de cenários que os autores exploraram, alguns, deixando claro bagagem e pesquisa (como Rochett Tavares e Iam Godoy) e outros, de uma forma mais pessoal e bairrista (como M. D. Amado). Foi muito boa a experiência como leitora, de ir com esse circo para diferentes lugares do globo, e em outros momentos, acreditar que a trupe poderia estar na cidade ao lado.

Além de tudo isto, o livro tornou-se atemporal e místico, e vai muito além da sinopse ou apresentação.
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