Oswaldo.Neto 29/05/2020
Belíssima introdução mas com ressalvas
Robert Service está longe fazer críticas isentas ao comunismo mas oferece uma excelente introdução ao movimento mais importante do século XX. Em pouco mais de 600 páginas, o autor discorre sobre as origens do pensamento (inclusive pré Marx) e sua evolução com outros pensadores, assim como os efeitos sociais e econômicos na sociedade em que houve a implementação da ditadura do proletariado. Além disso, descreve muito bem as disputas políticas nos principais países e a atuação das internacionais.
A escrita do historiador é direta e não nos deixa entediado, alternando entre capítulos que avançam na história do século XX e capítulos sobre assuntos específicos do pensamento, muitas vezes misturando décadas e países diferentes para fazer comparações.
O livro não irá agradar aos extremos. São feitas críticas duras ao sistema econômico comunista e aos seus principais líderes (não espere encontrar negacionistas do Holodomor, por exemplo). Mas também não espere encontrar a paranoia da extrema-direita brasileira. O Brasil é citado em apenas 3 capítulos, sendo uma delas para mencionar a dificuldade de encontrar qualquer interesse pelo comunismo em terras tupiniquins. Além disso, qualquer influência relevante de Moscou na nossa política é descartada pelo livro, assim como qualquer tentativa de golpe ou conspiração, sequer mencionada.
Apesar da qualidade da extensa pesquisa, é possível perceber certa dificuldade do autor em entender o contexto de países subdesenvolvidos, marcados pela desigualdade e pela pobreza extrema. O autor tenta muitas vezes simplificar o motivo de certos acontecimentos como fruto da mente deturpada de homens absolutistas e inescrupulosos, apenas.
Além disso, o livro não faz questão de exaltar de forma clara os avanços da URSS (como na educação e na saúde pública) e faz algumas críticas ao sistema que faltam embasamento. Por exemplo, durante o governo Kruschev, o autor diz que os boa parte dos avanços tecnológicos da URSS são fruto do roubo de informações de empresas capitalistas, o que é bastante difícil de acreditar já que os russos foram pioneiros em enviar pessoas ao espaço e pioneiros no lançamento de satélites. Ou seja, ignora o fato de os russos terem saído de um país feudal e atrasado para o primeiro país a enviar um homem ao espaço em menos de 50 anos (no meio tempo ainda derrotou a poderosa Wehrmacht de Hitler) é, no mínimo, estranho para um livro de história.
Recomendo a leitura como uma excelente introdução mas considerar encerrado o estudo sobre comunismo após a leitura do livro de Service é raso e demanda avanços nos assuntos que interessem ao leitor.A escrita do historiador é direta e não nos deixa entediado, alternando entre capítulos que avançam na história do século XX e capítulos sobre assuntos específicos do pensamento, muitas vezes misturando décadas e países diferentes para fazer comparações.
O livro não irá agradar aos extremos. São feitas críticas duras ao sistema econômico comunista e aos seus principais líderes (não espere encontrar negacionistas do Holodomor, por exemplo). Mas também não espere encontrar a paranoia da extrema-direita brasileira. O Brasil é citado em apenas 3 capítulos, sendo uma delas para mencionar a dificuldade de encontrar qualquer interesse pelo comunismo em terras tupiniquins. Além disso, qualquer influência relevante de Moscou na nossa política é descartada pelo livro, assim como qualquer tentativa de golpe ou conspiração, sequer mencionada.
Apesar da qualidade da extensa pesquisa, é possível perceber certa dificuldade do autor em entender o contexto de países subdesenvolvidos, marcados pela desigualdade e pela pobreza extrema. O autor tenta muitas vezes simplificar o motivo de certos acontecimentos como fruto da mente deturpada de homens absolutistas e inescrupulosos, apenas.
Além disso, o livro não faz questão de exaltar de forma clara os avanços da URSS (como na educação e na saúde pública) e faz algumas críticas ao sistema que faltam embasamento. Por exemplo, durante o governo Kruschev, o autor diz que os boa parte dos avanços tecnológicos da URSS são fruto do roubo de informações de empresas capitalistas, o que é bastante difícil de acreditar já que os russos foram pioneiros em enviar pessoas ao espaço e pioneiros no lançamento de satélites. Ora, ignorar o fato da Rússia ter deixado de ser um país feudal e atrasado, tornando-se primeiro país a enviar um homem ao espaço em menos de 50 anos (no meio tempo ainda derrotou a poderosa Wehrmacht de Hitler), é, no mínimo, estranho para um livro de história.
Recomendo a leitura como uma excelente introdução mas considerar encerrado o estudo sobre comunismo após a leitura do livro de Service é raso e demanda avanços nos assuntos que interessem ao leitor.