Toni 20/05/2021
Leitura 33 de 2021
Gênero, patriarcado, violência [2004]
Heleieth Saffioti (SP, 1934-2010)
Expressão Popular, 2015 (2ª ed), 160 p.
Na semana em que assistimos aquele vídeo maravilhoso da Gabriela Prioli ensinando ao homem cis hétero que opinião não é argumento, ou seja, que você não pode considerar “uma impressão sua” como um dado da realidade, é muito importante lembrarmos que nós à esquerda do espectro político também precisamos de dados e conhecimento para construir ideias transformadoras e desconstruir discursos violentos (mesmo, ou sobretudo, quando estivermos tratando de lugares-comuns como “torturar é errado” ou “o Brasil é racista, machista e lgbtfóbico”).
Apesar dos dados coletados pela Fundação Perseu Ábramo — na pesquisa “A mulher brasileira nos espaços público e privado” que serviu de base para este livro da Saffioti — sejam referentes aos anos 1990 e 2000, a base argumentativa e a estrutura do texto permanecem relevantes à análise interseccional da violência contra as mulheres. Além de esclarecer as diferentes formas de violência (contra a mulher, violência de gênero, violência doméstica e violência intrafamiliar), a autora se detém com o devido cuidado no debate/esclarecimento dos conceitos de gênero e patriarcado, sobre a manutenção social dos lugares de vítimas e agressores, e o papel das leis brasileiras na legalização da violência contra a mulher.
Com excelente poder de síntese, Saffioti consegue abordar através de notícias de jornal, filmes e até mesmo no estudo das primeiras sociedades de caça/coleta, como a socialização de homens e mulheres na ordem patriarcal de gênero fortalece uma estrutura de poder na qual as mulheres são inferiorizadas e incapacitadas por um aparelho jurídico/societal feito por e para homens. Essa mesma estrutura é responsável por produzir tanto assassinos de esposas, namoradas, filhas e desconhecidas, quanto rapazes birrentos como o que entrevistava a Prioli, que concluiu ser “muito chato não poder dizer o que pensa” só porque não dispõe de dados.
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